Semiramis: Alguém tem que ceder

junho 28, 2004

Alguém tem que ceder

As declarações de Durão Barroso, hoje, em Istambul são claras. Alguém tem que ceder. Sampaio, Santana Lopes, os Anti-Santanistas ou o próprio Durão Barroso.

Perspectiva-se um ultimato lançado por Durão Barroso àquele quarteto.

Sampaio terá que dizer, preto no branco, se aceita (ou não) a solução que decorre da normalidade constitucional (o nº 2 do partido mais votado ser indigitado 1º Ministro) ou outra solução no quadro do PSD.

Vai ser difícil por duas razões: 1) Sampaio é um homem com uma absoluta incapacidade de decisão; 2) Sampaio detesta Santana Lopes e ficará de candeias às avessas com o PS, o seu partido, se o aceitar.

Os Anti-Santanistas terão que deixar de andar a dar tiros no pé e conformarem-se com as decisões dos órgãos dirigentes do PSD. Manuela Ferreira Leite, principalmente, terá que se convencer que ela é a pessoa cuja saída do governo é mais urgente, apesar de ser a nº 2 dele. Ela é a nº 2 na hierarquia governativa, mas a nº 1 na calha para sair. A menos que o PSD queira cometer suicídio.

Santana Lopes, no caso de Durão Barroso não conseguir do PR a alternativa natural terá que se conformar com a solução possível. Vai ser complicado. Os membros do governo que torcem o nariz a Santana Lopes, nomeadamente a Manuela Ferreira Leite, estão completamente desacreditados, pela sua acção governativa, junto de muitos dos barões do PSD e perante a totalidade dos dirigentes autárquicos (que têm um grande peso dentro do PSD e apoiam PSL).

No caso dos ultimatos anteriores não conduzirem a alternativas viáveis, Durão Barroso terá que lançar um ultimato a si próprio: vai para Bruxelas e deixa este país de elites mesquinhas e invejosas entregue à imaginação da Pitonisa de Belém, ou fica e diz que assim não tem condições de aceitar o cargo de Presidente da Comissão Europeia.

Esta última alternativa seria, obviamente, uma machadada no prestígio internacional de Portugal; um labéu vergonhoso no currículo de Sampaio, e não trará quaisquer vantagens governativas, pois não estou a ver Durão Barroso capaz de fazer uma remodelação em termos. Falta-lhe coragem política para tal. Provavelmente a prestação governativa melhorará com alguns ajustes de pormenor, e a retoma inevitável poderá trazer alguns dividendos eleitorais ao PSD, em comparação com a actual situação. Mas não sei se será suficiente para vencer as próximas eleições.

Não há soluções boas, mas isso já é sina do nosso país. Todavia há umas que são menos péssimas que outras

Alea jacta est. Resta saber se os dados ao menos têm pintas.

Publicado por Joana em junho 28, 2004 11:53 PM | TrackBack

Comentários

Cara Joana

Como V. disse no post anterior, o "abismo" em que caiu Marcelo no último domingo, com os seus comentários alheios ao prestígio que tem de defender como arguto catedrático, não ajuda os portugueses a compreender, antes ilude as verdades de há 2 décadas, a pretexto do carácter de divulgação quiça futebolística e da superficialidade a que se permite em algumas participações na TVI.

Os gracejos a que nos levam alguns dos seus comentários colam-se à permanente atitude portuguesa de gracejar para evitar enfrentar com lucidez e para criticar a contemporaneidade.

Em contrapartida, todo o passado parece merecer aos portugueses uma devota memória alienada, semelhante à de qualquer tipo de culto estagnado. Seja o passado do sec XV, seja o do Estado Novo, seja o do 25 de Abril, seja Sá Carneiro, seja Mário Soares.

Venham eles, venham todos os mitos para nos sossegar porque pensar é muito complicado..

Qual "anão rastejante", o português tem sido submetido no caso "Durão Barroso para Presidente da CE" a uma interminável série de gracejos diplomáticos.

Mas, que graça podem os portugueses achar ao novelo embaraçado de meias-atitudes, meias-verdades, meias-consequências, de um confuso futuro que mal vislumbram onde os aliados são uns europeus que, constantemente, os manipulam e roubam e que desprezam a única atitude de foragido que o XV Gov tomou em relação à UE e que o colocou nos braços de uns desacreditados EUA?

Como dizem E. Morin/R. Motta/E-R. Ciurana, complexificar a política exige que se complexifique o pensamento implícito no exercício da política atual.

Perguntar-se-á, a propósito: estão os nossos políticos para tanto trabalho ou pensam, antes, que o seu o tempo de vida útil e os seus ordenados não exigem tanta aplicação?

Afixado por: mje em junho 29, 2004 10:52 AM

Mas onde estará essa coisa do "n.º 2 do partido mais votado ser indigitado" na Constituição??

Afixado por: Luis Rainha em junho 29, 2004 12:44 PM

No meu post anterior deverá considerar-se o que acrescento, agora, entre parênteses "Os gracejos a que nos levam alguns dos seus comentários (de Marcelo R Sousa) colam-se à permanente atitude portuguesa de gracejar para evitar enfrentar com lucidez e para criticar a contemporaneidade."

Afixado por: mje em junho 29, 2004 12:56 PM

Parece-me que só vemos e lemos as aparências da realidade.
O que terá sido combinado?
Ou, como a Joana diz, num dos seus cenàrios, o Durão deixou Portugal entregue à imaginação da Pitonisa de Belém?

