« Confiança? Em quem? | Entrada | Eu e Campos e Cunha »

julho 21, 2005

A Fase Infantil dos Projectos

É da regra na programação de projectos que haja diversas fases: 1) Definição dos objectivos; 2) Inventariação das diversas variantes (uma delas é não fazer nada) tendo em conta a dimensão (baseada em estudos de procura), a localização, as alternativas, etc.; 3) Comparação das diferentes variantes, baseada em estudos de viabilidade económica e financeira; 4) Tomada de decisão; 5)Processo de Concurso e adjudicação; 6) Projecto de Execução (admitindo um concurso de concepção-construção, senão terá que haver outro concurso para a construção após o Projecto de Execução) permanentemente validado para que não apareçam soluções que contrariem os pressupostos dos estudos de viabilidade económica e financeira; 7) Execução (fase de construção baseada num planeamento aprovado, com fiscalização independente e um sistema de Controlo de Custos eficiente); 8) Arranque. Este é o modelo adulto de faseamento dos projectos.

As crianças, no universo sincrético em que se movem, têm um comportamento diferente. Como não conseguem planear a prazo, cada acção que fazem é validada no acto, embora frequentemente sejam necessárias sucessivas acções desastrosas para se convencerem da sua inviabilidade. Dá-se um carrinho a uma criança. Ela usa-o como martelo, batendo com ele no chão até o reduzir a peças soltas. Ao fim de alguns carrinhos e muitas reprimendas, a criança viabiliza o carrinho, isto é, passa a arrastá-lo pelo chão fazendo brruuum! Irá então passar a uma segunda fase do seu projecto. Esta destruição é criativa (desde que se tenha cuidado de comprar os carrinhos nos chineses) pois a criança aprende em cada fase a viabilizar a sua relação com o mundo.

Mário Lino produziu anteontem uma afirmação surpreendente: "Cada um dos projectos será depois avaliado à medida que for sendo implementado", considerando que essa é a “atitude normal neste tipo de obras” (!???). 25 mil milhões de euros, fora o que virá a seguir (pois a maior parte dos custos do TGV e da OTA ainda não está incluída naquele orçamento) não são carrinhos que se compram em lojas de chineses à razão de 1€ cada. O custo relativo a cada uma das fases de um empreendimento é o que se designa por “custo afundado” ou seja, por um custo que já não é possível ressarcir se se verificar que se cometeu um erro. Mário Lino propõe-se, tranquilamente, afundar custos que saem da algibeira dos contribuintes e oneram o sector produtivo português. Mário Lino propõe-se, tranquilamente, afundar o país!

A avaliação tem que ser prévia. É óbvio que à medida que um projecto for avançando e houver medidas correctivas, estas terão que ser avaliadas. Mas isso faz-se para as manter dentro do enquadramento definido inicialmente e, porventura, recusar alterações que comprometam os resultados determinados inicialmente.

Ir avaliando um projecto à medida que se executa é um suicídio a prazo e irreversível. É o modelo infantil de programação (?) de projectos. É andar a martelar com milhares de milhões de euros no chão até os desfazer e depois choramingar «mã! ... que’o mais … mã! Buáááá! que’o out’o pacote de mil milhões de euros! Buáááá!

Publicado por Joana às julho 21, 2005 02:24 PM

Trackback pings

TrackBack URL para esta entrada:
http://semiramis.weblog.com.pt/privado/trac.cgi/97701

Comentários

Dizia hoje alguem nos comentarios do Expresso online que era preferível trocar o investimento no TGV pelo investimento num canal hidráulico que unisse o Norte ao Sul do país.
Com o Modelo Mario Lino há pelo menos a garantia de o buraco já estar aberto... basta juntar água!

Publicado por: Xiko às julho 21, 2005 02:58 PM

"Cada um dos projectos será depois avaliado à medida que for sendo implementado"

Esta atitude integra-se perfeitamente na categoria da estupidez sofisticada descrita por Carlo Cipolla e mencionada por César das Neves no artigo publicado no DN no passado dia 18:

http://dn.sapo.pt/2005/07/18/editorial/sobre_regras_estupidez_sofisticada.html

Publicado por: Senaqueribe às julho 21, 2005 04:24 PM

Ou então é mesmo estupidez natural!

