O ocaso de Portas no mediatismo da vida política nacional tem sido desesperante. Um nome que durante os primeiros 18 meses de governo era pronunciado diariamente, que tinha sobre ele todos os holofotes da comunicação social, que um semanário de referência lhe dedicava páginas sobre páginas todas as semanas, que era objecto de colóquios, conferências, comícios, imprecações, oratórias, prédicas, gritos, soluços, suspiros, mesas redondas, quadradas, elípticas e bicudas, passou a ser ignorado de um dia para a noite. Bastou que estivesse concluído o Processo Moderna.
Reconheçamos que foi extremamente injusto. Uma carreira política que se desenhava fulgurante e cheia de potencialidades ser desvanecida por meras questões processuais ...ou pior, por ausência de questões processuais. Como é possível tanta mesquinhez? Como é transitória e vã a glória deste mundo! Sic transit gloria mundi! Actualmente, já poucos se lembram do Portas. Apenas Soares tenta promovê-lo, mas desajeitadamente. Além do que já ninguém liga ao Soares, que está completamente xexé. É preciso algo inovador.
Pela acção governamental não parece possível conseguir tal desiderato. A pasta ministerial que Portas sobraça é espinhosa. Um Ministério da Defesa sub-equipado, e sob a tutela espiritual do PR, não se presta a grandes feitos. Se tivesse as possibilidades humanas e materiais do Rumsfeld e a tutela de um Bush, outro galo lhe cantaria. Provavelmente já estaria no Deserto Sírio, na estrada de Damasco, cabelos ao vento, fácies heróico e lábios arrepanhados num rictus firme, a comandar um blitzkrieg sobre essa cidade infiel.
Mas em Portugal apenas lhe restam os submarinos. Porém, os submarinos têm uma característica profundamente antipática para um político: devem estar imersos. Ora estar imerso é, para um político, a contrariedade máxima.
E Portas tem, nesta tentativa premente de relançar a sua imagem, um aliado de peso. É que não foi apenas Porta que caiu no olvido, O Expresso está de rastos: J A Lima e J A Saraiva limitam-se a escrevinhar umas trivialidades que lançam às vorazes piranhas que infestam o on-line para as manterem entretidas a estraçalharem-lhes os parágrafos. A edição semanal está pelas ruas da amargura. Foram tentadas abordagens novas, mas sem resultados. Mesmo um figurino estilo «24 Horas» falhou, pois o «24 Horas» é inimitável.
Semiramis, sempre atenta à vida política e mundana dos tugas, conseguiu todavia desvendar algo que está a preparar na sombra e que promete bastante. Há dias, num restaurante discreto dos arredores de Lisboa, Portas, JAS e JAL tiveram um longo almoço onde delinearam uma estratégia para trazer novamente Portas para a ribalta e o Expresso para as bancas.
Semiramis, numa mesa prudentemente resguardada da curiosidade de estranhos, não conseguiu, por via disso, inteiro acesso aos planos daqueles discretos comensais, mas o facto da conta ser paga por Luís Filipe Vieira que almoçava, com Dias da Cunha, noutra mesa judiciosamente afastada, e de esta factura ser posteriormente entregue, de forma disfarçada e conspirativa, a um circunspecto JA Lima, já fornece um indício seguro de que algo se irá passar nos próximos dias na comunicação social.
Compadrio com os mídia, almoços pagos por outrem e ligações perigosas com os sórdidos meios futebolísticos são uma ementa suculenta para qualquer semanário à beira da exaustão inspirativa e para qualquer político em crise de protagonismo.
Por outro lado perspectiva-se uma reabertura do processo Moderna. Segundo pudemos observar, Portas teria fornecido, aos seus colegas de infortúnio mediático, dezenas de fotografias de um Jaguar em zonas de estacionamento proibido, em cima de passeios, relvados, e a circular a 185km/h, em contra-mão, defronte do Palácio de Belém. Segundo obviamente se depreende, este copioso acervo documental poderá ser carreado para o processo como novo elemento de prova, permitindo a sua reabertura e, em simultâneo, o recomeço da excitante e imaginativa novela jornalística. O sorriso escarninho do JAL era óbvio.
