A taxa cambial enter o euro e o dólar continua instável. Hoje atingiu um novo máximo histórico, de 1,1978 dólares, após o departamento norte-americano do Tesouro ter divulgado que os investidores estrangeiros aplicaram 4,19 mil milhões de dólares em acções norte-americanas, o que contrasta com os 49,9 mil milhões de dólares registados em Agosto. Este valor representa nível mais baixo desde Setembro de 1998, mês em que o valor do investimento líquido estrangeiro em acções norte-americanas atingiu os 1,17 mil milhões de dólares.
Ora os EUA precisam de um fluxo permanente de capitais para financiarem o défice da sua conta corrente, que atingiu um valor recorde de 138,7 mil milhões de dólares no segundo trimestre deste ano.
A variação, desde 2000, do défice americano com o exterior comparado com os dois países da UE que apresentam maior desequilíbrio das contas externas, é o seguinte:
..................2000........2001.........2002........2003
Portugal...-10,4%.....-9,6%.......-7,3%.......-4,9%
Grécia........-6,8%......-6,2%....... -6,1%....... -6,6%
EUA............-4,2%......-3,9%.......-4,6%.......-5,1%
As contas externas americanas atingiram em 2003 um desequilíbrio superior ao português, mercê, por um lado, dos gastos americanos no conflito iraquiano e, por outro lado, na política de contenção da despesa em Portugal, que se saldou numa diminuição da procura interna e portanto das importações que, com uma reorientação da nossa indústria para a procura externa promoveu o aumento das exportações e uma nítida melhoria das nossas contas com o exterior.
Este aumento da cotação do euro face ao dólar fez cair ligeiramente as bolsas europeias (excepto a de Lisboa que funcionou em contra-ciclo). A Europa continua com problemas económicos e uma perda de competitividade externa provocada pela queda do dólar poderia ter efeitos negativos nos resultados das empresas europeias, o que criou algum pessimismo nos investidores.
Entretanto, horas depois, chegou a notícia que as estatísticas de construção americanas indicavam que a construção para habitação tinha atingido em Outubro o desempenho mensal o mais forte desde janeiro 1986, em 17 anos, um sinal claro que o mercado de habitação está saudável e pode ajudar à recuperação de economia americana.
Pelo menos foi assim que foi interpretado, invertendo-se a tendência de subida do euro face ao dólar, que se situava, no fim da tarde de hoje, em 1,192 dólares.
A cotação do dólar em dois anos passou de 1€ = US$0,865 para 1€ = US$1,192, uma queda de cerca de 38%. Por isso, e apesar da UE não ter tido uma taxa de aumento do PIB, em termos reais, superior à dos EUA, o PIB total da UE é agora apenas inferior em 5% ao dos americanos.
O quadro seguinte mostra a evolução do PIB, em dólares e a preços correntes, nos últimos 3 anos (os números para 2003 são uma estimativa):
____________________2001____________2002_____________2003
Estados Unidos______10.082,150_______10.446,250________10.875,348
U.Europeia (15)______ 7.936,858 ________8.652,545________10.375,018
A questão desta subida acentuada do euro está a preocupar os agentes económicos europeus pois pode vir a causar problemas de competitividade à economia europeia e à portuguesa em particular, economias que continuam estagnadas em termos de crescimento real. Aliás essa preocupação reflecte-se no comportamento do mercado bolsista europeu.
É certo que o gigantesco défice externo americano torna a economia dos EUA muito vulnerável às flutuações dos fluxos financeiros. Todavia, os EUA dominam a maioria dos nós das fileiras de produção onde a inovação e o efeito motor sobre o restante tecido económico maior importância têm: Informática, electrónica, comunicações, etc.
Muitos têm vaticinado a ultrapassagem da economia americana pela japonesa, alemã, etc. Todavia a indústria destes países não domina os nós vitais do tecido industrial. Por exemplo, a electrónica japonesa é uma electrónica de consumo e a metalomecânica pesada alemã, embora de grande valor acrescentado, não é um elemento de tecnologia de ponta.
É por isso que, contrariamente a alguns vaticínios precipitados, a economia americana tem ultrapassado as crises com grande vitalidade, gerando emprego com grande rapidez e versatilidade, ao contrário da europeia, pesada e lenta a modificar-se. É claro que isto também terá a ver com a regulamentação do mercado de trabalho, mas não só.
Os fluxos financeiros que, vindos do exterior, são investidos na economia americana, tentam aproveitar os bons resultados de empresas dinâmicas e de alta tecnologia, sem grandes competidores no mercado internacional, ou um mercado financeiro e bolsista que tem sido bastante atraente, embora o seja cada vez menos. Não parece, todavia, que esta situação – os fluxos financeiros positivos servirem para compensar o gigantesco défice externo – seja sustentável indefinidamente. Mais tarde ou mais cedo terão que haver medidas de saneamento da economia americana pois se os investidores internacionais começarem a encarar a economia americana com pessimismo, tal poderá originar uma reacção em cadeia de efeitos imprevisíveis.