Publicado por: Senaqueribe às julho 21, 2005 04:26 PM

Estou a ver que o(s) filho(s) da Joana sofre do mesmo mal que o meu mais velho: não conseguir pronuciar o "r" suave.

É uma chatice, Joana!

Publicado por: Luís Lavoura às julho 21, 2005 04:35 PM

E choram, quando não os deixa brincar com pacotes de mil milhoões de euros.
Estão mal habituados.

Publicado por: Coruja às julho 21, 2005 05:18 PM

e agora qq coisa que não tem nada a ver.

Santana Lopes não foi excluído por Sampaio por muito menos do que o que temos assistido.

Niguém Fala nisso?

(não se enganem, eu não nem de longe apologista da figura santanense)

Publicado por: Braveman às julho 21, 2005 06:08 PM

Mais vale cair em trapalhadas que ser trapalhão.
O PSL é um trapalhão: logo tudo o que faz é trapalhada;
O Sócrates é rigoroso: logo, apesar de só ter feito trapalhadas, continua a ser rigoroso;
Se não fosse assim o PR já o tinha demitido. Lembrem-se como o PR é exigente em matéria de trapalhadas do Governo.

Publicado por: David às julho 21, 2005 06:19 PM

Acho que a Joana não percebeu as palavras de Mario Lino quando ele diz:

"Cada um dos projectos será depois avaliado à medida que for sendo implementado".

Certamente que ele apenas fala da sua própria experiência.

Publicado por: Mário às julho 21, 2005 06:19 PM

Na minha modesta opinião devemos para melhor analisar o problema, vê-lo pelos olhos dos Senhores Mários Linos.
Ora vejamos:
Têm um belo gabinete, umas belas secretárias, um ou dois belos carros, cinco ou seis motoristas, um belo salário, um ou vários belos cartões de crédito, dúzias de venerandos assessores, vários telemóveis tudo gratuito e do último modelo (menos algumas secretárias).

Podem decidir concursos de triliões e dar uma ajudinha para caírem no regaço de antigos, actuais ou futuros amigos que por sua vez podem dar uma ajudinha quando terminar o concubinato quer retribuindo os favores quer arranjando um lugarzinho.

Por sua vez mesmo que espatifem o orçamento, perdão o país, nunca podem ser acusados de nada e muito menos levados a tribunal.
E quando a coisa estiver feia fazem como o outro que deu um passo em frente (sou o maior culpado) e logo dois atrás (demito-me e adeus até ao meu regresso)

Então para quê porem-se para aí com estudos que só atrapalham e não agilizam as comissões.

Publicado por: carlos alberto às julho 21, 2005 06:27 PM

Mário às julho 21, 2005 06:19 PM:
«Acho que a Joana não percebeu as palavras de Mario Lino»
Percebi. Isso corresponde à mentalidade "projectista" de um miúdo entre os 2 e 3 anos.
Ou à experiência de quem esteve à frente de um Monstro que fazia obras comparticipadas entre 70% e 85%, a fundo perdido, pela UE, e onde se podia espalhar à vontade.

Publicado por: Joana às julho 21, 2005 06:35 PM

eheheheheheh:
«Teixeira dos Santos não entrega declaração de rendimentos desde 2000, diz Renascença.
O novo ministro de Estado e das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, não entrega as declarações de rendimento e património, a que está obrigado, desde 2000, avança esta quinta-feira a Rádio Renascença»

Começa bem!

Publicado por: Santos do pé da porta às julho 21, 2005 06:58 PM

E não só:
«Teixeira dos Santos, para além das funções que exerceu até aqui como Presidente da CMVM, acumula a este vencimento uma pensão de administrador do extinto Instituto de Participações do Estado. Um caso semelhante ao do ministro das Obras Públicas, Mário Lino.»
eheheheheheheheheheheheh!
A nossa classe política é toda parasitária!

