Independentemente de complicações físicas que possam ter potenciado a crise cardíaca, e os meios de comunicação já haviam evidenciado, nos dias anteriores, o extremo cansaço físico do candidato, Sousa Franco acabou por ser vítima da crispação em que a campanha eleitoral decorreu. Todavia o que há de paradoxal na lamentável ocorrência é que os desacatos tumultuosos que levaram o candidato PS, qual «boneco puxado por marionetistas furiosos», aos baldões, «uma irrelevante casca de noz num mar em fúria», até à porta de saída da Lota de Matosinhos, muito antes do horário previsto, resultaram da luta entre dois gangs rivais da estrutura concelhia do PS em Matosinhos.
Já aqui assinalei, por diversas vezes, que as estruturas PS da região do Grande Porto representam o caciquismo mais mafioso, estéril e vergonhoso que existe no país. Julguei que as sucessivas derrotas eleitorais, primeira em Gaia e depois no Porto, conjuntamente com a nova liderança de Francisco Assis, pudessem levar os militantes à razão e a empreenderem a limpeza dos estábulos de Áugias do PS Porto.
Tal não parece ter acontecido, pelo menos em Matosinhos, mas provavelmente em mais locais do norte do país.
Este caciquismo é mafioso e estéril. Queixa-se das suas fracas realizações atiçando os seus conterrâneos contra o poder central, Lisboa e o Terreiro do Paço. Quando estes caciques recebem fundos envolvem-se internamente em zaragatas, desentendem-se e fazem com que prazos e custos se empolem desnecessariamente, muito mais do que é o normal da anormalidade das empreitadas de obras públicas portuguesas.
O atraso de consciência cívica dos portugueses presta-se a fenómenos de caciquismo regional. Mas, por exemplo, Alberto João Jardim é diferente. Com ou sem défice democrático, é ele que ganha as eleições e não é sustentado exogenamente pelo seu partido. O PSD precisa mais de Alberto João Jardim que este dele. Alberto João Jardim, com mais ou menos chantagens ao poder central, fez obra e transformou a sua região, que era das mais atrasadas do país, na segunda região a nível do PIB.
Os caciques do PS da região do Porto ganham (quando ganham), as eleições sustentados no prestígio do partido que tinham a obrigação de defenderem e serem eles a prestigiar, chantageiam para receberem dinheiro, mas fazem péssimo uso dele (pelo menos no «uso» que interessa à sua região e à comunidade nacional), e as poucas obras que apresentam custaram rios de dinheiro e demoraram tempos infinitos.
Se o caciquismo de Alberto João Jardim é um fenómeno a combater e desaparecerá com a elevação do nível da consciência cívica nacional, o caciquismo de Narciso Miranda, Fernando Gomes, etc., é um quisto purulento a erradicar urgentemente, porque é mais pernicioso, mais estéril e afecta uma região sete ou oito vezes mais populosa que a Madeira.
Depois dos comentários acintosos de Sousa Franco sobre o governo que acabara de deixar, de Guterres ter avisado que Roma não paga a traidores, surpreendeu o facto de Ferro Rodrigues ter ido repescar Sousa Franco. Como na altura escrevi Afinal Roma paga a traidores.
Os jagunços de Narciso Miranda e Manuel Seabra encarregaram-se, escrevendo direito por linhas tortas (ou melhor, torto, muito torto, por linhas enviesadas), de repor a sentença de Guterres.
Esta campanha foi uma vergonha. Para todos sem excepção.
Afixado por: Micas em junho 12, 2004 06:42 PMSubscrevo
Afixado por: z em junho 12, 2004 07:17 PMSubscrevo
Afixado por: z em junho 12, 2004 07:17 PMSubscrevo
Afixado por: z em junho 12, 2004 07:17 PMSubscrevo
Afixado por: z em junho 12, 2004 07:18 PMABSTENCIONISTAS livres num país de POLÍTICOS CORRUPTOS: hoje vamos ter mais uma esmagadora maioria absoluta! E só precisamos de 31,5%
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Há mais de 20 anos que ganhamos todas as eleições por maioria relativa. Ultimamente temo-las ganho por maioria absoluta porquanto 35% de abstenção implica que apenas 65% dos votos sejam considerados válidos.
Numa base de 10 milhões - para um cálculo facilitado - 35% equivale a 3 milhões e meio.
Do restante 65% - 6.5 milhões - se vai retirar ainda uma percentagem para brancos e nulos - cerca de 2% - pelo que restam 63%.
Se um dos grandes partidos ganhasse as legislativas com maioria absoluta que, pelo método de Hondt, se consegue com meros 42 ou 43% dos votos válidos entrados nas urnas, isso quer dizer que basta que os votantes no partido maioritário cheguem a 2.7 milhões.
Mesmo que considerássemos apenas o número absoluto de votos (e não o método que nos dá a sua representatividade), 50% corresponde a 3,15 milhões de eleitores ou seja: muito menos do que a abstenção que, como vimos, seria de 3,5 milhões de eleitores.
Tecnicamente basta que a abstenção chegue aos 31.5% para ser o PARTIDO MAIORITÁRIO em Portugal.
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Agora atenção: a demissão do voto, ao contrário do que andam para aí a dizer os chonés da politiquice, é uma opção legítima e democrática, já que a democracia não pode ser confundida com eleições, apenas.
A democracia é um regime político que comporta, entre muitas outras coisas, a liberdade de intervenção que pode ser praticada todos os dias nas nossas terras e no nosso país: analisando, criticando, propondo.
Se, na hora de votar, nenhum candidato merece a nossa confiança é da mais elementar justiça e inteligência que NÃO SE VOTE.