Aguardam-se novos e prometedores desenvolvimentos nesta matéria. Não podemos deixar empalidecer a estrela de Portas; não podemos deixar o Expresso resvalar para a banalidade mais insípida. Há que proteger essas duas instituições nacionais.
Todos nós precisamos de um Portas com protagonismo: são os meios de comunicação em crise de material, é a oposição em crise de causas, é o governo em crise de ideias, é o PR em crise de banalidades, é o Soares em crise de senilidade, é o défice em crise tout court e é o Durão absolutamente, definitivamente.
...não se lamente ! ainda tem o tio Santana para nos fazer rir , ou corar de vergonha !
ps: também me parece que o Semiramis está a padecer dos mesmos males do "espesso". Só falta a Joana anunciar uns divórcios ... na primeira página !
Afixado por: zippiz em abril 13, 2004 10:00 PMAcho que está a ser injusta. O Portas tem feito um óptimo trabalho na Defesa. Fala-se menos dele porque deixaram de lhe atirar lama. Mas continua com boa imagem
Afixado por: Mocho em abril 14, 2004 12:12 AMDe facto o Portas, desde que acabou a Moderna, deixou de ter visibilidade.
Mas não quer dizer que seja mau. Eu acho que ele tem feito um bom papel.
Mas também acho que o seu texto tá com graça.
Humor de longo alcance ...
Afixado por: David em abril 14, 2004 11:01 AMEntão Joana??? que se passa consigo?
que raio de texto é este? isto não é o on-line!
De facto parece que certas campanhas funcionam ao contrário. Esta foi uma delas
Afixado por: Sa Chico em abril 15, 2004 09:51 PMO Portas voltou à ribalta?
Afixado por: Fred em abril 15, 2004 10:59 PMVocê tornou-se uma expert em gozar com a relação do Portas com os jornalistas e políticos de esquerda.
Vejo que regressou e bem a essa matéria
Sa Chico: Inteiramente de acordo
Afixado por: fbmatos em abril 16, 2004 07:20 PMHá uma coisa em que a Joana tem razão no que tem escrito e a que ela faz agora uma charge: o Portas não tem estatura de político e a campanha contra ele foi-lhe benéfica enquanto durou.
Não sei se a Joana partilha da 1ª opinião, mas da 2ª julgo que sim.
A crise existe, apenas para alguns.
Nada como gastar o dinheiro dos contribuintes à farta. Quanto tempo mais poderemos sustentar milhares de parasitas e inúteis?
A "retoma" chegou à Câmara Municipal de Lisboa!
Entre Março de 2003 e Março de 2004, o Município Lisboeta adquiriu 11 viaturas topo da gama no valor de 600.000 euros. Nove da marca Peugeot a quase 50.000 euros cada, um Lância Thesis de igual valor e umAudi A8 4.2 V8 Quattro de 115.000 euros.Acresce registar que o Audizito consome 19,6 litros de gasolina em circuito urbano!
Segundo Santana Lopes foi um bom negócio, visto que, e segundo ele, o seu antecessor gastou mais dinheiro. Os carros substituídos estavam velhos, tinham três anos!
Porquê este despesismo, estando o país na situação económica em que está? Carros topo da gama com três anos, são carros velhos? João Soares deixou um Volvo S80. Será que este carro com três anos não está em condições de circulação?
Porquê a necessidade de um Presidente de Câmara circular num Audi A8 4.2 V8 Quattro? Ainda por cima num país que está de tanga!
O Lância Thesis foi para a vereadora do PSD Teresa Maury e os Peugeot para os outros colegas de partido. O vereador do PS, Vasco Franco continua com o seu Laguna de 99 e o seu colega do PCP, António Abreu também continua com o seu Laguna de 98! Giro não é?
Sabem qual é o slogan da Audi para promover este carro?
"Os sonhos não têm preço"
Afixado por: Viriato em abril 25, 2004 02:32 PM
Tenho lido nos jornais a oposição afirmar que é preciso relançar a despesa pública.
Deve ser essa a estratégia de Santana Lopes.
Quando é que reabre o processo?
Afixado por: Curioso em abril 27, 2004 02:38 PM