Portugal é, na verdade, um país eterno, uma singularidade no espaço e no tempo, como diria o nosso filósofo das luzes, um “Reino velho sem emenda”.
Relativamente a este tema, e para verem como há coisas que estão enraizadas nos nossos hábitos, que fazem parte dos nossos genes, cito excertos do artigo “Le Portugal au dix-neuvième siècle” da Revue des Deux Mondes, de Julho 1837, pags 79-112. Esta revista foi porventura a mais importante publicada em França no século XIX (chegou ao século XX, mas já em decadência):
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Em vão revoluções se sucederam. Em vão cada constituição destronou a anterior. O país olha e deixa fazer, opondo a sua força de inércia às inovações sem que, por isso, preste qualquer apoio aos retrógrados (*).
Era mais fácil promulgar essas belas legislações do que pô-las em execução …
Se não houve, como em Espanha, sublevações populares, foi porque a população portuguesa raramente age com paixão. Mas tem uma força de inércia muito mais difícil de vencer que uma resistência à mão armada. Como obter de um povo uma cooperação à qual ele se recusa? … Que fazer de um país onde os costumes resistem tão vivamente às leis?
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Vocês não acham que estas observações sobre a forma como a opinião pública (não a opinião que aparece nos meios de comunicação) portuguesa se comporta perante a política e as instituições em geral, se mantém com uma certa actualidade, quase 170 anos depois e com diversas revoluções de permeio (Maria da Fonte, Regeneração, República, Estado Novo, 25 de Abril, sem falar das revoluções menores)?
(*) O autor (o sr. Louis de Carné) refere-se aos adeptos do absolutismo, à reacção clerical, etc..
sim mantém uma certa actualidade...há até quem defenda que deviamos mudar de povo !
Afixado por: zippiz em novembro 2, 2003 11:09 PM...mas a culpa é do povo ou das "elites" ?
Afixado por: zippiz em novembro 2, 2003 11:10 PMRecuando ainda mais no tempo:
"Há, nos confins da Ibéria, um povo que não se governa nem se deixa governar". (Gaius Iulius Caeser)
Penso que a citação não está totalmente exacta, mas estará bastante próxima.
Cumprimentos!
Afixado por: Paulo Pedroso em novembro 3, 2003 04:12 PMDe facto não parece que tenhamos mudado muito
Afixado por: GPinto em novembro 3, 2003 09:24 PMSe esse Carré cá voltasse ficava admirado pela perseverança dos nossos hábitos
Afixado por: anonimo em novembro 6, 2003 11:36 PMÉ o jardim florido, à beira mar pasmado
Afixado por: Daniel em novembro 11, 2003 09:38 PMÉ o jardim florido, à beira mar pasmado
Afixado por: Daniel em novembro 11, 2003 09:38 PMFoi pena o Carré não ter conhecido o Pinto da Costa. Senão ainda escrevia mais umas duzentas páginas de má língua sobre Portugal
Afixado por: Vitapis em novembro 12, 2003 12:41 AMNão há dúvidas que as idiosincrasias de um povo não mudam facilmente.
Afixado por: Rui Sá em dezembro 8, 2003 04:40 PMEsta revista era muito citada pelos escritores portugueses do século XIX e Herculano tentou fazer uma cá, com o mesmo título, mas durou poucos números
Afixado por: Ricardo em dezembro 9, 2003 11:48 PMEsta revista era muito citada pelos escritores portugueses do século XIX e Herculano tentou fazer uma cá, com o mesmo título, mas durou poucos números
Afixado por: Ricardo em dezembro 9, 2003 11:48 PM