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Votar por carneirismo é fazer o que eles querem sem podermos depois moralmente criticar as suas actuações porque afinal nós até votámos neste regime de candidaturas podres.
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Vamos escolher entre um conjunto de ladrões e um conjunto de corruptos?
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Quando existirem políticos desinteressados que coloquem a causa pública à frente das suas causas pessoais, aí valerá novamente a pena votar.
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Até lá, deixemos que a Europa pergunte a estes corruptos porque razão a esmagadora maioria do seu povo lhes vira as costas, recusando-se a legitimá-los no poder.
Eles que respondam!
Afixado por: João Tilly em junho 13, 2004 09:26 AM
Joana esteve há pouco tempo na Madeira...!
Então não vem aqui comentar as eleições?
Afixado por: Cisco Kid em junho 13, 2004 10:22 PMEntão não vem aqui comentar as eleições?
Afixado por: Cisco Kid em junho 13, 2004 10:22 PMQue ganda banho!!
Afixado por: Cisco Kid em junho 13, 2004 10:37 PMQue ganda banho!!
Afixado por: Cisco Kid em junho 13, 2004 10:37 PMQue ganda banho!!
Afixado por: Cisco Kid em junho 13, 2004 10:37 PMQue ganda banho!!
Afixado por: Cisco Kid em junho 13, 2004 10:37 PMQue ganda banho!!
Afixado por: Cisco Kid em junho 13, 2004 10:37 PMEsperemos ...
Afixado por: Vitapis em junho 14, 2004 01:08 AMCacique é cacique,não tem sexo nem partido!!!
Afixado por: daniel tecelão em junho 14, 2004 04:30 AMAqueles têm
Afixado por: David em junho 14, 2004 11:58 AMFoi uma derrota acima do esperado!
Afixado por: c seixas em junho 14, 2004 06:15 PMA campanha foi de facto uma vergonha. Responsabilidade exclusiva da Coligação «Força Portugal», com as palavras de João Almeida, Ana Manso, Paulo Portas, Telmo Correia, Pires de Lima e Dias Loureiro.
este último na noite anteior à morte de Sousa Franco deixava a pérola: "Sousa Franco é um mau católico. Vendeu a alma ao Diabo".
Tudo isso não impediu que hipócritamente saudassem a memória do falecido. É típico...
Afixado por: Bem em junho 14, 2004 06:33 PM...«Alberto João Jardim, com mais ou menos chantagens ao poder central, fez obra e transformou a sua região, que era das mais atrasadas do país, na segunda região a nível do PIB»........
Joana insiste na poeira. Deixando de lado o facto de, como é sabido, «a obra» ter sido feita à custa dos impostos de todos os «cubanos», o que importa saber é a evolução dos indicadores da qualidade de vida na Madeira.
Por outras palavras, desse decantado PIB madeirense, qual é a parte destinada aos salários e como tem evoluído esse indicador?
Qual o valor dos investimentos na educação e na saúde e que parte desse decantado PIB representam?
Quando leio coisas como a que transcrevo acima, lembro-me sempre daquela anedota sobre a estatística: se Belmiro de Azevedo entrar num restaurante, o rendimento per capita dos comensais aumenta automaticamente três mil por cento.
# : - ))
PS - Depois de um par de semanas nos EUA, cheguei a tempo de contribuir para a banhada eleitoral e para me rir com os esforços patéticos de algumas figurinhas da coligação governamental para esconderem o desaire. Confesso que estou com alguma curiosidade de ler o que Joana vai escrever sobre o assunto.
Entretanto, aqui deixo a informação, comprovada de visu, de que os EUA estão cheios de antiamericanos...
Foi um resultado inesperado.
Afixado por: Nunes em junho 15, 2004 12:47 AMNão é preciso ir mais longe. Também Portugal está cheio de anti-portugueses, etc.
Afixado por: Nunes em junho 15, 2004 12:48 AMÉ também de antiamericanos
Afixado por: Valente em junho 15, 2004 11:32 AMemudeceu
Afixado por: Cisco Kid em junho 15, 2004 01:01 PMemudeceu
Afixado por: Cisco Kid em junho 15, 2004 01:01 PMA Joana tem razão.
De facto, Roma (e o eixo Largo do Caldas/Lapa) continua a não pagar a traidores.
O último descalabro eleitoral não lhe merece qualquer tipo de comentário?
Apenas para clarificar, por respeito à verdade.
O presumível "traidor" seria Fernando Gomes e não Sousa Franco.
Noticia do Expresso Online - 3 de Dezembro de 2001
"A história desta campanha parece ter começado e acabado com Nuno Cardoso. Há um ano, Cardoso disse que não seria candidato e abriu caminho ao avanço de Fernando Gomes. O seu antecessor tinha saído em desgraça do Governo e estava prestes a arranjar um conflito com António Guterres, quando envolveu o primeiro-ministro no escândalo da Fundação para a Prevenção e Segurança (FPS). Então, poucos acreditavam já num regresso de Gomes a uma corrida eleitoral no Porto.
Contudo, Gomes «engoliu» as críticas que tinha feito ao líder da concelhia socialista, Orlando Gaspar, e venceu a resistência da própria estrutura distrital do PS, que preferia ver Narciso Miranda transferir a sua candidatura de Matosinhos para o Porto. Hoje, Gomes tem Gaspar e Narciso a fazer campanha a seu lado e conseguiu trazer Jorge Coelho para a cerimónia de apresentação da sua recandidatura num sinal inequívoco de apoio da direcção nacional. Isto depois de Guterres ter dito - numa alusão nítida ao homem que o tinha envolvido no caso da FPS - que «Roma não paga a traidores»."