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fevereiro 24, 2005
Indigência Política
O que é aflitivo no panorama actual do PSD é a sua pública indigência política. Todos os protagonistas que se produzem na ribalta, desde Menezes a Marques Mendes, passando por JP Pereira, o intelectual que atira (no próprio pé) mais rápido que a sombra, não mostram ter qualquer projecto político para a governação do país, para além da (óbvia) necessidade de remodelar o aparelho do partido para se afirmar como alternativa ... para ganhar as próximas eleições. Pior, sugestionados pelas ilusões falanstéricas vendidas pela esquerda quando na oposição e durante a campanha e que julgam terem sido a causa do vendaval eleitoral, falam no regresso à visão social-democrata portuguesa, ou seja, em pescar nas mesmas águas turvas da política da ilusão consumista, no projecto da segurança medíocre e sem futuro, que tem caracterizado a nossa vida económica e social na última década.
Li algures, não me recordo onde, que a vantagem do liberalismo é estar sempre na oposição. Nada mais verdadeiro. Todas as medidas de liberalização do tecido económico, e que têm permitido diversos países ultrapassarem situações de estagnação, foram tomadas sob a premência inadiável dessas situações e eram contrárias às promessas eleitorais feitas pelos respectivos governos, antes de eleitos, quando em campanha. E este fenómeno tem acontecido com governos socialistas, sociais-democratas, centristas, democratas-cristãos, etc.. Todo o leque político português (e, até certo ponto, o europeu) está colonizado pelo pensamento pretensamente social que está nos genes da esquerda. E pretensamente social, porque sob o álibi do igualitarismo e justiça social, conduz à estagnação económica e ao nivelamento pela mediocridade.
Muitos políticos reconhecem, na intimidade, que a eficiência da economia depende da eficiência dos mercados, e que esta só existe removendo os entraves à liberalização desses mercados. Todavia, em público, prometem mezinhas sociais que normalmente consubstanciam violações das condições estruturais de funcionamento eficiente desses mesmos mercados. São como o médico que, para conservar o paciente que precisa de uma intervenção cirúrgica complicada para obter a cura, lhe vai ministrando analgésicos e mescalina, para o manter feliz.
A revitalização do país exige um projecto economicamente viável, ideologicamente sólido, socialmente coerente e politicamente corajoso. Não se compraz com politiquices sem conteúdo, que vêem as disputas políticas como desafios da Liga de Clubes. A esquerda pode prometer um discurso de facilidades e de ilusões. É o que costuma fazer antes de chegar ao poder. Mas quem quiser modernizar a sociedade portuguesa e tornar Portugal num país próspero, não pode alinhar nesse jogo de embustes.
Estes 3 anos mostraram que não havia esse projecto alternativo. Apenas existiam paliativos revestidos de palavras sonantes. Em 16-12-2003 escrevi aqui: «o governo está cheio de razão ao regozijar-se pela sua visão política. Só não faz aquilo que julga que está a fazer. Isto é, tem razão no que diz, mas não no que faz
ou deixa fazer. Mas continua ... arrebatado pelo entusiasmo de estar a fazer uma obra meritória, que só existe na sua imaginação, garantindo entretanto que a sua política está já a dar frutos. Mas que política? A enunciada em teoria, ou a que está a acontecer na prática?
Por sua vez, a oposição ataca o governo por ele estar a fazer coisas que de facto não faz e pretende que ele faça coisas
que de facto estão a acontecer na prática. A oposição ataca a obra meritória do governo, que também só existe na imaginação dela, considerando-a sem mérito e errónea, propondo uma teoria oposta, mas que corresponde, afinal, à prática quotidiana. ... nada mudou. O país continua a viver acima das suas posses, continua a ser incapaz de reformar os seus serviços públicos, continua a ser incapaz de saber o que está a acontecer.»