Uma economia de guerra tem destas coisas : consegue transformar um superavit(Cliton)num deficit(Bush) , devido à força que a industria armamentista tem .
Também acho que existem mecanismos de equilibrio suficientes que poderão inverter esta tendência.
Um deles será a próxima eleição presidencial norte-americana.
Portugal deverá ficar 1,29 mil milhões de euros (cerca de 260 milhões de contos) mais pobre em 2003. Este é o resultado prático da contracção de 1,1 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), prevista pelo Banco de Portugal no seu boletim económico de Setembro, ontem divulgado. É o pior resultado dos países da União Europeia e o mais gravoso da última década.
arquivo cm
Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE) a riqueza produzida em Portugal valia em 31 de Dezembro de 2002 (a preços de mercado) 129,3 mil milhões de euros. Com a redução de 1,1 por cento, são 1,29 mil milhões que “desaparecem” num ano. Contas feitas à crise, isto significa que, cada português, ficará, este ano, 129 euros mais pobre (cerca de 26 contos). A instituição liderada por Vítor Constâncio traça um cenário “negro” da economia nacional. Não é apenas o PIB que cai (num intervalo entre 0,75 e 1,5 por cento). Como é típico dos períodos de recessão económica, o investimento (Formação Bruta de Capital Fixo) sofreu uma descida da ordem dos 10 por cento relativamente a 2002, com os empresários da Construção Civil a serem aqueles que mais se retraíram durante o ano. Também os investimentos em equipamentos e transporte deverão sofrer cortes significativos.
Mas é ao nível da procura interna (com uma descida entre os 3,25 e os 2,25 por cento), em especial no que diz respeito ao consumo privado, que a crise se fez sentir com mais força. Como se lê no relatório do Banco de Portugal “as restrições financeiras associadas aos significativos níveis de endividamento dos particulares, com a consequente moderação do crescimento do crédito, condicionam agora o comportamento das despesas de consumo, em especial de bens duradouros”.
As famílias portuguesas, pressionadas por um aumento muito significativo do desemprego (o número de desempregados aumentou 41,9 por cento entre os primeiros semestres de 2002 e 2003), cortaram no consumo da generalidade dos bens, com especial destaque para os chamados bens duradouros (automóveis, electrodomésticos, etc.). Só a compra de carros registou uma quebra de 21,1 por cento até Setembro.
Em relação ao défice público, o banco central é inequívoco; a venda e titularização de créditos fiscais e da Segurança Social e a transferência do fundo de pensões dos CTT para a Caixa Geral de Aposentações vai contribuir com dois pontos percentuais do PIB.
"NÃO ESTAMOS A CONVERGIR" - Vítor Santos (Economista)
“O nosso défice público está como há dois anos ou pior, e não estamos a convergir com os outros países da União Europeia.” Eis a reacção de Vítor Santos, professor catedrático do Instituto Superior de Economia e Gestão, ao boletim de Setembro de 2003 do Banco de Portugal.
Segundo o docente do ISEG e ex-secretário de Estado adjunto do ministro da Economia, “não estamos a crescer economicamente nem estamos a fazer a consolidação orçamental, que só pode pôr-se em prática com reformas estruturais. Espero que o Governo não deixe, em 2006, uma herança pior do que aquela que recebeu há dois anos.”
"NÃO HÁ AQUI SURPRESAS" - Eduardo Catroga (Economista)
O ex-ministro das Finanças Eduardo Catroga considera normal que o défice esteja em cinco por cento do PIB antes de receitas extraordinárias. “Em 2001 estávamos numa fase de crescimento da economia acima dos dois por cento e o défice foi de 4,1 por cento. Portanto tendo este Governo herdado um défice público de 4,1 por cento e uma situação de baixa conjuntura, é perfeitamente natural e defensável que agora esteja nos cinco por cento. Há uma quebra das receitas fiscais e um aumento de algumas despesas”. Sobre a evolução do PIB, Catroga considera que “está em linha com as perspectivas que eram avançadas para a economia portuguesa.”
"É O QUE JÁ SE PREVIA" - César das Neves (Economista)
O economista César das Neves é da opinião de que “já se previam” os números divulgados pelo Banco de Portugal. “Temos agora números mais exactos, mas ainda não são definitivos. Nós sabíamos que a economia ia cair este ano. Não se sabe ainda é se é mais ou menos de um por cento e os valores do Banco de Portugal vêm confirmar essas expectativas.” Quanto ao défice, também o considera natural até porque, em parte, “resulta da evolução da economia.” A quebra de dez por cento no investimento estrangeiro “também é consequência da crise. O investimento é sempre nervoso e o estrangeiro mais nervoso, pelo que é normal que caia mais.”