Publicado por: Santos do pé da porta às julho 21, 2005 08:49 PM

Publicado por: Santos do pé da porta às julho 21, 2005 08:49 PM

Não tem razão.

Um senhor que pertence ao Governo e de que não sei o nome, está ali na SIC a explicar pacientemente ao Mário Crespo que ele não era obrigado a entregar declaração nenhuma porque a mesma só é devida se o património mudar.

Ora o que aqui vemos é que um homem que ganha milhares em quatro anos não melhora o seu património como é que ele vai melhorar o nosso?

Publicado por: carlos alberto às julho 21, 2005 09:21 PM

carlos alberto às julho 21, 2005 09:21 PM:
Isso não me parece que seja assim. Há cerca de 20 anos o meu pai foi do CA de uma empresa pública e tinha que entregar anualmente uma declaração no TC e quando saíu, entregou uma por esse motivo.
Só se mudou depois disso.

Publicado por: Joana às julho 21, 2005 09:52 PM

Também me parece que é anual. Entrega-se uma quando se é empossado no cargo, depois anualmente, e uma quando se abandona o cargo.

Publicado por: AJ Nunes às julho 21, 2005 10:05 PM

carlos alberto às julho 21, 2005 06:27 PM


"Podem decidir concursos de triliões e dar uma ajudinha para caírem no regaço de antigos, actuais ou futuros amigos que por sua vez podem dar uma ajudinha quando terminar o concubinato quer retribuindo os favores quer arranjando um lugarzinho."

Porque será que a maior parte dos ex-Ministros de Cavaco Silva, "trabalham" todos ou para o Belmiro ou para o BCP ?

Publicado por: Templário às julho 21, 2005 10:09 PM

"There are only two stages to a project: Too soon to tell & too late to cancel."

:o)

Publicado por: lucklucky às julho 21, 2005 10:11 PM

Foi o que aquele Senhor na Sic disse a um atarantado Mário Crespo mas agora o Gabinete do Senhor Ministro vem dizer que:

O gabinete do novo ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, indicou à SIC que este não entrega, desde 2000, as declarações de rendimentos e património ao Tribunal Constitucional (TC) porque «nunca foi notificado».

A trapalhada está só a começar e a minha bola de cristal hoje viu isto

http://ablasfemia.blogspot.com/2005/07/2006-mudana-de-regime.html

Publicado por: carlos alberto às julho 21, 2005 10:42 PM

Só para relembrar que idêntica "fase infantil" teve o pais, quando Pina Moura este no (des)governo quando convidado por Guterres.

Rui

Publicado por: RMVSantos às julho 21, 2005 10:53 PM


Publicado por: Templário às julho 21, 2005 10:09 PM

Boa pergunta.

Provavelmente porque após ter trabalhado para o Estado só mesmo continuar noutro Estado dentro do estado.
Assim como assim o patrão já era o mesmo.
Só que agora o carro é em leasing.

Publicado por: carlos alberto às julho 21, 2005 10:58 PM

carlos alberto às julho 21, 2005 10:42 PM: Não tem que ser notificado. Os prazos para entrega estão fixados. É como as declarações para as finanças - ninguém nos notifica.
O ministro além de baldas é ignorante

Publicado por: Hector às julho 21, 2005 11:15 PM

E depois vem aquela última onde os orçamentos ultrapassam o tecto em doze ou quatorze vezes e demoram seis ou sete vezes o tempo estimado. Tipo Casa da Música e CCB.

Publicado por: rui martins às julho 21, 2005 11:36 PM

Judite de Sousa na RTP 1 está a entrevistar o pequenot.

Que terá este pequenot para dizer ?

Começou por avaliar os estragos da última batalha, diz que ficaram desfeitos e ele anda a juntar os restos mortais dos pequenots falecidos.