Esta comédia de enganos conduziu à situação actual. Aparentemente o PSD não aprendeu nada com ela. É catastrófico ... mas não é inquietante. Afinal, actualmente, não se ganham eleições ... basta esperar que o adversário as perca.
Publicado por Joana às fevereiro 24, 2005 10:56 PM
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Comentários
A nossa última esperança é que o próximo Presidente da República seja alguém com elevado nível intelectual (no bom sentido).
Não tenho essa esperança... duvido muito que os dois partidos que realmente governam Portugal o permitam...
Infelizmente...
Publicado por: P Vieira às fevereiro 24, 2005 10:57 PM
Pois é, um não tem estatura política e outro não te estatura física
Publicado por: Hector às fevereiro 24, 2005 11:15 PM
O PSD está completamente desorientado. Ainda vão concluir que o PSL afinal é o menos péssimo.
Publicado por: vitapis às fevereiro 24, 2005 11:57 PM
Os mais sérios nem se querem meter ao barulho!
Publicado por: vitapis às fevereiro 24, 2005 11:58 PM
Sabendo-se que Joana entende que os dirigentes, actuais e futuros do BE, do PCP, do PS e do PSD são todos indigentes políticos, seria interessante saber como é que Joana qualifica os dirigentes do CDS-PP.
Publicado por: Curioso às fevereiro 25, 2005 12:25 AM
Também acho
Publicado por: c seixas às fevereiro 25, 2005 01:26 AM
Também acho
Publicado por: c seixas às fevereiro 25, 2005 01:26 AM
Os dois candidatos à presidência do PSD são, diga-se em abono da verdade, maus. Muito maus.
Marques Mendes celebrizou-se, nos idos tempos do cavaquismo, por repetir tudo o que Cavado dizia. Com as suas modestas dimensões, se usasse trajes mais coloridos ainda se confundia com um papagaio. Fez uma travessia do deserto, é certo, mas já mostrou ao que vem. Começou por declarar que ia denunciar um acordo que expirou no dia das eleições. Depois anunciou que o PSD teria que virar à esquerda porque "é assim que se ganham eleições". Não por uma qualquer questão de princípio ou de ideologia mas usando a máxima "para ganhar vale tudo". Por fim perdi paciência para o ouvir mais por agora. Afinal ainda só é candidato há dois dias, há que dar tempo ao tempo.
Quanto ao Menezes... que dizer? Um cacique do norte com obra feita: Fez o centro de Estágios ao FC Porto. Tirando isso, notabilizou-se pelo seu discurso exacerbado dos "Sulistas, elitistas e liberais" e por mais umas ideias tontas que nem vale a pena passar ao paper, neste caso ao monitor.
http://politicaxix.blogs.sapo.pt/
Publicado por: TheStudio às fevereiro 25, 2005 03:15 AM
"Todo o leque político português (e, até certo ponto, o europeu) está colonizado pelo pensamento pretensamente social que está nos genes da esquerda. E pretensamente social, porque sob o álibi do igualitarismo e justiça social, conduz à estagnação económica e ao nivelamento pela mediocridade".
Cara Joana,
Se é realmente economista deve saber que eficiência económica e justiça social são mutuamente exclusivas. O máximo da eficiência económica conduziria ao máximo da exclusão social, e o máximo da justiça social conduziria ao desastre económico. Mas os povos civilizados têm de se conformar com um grau de eficiência económica que seja compatível com a inclusão social. É preciso que todos tenham de comer, que todos tenham um tecto por cima das suas cabeças, que todos tenham acesso à educação e aos cuidados de saúde, que todos tenham acesso a um mínimo de segurança social compatível com a dignidade humana. Para conseguir este mínimo é necessário sacrificar o óptimo da eficiência económica, em nome do sentido de comunidade. É isto que a "direita" ainda não percebeu. E enquanto o não perceber vai fomentando a vitória da "esquerda", uma "esquerda" que também o não sabe pôr em prática, ainda que pareça preocupar-se com o assunto.