Afixado por: zippiz em novembro 19, 2003 11:53 PM1- O défice americano já vem de trás, da época de Clinton. Basta ver os valores em 2000.
2 - Os números para Portugal e Espanha, em dólares a preços correntes (sublinho, a preços correntes) per capita e totais (em biliões de US$) são:
____________2000______2001______2002______2003
Portugal___10.537____10.824____11.974____14.526
Spain______14.083____14.481____16.253____20.466
Portugal__106,733___110,216___122,048___148,205
Spain_____562,842___583,656___655,105___824,919
Portugal, apesar da ligeira contracção do PIB em termos reais, aumenta cerca de 20%(!!) o PIB medido em dólares correntes.
Comentário fora do tema!
Irreflexao política!
Emorreflexão política:
Emocracy - Emocratic Elections
Rule by Human Emotion
http://emocracia.no.sapo.pt
Gostei deste artigo. Sóbrio e com bastante informação
Afixado por: vde em novembro 21, 2003 11:39 AMO que escreveu aqui sobre o dólar e o euro concorda com as declarações ontem do Schroeder.
Afixado por: Adalberto em novembro 22, 2003 10:34 AMNão quero dizer que o Schroeder leu este artigo.
Parece é que é uma opinião geral de quem pensa neste assunto com seriedade e não fica satisteitíssimo por ter um euro elevado
Análise muito lúcida, Joana.
Afixado por: Viegas em novembro 22, 2003 06:35 PMDe um diário económico:
O Chanceler alemão, Gerhard Schroeder, anunciou hoje que uma valorização do dólar, que atingiu o seu valor mais baixo face ao euro esta semana, poderá beneficiar a Europa e os Estados Unidos, aumentando as exportações europeias e cobrindo o défice americano.
Schroeder disse mesmo que “os dois lados têm interesse em mais taxas de câmbio favoráveis” e que “ninguém tem interesse num dólar fraco”.
O dólar desvalorizou 12% face ao euro este ano. Na quinta-feira, a moeda americana atingiu mesmo o seu valor mais baixo desde a introdução da moeda única europeia em 1999.
Para além disso, o dólar caiu também perante 14 das 16 moedas mais importantes, nomeadamente o franco suíço e a libra inglesa.
A economia alemã, maior economia europeia, saiu da recessão no terceiro trimestre através do aumento das exportações, que compensaram a quebra no consumo privado.
Os analistas têm defendido que a alta do euro poderá afectar a subida das exportações, comprometendo, assim, a recuperação económica nos próximos meses nos países da moeda única.
A valorização do euro face ao dólar tornou mais difícil a exportadores europeus, tais como a BASF e Volkswagen, competir, a nível de preços, fora da região dos 12.
Os Estados Unidos, que beneficiam das exportadoras com a queda da sua moeda, esperam investimentos estrangeiros para financiarem o seu elevado défice conta corrente. Máquinas, ferramentas, químicos e outras exportações tornaram-se mais baratas para os outros países, ajudando, assim, a economia americana, que cresceu 7,2% no terceiro trimestre.
As declarações do líder alemão estavam hoje a suportar a divisa americana, com o euro a depreciar 0,2% para os 1,1888 dólares.
Portanto o próprio Schroeder está a pressionar para que o euro não continue a subir face ao dólar
Afixado por: Vitapis em novembro 23, 2003 06:19 PMO dólar continua a descer. Curiosamente após da não sanção à Alemanha e à França.
Afixado por: Viegas em dezembro 3, 2003 12:15 AMEu gostaria de saber um site sobre a cotação das moedas, por favor se souberem me passem o site
Obrigada
Fernanda
fernanda
há sites de cotação da moeda on-line
dou-lhe a resposta no post, " desaprender na tasca " que aqui pode ler, faço uma birrinha, para que se saiba que na tasca há todo o tipo de informação - on-line
eheheheh
Afixado por: Templário em janeiro 19, 2005 10:27 PMFernanda:
Veja em:
http://www.bportugal.pt/default_htm.htm
Templario: a Fernanda deve ser brasileira, caíu aqui por acaso, e provavelmente não percebe o que você pretende dizer com o que escreveu.
Afixado por: Joana em janeiro 19, 2005 10:36 PMok, joana
então deve-lhe dar, o site da www.ljcarregosa.pt porque este eu sei que está sempre actualizado, agora o dos bancos..só actualizam no dia seguinte e à hora que querem.
Afixado por: Templário em janeiro 19, 2005 10:40 PM.
Afixado por: Hold em fevereiro 20, 2005 09:05 PM