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janeiro 30, 2006

A Armadilha da Utopia 2

O Estado

Um dos temas em que a armadilha da utopia se manifesta com mais arrebatamento é na questão do Estado – o âmbito da sua intervenção, a sua dimensão e a extensão dos seus serviços. A questão em si não é utópica. O que pode ser o caminho para a utopia é debatê-la sem ter em conta a situação pré-existente: instituições, mentalidades, teia de interesses instalados, necessidade de consensos sociais, etc.. Outra via para a utopia é trazer à colação como arma doutrinal textos que frequentemente foram escritos como resposta aos dogmatismo então existentes, dogmatismos que pareciam triunfantes e que ameaçavam submeter a humanidade às suas convicções. Não que estivessem basicamente errados, mas porque datados pelos excessos das polémicas em cujo contexto foram produzidos.

Por exemplo, a importância de Hayek foi ter-se apercebido que o “Rei ia nú”, numa época em que ninguém punha em causa que ele estaria soberbamente vestido, uns com o traje Keynesiano, outros pelo figurino comunista. Todavia, os “excessos” de Hayek são porventura datados, porquanto são uma resposta ao dogmatismo colectivista do comunismo soviético, ao totalitarismo da organização económica nazi e ao racionalismo construtivista da criação ex nihilo de sociedades perfeitas, que os Prometeus do século XX nos anunciavam que construiriam. A economia vive com regras e com estruturas. Como compatibilizá-las com uma ordem espontânea? Nunca pelo efeito da vontade humana, sublinha Hayek, mas como fruto do acaso, de um darwinismo institucional: «as instituições são produto da acção dos homens, mas não de um seu projecto». A sociedade acaba por conservar aquelas que são as mais adaptadas. Polemizar tende a privilegiar certas abordagens em detrimento de outras. É normal que isso aconteça. O que é errado será considerar isso como verdades absolutas, sem ter em conta os contextos.

Mas o paradigma da importância do peso do Estado na economia, dito keynesiano, baseia-se numa visão distorcida do keynesianismo. Ou melhor, na aplicação da mesma receita para uma doença que é totalmente oposta. Na grande depressão houve uma crise do lado da procura e uma deflação. Estimular a procura pelo aumento do rendimento disponível nas famílias, através de obras públicas, como estradas, caminhos de ferro, etc., aumentava o consumo e criava escoamento para a oferta excedentária das fábricas, o que provocaria uma dinamização do sector produtivo e a retoma do emprego privado. A guerra de 1939-45 não permitiu chegar a perceber se as prescrições de Keynes teriam ou não resultados sustentáveis. Hayek e Friedman garantem que não. Na sequência da guerra, as 3 “gloriosas décadas” impediram igualmente que se percebesse, na prática, a validade ou não do modelo keynesiano, que se manteve como uma verdade indiscutível. Keynes havia morrido em 1946 e nunca se saberá se ele manteria as suas teses numa conjuntura económica completamente diferente. Todavia, Keynes foi um economista extraordinariamente lúcido. Em 1919 publicou um estudo sobre as consequências económicas da guerra (e dos tratados de paz) que se revelaram proféticas. As receitas que preconizou na década de 30 surtiram efeito na época. Ninguém sabe o que ele preconizaria na década de 80. Sabemos apenas que as receitas dos seus epígonos, que cristalizaram o seu pensamento, foram um desastre. Contestar o keynesianismo pós-Keynes não é o mesmo que contestar Keynes.

Ou seja, trazer à colação autores sem os referir à época, nem ao contexto em que produziram as suas ideias, é extremamente redutor e apenas serve para brandir chavões frequentemente esvaziados de conteúdo.

No que respeita ao peso e papel do Estado, temos que atender a dois paradoxos, o paradoxo da liberdade (como refere Popper em A Sociedade Aberta ...) e o paradoxo da eficiência e/ou equidade.

Relativamente ao primeiro paradoxo, a liberdade destrói-se a si mesma se for ilimitada. A liberdade ilimitada significa que um indivíduo forte é livre de agredir um indivíduo fraco e despojá-lo da sua liberdade. Por essa a razão exige-se que o Estado, em certa medida, limite a liberdade de modo a que a liberdade de cada um seja protegida por lei. Ninguém deve estar à mercê de outrem, e todos devem ter o direito de ser protegidos pelo Estado

Ou seja, num mundo sem Governo não há o predomínio da lei e não há protecção da propriedade e das obrigações contratuais. Os mais fortes podem roubar impunemente os bens dos mais fracos. Não há incentivos à poupança e ao investimento, dado que a ameaça de expropriação é real e permanente. A actividade económica reduz-se à subsistência.

Mas estas considerações, segundo Popper, devem aplicar-se também à protecção na esfera do funcionamento interno da economia. Mesmo que o Estado proteja os seus cidadãos contra as ameaças de violência física, pode fracassar se não os conseguir proteger contra o abuso do poder económico. Se, quem for economicamente forte, for livre de oprimir os que são economicamente débeis e despojá-los da sua liberdade, a liberdade económica ilimitada pode ser tão suicida quanto a liberdade física ilimitada, e o poder económico pode ser quase tão perigoso quanto a violência física, dado que aqueles que possuem excedentes podem forçar os carenciados a uma servidão "livremente" aceite, sem usar de violência. E admitindo que o Estado limite as suas funções à supressão da violência (e à protecção da propriedade), uma minoria economicamente forte pode, desse modo, explorar a maioria dos que são economicamente fracos.

Devemos, segundo Popper, conceber instituições sociais, asseguradas pelo poder do Estado, para protecção dos economicamente fracos contra os economicamente fortes. O Estado deve providenciar para que ninguém necessite de aceitar condições não equitativas por receio de passar fome ou de degradação económica.

