Não levo muito a sério as declarações de Zapatero sobre a retirada espanhola. Ele aliás teve a prudência de dizer que vai mandar regressar as tropas espanholas do Iraque se não houver "novidades" na situação interna daquele país até ao dia 30 Junho, data prevista para a transferência de soberania. E a sua «prudência» foi não ter especificado quais as «novidades» que seriam necessárias para que os 1300 soldados que Espanha tem no Iraque, desde o Verão de 2003, regressassem a casa.
Sabe-se da pouca firmeza que Zapatero tem mostrado ao longo do seu percurso político. Sabe-se que foi essa falta de firmeza que fez com que o PSOE, apesar da questão do Prestige, apesar do apoio à intervenção no Iraque, muito impopular em Espanha, apesar da arrogância de Aznar, aparecesse abaixo do PP nas sondagens anteriores ao atentado. O tempo dirá se Zapatero vai levar à letra o que disse na noite da vitória eleitoral.
A sua estatura política revela-se contudo nas declarações que fez. Ao fazê-las na noite da vitória, sublinhando ainda que George W. Bush, e Tony Blair, "devem fazer a sua autocrítica" sobre a guerra no Iraque, deu um claro sinal à Al-Qaeda de que o atentado tinha sido um triunfo. Tudo indica que o eleitorado espanhol deslocou o seu voto do PP para o PSOE, exasperado pelas mentiras e pelas tentativas de manipulação da informação dos dirigentes do PP e não por causa da presença espanhola no Iraque. As palavras de Zapatero permitem todavia à Al-Qaida uma interpretação diferente e perversa e Zapatero deveria sabê-lo.
Zapatero tem toda a legitimidade para ter as opiniões que proferiu sobre Bush e Blair e tem toda a legitimidade para mandar retirar as tropas espanholas do Iraque. Mas ao dizer uma coisa e a outra na noite da vitória deu um evidente sinal de triunfo à Al-Qaida. Um político com estrutura dorsal, e com as opiniões de Zapatero, evitaria, na noite da vitória, trazer aqueles assuntos à colação e centraria a sua condenação no terrorismo. E, quando o clima emocional se apaziguasse e não fosse tão clara a ligação entre uma coisa e outra, tomar a decisão pública de repatriamento das tropas do Iraque e dar conselhos públicos a Bush e Blair.
Ora Zapatero deu a chancela do triunfo à Al-Qaida e fez uma promessa ambígua de retirada, que só o futuro dirá se irá ou não cumprir. Aumentou a apetência da Al-Qaida por atentados na Europa Ocidental, nomeadamente próximos de actos eleitorais e para os influenciar, a troco de nada, ou de quase nada. Zapatero deu mostra pública das razões pelas quais o eleitorado espanhol tinha muitas dúvidas sobre a sua capacidade e convicções.
Publicado por Joana em março 18, 2004 10:02 PM | TrackBackVocê atira-se ao Zapatero, mas que dizer dos socialistas portugueses (para não falar do BE e do PC, mas aí já estávamos acostumados) que responsabilizam publicamente o governo e a sua política por algum atentado da Al-Qaeda em Portugal?
Isso sim, é uma demagogia criminosa. Isso é capitular perante o terrorismo.
Apesar de tudo, Zapatero está muitos furos acima.
Golpe de Estado em Espanha - os dias da mentira do PSOE
Em espanha, circula uma curiosa análise do Golpe de Estado, realizado através dos serviços secretos.