Publicado por: Albatroz às fevereiro 25, 2005 08:48 AM
Albatroz:
A eficiência tem sempre um conteúdo. Uma coisa é eficiente ou não conforme o objectivo. Se o objectivo é aliviar uma dor de cabeça, uma aspirina é mais eficiente do que um martelo; se o objectivo for pregar um prego, o martelo é mais eficiente do quen a aspirina.
A eficiência económica e a justiça social não são mutuamente exclusivas, desde logo, porque a eficiência económica é um meio e a justiça social é um fim.
Por outro lado, nem sequer é verdade que a social-democracia seja contrária à eficiência económica: num «ranking» recente concluiu-se que, das dez economias mais competitivas do mundo, cinco são sociais-democracias norte-europeias - incluindo, no primeiro lugar, a Finlândia.
Por tudo isto, quando a direita nos fala em eficiência, há três perguntas que têm que ser feitas: eficiência em quê, eficiência para quê, e eficiência para quem. Estas três perguntas, já as fiz aqui várias vezes à Joana, e ela nunca me respondeu. Nem pode responder, é claro, sem desmontar o seu próprio discurso.
Publicado por: Zé Luiz às fevereiro 25, 2005 09:43 AM
Há poucos dias que visito este blogue. Acho que a Joana escreve bem, e com bastante acerto, mas parece-me que os seus posts são bastante repetitivos. Dizem sempre a mesma coisa, ficando-se muito pelas generalidades, sem especificar.
A Joana podia variar um pouco o disco, ou então, entrar em melodias mais pormenorizadas.
Concordo com os comentários do Albatroz e do Zé Luiz, acima.
Publicado por: Luís Lavoura às fevereiro 25, 2005 10:06 AM
Albatroz, você tem razão, mas se ler posts anteriores da Joana, como "Sócrates e o Desemprego" ou o "O Mercado e os Aprendizes de Feiticeiro" vê que ela é, ao que me parece, dessa opinião.
Publicado por: Hector às fevereiro 25, 2005 10:10 AM
Zé Luiz, quanto à questão da eficiência, obviamente que ela se refere à maior prosperidade económica de uma sociedade.
Estamos a falar de economia e não de bricolage.
Publicado por: Hector às fevereiro 25, 2005 10:13 AM
Engraçado!
Agora até já temos especialistas em hermenêutica joanina.
# : - ))
Publicado por: Divertido às fevereiro 25, 2005 12:57 PM
Zé Luiz em fevereiro 25, 2005 09:43 AM
Não concordo com a sua afirmação de que a eficiência económica é um meio. Se olhar para a eficiência de Pareto verificará que ela se define como a impossibilidade de aumentar o grau de satisfação de A sem sacrificar alguma coisa do grau de satisfação de B. A eficiência não é vista como um meio para alcançar outra coisa, mas como um fim em si: a optimização do uso dos recursos disponíveis. O que eu afirmo é que aumentar o grau de eficiência do uso dos recursos disponíveis, num quadro produtivo, far-se-á sempre à custa do sacrifício de alguma justiça social. Partindo do princípio que não há insuficiências tecnológicas. Porque os recursos utilizados para aumentar a produção são também os recursos que se utilizam na promoção da justiça social. É um problema de custo de oportunidade como outro qualquer. Uma vez utilizados na produção já não posso utilizar esses recursos na promoção do bem estar social. E vice-versa.
Quanto às social-democracias de que fala, a sua eficiência é relativa. Poderia ser aumentada se esses países estivessem dispostos - como os nossos governos parecem estar - a sacrificar a justiça social. Felizmente para eles parece não haver vontade de fazer esse sacrifício.