Publicado por: Templário às julho 22, 2005 12:04 AM

Duvido que ele junte alguma coisa

Publicado por: c seixas às julho 22, 2005 12:34 AM

O Marques Mendes é um líder a prazo

Publicado por: c seixas às julho 22, 2005 12:35 AM

rui martins em julho 21, 2005 11:36 PM:
O CCB foi feito no prazo, até porque tinha que ser inaugurado para a presidência portuguesa da UE. Foi por causa das pressas e do mau planeamento que saiu muito mais caro. Os empreiteiros cobraram-se da rapidez com que fizeram aquilo.

Publicado por: David às julho 22, 2005 12:37 AM

David às julho 22, 2005 12:37 AM

Claro David queriam que as horas nocturnas, sábados e domingos fossem ao mesmo preço.

Só que parece que só ouve um erro de uns 35 milhões. Será que, quer os Projectistas Privados quer os do Estado, não tinham dinheiro prás pilhas das máquinas de calcular ?

Talvez não tenha sido erro dos projectistas infantis...mas sim das Comparações das diferentes Variantes ou teria sido na fase da inventariação das diversas variantes ?

Na minha opinião pessoal, mas é só minha...não se preocupem muito, quando o Estado Lança um Projecto pró ar....deveria escolher os elementos necessários para esse projecto, depois Pagaria 2 Meses num Hotel de 4 estrelas a todos NA ALEMANHA, para que aprendessem como se FAZ. Para Não Haver Dúvidas (com os Tugas nunca se sabe...) os Alemães Forneceriam em Papel as instruções práticas.

Publicado por: Templário às julho 22, 2005 01:00 AM

David

Note aquele preciosismo do ouve....é fabuloso nem o Saramago faria melhor eheheheh porque como sabe primeiro há o ouve aqui, ouve ali e só muito mais tarde é que há a confirmação que Houve mesmo :))))))

Publicado por: Templário às julho 22, 2005 01:02 AM

Ficaría baratíssimo, pois o Estado negociaria com um Operador Turístico isso era uns trocos (mais baratos que certos almoços em Portugal).

Caso cumprissem, teríam direito a mais 2 meses à escolha com hotel de 5 estrelas em qualquer parte do mundo. Mais uns trocos.

Caso Falhassem, teríam que ir de Lisboa a Berlim a pé, pedir explicações aos Alemães sobre o que Falhou !

Acarbar-se-iam assim as falhas e os falhados.

Já repararam que com tanta falha nos projectos, não há nenhum falhado arquitecto, engenheiro, projectista, economista, financeiro ....

Lembrei-me agora, também se lhe podia pedir o Diploma de curso e colocar lá a vermelho - FALHADO !

Publicado por: Templário às julho 22, 2005 01:12 AM

Para mim um dos principais focos de CORRUPÇÃO é justamente esse conceito de "Projecto de Concepção e Execução" dois-em-um. Desta forma o lobie do Betão fica com a faca e o queijo apontado ao erário público.(cujos gestores públicos empocham umas comissõezitas pela porta-do-cavalo)
Óbviamente o Projecto é uma coisa - e a Execução é outra!,,, e pelo meio isenta e independente deve estar a Fiscalização

Publicado por: xatoo às julho 22, 2005 10:23 AM

Uma das razões da passividade dos portugueses em relação à corrupção é que também eles são em geral corruptos.

Orgulham-se em público de violar o código da estrada, de não pagar os imposts devidos, de conseguir sacar algum ao Estado (essa entidade que não ém de ninguém...) por vias travessas.

E se a passividade em relação à corrupção é enorme, quanto mais o exigir da eficiência e da qualidade dos serviços. Somos um país de xicos-espertos.

