As decisões da cimeira luso-espanhola no que respeita às ligações ferroviárias foram uma boa notícia para os agentes económicos nacionais.
Reportando-me ao que foi dito e escrito, haverá um TGV Lisboa-Badajoz, com ligação a Madrid em 2010, e o Porto-Lisboa em 2013.
Como complemento serão executados TGV de menos performance a nível de velocidade média entre Porto-Vigo, a terminar em 2009 e Évora-Faro-Huelva em 2018, bem como uma nova linha convencional de Sines e Setúbal para Évora e Badajoz.
Adicionalmente haverá uma linha TGV Aveiro-Salamanca que permitirá ligar Porto-Salamanca-Madrid em 2015.
Na minha opinião as duas obras fundamentais, com o máximo impacte na economia do país, serão o eixo Porto-Lisboa-Madrid em TGV e a linha Sines-Évora-Elvas-Badajoz com vocação para mercadorias, mas apta também ao transporte de passageiros.
Todas as análises feitas quer por consultores nacionais, quer por consultores internacionai, das envolventes interna e externa que terão condicionado o desenvolvimento, num passado recente, da Zona Industrial de Sines, e das principais razões de insucesso na captação de investimento empresarial para a ZIS referem a descentralização geográfica de Sines face aos principais mercados nacionais e internacionais em contradição com a grande especialização do Porto de Sines para movimentação de graneis líquidos e sólidos específicos.
Isto é, a vocação de Sines como pólo de desenvolvimento para uma perspectiva fundamentalmente "atlântica", estava barrada pela má qualidade das ligações ferroviárias internas e inexistência de ligações ferroviárias externas.
Neste entendimento, uma ligação ferroviária Sines-Espanha-Europa Central terá um efeito muito positivo na economia portuguesa e no desenvolvimento alentejano, principalmente se se tiver em conta que Évora passará a ser um importante entroncamento ferroviário
A ligação Lisboa-Porto só peca por tardia. Ela deveria ser iniciada em simultâneo com a linha Lisboa-Madrid. Compreende-se todavia que o projecto desta linha será mais complicado: o estabelecimento de corredores adequados, as dúvidas sobre a eventual utilização parcial dos corredores da actual Linha do Norte, a complexidade das expropriações, o relevo, etc.. O actual serviço Alfa é péssimo em face das expectativas criadas e do custo da obra. Aliás, os terríveis erros cometidos no projecto da modernização da Linha do Norte, e a incúria e incompetência demonstradas na sua gestão pelas administrações da CP e pelos seus técnicos e no seu acompanhamento pelos ministros da tutela, desde Ferreira do Amaral a João Cravinho, terão que ser avaliados para que não se caia noutra situação idêntica.
Quanto à linha Aveiro-Salamanca, que será certamente uma linha muito dispendiosa, dada a geografia física da zona onde será implantada, julgo que a data de 2015 será meramente indicativa. Tudo dependerá dos resultados e de como funcionarem as linhas que a antecederão.
Neste quadro, penso que o Aeroporto da Ota ficará para as calendas gregas. Na verdade, trata-se de uma obra não prioritária no quadro actual do transporte aéreo. Adicionalmente, o TGV irá diminuir a procura pelos voos Lisboa-Porto e Lisboa-Madrid. Se adicionarmos ao tempo de voo, o tempo necessário para os check-in e os riscos de atrasos nas partidas, a viagem em TGV será preferível, em tempo e em comodidade, à viagem aérea.
Foram realmente uma muito boa notícia, estas decisões do TGV.
Porém, muito melhor notícia seria a de que o Alfa Pendular dos nossos dias pudesse circular à sua velocidade de 220 km/h em todo o seu percurso.
Que cimeira teremos que realizar para isso?
Afixado por: re-tombola em novembro 10, 2003 09:07 PMre-tombola, bem-vindo!
O Alfa só pode circular à velocidade máxima em certos troços do percurso.