E esta a formulação está alicerçada na experiência histórica, porque foi justamente o abandono do princípio da não-intervenção, e de um sistema económico sem restrições, aquilo que salvou a nossa sociedade livre, aberta, baseada no primado do indivíduo e na sua liberdade de escolhas, das ameaças dos modelos totalitários de direita ou de esquerda, que se propunham destruir o “capitalismo” e a “plutocracia”, pois permitiu criar consensos e equilíbrios sociais e mostrar a superioridade de uma sociedade livre, sobre os modelos totalitários.

Regressando a Popper, “se quisermos que a liberdade seja salvaguardada, teremos então que exigir que a política de liberdade económica ilimitada ceda o lugar à intervenção económica planificada do Estado. Devemos exigir que o capitalismo sem restrições dê lugar a um intervencionismo económico”. Tem que se reconhecer que esta intervenção económica tenderá a aumentar o poder do Estado e o intervencionismo estatal traz o germe da destruição da liberdade individual. Mas isso não constitui um argumento decisivo contra, porque o poder do Estado será sempre um mal perigoso, ainda que necessário. A solução, que com mais ou menos sucesso (talvez menos, no nosso país), tem permitido a coexistência do intervencionismo estatal com a liberdade individual tem sido, justamente, o fortalecimento das instituições democráticas, do espírito cívico colectivo e da vigilância permanente para se encontrar um equilíbrio, não necessariamente perfeito, mas que evite perversões que cerceiem a liberdade de cada um, para além dos limites impostos pela liberdade de todos.

Curiosamente, a frase mais lapidar anti-estatista escrita no século XIX, está contida na Directiva ao Conselho Geral da Associação Internacional dos Trabalhadores, e é justamente de Marx: «A Comuna [de Paris] fez da palavra de ordem de todas as revoluções burguesas, governo barato, uma verdade, ao suprimir as duas maiores fontes de despesas, o exército e o funcionalismo»
Marx-Engels Werke Vol 17, pág 341 Dietz Verlag Berlim

Proximamente tratarei do paradoxo eficiência e/ou equidade.

Publicado por Joana às janeiro 30, 2006 10:33 PM

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Comentários

Escudando-se atrás de Popper, a Joana parece estar a moderar os seus ardores neo-liberais. Esperemos pela continuação...

Publicado por: Albatroz às janeiro 30, 2006 10:47 PM

Permitam-me destacar dois parágrafos da autora:

«Ou seja, trazer à colação autores sem os referir à época, nem ao contexto em que produziram as suas ideias, é extremamente redutor e apenas serve para brandir chavões frequentemente esvaziados de conteúdo.»

«Curiosamente, a frase mais lapidar anti-estatista escrita no século XIX, está contida na Directiva ao Conselho Geral da Associação Internacional dos Trabalhadores, e é justamente de Marx: «A Comuna [de Paris] fez da palavra de ordem de todas as revoluções burguesas, governo barato, uma verdade, ao suprimir as duas maiores fontes de despesas, o exército e o funcionalismo»
Marx-Engels Werke Vol 17, pág 341 Dietz Verlag Berlim»

Publicado por: (M) às janeiro 30, 2006 11:04 PM

Quem é que lhe disse que a frase está fora do contexto? Indiquei a página para poder ler o resto do texto.

Publicado por: Joana às janeiro 30, 2006 11:14 PM

Não sabia que (M) era um revisionista.

Publicado por: Rui Sá às janeiro 30, 2006 11:27 PM

"trazer à colação autores sem os referir à época, nem ao contexto em que produziram as suas ideias" pode ser um exercicio interessante, até porque a evolução das estruturas do capitaclismo em si não podem ser desligadas das suas origens. Ora veja-se:

Já desde 1880 no “Anti-Düring”, que se distinguia a socialização capitalista efectuada pelos trusts monopolistas da realizada pelo Estado Capitalista onde a produção das sociedades por acções já não éra privada mas uma produção por conta de um grande número de associados. Dizia Engels “se passarmos das sociedades de acções para os trusts que monopolizam ramos inteiros da Indústria, então não se trata sómente do fim da produção privada, mas tambem da cessação da ausência de planificação. Risque-se “privada” e a ideia poderá passar com o maior rigor”
Como se vê as analogias com a nossa época são evidentes
Quanto à citação de Marx e a referencia à Comuna de Paris, essa "sim é extremamente redutora e apenas serve para brandir chavões frequentemente esvaziados de conteúdo",,, na medida em que aparece como corolário de um post onde se ignora durante toda a santissima prosa uma evidência que não pode ser escamoteada - o Imperialismo. (palavra que não é escrita uma única vez para quem tem pretensões em "explicar" o papel do Estado)
Os problemas postos pelo desenvolvimento do papel do Estado e pelos fenómenos do Imperialismo, a perda visivel de influência do Estado-Nação,que hoje já é absolutamente visivel a olho nu, foram tambem teorizados por outro ostracizado mártir do pensamnto light neoliberal - nem mais nem menos do que por Lenine n“O Estado e a Revolução”
Peço desculpa por estar a ser inconveniente, mas não se pode deitar o passado fora, como se não houvesse uma cultura a preservar - e quer queiram quer não as margaridas rebelo pinto da nossa praça a Revolução Russa é um património da cultura ocidental.
Que é tanto mais actual recordar quanto não tivesse tambem Lenine escrito o ensaio chamado "A Catástrofe Eminente e os Meios de a Conjurar"
referindo como se adivinhava então evidente à perda de influência do dólar e à próxima falência do Império - que demorou um bocadito mais do que seria expectável, mas que está por aí em todo o seu esplendor de miséria