Publicado por: Mário às julho 22, 2005 10:39 AM

Comunicado da heróica resistência iraquianaPeople of the world! These words come to you from those who up to the day of the invasion were struggling to survive under the sanctions imposed by the criminal regimes of the U.S. and Britain . We are simple people who chose principles over fear. We have suffered crimes and sanctions, which we consider the true weapons of mass destruction. Years and years of agony and despair, while the condemned UN traded with our oil revenues in the name of world stability and peace. Over two million innocents died waiting for a light at the end of a tunnel that only ended with the occupation of our country and the theft of our resources. After the crimes of the administrations of the U.S and Britain in Iraq , we have chosen our future. The future of every resistance struggle ever in the history of man. It is our duty, as well as our right, to fight back the occupying forces, which their nations will be held morally and economically responsible; for what their elected governments have destroyed and stolen from our land. We have not crossed the oceans and seas to occupy Britain or the U.S. nor are we responsible for 9/11. These are only a few of the lies that these criminals present to cover their true plans for the control of the energy resources of the world, in face of a growing China and a strong unified Europe . It is Ironic that the Iraqi's are to bear the full face of this large and growing conflict on behalf of the rest of this sleeping world. We thank all those, including those of Britain and the U.S. , who took to the streets in protest against this war and against Globalism. We also thank France , Germany and other states for their position, which least to say are considered wise and balanced, til now. Today, we call on you again. We do not require arms or fighters, for we have plenty. We ask you to form a world wide front against war and sanctions. A front that is governed by the wise and knowing. A front that will bring reform and order. New institutions that would replace the now corrupt. Stop using the U.S. dollar, use the Euro or a basket of currencies. Reduce or halt your consumption of British and U.S. products. Put an end to Zionism before it ends the world. Educate those in doubt of the true nature of this conflict and do not believe their media for their casualties are far higher than they admit. We only wish we had more cameras to show the world their true defeat. The enemy is on the run. They are in fear of a resistance movement they can not see nor predict. We, now choose when, where, and how to strike. And as our ancestors drew the first sparks of civilization, we will redefine the word “conquest.“ Today we write a new chapter in the arts of urban warfare. Know that by helping the Iraqi people you are helping yourselves, for tomorrow may bring the same destruction to you. In helping the Iraqi people does not mean dealing for the Americans for a few contracts here and there. You must continue to isolate their strategy. This conflict is no longer considered a localized war. Nor can the world remain hostage to the never-ending and regenerated fear that the American people suffer from in general. We will pin them here in Iraq to drain their resources, manpower, and their will to fight. We will make them spend as much as they steal, if not more. We will disrupt, then halt the flow of our stolen oil, thus, rendering their plans useless. And the earlier a movement is born, the earlier their fall will be. And to the American soldiers we say, you can also choose to fight tyranny with us. Lay down your weapons, and seek refuge in our mosques, churches and homes. We will protect you. And we will get you out of Iraq , as we have done with a few others before you. Go back to your homes, families, and loved ones. This is not your war. Nor are you fighting for a true cause in Iraq . And to George W. Bush, we say, “You have asked us to ‘Bring it on’, and so have we. Like never expected. Have you another challenge?”

Publicado por: EUROLIBERAL às julho 22, 2005 11:09 AM

In the Third Reich
We had "sturm und drang"
In the Fourth Reich
We have "shock and awe"

Joana traduza-nos aí - "sturm und drang"

Publicado por: xatoo às julho 22, 2005 11:25 AM

xatoo em julho 22, 2005 10:23 AM:
O Estado, de há anos a esta parte tem enveredado por Concepção-construção, porque embora isso que diz é verdade, como o Estado não consegue controlar os erros dos projectistas, depois os empreiteiros escudavam-se nesses erros e o resultado ainda era mais desastroso

Publicado por: Hector às julho 22, 2005 12:45 PM

xatoo em julho 22, 2005 10:23 AM:
O Hector tem razão. Em Portugal não há os mecanismos de responsabilidade civil dos projectistas que existem noutros países. Além disso o Estado adjudica ao mais barato e adjudica a projectistas sem dimensão nem capacidade nem talento.

Publicado por: Joana às julho 22, 2005 01:17 PM

Os erros de projectos custaram muitos milhões ao nosso país. Os privados fazem um controlo permanente sobre os projectos (normalmente arranjam uma empresa assessora que gere tudo, desde o projecto até ao arranque), mas o Estado nunca foi capaz de o fazer. E isso revelou-se desastroso.