Contrariamente às exigências dos projectistas, a CP não eliminou um série de passagens de nível, o que impede velocidades muito elevadas naquelas zonas. Houve assentamentos em diversos pontos, por insuficientes sondagens geológicas, o que torna perigoso ultrapassar determinadas velocidades. Há zonas com drenagens insuficientes e o Alfa é muito “rasteiro” e qualquer pequena inundação impede-o de transitar.
São situações insanáveis (refiro-me aos assentamentos), na maioria dos casos.
Isto é o que sei por gente que esteve ligada ao projecto. A incompetência e a negligência que os técnicos da CP tiveram neste processo foi de bradar aos céus - refiro-me aos técnicos responsáveis que deveriam tomar as decisões e que asseguravam as ligações com os consórcios que tinham a seu cargo o projecto de cada um dos troços (a linha foi dividida em 3 troços, com 3 projectistas diferentes – Lisboa/Entroncamento; Entroncamento/Pampilhosa e Pampilhosa/Porto).
Os ministros da tutela também têm a sua quota parte de responsabilidade
Se fizerem agora a mesma porcaria, com a massa que vai custar, estamos feitos.
Afixado por: Adalberto em novembro 10, 2003 10:59 PMEstou de acordo consigo sobre a linha de Sines a a importância dela, pelo que diz.
Só acho estranho não se falar muito desse assunto.
Há uma grande superficialidade no nosso país a analisar estas coisas. Só vêm os fogachos, aquilo que parece vender os jornais.
Afixado por: Vitapis em novembro 13, 2003 11:47 PMMas face à ligação Lisboa - Évora - Badajoz com TGV, e admitindo como válida a premissa que esta linha serve passageiros e mercadorias, não seria suficiente ligar Setúbal e Sines até Lisboa (na margem sul) e daqui ligarem-se à Europa? Será mesmo necessário uma nova linha convencional?
Afixado por: NN em novembro 26, 2003 05:46 PMDado a importância do meu trabalho que eu estou a realizarsobre o "TGV" tenho de arranjar informação!... Este foi um dos melhores sites sobre a matéria (embora seja um bocadinho curta)!
Vista a opinião das outras pessoas, e, concordado com elas, tenho outro aspecto a realçar:
-Toda esta "coisa" das linhas do tgv é muito duvidosa em termos da construção;pois, se acontecer como acontece sempre com este tipi de obras em Portugal (dou o exemplo da porcaria do metro do Porto (Eu, como portuense)... espero que aomenos as datas previstas se cumpram.
Rui Miguel Barros
Afixado por: Rui Miguel Barros em novembro 30, 2003 06:26 PMRui Miguel Barros:
Fiquei estupefacta com o que escreve sobre a dificuldade de encontrar informação.
A entidade que é responsável pelo TGV em Portugal é a RAVE, Rede Ferroviária de Alta Velocidade, S.A., cujo site é:
http://www.rave.pt/homepage.asp
O site ainda está em construção e apenas tem notícias sobre os projectos e pareceres já adjudicados e em vias de adjudicação. Todavia, se for à sede da RAVE deve lá encontrar documentação.
Há um consórcio entre as entidades públicas de Portugal e Espanha para as linhas de ligação, a AVEP - Alta Velocidade Espanha - Portugal A.E.I.E.. Não conheço o site e provavelmente a sede será em Madrid. Aliás, as propostas para alguns concursos preliminares sobre estudos relativos às ligações Lisboa-Madrid eram entregues em Madrid.
Quanto à qualidade de execução das linhas, tenhamos fé. Pelo menos a CP, a principal responsável pelo desastre da remodelação da linha do Norte, está afastada deste processo.
Quanto ao Metro do Porto, sucede que nasceu torto de início. Quando são os políticos a adjudicarem obras complexas, quando esses políticos são autarcas e quando pertencem à mafia que estava instalada (estava e continua, embora com menor peso) em muitas das Câmaras do Grande Porto, estavam criadas as condições mais que suficientes para que muita coisa corresse mal e houvesse derrapagens de custos abissais.
Deixo aqui um site com magnífica informação - pasme-se - com fundamentos:
http://www.maquinistas.org
Para mim é o melhor site com informação ferroviária.
Afixado por: Eli em fevereiro 13, 2004 10:40 AM