Portas, Barrancos e Desportos Radicais
Portas tem sido alcandorado, pela generalidade dos meios de comunicação, e pelos líderes de uma esquerda completamente vazia de ideias, em elemento imprescindível de qualquer governo, actual ou futuro.
A partir de agora, qualquer político, de qualquer quadrante, após um triunfo nas legislativas, com ou sem maioria absoluta, ponderará na necessidade de um “seguro” político, de uma providência cautelar contra a mais que certa contestação política: correrá a oferecer a Portas a pasta de Ministro de Estado com uma pasta adicional – Defesa, ou Juventude e Desportos, ou mesmo pastas inovadoras, como a Senectude e Bisca nos bancos de jardim, ou Cultura, Feiras, Romarias e música pimba, ou … … etc., etc. (qualquer serve).
Ter Portas no governo é sinónimo de tranquilidade para o restante elenco governativo e, principalmente, para o 1º Ministro. Portas é o “bouc émissaire” de todo o mal da governação: real, virtual, imaginado ou inventado.
Aproveitando as Festas de Barrancos sugere-se a nova teoria política do “Quite governativo”: o 1º Ministro deixa que se agite o capote (o Ministro Portas, já se vê) e a toirama (meios de comunicação e líderes da oposição, está claro!), raspando furiosamente os cascos no chão da arena política, investe, com a luminosa inteligência bovina, na direcção obsessiva do capote, enquanto o diestro (o 1º Ministro, como é evidente), após o passe, cumprimenta com uma vénia os aficcionados, olhando sobranceiro o percurso da alimária que sem um derrote, empurrada pela inércia da arremetida e pela baixa produção de ideias de um cérebro mais vocacionado para a omelete de mioleira, do que para conceptualizações políticas, que continua perseguindo uma realidade virtual e inexistente, até se enfeixar nas tábuas.
Reparo agora que estou a ser injusta para com a toirama. O toiro, após a lide, é conduzido ao seu destino final. A sua actuação foi a primeira e a última de uma curta e intensa carreira artística. Ninguém se atreveria a fazê-lo correr outra vez, não se desse o caso de ele se ter apercebido que deveria ter marrado, de preferência, no toureiro. São animais que aprendem com a experiência!
Enquanto isso, meios de comunicação e líderes da oposição são imunes a aprender com a experiência. Todavia, surpreende menos a falta de ideias do que a dureza do revestimento craniano. Depois de tantas arremetidas a finalizarem enfeixados nas tábuas, os nossos “artistas” da política e dos mídia revelam uma notável capacidade de regeneração do revestimento craniano. Então o José António Lima é notável!
Escrito em 1-Setembro-2003
Publicado por Joana em outubro 4, 2003 10:01 AM | TrackBackCom décors destes, não é possível as touradas acabarem em Portugal
Afixado por: A Valente em outubro 13, 2003 11:37 PMFoi dos comentários mais espirituosos e bem escritos que tenho lido.
Você tem jeito pra isto
Afixado por: Anonimo em outubro 14, 2003 10:34 PMFoi a partir do Expresso online que aqui vim ter.
Este texto responde em parte à questão que deixei sobre "Catherine Deneuve".
Li 2 ou 3 textos e apreciei a prosa mordaz e lúcida.
Mais um blog a consultar regularmente para além
da Praia (está a decepcionar-me o IN) e do Cristóvão de Moura (PVG no seu melhor de anarco-comunista)
Sou um amante das touradas, meti umas palavras no Google e deu com este artigo bestial sobre o Portas. Está bestial. Fartei-me de rir