Publicado por: Joana às julho 22, 2005 01:18 PM

Controlar os projectos? Mas vocês não percebem que estes projectos só avançam porque se tem a certeza que não serão minimamente controlados?

Publicado por: Mário às julho 22, 2005 01:21 PM

sturm und drang era um movimento literário dos fins do século XVIII e significa Tempestade e Ímpeto.
Mas Sturm também pode significar Assalto (sturmabteilung - SA- secção de assalto), ou Sturmbahnführer (chefe de equipa de assalto) que era uma das graduações dos oficiais SS.

Publicado por: Joana às julho 22, 2005 01:22 PM

Mário às julho 22, 2005 01:21 PM:
Refiro-me ao Projecto no sentido português (e não anglo-saxónico) - concepção e elaboração das peças desenhadas e escritas.

Publicado por: Joana às julho 22, 2005 01:28 PM

Templário :

A grande desvantagem dos concursos do tipo concepção-execução é que os projectos de arquitectura que deles surgem são regra geral bem piores (mais do genero construção civil, menos do género arquitectura) do que os projectos que saem dum concurso exclusivamente de concepção, seguido posteriormente dum concurso para a execução da obra.
Do ponto de vista de quem paga a obra esse processo até é mais confortável, porque não haverá lugar a erros e omissões de projecto, que é o que na prática faz disparar os preços finais relativamente aos previstos. Todas as grandes empresas de construção têm nos seus quadrso técnicos especializados para detectar erros e omissões em cadernos de encargos e peças desenhadas de projectos feitos por terceiros. Nesse sentido, se é o próprio construtor a propôr o projecto, será ele o responsável pelos erros e omissões do seu próprio projecto e aí o dono da obra encontra-se numa posição mais salvaguardada. É óbvio que podem ser feitas mil e uma mafiosices, no sentido de iludir o dono da obra na altura em que este opta por aquele ou por outro projecto, mas aí a culpa é toda do dono da obra porque não as detectou conformemente.
Por outro lado, e isso sim mais relevante, os projectos que saem desse tipo de concursos, por terem em vista uma resposta funcional integral aos cadernos de encargos que lhes permita garantir, pelo menos, que a proposta não é excluída do concurso por incumprimento com o caderno de encargos, são projectos pouco arrojados, pouco inovadores, e regra geral não mobilizam ninguém para os visitar que não os seus meros utilizadores funcionais. A título de exemplo ( e sou suspeito porque não sou fã do Calatrava) : se a cidade das Artes e Ciências de Valência tivesse sido feita numa base de concepção-construção, provavelmente ninguém la iria visita-la nem ela estaria incluída nos "must see" espanhóis, ainda que os edifícios cumprissem funcionalmente os mesmos requisiitos que os que actualmente lá existem.
Em conclusão , os processos de concepção-construção conduzem a realidades arquitectónicas/urbanas que desperdiçam por completo uma franja de turismo cada vez mais significativa nos dias que correm, que é o turismo cultural / turismo de arquitectura. Há quem vá ao Marco de Canaveses (pasme-se!) para ir ver a Igreja do Siza.

Publicado por: Xiko às julho 22, 2005 02:34 PM

vejam lá se arranjam melhorzito do que isto:
Joana:"o Estado adjudica ao mais barato e adjudica a projectistas sem dimensão nem capacidade nem talento"
Hector:"o Estado não consegue controlar os erros dos projectistas".
Um projecto é um trabalho como outro qualquer e os autores são passiveis de responsabilidade pelo que executam!,,, ou não?
Se não,,, quem lucra com a negligência? é alguma fatalidade que se tenha de aceitar que as coisas sejam assim?
Os problemas do nosso país vão na íntegra (ou quase 100%) para as Administrações. (ficamos por aqui, isto para eu não começar já a sugerir que isto é assim pq só assim se pode "desenhar" os esquemas dde corrupção)
ou como dizia uma ouvinte hoje na TSF sobre a seca:
"o que nós temos é fartura de Nabos, falta de Tomates e excesso de Vinho"