Publicado por: xatoo às janeiro 30, 2006 11:51 PM

estive a ler o resto,,, e o Rei vai mesmo Nu:
"segundo Popper, devem aplicar-se também à protecção na esfera do funcionamento interno da economia. Mesmo que o Estado proteja os seus cidadãos", blá,blá,blá
como se os Estados fossem umas matrioskas que nada têm a ver umas com as outras,,,
realmente isto é obra! que só pode ser feita de propósito

Publicado por: xatoo às janeiro 31, 2006 12:09 AM

Há um abismo entre os posts e a maioria dos comentários

Publicado por: Vasco Forte às janeiro 31, 2006 12:10 AM

Excelente post

Publicado por: Sa Chico às janeiro 31, 2006 12:31 AM

Eu não chamaria utopia, mas sim descentramento da realidade

Publicado por: David às janeiro 31, 2006 01:11 AM

Publicado por: Rui Sá às janeiro 30, 2006 11:27 PM

Aquilo que você não sabe sobre (M) — e continuará a não saber — poderia encher três vezes a Enciclopédia Britânica

Publicado por: (M) às janeiro 31, 2006 01:20 AM

plim plão.. hum .. acho que vou apanhar uma indigestão.. de kpk..

já agora .. hum.. (M) .. nada mal .. isso é que é falar ... rss

Olha lá meu rei... foste ver o que diz o post Ressacas ? gostava mesmo de ouvir a tua opinião sobre...
Por favor ... e põe de lado algumas picardias salutares ... diz-me qd começa ( do ponto de vista que comungas ) um novo ser humano ... é no acto da concepção(fecundação) ? É nessa altura que entra um espiritosinho ? daqueles que estão nos ramos das arvores á espera desse momento mágico ? Ou não ?

Ó Janica .. desculpa lá eu passar a vida a m*jar fora do penico ... mas preciso aproveitar esta sua "sala de estar de pensadores " para tentar perceber algumas diagonais...
já agora .. beijocas ...

Publicado por: Cush às janeiro 31, 2006 05:22 AM

estive a ler o resto,,, e o Rei vai mesmo Nu:
"segundo Popper, devem aplicar-se também à protecção na esfera do funcionamento interno da economia. Mesmo que o Estado proteja os seus cidadãos", blá,blá,blá
como se os Estados fossem umas matrioskas que nada têm a ver umas com as outras,,,
realmente isto é obra! que só pode ser feita de propósito

Publicado por: xatoo às janeiro 31, 2006 12:09 AM

Ei ... Xatoo faz-te bem .. ler Popper... lê .. lê muito mais ... muito mais mesmo .. vai-te fazer muito bem.. muito bem mesmo..
Ah .. e queres participar num fórum Popperiano ? Vai ao Yahoo e procura Critical_café .. vais adorar... rss
É tipo aqua tonika ... aprendes a gostar...

By the way...WASHINGTON (Reuters) - The number of foreign soldiers in Iraq will fall ...

Chico Buarque ... Angélica .. lindo...

Publicado por: Cush às janeiro 31, 2006 05:38 AM

Clap, clap, clap... Excelente post. Concordo totalmente.

Publicado por: Luís Lavoura às janeiro 31, 2006 09:31 AM

Se as pessoas ligassem a Popper aprenderiam dos seus erros.

Uma coisa é certa.
Este estado do Estado já é quimérico, fantasioso.

Uns tem emprego seguro e aqueles com emprego inseguro, ou mais inseguro, financiam a casa inteira.

Os altivos nunca ligaram a Popper. Fatal.

E o Karl Marx, o alemão mais conhecido pelo mundo fora, também disse algumas coisas de jeito. Só que o modelo dele nunca funcionára, como Popper o bem demonstrou. :-)

O Marx era vaidoso, agora já não ...

Publicado por: Carla às janeiro 31, 2006 10:04 AM

Excelente post!!!!

"os Prometeus do século XX nos anunciavam que construiriam" excelente imagem!!!!

"conceber instituições sociais, asseguradas pelo poder do Estado, para protecção dos economicamente fracos contra os economicamente fortes"... perfeito mas... e quando os economicamente mais protegidos (não digo fortes, por exemplo: actores da economia de bens não transaccionáveis) ao abrigo de uma narrativa distributiva e socialmente benfazeja montam um sistema à custa dos economicamente menos protegidos das vicissitudes da economia de bens transaccionáveis???

Publicado por: diogenes às janeiro 31, 2006 10:39 AM

Aconselho todos os pais deste país a lerem o livro "O mundo é plano" de Tom Friedman... por mim ando a pensar em como o descascar e transformar em mensagens entendíveis pelos meus filhos...

Duas citações:
"Na China Bill Gates é a Britney Spears, na América Britney Spears é a Britney Spears"

"Meninas, quando estava a crescer, os meus pais costumavam dizer-me:"Tom, termina o teu jantar - as pessoas na China e na Índia estão a morrer à fome". O conselho que vos dou é: Meninas, terminem os vossos trabalhos de casa - as pessoas na China e na Índia estão ávidas pelos vossos empregos"

Publicado por: diogenes às janeiro 31, 2006 10:45 AM

(M) às janeiro 31, 2006 01:20 AM:
O ego do (M) pesa três vezes a Enciclopédia Britânica.
Está visto

Publicado por: Rui Sá às janeiro 31, 2006 10:56 AM

diogenes às janeiro 31, 2006 10:45 AM

Conselho muito engraçado. É que, mesmo que as meninas terminem os seus trabalhos de casa e sejam muito aplicadinhas, as pessoas na Índia e na China roubar-lhes-ão os empregos na mesma, se eles (os empregos) forem passíveis de ser roubados. Basta os salários serem mais baixos.

A única coisa que segura os empregos aqui é o facto de eles (ainda) não poderem ser transferidos para alhures.

