Semiramis: Politicamente anões

junho 27, 2004

Politicamente anões

Durante vários meses aventou-se a hipótese de António Vitorino ser o sucessor de Romano Prodi na Presidência da Comissão Europeia. Era uma hipótese ténue, visto ter contra ela a oposição do bloco de direita, que tudo fazia prever ser maioritário no Parlamento Europeu quando fosse a votação para a sucessão de Prodi.

Mas apesar disso havia um consenso nacional sobre essa matéria. Era um cargo de prestígio; era uma afirmação de que Portugal tinha visibilidade no seio da Europa; tornou-se um desígnio nacional, em suma.

A evolução da política europeia foi no sentido que já era previsível, quando publiquei aqui «O Nosso Homem em Bruxelas», em 10-02-2004, e a candidatura de António Vitorino caiu. Apesar disso, tudo indicou que, quer o governo português, quer o PS continuaram empenhados nessa candidatura.

Entretanto começou a perfilar-se no horizonte o nome de Durão Barroso. Nos meios de comunicação nacionais não pareceu que essa possibilidade tivesse muito crédito. Inclusive, alguns candidatos a «fazedores de opinião» davam a entender que tal não passaria de uma manobra publicitária do próprio: fazer correr que era candidato e que recusava.

Finalmente apareceu escrito, preto no branco: Durão Barroso era, no complexo equilíbrio de forças dentro da UE, o candidato mais consensual. Tudo dependia da sua aceitação.

Então, de um momento para o outro, o que era verdade incontestável passou a ser mentira, igualmente incontestável, o que era A passou a não-A. Agora, é «do mais tacanho provincianismo supor que a indicação de um português seja em benefício para o país» como escrevinha A. Seabra hoje, no Público, ou declarou na passada 6ª feira, à SIC, João Soares, numa entrevista em que mostrou novamente que não passa de um político invejoso e mesquinho; a escolha de Durão Barroso foi feita apenas por ter um perfil baixo (e a escolha de António Vitorino seria por ter um perfil alto?); a «escolha condiz com a relativa desvalorização da Comissão» (e no caso de Vitorino seria diferente?); não passou da quarta escolha (e no caso de Vitorino isso constituiria um empecilho?), etc., etc.

Enquanto a candidatura de um político socialista para a Presidência da Comissão Europeia era um desígnio nacional, em que a classe política portuguesa, da direita à esquerda, estava irmanada e empenhada solidariamente, a candidatura de uma figura do centro-direita não teve, para a esquerda, ou melhor, para a esquerda com mais visibilidade pública, qualquer valor, não confere qualquer prestígio ao país, não passa de uma quarta escolha; etc., etc..

Ler os jornais dos últimos dias e cotejar as opiniões aí emitidas com aquelas que vieram a lume durante o período em que a candidatura de Vitorino permaneceu em aberto é um espectáculo interessante, do ponto de vista sociológico, mas absolutamente deprimente do ponto de vista da hipocrisia política e do estado de mesquinhez em que o país vegeta.

Publicado por Joana em junho 27, 2004 05:29 PM | TrackBack

Comentários

Nem mais, cara Joana!

Como sempre, apontou ao centro do alvo.

Sempre defendi, tal como muitas pessoas do centro-direita, a candidatura de António Vitorino.

Agora, a nossa esquerda, demonstra a sua verdadeira face de mesquinhez, hipocrisia e falsidade.

Afixado por: Paulo Pedroso em junho 27, 2004 08:29 PM

Cara Joana
Dei por si no expresso online, onde recentemente passeio e, procurando-a no seu blog, encontro-a bem instalada; que outra coisa poderia acontecer a quem estuda e pratica a sua erudição na sua própria casa?
Embora nem sempre acompanhe as suas ideias, muito do que escreve me interessa pela "escrita" que é elaborada a preceito. Para lhe dirigir a palavra com um mínimo de empatia terei de a ler mais, o que farei; mas, apenas nesta sua casa parece-me pouco. Existirão outros endereços confiáveis?

Para já transporto do tema anterior palavras de alguém que se insurgiu com o seu "jogámos", "ganhámos"; por mim, achei graça à sua identificação com a festa do futebol.

Porque aos futebóis da política já não acho tanta graça, fico em alerta com a sua opinião, quando fala de "desígnio nacional" e de "visibilidade no seio da Europa" a propósito da eventualidade da eleição de um português para a presidência do CE; dir-se-á que apenas no título do seu post "Politicamente anões" levanta o véu da sua posição.

Ou seja, a escolha deste Portugal/português parece um equivocante presente envenenado, que põe em reserva mais do que esquece as atitudes portuguesas de apoio à beligerancia extrema de USA/GB e opostas às posições franco-alemãs e da restante UE.

Que anão rastejante se submete a estes diplomáticos gracejos? Que graça podem os portugueses achar ao novelo embaraçado de meias-atitudes, meias-verdades, meias-consequências, de um confuso futuro que mal vislumbram onde os aliados são uns europeus que, constantemente, os manipulam e roubam e que desprezam a única atitude de foragido que o XV Gov tomou em relação à UE e que o colocou nos braços de uns desacreditados EUA?

Devemos confiar nesta UE quando escolhe um português? Tenho muitas reservas quanto a isto.

Afixado por: mje em junho 27, 2004 08:52 PM

UI CA BOM! DEPOIS DE COBERTA PELO CANICHE DA VIZINHA, EU ...

Afixado por: Onliner raivoso em junho 27, 2004 09:21 PM

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Afixado por: Onliner raivoso em junho 27, 2004 09:22 PM

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Afixado por: Onliner raivoso em junho 27, 2004 09:37 PM

Tem toda a razão!

Afixado por: David em junho 27, 2004 10:32 PM

Tem toda a razão, a Joana, claro.
Não o ordinário

Afixado por: David em junho 27, 2004 10:38 PM

Paula Bichada anda a fazer equipa com Joana Escrevinhadora.

Afixado por: Átila. em junho 27, 2004 11:03 PM

UI CA BOM! DEPOIS DE COBERTA PELO CANICHE DA VIZINHA, EU JOANA - A BOVINA - DEPOIS DE SORVER ATÉ À ÚLTIMA GOTA O ESPERMA DO CANÍDEO, NÃO RESITI ...

Nota: o resto é a repetição desta ideia mestra.

Afixado por: Onliner raivoso em junho 27, 2004 11:41 PM

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Afixado por: Onliner raivoso em junho 27, 2004 11:43 PM

Mas que grande anormal.
Além de não teres nada para dizer, repetes-te.
Não dá para entender como consegues sobreviver mergulhado em tanta trampa.
Trata-te, tarado.

Afixado por: Marapião em junho 28, 2004 12:06 AM

O Marapião teve a «sorte» de ler os texrtos antes de eu os ter cortado, parcialmente ... e muito

Afixado por: Joana em junho 28, 2004 12:24 AM

Há muitas maneiras de irritar. Um vira-latas tinhoso e raivoso anda por aqui.
Quantas vezes é que o tinhoso carrega no "afixar"?

Não bata só na esquerda politica.
Os jornalistas,Joana! Os jornalistas!!!

Afixado por: FUZILAMALANDROS em junho 30, 2004 10:17 AM

Bem visto! Portugal é madrasta para os seus filhos

Afixado por: Mendes em junho 30, 2004 02:00 PM