A atitude do grupo dos 4 faz lembrar, pela esterilidade da proposta, o pessoal que, nos fóruns da net, lança imprecações angustiantes contra os américas e clama exaltado por uma Europa, ali ... ao virar da esquina, poderosa e capaz de enfrentar os EUA.
Escreve-se:
Todos sabemos que temos grandes cientistas só que por falta de meios ou vontade dos responsáveis estão todos no estrangeiro porque não repatriá-los dar-lhes condições
Resposta: Faça-se! Mas note-se que isto não se faz nem num ano, nem numa década, mesmo que se comece já! E serão os EUA que têm culpa de não se ter começado a fazer? Não ... somos nós.
Escreve-se:
Porque razão sendo Europeus não temos o direito a ter uma força dissuasora inteiramente Europeia?
Resposta: Têm. Mas quando chega a altura de se discutirem os orçamentos para a defesa todos se cortam. Os que agora clamam aqui pela defesa europeia e contra a superpotência americana, são os mesmos que, quando se fala em comprar equipamento militar, ridicularizam os governos e vociferam contra o despesismo inútil. E serão os EUA que têm culpa de não estarmos equipados militarmente? Não ... somos nós.
Todavia, para se fazer tudo isto, é preciso dinheiro, é precisa uma economia forte. Ora o PIB dos 15 da UE é 20% menor que dos EUA e a capitação do PIB europeu é 65% da do PIB dos EUA.
Os EUA dominam a maioria dos nós das fileiras de produção onde a inovação e o efeito motor sobre o restante tecido económico maior importância têm: Informática, electrónica, comunicações, etc. Ao longo dos anos muitos têm vaticinado a ultrapassagem da economia americana pela japonesa, alemã, etc. Todavia isso nunca acabou por acontecer. A indústria destes países não domina os nós vitais do tecido industrial nem tem a capacidade de inovação para ocupar novos nós que entretanto se vão criando..
É por isso que, contrariamente ao vaticínio de alguns economistas apressados, a economia americana ultrapassa as crises com grande vitalidade, gerando emprego com grande rapidez e versatilidade, ao contrário da europeia, pesada e lenta a modificar-se. É claro que isto também terá a ver com a regulamentação do mercado de trabalho, mas não só.
Isto não é ser anti-europeia. São factos. É estéril varrer os factos para debaixo da alcatifa e aparecer de peito feito a bradar pela Europa. Temos é que ver porque é que a Europa está assim e trabalhar para que ela possa ser alternativa aos EUA. Mas isso não se consegue com retórica. O seu canhoneio verbal contra os EUA não leva a nada.
Esta atitude dos 4 está inserida na desastrada política francesa de se pôr em bicos de pés, nostálgica de anteriores glórias, e que tenta arrastar parte da Europa para lhe dar peso face aos EUA. É uma manobra divisionista na Europa, porque qualquer líder europeu sensato sabe que, nem agora, nem num futuro próximo, a Europa poderá ser alternativa aos EUA, mesmo que comecemos já a trabalhar para o ser.
Para tal temos que melhorar a performance económica, que modernizar e dotar de tecnologia avançada as nossas forças armadas e criar condições para os cérebros europeus regressem.
É inútil carpir, soltar lamentos e enxovalhar os EUA. Não conduz a nada. Quanto muito melhorará a função hepática dos mais exaltados. Temos é que fazer melhor que eles.
28-Abril-2003
Volto a cumprimentá-la pela análise brilhante que faz da relação Europa / USA. Só um estúpido a diria pró-americana. É dizendo as verdades e apelando à mudança que conseguiremos aproximarmo-nos dos américas e não andando a dizer mal deles.
Um texto excelente
Afixado por: GPinto em novembro 5, 2003 12:10 AM