Publicado por: Luís Lavoura às janeiro 31, 2006 11:05 AM

Não, não, não, não mil vezes não caro Luís Lavoura.... essa é que essa. O que o livro mostra é uma realidade diferente da transmitida pelas manchetes de jornais!!!!

Mostra uma América a começar a entrar em pânico com o poderio dos cérebros asiáticos...

"Nunca é demais insistir: os jovens chineses, indianos e polacos não estão a competir connosco pelos ´ltimos lugares. Estão a competir pelos lugares cimeiros. Eles não querem trabalhar para nós; nem sequer querem estar na nossa pele- Querem dominar - no sentido de que querem criar as empresas do futuro, que as pessoas do mundo inteiro admirarão e onde desejarão trabalhar"

Lê-se o livro (Fim das ilusões / Ilusões do fim)de Joaquim Aguiar com a sua descrição do europeu ocidental-tipo do fim do século XX, princípio do século XXI, que tendo medo de arriscar procura segurança, que tendo medo de competir procura protecção, que sabendo que já não pode dominar procurar negociar equilibrios (por isso é que apesar de ser pró-israelita tenho de tirar o chapéu aos eleitores palestinianos que não estão para paninhos quentes), depois lê-se o livro de Friedman e encontramos a descrição do zippie indiano "um jovem habitante de uma cidade ou arredores, entre os 15 e os 25 anos de idade, que caminha a passos rápidos. Pode ser rapaz ou rapariga, estudar ou trabalhar. Transparece atitude, ambição e tem objectivos. É "fixe", confiante e criativo. Procura desafios, adora o risca e evita ter medo". Os zippies indianos não se sentem culpados por ganharem dinheiro ou por o gastarem, são guiados para o destino e não pelo destino (tão anti-português, o coitadinho vítima do fado), olham para fora e não para dentro, deslocam-se em direcção ascendente e não como se estivessem presos-à-posição social" ... nós por cá temos de evitar que a geração do futuro seja rasca, ou do desenrasca.

O livro descreve com números:
a evolução do número de patentes nos últimos 25 anos, cada vez mais o bolo é asiático e menos americano;
a evolução do número de artigos cientificos publicados por americanos e asiáticos...;


O livro cita Bill Gates... que diz "Se há 30 anos perguntassem a alguém se prefere ser um individuo mediano e nascer em Poughkeepsie (uma cidadezinha no estado de Nova Iorque) ou um cérebro brilhante e nascer na Índia, ou na China, qualquer pessoa com dois dedos de testa escolhia Poughkeepsie, hoje eu escolhia a Índia, ou a China"!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Publicado por: diogenes às janeiro 31, 2006 12:26 PM

Um post muito generalista que mereceu muitos aplausos. Talvez porque cada um veja nas ambiguidades aquilo que quer ver.

Apenas a versão anarco-capitalista advoga uma ausência de intervenção estatal. As restantes versões liberais advogam o intervencionismo estatal em determinadas áreas, inclusive nas áreas sociais. Portanto, em termos genéricos as ideias que a Joana aqui expõe tanta agradam a socialistas como a liberais.

Ou desagradam... Porque terão de ser complementadas por algo mais para não serem meros conceitos vazios.

Penso que o mais importante nem sequer é definir quais as funções que o Estado deve ter. Mais importante é, para cada situação específica, perceber quando o intervencionismo estatal é um bloqueio ou, pelo contrário, justifica a sua existência para minimizar o nível médio de coerção.

isto se os humanos não fossem o que fossem. Aqueles que se preocupam com o "excesso de liberdade" não sabem o que dizem. A liberdade é sempre excassa e o poder tende a perpetuar-se e a querer aumentar o seu alcance.

Publicado por: Mário às janeiro 31, 2006 12:31 PM

E o capital financeiro, que cada vez mais controla a produção, também não olha onde investe, desde que a taxa de lucro seja maior à que já consegue ...

Publicado por: luis3m às janeiro 31, 2006 12:34 PM

Publicado por: diogenes às janeiro 31, 2006 12:26 PM

De facto a leitura do livro que refere, que li há umas semanas, mostra o quanto a Europa anda às aranhas em relação às questões realmente importantes no momento. Mesmo o esquerdismo do o autor não o impede de analisar as questões com um pragamtsmo que está anos-luz à frente do intelectual típico europeu.

Publicado por: Mário às janeiro 31, 2006 12:36 PM

Como a minha coerência política primária anda na vida :) quero dizer que acho isto bem giro:

http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1246400&idCanal=64

Ah carago sempre serviu para alguma coisa eu ter ido faxer festinhas ao dragão, mesmo ardendo-me a copa toda, mas como eu rebento muito bem de toiça não faz mal.

Agora dragãozão não precisas de viagara, tá? Senão ardes demais e desta vez eu vou com meios aéreos russos, entendido? E isso é no imanente, porque no transcendente mando-te um feitiço que passas a sereia, e vais fikar linda mas envergonhada durante mil anos! Vê lá, vê.

(c´rujinha, não andas aí não? isto é um primo tropical!)

Publicado por: py às janeiro 31, 2006 01:25 PM

“A nossa vida com mais ou menos dificuldades, mas de gente livre, sem medos, sem preconceitos, é a que vai derrotar o fanatismo da Esquerda e dos seus Amigos Terroristas” – Quitéria Barbuda in “O Paraíso é incompatível com a Esquerda”, Revista “Espírito”, nº 9, 2005.


Publicado por: brigada Bigornas às janeiro 31, 2006 02:06 PM

Publicado por: diogenes às janeiro 31, 2006 10:45 AM

Concordo consigo, caro Diogenes. Apesar de não ser economista, até eu percebi a mensagem do livro, que tento transmitir aos meus amigos mais chegados.

