Os défices orçamental e das transacções com o exteriores são apenas sintomas da crise económica estrutural do nosso país. O governo de Durão Barroso teve o mérito de atacar os sintomas. Mas como não conseguiu ministrar os remédios necessários para debelar a doença, quando se aproximava a hora da UE tirar a temperatura, afadigava-se a empanturrar o doente de febrífugos para que ele aparentasse boa saúde. Eu nunca esperei que o actual governo conseguisse, em quatro meses, resolver a crise económica, mas esperava mais discernimento na administração dos febrífugos.
O que se está a passar com a alienação ou o Lease Back dos imóveis para tal servir de receita extraordinário para trazer o défice orçamental para baixo do limite fatídico dos 3% é lamentável.
Na actual conjuntura, e enquanto não se conseguem realizar reformas estruturais que melhorem a nossa situação económica, estou de acordo que se vendam bens públicos. Cumprimos as nossas obrigações internacionais e o Estado pune-se a si próprio pela sua incompetência, e pune-nos, a nós, pelas nossas más escolhas políticas, por nos termos deixado embalar pelo cântico das sereias e por continuarmos inconscientes sobre a nossa realidade. Nunca o Estado nos representa tão perfeitamente como quando nos pune por darmos o nosso apoio aos vendedores de ilusões. É nessa conjuntura que o Estado somos nós e nós somos o Estado.
Todavia esperava-se que o governo soubesse o estado da contabilidade pública e preparasse este negócio com o tempo e a maturação suficientes para que ele fosse feito com rigor. Nomeadamente que tivesse previsto o agravamento da execução orçamental que tem ocorrido desde o fim do Euro 2004. A actual situação do mercado imobiliário (que já dura há três anos) desaconselha a realização de hastas públicas. O governo arriscava-se a vender bens por valores irrisórios. Acresce que este tipo de bens facilita o aparecimento de cambões em virtude de se dirigir a um mercado muito restrito. Portanto, o ajuste directo conduz, nas presentes circunstâncias e desde que seja feito com a necessária competência e isenção, a melhores soluções que a hasta pública.
A queda da «legitimidade política» e posterior demissão do governo tornou problemática aquela solução. Vender bens públicos não é propriamente um acto de gestão. Falou-se primeiro no Lease back e agora em privilegiar a operação do tipo de «cessão temporária» que não implica alienações patrimoniais (no Lease back o Locatário vende o bem ao Locador que posteriormente lhe cede o mesmo bem, em regime de leasing, havendo portanto uma alteração patrimonial, mesmo que, no fim do contrato, haja a alteração patrimonial inversa). Mas se não há alienação patrimonial não percebo como tal poderá ser aceite por Bruxelas, porque me parece ter uma característica similar à hipoteca, embora com a designação pomposa e anglo-saxónica de lease and lease back.
O Estado possui imóveis em excesso e nem sequer conhece com exactidão a extensão do seu património. Portanto poderá ser uma boa medida económica se ele se desfizer de parte desse património. Todavia essa operação terá que ser feita com rigor, de uma forma organizada e aproveitando as conjunturas mais favoráveis do mercado imobiliário, e não à última da hora, perante a premência do défice e alienando o que está mais à mão.
A Joana está a ficar zangada com o governo. Admita lá!
Afixado por: Bsotto em dezembro 17, 2004 01:57 PMA Joana está a ficar zangada com o governo. Admita lá!
Afixado por: Bsotto em dezembro 17, 2004 01:57 PMIsto é tudo uma imensa tristeza a que deveria corresponder 80 % de abstenção, e o colapso definitivo deste regime. Mas até nisso a iliteracia da carneirada eleitoral vai «compor o alterne». Mais um, à razão de 4 para 16, no mesmo tempo, em Espanha e em Portugal, respectivamente.
Por isso, só por cima do meu cadáver os meus filhos ficarão a viver neste país de bestuntos.
"(...) reformas estruturais que melhorem a nossa situação económica (...)".
Mas quais reformas? Onde estão elas descritas, enumeradas, listadas?
Há algum projecto, algum programa, algum plano coerente e integrado de desenvolvimento do país, com objectivos claros e etapas definidas a curto, médio e longo prazos?
Ou... a solução é empenhar os brincos?
Já agora... quanto valerão a Torre de Belém e os Jerónimos?
"(...) reformas estruturais que melhorem a nossa situação económica (...)".
Mas quais reformas? Onde estão elas descritas, enumeradas, listadas?
Há algum projecto, algum programa, algum plano coerente e integrado de desenvolvimento do país, com objectivos claros e etapas definidas a curto, médio e longo prazos?
Ou... a solução é empenhar os brincos?
Já agora... quanto valerão a Torre de Belém e os Jerónimos?
O governo anda desnorteado
Afixado por: vitapis em dezembro 17, 2004 10:44 PMO Santana esteve excelente e meteu a Constança no bolso. Ela bem tentou a agressividade, mas não deu nada
Afixado por: Coruja em dezembro 18, 2004 09:24 PMTentar reduzir o defice em epoca de crise é uma medida prociclica. Um erro.
Por isso a redução foi artificial.