Tem por título
"Sobran los comentarios":
Fuentes fiables podrían estar barajando la posibilidad de que un sector del CNI (antiguo CESID) descontento con el gobierno conocía ya en diciembre las intenciones de Al Qaeda de provocar un vuelco electoral en España el 14-M, como por otra parte, cualquier avispado internauta podría haber descubierto con echar un ojo a las webs islamistas próximas a la organización de Ben-Laden (noticia aparecida en La Razón el 15 de marzo). Sus investigaciones les habrían llevado a conocer con suficiente antelación el atentado que se preparaba para el 11-M. Decidieron no poner en conocimiento del gobierno los planes de los terroristas y sí en el de cierto personaje muy poderoso próximo al PSOE. Éste consideró que nada convenía más a sus intereses que las cosas siguieran su curso y así lo convino con el CNI. El mismo 11-M mientras todo el mundo con la inercia propia de 30 años soportando el terrorismo vasco creyó en la autoría de ETA, la televisión socialista ya apuntaba a Al Qaeda. El CNI creyó reconocer a uno de los marroquíes que llevaban meses siguiendo, entre las víctimas, y la televisión del PSOE dio la noticia enseguida, aspecto éste que tuvieron que desmentir después. Mientras tanto, el mismo CNI se encargaba de informar al desconcertado Acebes de que todas sus pistas seguían conduciendo a ETA, quien, deseando creer este punto, así lo repetía una y otra vez en televisión a pesar de las nuevas trazas que la policía descubría siguiendo las indicaciones del propio CNI. La tarde del 13 de marzo, por indicación del señor poderoso, el CNI avisó a la policía de
donde y a quienes había que detener, mientras el grupo mediático socialista
se dedicaba a anunciar a bombo y platillo estas detenciones, acusando de mentirosos al gobierno, por haber hecho creer a la población en la autoría de ETA, y desde Ferraz ya estaba perfectamente movilizado todo el tinglado de manifestaciones "espontáneas" con sus carteles respectivos impresos.
Algunos militantes socialistas no entendían muy bien como les habían podido convocar incluso antes de que las detenciones aparecieran en los medios de comunicación. Lo demás, ya lo conoce todo el mundo, se forja en la conciencia ciudadana de que la culpa del atentado recae en el PP, que además ha falseado la autoría del mismo y el domingo la gente sale en masa a votar al PSOE. Y nadie es capaz de reflexionar de que mientras en EEUU tras el 11-S, una semana después ni siquiera sus todopoderosos servicios secretos sospechaban quien había podido organizar los atentados, los nuestros, que una semana antes al parecer desconocían todos los preparativos del 11-M, habían sido capaces de detener a los autores en un par de días de investigación, marcando un asombroso récord de eficacia en la investigación criminal. Ahora España se prepara para un largo gobierno socialista, con el casi absoluto control de los medios de comunicación y el señor poderoso orquestando la toma de Telefónica, cargándose al mismo tiempo la Comisión del Mercado de las Telecomunicaciones para que nadie pueda controlar su imperio. Un perfecto y maquiavélico golpe de Estado que nos sumirá por mucho tiempo en una encubierta dictadura mediática.
Afixado por: Aznar em março 19, 2004 01:38 PMA LIÇÃO ESPANHOLA !
O que mais importa realçar é a Lição, e da lição tirar as ilações.
Ora, se os média explorarem bem esta "nova lição " julgo que ajudariam muito a que os politicos Europeus mudassem um pouco e ESPECIALMENTE OS PORTUGUESES.
Ou seja, a lição a tirar, é que quem se mete em guerras injustificadas e depois é apanhado com grandes mentiras, pagará nas eleições.
Se lá estivesse o PSOE e se se tivesse comportado como o PP, por certo perderiam eles também e ganharia então Aznar.
Esta mensagem, é que é importante passar.
Esta mesagem é a da Paz.
É o não à guerra, pela guerra !
Para não termos o terrorismo, pelo terrorismo !
PS. - Joana, julguei que hoje nos ia falar da barbarie dos Albaneses e de seus apoiantes europes e americanos.
L M tem razão. Ao pé de Ferro Rodrigues e Mário Soares (que parece ché-ché), Zapatero, parece um herói.
Afixado por: Ventura em março 19, 2004 07:52 PMTemplário- o problema é que já temos o terrorismo, pelo terrorismo. Não podemos voltar para trás, isto admitindo que a outra solução teria sido melhor (nunca saberemos).
São os dados que temos e é deles que teremos que partir.
Porra joana! o paulocas não asnearia pior do que tu!...,
Afixado por: Eu Zurro em março 20, 2004 10:17 PMNão foi so em Espanha. Na Alemanha Schroeder ganhou as eleicoes porque era contra a guerra do Iraque e garantiu que com ele a Alemanha nunca alinharia com os USA nessa guerra. Foi por isso que ganhou porque antes as sondagens davam a vitoria ah direita devido ah politica economica. Na Alemanha o pacifismo eh muito forte.