Pessoal, humilde e despretenciosamente, atribuo a este livro, a mesma importância que atribuí noutro contexto, há 35 anos, ao "despertar dos mágicos": são bíblias descodificadas acessíveis a todos.

Após a existência deste livro, não mais será possível dizermos que não sabemos o que se está a passar, ou espantarmo-nos com o que o futuro nos vai trazer.

Publicado por: Saloio às janeiro 31, 2006 02:09 PM

diogenes às janeiro 31, 2006 12:26 PM

Você não está a ver bem a questão. Os asiáticos podem ter uma atitude melhor e mais ambiciosa, e serem mais inteligentes, do que os europeus. Mas não é por isso, essencialmente, que eles vencem a competição. Eles vencem a competição porque aceitam trabalhar por salários mais baixos. Tão simples quanto isso.

No mundo atual, não serve de muito a um europeu, inteligente e ambicioso e com atitude, estudar muito e tirar um bom curso, com excelentes notas. Esse europeu pode ficar na mesma desempregado, porque há na Índia e na China muitas outras pessoas, igualmente dotadas e aplicadas, que trabalham por salário mais baixo. E o europeu nada pode contra elas porque, na sociedade em que está inserido, se aceitasse trabalhar por um salário indiano ou chinês, morreria à fome.

É claro que Thomas Friedman, que é e sempre foi um cão de fila, e que além disso tem a vantagem de ter um emprego em que não sofre a competição de indianos nem de chineses, procura apenas escamotear e obfuscar este facto básico.

Publicado por: Luís Lavoura às janeiro 31, 2006 02:16 PM

No meu bairro já não há lojas dos 300. Acabaram!
Agora há 300 lojas de chineses.

Publicado por: Senaquerib às janeiro 31, 2006 02:28 PM

"Eles vencem a competição porque aceitam trabalhar por salários mais baixos."

Errado. Eles vencem porque têm uma cultura que é naturalmente capitalista.

Publicado por: Mário às janeiro 31, 2006 02:46 PM

Senaquerib às janeiro 31, 2006 02:28 PM

As lojas de chineses são um mau exemplo. Os lojistas chineses limitam-se a trabalhar mais e a terem melhores redes de contactos comerciais do que os seus competidores. Afora isso, todos os truques que eles utilizam (rendas baixas, fuga ao fisco, etc) também podem ser praticados por lojas dos 300 pertencentes a portugueses.

Mas suponha um trabalhador de um call center na Inglaterra. Por mais diligente, ambicioso, criativo, educado e inteligente que esse trabalhador seja, corre um bom risco de ser despedido por a empresa preferir utilizar, em vez dele, um trabalhador que atende as chamadas a partir da Índia e que recebe um salário compatível com o local onde trabalha. Fica mais barato à empresa pagar a ligação telefónica para a Índia e o curso de pronúncia inglesa ao trabalhador indiano. Este último não necessita de ter nenhuma "atitude" nem nenhuma inteligência especial. Basta-lhe pagar o seu almoço a preço indiano, em vez de o pagar a preço inglês.

Publicado por: Luís Lavoura às janeiro 31, 2006 02:46 PM

Com ou sem lojas de chineses, a verdade é que cada vez há mais produtos chineses, de todas as variedades, à venda.
Não tarda muito e teremos automóveis chineses a preços muito competitivos.
Depois vamos ouvir um coro de grilinhos a dizer que eles não prestam.
Pois...

Publicado por: Senaquerib às janeiro 31, 2006 03:52 PM

Luís Lavoura às janeiro 31, 2006 02:46 PM,

Não tardamos com «call center's» no Brasil.
E é sem curso de pronúncia !

Publicado por: asdrubal às janeiro 31, 2006 04:19 PM

BRILHANTE!

Estou totalmente de acordo com a Joana neste texto, e não o poderia ter escrito melhor.

(Viva o Utilitarismo)

Publicado por: Alfredo às janeiro 31, 2006 04:27 PM

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Tá de chuva há mais de trinta anos, mas só agora é que a malta começa a sentir cair os pingos
www.commondreams.org

Publicado por: xatoo às janeiro 31, 2006 04:29 PM

Eu julgava que Popper fosse um perigoso neoliberal.

Publicado por: Saavedra às janeiro 31, 2006 04:31 PM

"Não tardamos com «call center's» no Brasil."

Já existem Call Centers de empresas portuguesas em outros Palops.

Publicado por: Mário às janeiro 31, 2006 04:40 PM

A Joana já reparou que sempre que coloca um post com ambiguidades paternalistas tem muitos elogios? Não sei se era sua intenção ser tomada como uma mãe virtual.

Publicado por: Mário às janeiro 31, 2006 04:42 PM

A Joana e o Popper!!!

Publicado por: Saavedra às janeiro 31, 2006 04:45 PM

Mário: o mundo maniqueísta é obra do pensamento de esquerda e também da extrema-direita. VoC~e não pode chamar ambiguidades a uma análise mais abrangente. Pode não concordar com ela, mas isso é outra coisa.

Publicado por: Rui Sá às janeiro 31, 2006 04:48 PM

Ainda queria dizer outra coisa. Eu percebo a ideia da Joana, visto eu ler blogs liberais e achar que alguns estão a cair num radicalismo, semlhante aos Anacletos, mas de sinal contrário.
Depois metem-se em disputas estéreis, uns com os outros, por coisas insignificantes.

Publicado por: Rui Sá às janeiro 31, 2006 04:52 PM

A minha utopia de «sociedade aberta» :
Era que o Eduardo Cabrita alugasse uma pocilga nos arredores da Ribeira dos Milagres e se dedicasse à produção de bio-gás.