Publicado por: xatoo às julho 22, 2005 03:38 PM

Joana às julho 22, 2005 01:22 PM
tóbrigadinho pela explicação sobre "strurm und drang", que no contexto se refere sem dúvida ás SS.
Esta é uma quadra de um poema de Gary Steven Corseri, vidé em:
http://www.axisoflogic.com/artman/publish/article_18457.shtml
e que deveria ser ensinado nas escolas, para os nossos miudos "aprenderem a fazer projectos" em condições.
Tá uma tradução mal-enjorcada,,,eheheh,,, lá minha baiúca.
Não ponho o nome nem o link aqui, senão a Joana diz que é PUB

Publicado por: xatoo às julho 22, 2005 03:45 PM

xatoo: Como a Joana escreveu, não há mecanismos legais simplificados para impor penalizações a um projectista por erros. Repare que um projecto vale 3% a 4% do custo da obra. Erros que correspondam a 10% do custo da obra são mais de 3 vezes o valor do projecto. Hoje em dia há seguros de responsabilidade civil que os projectistas têm que apresentar, mas é muito complicado aatribuir depois responsabilidades e dá direito a litígios que nunca mais se resolvem imputar culpas e impor penalizações por danos "emergentes".
Normalmente todos têm um "bocadinho" de culpa: o Dono da Obra, o Projectista, a Fiscalização e o Empreiteiro.Isso baralha tudo.

Publicado por: Hector às julho 22, 2005 06:49 PM

A culpa é geral. O Estado adjudica pelo barato e não sabe acompanhar a obra. Por isso o projectista é deixado à solta, a Fiscalização é muito mal paga e depois não tem pessoal com capacidade suficiente e o empreiteiro está "licenciado" em sacar dinheiro da escudela do cego (o Estado).
Onde é que um organismo público tem capacidade de acompanhar o Calatrava? Porque é que foi exactamente a Gare do Oriente a única obra da EXPO98 que derrapou (e muito)?

Publicado por: Hector às julho 22, 2005 06:56 PM

Xatoo em vez estares com patetices Bush=Hitler

Tens aqui Shock & Awe:

http://www.dodccrp.org/publications/pdf/Ullman_Shock.pdf

E também pesquisa Boyd e o OODA loop que é um retrato do que está acontecer à Europa e aos governos Europeus em geral.

Publicado por: lucklucky às julho 22, 2005 07:00 PM

http://news.yahoo.com/news?tmpl=story&u=/ap/20050722/ap_on_re_la_am_ca/cuba_electricity_crisis

A fase infantil dos projectos e os seus resultados:

By ANITA SNOW, Associated Press Writer 6 minutes ago

HAVANA - Several dozen government employees arriving home from work milled for hours outside their 20-story apartment building, waiting for power to be restored so they could take the elevator up and cook dinner.

Across town in a tiny, dilapidated apartment, 76-year-old Angela Vargas gasped as the image of President
Fidel Castro flickered out and back on again on the television screen — a sign of the continued instability in Cuba's aging electrical system.

Sweltering summer heat in the 90s, blackouts of more than 12 hours and water shortages have increasingly frayed Cubans' nerves, challenging Castro's government as he prepares for Tuesday's celebration marking the launch of the Cuban revolution.

While occasional blackouts are common every summer, Cubans say these are the most frequent and longest of recent years.

"It's been unbearable," Vargas, a slip of a woman in a purple synthetic shift and plastic sandals, said Thursday night. She nevertheless was relieved the blackout scheduled late Thursday for her neighborhood never came off.

"Amid the miscellaneous promises and speeches of triumphs that cannot be demonstrated, Cubans are losing patience," dissident Manuel Cuesta Morua said this week. "Cuba is annoyed."

While Havana residents said the situation eased somewhat this week — at least in the capital where the celebration is being held — Cubans worry about the rest of July and August, the year's hottest months. And they hope for good news Tuesday, when Castro is expected to address the nation.