Ganhou e agora a economia da Alemanha estah num caos.
Joana,
nota-se uma pontinha de tristeza pelos resultados eleitorais de Espanha , ou já anda a dar lições de comunicação ao jovens turcos do CDS profundo ( que também ficaram muitos "magoados" com o povo espanhol)?
zippiz em março 22, 2004 10:32 PM:
Jovens turcos no CDS ? Lá se vai o ícone da xenofobia! Se a Direita sabe desse desvio do Portas, lá vai votar no Monteiro!
joana,
então e aquele staff do PP que tem a foto do PPortas no ecran do pc ?!
zippiz: cada um venera os ídolos que adora da maneira que gosta, por muito ridícula que ela seja.
Mas serão eles que puseram lá a imagem ou foi o gestor da rede (a mando do Portas) que pôs lá a imagem e retirou-lhes a funcionalidade de a mudarem? Talvez aquele staff esteja a sofrer ao ver todo o dia aquele olhar sobre eles!
Afixado por: Joana em março 22, 2004 11:24 PMjoana ,
talvez...
mas o meu 1º comentário ia mais no sentido da sua "tristeza" com a decisão dos povos de Espanha ( e por "acaso" com a tristeza do CDS !)
Não à capitulação perante o terrorismo busho-blairdalhoco ! Burrão, Berlusconas e Blaidalhoca para a rua, já ! A grande Europa deve rearmar-se e mandar regressar a casa as tropas de ocupação yankees no Velho Continente ! E que levem o Burrão e a Fardas (para brincadeiras na caserna, é claro, eles gostam...)!
Afixado por: euroliberal em março 23, 2004 01:11 PMFaço minhas as palavras do Euroliberal
Afixado por: Cisco Kid em março 24, 2004 12:29 AMEste euroliberal é um europalerma. Só diz disparates
Afixado por: Bsotto em março 24, 2004 12:30 AME biba o Puerto!!
E o resto são histórias
Todo isto é muito bonito, cheio de pistas e hipóteses de especulação e de análise, para disfarçar o ressentimento de ter visto um dos lacaios de Bush a cair devido somente às suas trapalhadas.
Pode-se dizer e analizar isto, como se do funcionamento de um sonda espacial a Marte se tratasse.
Mas o que é um facto é que os espanhois votaram no partido que para eles representava a verdade e a justiça, e o que mais é, o regresso às boas práticas políticas alinhadas com o Direio Internacional, com a Carta das Nações Unidas, comprometimento com a construição europeia, em vez de servir de ariete da política externa americna que apenas pretende dividir a UE para melhor poder reinar.
Que deixaram de acreditr na arrogância da Aznar, de acreditar no que Aznar e o PP acreditavam ser a impunidade ao controlar a comunicação social numa época da informação.
De acreditar num governo e num partido que se aproveita rasteiramente da tragédia da 11 de Março para tentar tirar proveitos eleitoralistas, que segundo as sondagens até eram desnecessárias.
Uma derrota para o partido da guerra permanente.
Afixado por: Al_Mansour em março 24, 2004 01:30 PMA sua análise tem o seu quê de profética em face dos acontecimentos de ontem em Madrid.
A questão do terrorismo é que estamos todos no mesmo barco, mesmo que muitos não gostassem de estar nele.
Vitapis - não é seguro que se tratasse de continuação de atentados ou de tentativa de prisão do comando do 11 de Março.
Ainda é muito cedo para conclusões.
julgo que o Vitapis tem razão.
A Al-Qaida viu que a Espanha cedia e agora abocanhou-a.
Zapatero disse que não fazia acordos com terroristas, mas afinal fez: retirou as tropas do Iraque!
Mais valia ter ficado calado...
Zapatero parece que foi pressionado pelos outros partidos da coligação, redicais de esquerda e independentistas.
Zapatero, que ficou nas mãos dos nacionalistas autonómicos, pode muito bem tornar-se o catalizador do esboroamento do Estado espanhol e isso é bom para nós.