Publicado por: asdrubal às janeiro 31, 2006 05:01 PM

Rui Sá,

Eu não disse que não concordava com a Joana. O que acontece é que o post foi demasiado generalista para concordar ou discordar. Apesar de em geral concordar com os posts da Joana, não posso assumir que aquilo que a Joana deixou por dizer corresponde ao que penso. Mas é isso que os apoiantes do post têm feito.

Em relação ao radicalismo dos liberais, não sei onde quer chegar. Radicalismo é tentar aplicar à força ideias que não são (ainda) praticáveis. Se chama radicalismo não ceder em questões de princípio, em geral, conceder no intervencionismo para que as ideias serem mais "comestíveis", acho muito bem que se mantenha o radicalismo. Mas isto é apenas no plano das ideias.

Apesar de alguns liberais mostrarem por vezes um desdém a certas medidas positivas, porque não serem liberais a 100%, a esmagadora maioria ressalva sempre os pontos positivos, mesmo que não sejam decisões puramente liberais.

Publicado por: Mário às janeiro 31, 2006 05:06 PM

Se há algo preocupante na "onda liberal" em Portugal é estar a deixar cair-se no slogan direita-liberal. Se a direita quiser ser liberal, tudo bem. Se a esquerda quiser ser um pouco mais liberal, melhor ainda.

Agora os liberias deixarem-se encantar pelo o canto da sereia de um certa direita, como se isso lhes pudesse dar maior notariedade, é uma tentação que se pode pagar caro no futuro.

A força do liberalismo está em poder navegar acima de esquerda e direita, de poder criticar sem receios socialistas e conservadores. Se os liberais deixam-se encantar pela direita (mas em teoria também podia ser pela esquerda), perdem o seu poder crítico. Os verdadeiros liberais devem ter como um dos objectivos ser mal vistos tanto à esquerda como à direita.

Publicado por: Mário às janeiro 31, 2006 05:12 PM

Luís Lavoura às janeiro 31, 2006 02:16 PM

Tem toda a razão. Liberalismo ou socialismo, os chineses e indianos vão-nos papar se os deixarmos. A única saída é o isolamento económico da Europa. Não entra nem sai nada, ou quase nada. Como não somos burros, temos um elevado nível científico e tecnológico, e somos 500 milhões, o isolamento é a única saída, até que os chineses e os indianos sejam tão caros como nós. Se insistirmos nos dogmas liberais estamos quilhados. Não há horas de trabalho, não há iniciativa privada, não há investimento, que nos permita resistir aos baixos salários chineses e indianos. É bom que nos comecemos a capacitar desta verdade...

Publicado por: Albatroz às janeiro 31, 2006 05:33 PM

"A única saída é o isolamento económico da Europa."

Sim, temos que olhar para esse grande país que é a Coreia do Norte.

Publicado por: Mário às janeiro 31, 2006 05:36 PM

Mário, Mário... A Coreia do Norte não tem economia nem população. A Europa tem a maior economia do mundo e 500 milhões de habitantes. Se não consegue ver a diferença...

Publicado por: Albatroz às janeiro 31, 2006 05:43 PM

"Se insistirmos nos dogmas liberais estamos quilhados."

Quilhados ficamos nós com as soluções estatistas, mesmo sem concorrência chinesa ou indiana. Porque razão as soluções que não resultaram numa conjuntura favorável irão resultar numa desfavorável?

Publicado por: Mário às janeiro 31, 2006 05:45 PM

Publicado por: Albatroz às janeiro 31, 2006 05:43 PM

Se não consegue ver a ironia...

Publicado por: Mário às janeiro 31, 2006 05:48 PM

“A nossa vida com mais ou menos dificuldades, mas de gente livre, sem medos, sem preconceitos, é a que vai derrotar o fanatismo da Direita e dos seus Amigos Terroristas” – Rancho da Pita Pelada in “O Inferno é compatível com a Direita”, Revista “Alma”, nº 6, 2006.

Publicado por: Brigada ferreiros às janeiro 31, 2006 05:56 PM

Mário às janeiro 31, 2006 04:40 PM

Outros Palop's? Olhe que o Brasil ainda não é em África...

Mas há uns tempos tive uma experiência esclarecedora: quis saber um número de telefone de uma empresa em Paderne - Melgaço e, para além de ter que soletrar as palavras Paderne e Melgaço, ainda ouvi a alimária a dizer, do outro lado, que a localidade de Paderne não existe em Melgaço. E não saía dali. Depois começou a repetir: "Informe-se, por favor, da morada correcta".
Fui racista por uns momentos!

Publicado por: Vítor às janeiro 31, 2006 06:06 PM

Publicado por: Vítor às janeiro 31, 2006 06:06 PM

Tem razão. "Outros" está a mais.

Publicado por: Mário às janeiro 31, 2006 06:08 PM

Luís Lavoura às Janeiro 31, 2006 02:16 PM

"Eles vencem a competição porque aceitam trabalhar por salários mais baixos."

Meu caro, essa foi a primeira fase, e a nós europeus e americanos caucasianos, habituados a mandar no mundo nos últimos 500 anos, afaga-nos o ego continuar a pensar que é só por causa disso.

Também dizíamos o mesmo dos coreanos... já ganham mais do que os portugueses!

Também dizíamos o mesmo de Taiwan... já são responsáveis por 3% das patentes mundiais!

"No mundo actual, não serve de muito a um europeu, inteligente e ambicioso e com atitude, estudar muito e tirar um bom curso, com excelentes notas."