Afixado por: Hector em junho 29, 2004 02:07 PM

Luis Rainha em junho 29, 2004 12:44 PM

Vejamos se percebe:
1 - O PR deve indigitar o líder da formação mais votada
2 Se o líder resignar, o novo líder será o anterior nº2
Agora, percebe?
É óbvio que se o partido mais votado decidir entretanto não aceitar o novo líder e arranjar outro, então será esse outro que ...

E agora?

Afixado por: Joana em junho 29, 2004 02:16 PM

Hector:
Não comento o que diz porque acho cedo para saber o que se passou entretanto nas conversas havidas esta manhã

Afixado por: Joana em junho 29, 2004 02:17 PM

Acha mesmo que o fugitivo Durão Barroso, que ainda há poucos dias afirmava categoricamente que não abandonava o barco, está em condições de fazer ultimatos? A quem, e por alma de quem? Os transfugas só podem merecer o desprezo de todos.
A joana parece estar mais preocupada com a decisão de Jorge Sampaio, do que com as consequências que este acto ignóbil de Durão Barroso vai trazer ao país.
Nio fundo, o que está verdadeiramente em causa é a possibilidade de os portugueses, todos os portugueses, expressarem no local próprio o entendimento que têm da situação criada exclusivamente pelo fugitivo.
Não há que ter receios. Devolvam o poder ao povo, pois toda a soberania emana do povo.Não se arranjem alibis e tabus à volta da estabilidade, pois isso é assunto que também diz respeito a todos nós que queremos avaliar e responsabilizar aqueles que nos estão a conduzir para o pântano, local, aliás, onde essa gente gosta de se movimentar.

Afixado por: Luis Filipe em junho 29, 2004 03:13 PM

Esperemos que o passado nos reserve melhoras, que o futuro ...

Afixado por: Valente em junho 29, 2004 03:13 PM

Este Luis Filipe também deve estar desejoso de ir comer à mesa do orçamento dos Xuxalistas, que é farta até chegar ao fundo do tacho

Afixado por: Mocho em junho 29, 2004 03:36 PM

É ... tá tudo à espera que a teta regresse

Afixado por: Gros em junho 29, 2004 03:41 PM

Joana:
Em primeiro lugar tenho que lhe dar os parabéns, porque este conjunto de textos, embora discutível em muitos aspectos, é de uma grande coerência e lucidez.
Em segundo assinalar-lhe que a Joana teve sempre o "cuidado" (ou receio) de não prever nada nem dizer com clareza qual a solução que optaria ou que preferiria.
Que tal falar agora sobre isso?

Afixado por: Vitapis em junho 29, 2004 03:56 PM

A partir de agora e até à decisão só haverá boataria para vender jornais

Afixado por: Nereu em junho 29, 2004 05:19 PM

Aparecem por aqui umas virgens muito preocupadas com a escolha de Durão Barroso que,no fundo, é uma honra para o país.
Levaram dois anos e três meses a bater-lhe ferozmente pelo que fez e não fez no Governo.Agora é a continuidade da desfaçatez,acentuando o tom grave em que deixa o país.
Não ouvimos nem vimos essas virgens a queixar-se do descarrilamento de Guterres.Comeram à custa dele e de nós todos,mas agora estão aflitissimos com as consequências da opção de Barroso.
HIPÓCRITAS E IMBECIS!

Afixado por: FUZILAMALANDROS em junho 30, 2004 09:45 AM

FUZILAMALANDROS em junho 30, 2004 09:45 AM
Você tem que ter calma.
Que tal tomar um Lexotan?

Afixado por: Vitapis em junho 30, 2004 11:27 AM

Caro FuzilaMalandros:

A sua profundidade democrática de direita esmagou-me.

Honra para o país é certamente, infelizmente não foi a primeira escolha. Lembro que quatro outros PMs foram convidados: apenas Durão Barroso aceitou.

Afixado por: aZElha em junho 30, 2004 03:44 PM

Afinal quem cedeu foi o Barroso, que foi para Bruxelas e deixou o assunto ao Sampaio

Afixado por: A Trofa em junho 30, 2004 04:19 PM

Ó aZELHA, se fosse o Vitorino era a escolha nº 15 ou 16 e andavas aos saltos a dar vivas.
Tem mas é juízo e pensa no país em vez de pensares só no teu partido

Afixado por: Mocho em junho 30, 2004 04:46 PM

Claro que não percebo este disparate:
"2 Se o líder resignar, o novo líder será o anterior nº2"
Sendo a nomeação (no PSD) feita em sede de Conselho Nacional e não por "default", nada, mas mesmo nada, obriga a que o escolhido seja o anterior nº 2.
Percebe?

Afixado por: Luis Rainha em julho 6, 2004 11:57 AM

Parece que quem vai ceder é o Santana Lopes! eh eh eh eh eh eh

Afixado por: z em julho 8, 2004 01:48 AM

Parece que quem vai ceder é o Santana Lopes! eh eh eh eh eh eh

Afixado por: z em julho 8, 2004 01:49 AM

Parece que quem vai ceder é o Santana Lopes! eh eh eh eh eh eh

Afixado por: z em julho 8, 2004 01:49 AM

Parece que quem vai ceder é o Santana Lopes! eh eh eh eh eh eh

Afixado por: z em julho 8, 2004 01:49 AM

Parece que quem vai ceder é o Santana Lopes! eh eh eh eh eh eh

Afixado por: z em julho 8, 2004 01:49 AM

Parece que quem vai ceder é o Santana Lopes! eh eh eh eh eh eh

Afixado por: z em julho 8, 2004 01:49 AM

Não cedeu, mas não espera pela demora