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novembro 24, 2003

Os Poluidores e os Ambientalistas ou o Visconde Cortado ao Meio

Italo Calvino, no “O Visconde Cortado ao Meio”, conta uma alegoria interessante:

Um visconde, ido combater numa guerra longínqua, foi cortado ao meio por uma bala de canhão. Uma das metades foi rapidamente cosida, tratada e regressou ao seu feudo. Esse semi-visconde era absolutamente mau. A sua maldade não conhecia limites. A população das aldeias sob o seu senhorio andava aterrorizada.

Meses depois regressou a outra metade. Tinha ficado abandonada no campo de batalha, mas lá conseguira recuperar com muito sofrimento. Ficara com a característica oposta: era de um infinita bondade. Era um semi-visconde absolutamente bom.

Inicialmente foi um bálsamo para os aldeões aterrorizados. Depois, com o andar das semanas, aquela bondade total, desprovida de sensatez, embora com a melhor ds intenções, passou a ser incómoda, perniciosa e, a certo passo, os aldeãos sentiam mais terror do semi-visconde absolutamente bom, que do semi-visconde absolutamente mau.

O mesmo se passa com uma série inumerável de binómios da nossa sociedade, de dipolos cujo baricentro seria o desejável, mas inexistente ou, pelo menos, sem visibilidade pública. Apenas se vislumbram os extremos.

Os poluidores e os ambientalistas ( ver os meus textos de outubro 31, 2003) são dipolos óbvios. Aqueles que brutalizam os animais e os defensores dos direitos dos animais são igualmente perniciosos. E haverá muitos mais.

Deixo a quem tiver a paciência de ler isto tentar uma enumeração mais alargada.

No caso de concordarem com esta tese, obviamente.

Publicado por Joana às novembro 24, 2003 12:38 PM

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Comentários

Joana, you are, indeed, a real lady

Publicado por: Um amigo às novembro 24, 2003 06:29 PM

Joana, sempre politicamente incorrecta!

Publicado por: Viegas às novembro 24, 2003 10:41 PM

Parece que o admirador da Joana voltou

Publicado por: anonimo às novembro 24, 2003 11:32 PM

Continuando a enumeração:
Xenófobos e SOS Racismo (ou adeptos da vitimização rácica).

Publicado por: Joana às novembro 24, 2003 11:41 PM

lembrei-me agora :
CDS versus Expresso

Publicado por: zippiz às novembro 24, 2003 11:52 PM

Nota: o gestor do weblog houve por bem apagar comentários ofensivos sobre mim. Agradeço-lhe a atenção.

Por isso, alguns comentários aqui afixados podem parecer destituídos de sentido, visto que o assunto sobre que se referem foi eliminado.

Insiro esta nota para se ter isso em conta.

Publicado por: Joana às novembro 25, 2003 11:19 AM

Foi cortado ao meio, de alto a baixo, ou ao meio pela cintura?

Publicado por: cabeçudo às novembro 25, 2003 04:45 PM

Há por aí muita gente que também deveria ser rachada ao meio.

Publicado por: Daniel às novembro 25, 2003 07:25 PM

O SOS Racismo e quejandos desde que verificaram que quando vinham na defesa de algum gang, queixando-se que não se devia referir a cor dos assaltantes porque isso era racismo e outras tretas do género, as pessoas começavam a reagir mal, desapareceram do mapa.

Publicado por: Vitapis às novembro 26, 2003 11:25 PM

E o mesmo sucedeu com os defensores dos toiros depois daquelas cenas triste que foram fazer para Barrancos

Publicado por: Vitapis às novembro 26, 2003 11:27 PM

Igualitaristas e anti-igualitaristas.

Publicado por: Zé Luiz às novembro 28, 2003 09:21 AM

Machistas e Feminazis

Publicado por: Zé Luiz às novembro 28, 2003 09:22 AM

"How to be good" é o título de um romance de Nick Hornby (o autor de "About a Boy").

"How to be Good" tem como personagem principal uma médica do NHS britânico que sofre de excesso de trabalho, de um marido que escreve crítica social para os jornais e cujo êxito se deve ao facto de ser o mais completo sacana imaginável, e das normais ilusões que todos temos sobre nós próprios.

A protagonista tem-se na conta de uma boa pessoa: ajuda os doentes, toma razoavelmente conta dos dois filhos e atura um marido horrível...

Eis senão quando, para espanto de todos e do próprio, o marido tem uma epifania ao ser consultado por um massagista "new age" e transforma-se numa pessoas absolutamente boa.

Não conto o que se passa a seguir para não estragar a história a quem a quiser ler. Mas adianto que não termina como os contos de fadas.

Publicado por: Zé Luiz às novembro 28, 2003 09:40 AM

Cada coisa tem sempre a sua contradição

Publicado por: GPinto às novembro 29, 2003 11:23 AM

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