Porque não há um clima propício ao desenvolvimento da nova economia, continuamos agarrados à velha economia.
Porque na Europa se perdeu o optimismo e a crença no futuro, é difícil sonhar com o futuro quando se vive cada vez mais num asilo, povoado por velhos que continuam a pensar que ainda mandam.
Porque a sociedade europeia, tal como a Ford e a GM (nas palavras de Larry Bossidy e Ram Charan no interessante livro Confronting Reality : Doing What Matters to Get Things Right) são indústrias estruturalmente defeituosas… a Ford e a GM não consegue descolar nos EUA, a Toyota, com fábricas nos EUA e trabalhadores americanos, vai de vento em poupa.

Ainda agora estou a ler um livro sobre um estudo do MIT realizado em todo o mundo, em 500 empresas durante cinco anos (How We Compete: What Companies Around the World Are Doing To Make It in Today's Global Economy escrito por Suzanne Berger) que conclui que não existe uma estratégia, uma resposta única à globalização, as empresas de sucesso não estão todas a deslocalizar-se para a Ásia… veja-se o caso da ZARA, por exemplo, e ainda por cima nas confecções.

“É claro que Thomas Friedman, que é e sempre foi um cão de fila” não sei a que se refere com essa adjectivação, mas creio que o insulto não é uma boa forma de lidar com o problema, o homem apresenta os factos, o homem cita as fontes e os números (por exemplo sabia que apenas 5% dos universitários americanos seguem cursos de engenharia, face a 30% na Rússia e 46% na China… a NASA já tem mais colaboradores com mais de 60 anos do que com menos de 30, porque não há americanos para os substituir (têm de ser americanos por causa da segurança nacional)

“que além disso tem a vantagem de ter um emprego em que não sofre a competição de indianos nem de chineses”… todos nós sofremos a competição, uns directa, outros indirectamente… é claro que os que vivem, na economia de bens não transaccionáveis não sentem nem um décimo da turbulência que atravessa o mundo nestes tempos. Mas de certeza que o seu, dele, posto de trabalho está menos protegido do que o de qualquer funcionário público português.

Publicado por: diogenes às janeiro 31, 2006 07:09 PM

Mário às janeiro 31, 2006 05:45 PM

Neste contexto não estou a propor nem liberalismo nem socialismo. Estou a propor proteccionismo, o qual pode perfeitamente ser aplicado num quadro de total liberdade económica no interior das fronteiras europeias. O proteccionismo relativamente às economias extra-europeias é apenas uma salvaguarda, não é uma ideologia. A discussão liberalismo versus socialismo pode continuar no interior de uma Europa fechada sobre si própria. O que eu não acredito é que a economia europeia sobreviva ao choque provocado por economias já bastante eficientes (China e Índia) mas com um décimo dos custos do fsctor trabalho.

Publicado por: Albatroz às janeiro 31, 2006 08:19 PM

Uma região como a Europa que vive das exportações não pode fechar as fronteiras. Isso seria suicídio.

Publicado por: Sa Chico às janeiro 31, 2006 08:54 PM

Aliás, não há nenhum político europeu (excepto algum louco de partidos extremistas) que defenda isso. Nem nenhum economista.

Publicado por: Sa Chico às janeiro 31, 2006 08:55 PM

Sa Chico às janeiro 31, 2006 08:55 PM

O Albatroz é de um partido extremista?

Publicado por: Senaquerib às janeiro 31, 2006 09:21 PM

O que é que aconteceu na Europa quando os USA implementaram uma política proteccionista ?
Alguém me diz ?

Publicado por: asdrubal às janeiro 31, 2006 10:17 PM

Sa Chico às janeiro 31, 2006 08:54 PM

As importações e as exportações europeias estão relativamente equilibradas, mas a concorrência asiática vai rapidamente desequilibrar isso. Se a Europa dirigir a sua economia para satisfazer as necessidades próprias, em vez de exportar, os fluxos económicos alteram-se - o comércio externo é substituído por comércio interno de igual valor - mas a economia não se contrairá. E a China e a Índia, em vez de produzirem para exportar, terão igualmente de produzir para satisfzer a procura interna. Perder-se-á alguma coisa, por via do não aproveitamento de algumas vantagens comparativas, mas o que se ganha é mais do que aquilo que se perde. Ora pensem lá um bocadinho...

Publicado por: Albatroz às janeiro 31, 2006 11:10 PM

Albatroz às janeiro 31, 2006 11:10 PM

O que legitimamente propõe, representa um assumir de derrota, de incapacidade de dar a volta, se calhar foi o mesmo tipo de raciocinio que levou a sociedade chinesa a fechar-se ao mundo exterior há 400/5OO anos.

O que legitimamente propõe pode ser facilmente secundado por gente como Le Pen, os europeus primeiro, mesmo que sejam empresários preguiçosos que não inovam, que não arriscam, são europeus, são dos nossos... mas sendo imoral privilegiar essa gente... talvez a nacionalização da indústria fosse o passo seguinte, talvez nos venha ser bloqueado o acesso ao google... tem de usar o que é europeu, o tal quaero... mesmo que não funcione, ou que seja incompleto... lá teríamos de abandonar o software da Microsoft, os ipod's da Apple, os PC's da Dell, HP, Acer, SONY-Vayo, and so on, and so on

Publicado por: diogenes às fevereiro 1, 2006 09:14 AM

A argumentação protecionista é patética...

Publicado por: Mário às fevereiro 1, 2006 10:07 AM

Eu gosto muito de caril de gambas com arroz chau-chau.

Publicado por: Senaquerib às fevereiro 1, 2006 10:14 AM

"Eu gosto muito de caril de gambas com arroz chau-chau."

Pornografia...

Publicado por: Mário às fevereiro 1, 2006 11:08 AM

diogenes às fevereiro 1, 2006 09:14 AM

Subestima a competência produtiva europeia - não esqueça que a Airbus foi montada a martelo pelos governos alemão e francês quando já havia fabricantes americanos competitivos, mas é hoje a empresa fabricante de aviões comerciais mais competente e competitiva do mundo - e tira conclusões abusivas de aquilo que escrevi. Então a referência a Le Pen é uma pérola de subtileza...