Publicado por: Albatroz às fevereiro 25, 2005 02:00 PM
Tendo ir ler o post da Joana sobre "Sócrates e o Desemprego" acho que poderia aceitar a desregulação total do mercado de trabalho se o Estado quisesse assumir a responsabilidade de proporcionar emprego, em áreas socialmente úteis mas não produtivas - protecção do ambiente, apoio a menores e idosos, etc. -, a todos os que fossem vítimas da procura da eficiência produtiva. Com remunerações inferiores às do sector produtivo (para não criar maus hábitos) mas suficientes para permitir uma vida digna. É claro que os custos de um tal programa teriam de vir, parcialmente, de impostos sobre o sector produtivo, o que reduziria a eficiência desse sector. Mas seria uma maneira de transferir os custos sociais para toda a sociedade, e não apenas para as empresas, permitindo a estas uma melhor resposta aos desafios de um mercado liberalizado. E permitiria reduzir drasticamente o fenómeno da exclusão social.
Publicado por: Albatroz às fevereiro 25, 2005 02:21 PM
Publicado por Joana em fevereiro 24, 2005 10:56 PM
Depois de visitar e ler as teorias da Joana, cada vez mais começo a sentir que esta senhora tem pretensões desmesuradas. Talvez a de ocupar o lugar da Manela Ferreira Leite, talvez mais.
É claramente uma seguidora empedernida e acrítica do Sr. Michel Candessus. Ou será mesmo de Hitler? Os pobres e indigentes não têm lugar na sociedade. Devem ser abatidos ou marginalizados. A Joana deve ler urgentemente as Palavras Cínicas do Albino Forjaz de Sampaio para ficar munida de alguns argumentos e soluções que lhe faltam (ou que tem vergonha de expor?)para completar a sua estrutura ideológica
Publicado por: elmano às fevereiro 25, 2005 02:21 PM
O PSD está, na verdade, num estado de completa indigência. O DB e o PSL deixaram aquilo numa lástima.
Publicado por: Sa Chico às fevereiro 25, 2005 03:20 PM
Enquanto por aqui «rilhamos», o Engº Guterres dá «aulas de democracia» no Iraque. Pode ser que ele nos traga uma pedra prá gente atirar ao «Diabo» ...
Publicado por: asdrubal às fevereiro 25, 2005 07:31 PM
elmano em fevereiro 25, 2005 02:21 PM
Ela não quer nada, ela quer é agitar as suas moléculas, pois se não tivesse este Blog, era obrigada a discursar pró espelho, assim este Blog além de substituir o espelho, ajuda... porque ao lado do espelho, há gente viva que lhe diz constantemente que seu discurso já foi julgado pela história há muitos anos, mas ela gosta de reinventar a história...
Está convencida...que o Adam Smith a incumbiu de explicar aos portugueses ( nós que inventámos o novo comércio mundial ) as benesses do Liberalismo e julga ela, que tais teorias nos resolveriam todos os nossos males.
Publicado por: Templário às fevereiro 26, 2005 02:28 PM
Divertido em fevereiro 25, 2005 12:57 PM
brevemente poderá referir como nota bibliográfica o blog Semiramis.... poderá também sempre que o desejar, dizer, sendo Joana do semiramis..... Passará a ser referência de estudo....
Psicólogos virão.... e estudarão o caso...como sendo de dificil solução...
Parapsicólogos chegarão à conclusão, que sendo uma só contra tantos..., se trata afinal da reincarnação da Padeira de Aljubarrota !
Publicado por: Templário às fevereiro 26, 2005 02:38 PM
Necessidade absurda de rotular.
Quem disse?:
"Se se entende por liberal todo aquele que acha indispensável que qualquer solução política respeite as liberdades e os direitos fundamentais da pessoa humana, sou efectivamente um liberal. Se, por outro lado, se limita a concepção do liberalismo ao campo exclusivamente económico e se tem como liberal aquele que preconiza a abstenção do poder político em relação ao campo económico e ao campo social, nesse sentido não sou liberal."
Publicado por: Karl Marx às fevereiro 28, 2005 01:02 PM