"It would be good if he touched on the theme," Liset Olivera said as she sold mangos and guavas from weathered wooden boxes at a farmers market near Havana Port.

"We hope the situation will resolve itself," said Olivera, adding that she and her young son have spent many sleepless nights at their towering Soviet-style apartment complex east of Havana.

"It won't take much more time," Castro said of the power problems when he spoke Thursday night at the primary school graduation of Elian Gonzalez, who returned to Cuba from Miami five years ago after a high-profile international custody battle.

"You can trust what I say," he said.

In power for 46 years, the Cuban leader who turns 79 next month has often appeared on state television to discuss the power crisis affecting the island's 11.2 million citizens.

"Right when we are in the middle of this electrical battle, this barbarian is threatening the island!" Castro exclaimed July 8 as Hurricane Dennis battered Cuba.

Cuesta Morua said a sign that patience is wearing thin was last week's clash in Old Havana between several dozen dissidents and hundreds of government supporters who shoved and shouted them down.

No injuries were reported, but at least 10 dissidents were detained as they commemorated a deadly 1994 tugboat sinking. Government supporters called the protest a "provocation."

Tempers flare in Cuba during hot summer months, when adults have fidgety children home from school with little to do. Folks pass fitful nights with electric fans stilled and go days without bathing because water pumps cannot operate. Refrigerated food spoils.

"You have to buy your food daily. If you don't, it will spoil," said 25-year-old Carlos Fornel Jr., who lives in Centro Havana, which has suffered blackouts almost daily for two months.

Prolonged electricity and other utility crises historically have had the potential to provoke political problems.

During blackouts caused by severe economic problems in August 1994, Havana saw unprecedented rioting and a migration crisis in which 30,000 people set out to sea on rafts.

Minister of Basic Industries Marcos Portal lost his job last year for not warning Cuba's leadership about the risks of what they called "an entirely preventable crisis."

Authorities explained then that sulfur-heavy Cuban crude heavy had damaged machinery at the key thermoelectrical plant in Matanzas province, east of Havana.

A month of blackouts were scheduled then and energy-saving factories shut.

By winter, the blackouts stopped, and in the spring, Castro vowed the energy crisis would ease before this summer and blackouts would disappear altogether by the second quarter of 2006.

"Everything's going well," Castro said then.

But authorities resumed planned blackouts in May, saying they were unavoidable because of low generation caused by shortages of parts and maintenance of aging plants.

Hurricane Dennis complicated matters, battering the island's obsolete electrical system.

Cuba is now struggling to fix the problems with the help of its ally Venezuela, which recently approved $20 million in low-interest financing to support a $93 million electricity project and sent materials for hurricane recovery.

Publicado por: lucklucky às julho 22, 2005 07:13 PM

Há muita malta que fala das coisas sem fazer a mínima ideia delas, sem nunca ter tido contrato prático com elas e apenas papagueando coisas que ouve no café

Publicado por: L M às julho 22, 2005 10:55 PM

Isso lucklucky é falta de manutenção. Uma das coisas que mais me impressionou quando visitei alguns países ex-socialistas logo a seguir à queda do Muro (Checoeslováquia -então era ainda assim - Hungria, Polónia) era que o que funcionava, funcionava muito mal. Os edifícios estavam a cair.
Em Bratislava tive que almocçar no melhor hotel da cidade (o Kiev, na altura). O resto parecia quase tudo ao abandono.

Publicado por: L M às julho 22, 2005 11:04 PM

lucklucky às julho 22, 2005 07:00 PM
Ensinar o que não foi perguntado, além de inútil, é uma espécie de estupro cultural.
Dasse!

Publicado por: xatoo às julho 25, 2005 12:58 AM

L M - A ESlováquia dentro de 4 ou 5 anos passa-nos, se continuarmos assim

Publicado por: soromenho às julho 29, 2005 09:57 PM

.

Publicado por: Cisco Kid às agosto 4, 2005 08:36 PM

Comente




Recordar-me?

(pode usar HTML tags)