Publicado por: Albatroz às fevereiro 1, 2006 04:07 PM

Mas então, se as fronteiras europeias se fechassem, a quem seria vendidos os Airbus?

Publicado por: samuel às fevereiro 1, 2006 05:10 PM

"mas é hoje a empresa fabricante de aviões comerciais mais competente e competitiva do mundo"

Através de pressões "diplomáticas".

"Então a referência a Le Pen é uma pérola de subtileza..."

É bom que nãos eja subtil porque é real. Por cá o Le Pen é substituído pelo Loução tão ou mais perigoso que o primeiro.

Publicado por: Mário às fevereiro 1, 2006 05:26 PM

Errata: Louçã e não Loução, que é um conehcido simpático e honesto.

Publicado por: Mário às fevereiro 1, 2006 05:28 PM

Lá se iam as férias nos Brasis, nas Tailândias, nas Cubas e quejandos... a min não me faziam falta, mas se calhar muita gente ia ficar triste.

Publicado por: diogenes às fevereiro 1, 2006 07:16 PM

tu precisas é de belos brooches

Publicado por: Freudii às fevereiro 1, 2006 10:56 PM

tu precisas é de belos brooches

Publicado por: Freudii às fevereiro 1, 2006 10:56 PM

tu precisas é de belos brooches

Publicado por: Freudii às fevereiro 1, 2006 10:56 PM

"Tem toda a razão. Liberalismo ou socialismo, os chineses e indianos vão-nos papar se os deixarmos. A única saída é o isolamento económico da Europa."

Independentemente desta solução ser desejável, ela é COMPLETAMENTE IMPOSSÍVEL enquanto a Europa continuar tão dependente do Petroleo. Sem Petroleo, entravamos quase na idade das trevas.

Mas espero que a Fusão e as energias renováveis não sirvam para nos isolarmos... Há outras soluções.

Publicado por: Alfredo às fevereiro 1, 2006 11:24 PM

Com excepção da energia - enquanto dependermos do petróleo - a Europa pode ser autosuficente em tudo. Além disso é técnica e cientificamente da mais elevada competência (Airbus, Ariane, ESA, CERN, etc.), pelo que não precisa de ninguém para sobreviver e prosperar. A Europa não tem de se sujeitar à concorrência de países que só são competitivos à custa de trabalho quase escravo. Isolemo-nos e esperemos que esses outros países atinjam um grau de preocupação social semelhante ao nosso para reabrir as fronteiras. Só não percebe isto quem não quiser.

Publicado por: Albatroz às fevereiro 2, 2006 06:25 PM

Airbus, Ariane, ESA, CERN, etc.),

Só projectos amamentados pelo estado

Publicado por: alfa às fevereiro 2, 2006 06:45 PM

Airbus e Ariane são empresas que comercializam os seus produtos nos mercados mundiais, fonte principal das suas receitas. ESA e CERN são instituições científicas que só podem ser sustentadas por fundos públicos. O comentário de Alfa não faz qualquer sentido.

Publicado por: Albatroz às fevereiro 2, 2006 07:05 PM

Mas será que custa a entender que o comércio mundial é vital para a Europa? Muito mais que para os EUA. Sem abertura ao mundo a Europa iria para a ruina em poucos anos.

Publicado por: samuel às fevereiro 2, 2006 08:51 PM

Será que se não fica cansado de afirmações gratuitas? Porque é que "sem abertura ao mundo a Europa iria para a ruina em poucos anos"? Alguém é capaz de demonstrar esta afirmação? Imaginemos que se tinha completado a globalização da economia, e que o planeta era um mercado livre e aberto. Será que sem abertura a outros planetas a economia global iria para a ruina em poucos anos?...

Publicado por: Albatroz às fevereiro 3, 2006 12:13 AM

e aí vai mais uma kpk ...calma calma ..

Publicado por: Cush às fevereiro 3, 2006 03:25 AM

e pronto... lá vai mais uma ... plim plão .. já estou a ficar enjoado de KPKs...

Qt ao Albatroz tem um ponto de vista ( é dos olhos bonitos .. já que a aterrar é um desastre.. ) interessante e pertinente... mas "aparentemente" o isolacionismo é pernicioso ... é preferivel ir a luta e ganhar de forma win win ... esse parece ser o segredo...
Nós tinhamos um império ...há 30 anos .. e o isolacionismo a que Salazar nos votou .. só nos trouxe prejuizos ...e no entanto dava para vivermos todos dentro daquele universo..

O que se faz actualmente é um caminho do meio ...talvez seja o mais correcto... a coisa deve evoluir de forma organica ..já que é viva...

Publicado por: Cush às fevereiro 3, 2006 03:34 AM

Salazar não nos votou ao isolacionismo. Foi em 1960 que Portugal se tornou membro fundador da EFTA (Associação Europeia de Comércio Livre) - leia-se o parecer da Câmara Corporativa de que foi relator Francisco Pereira de Moura -, e foi na década de 60 que Portugal teve taxas de crescimento da ordem dos 8% ao ano. Quanto à Europa, um mercado de 500 milhões de produtores e consumidores é um mundo em si mesmo. Falar de isolacionismo é capaz de ser abusivo...

Publicado por: Albatroz às fevereiro 3, 2006 09:08 AM

hello Albatroz ( dos olhos bonitos) rapaiz... eu não tenho duvidas que Salazar nos votou ao isolacionismo .. e muito..( não aderimos ao plano Marshall )... a célebre frase " orgulhosamente sós " ..
O preço que pagamos hoje por isso .. é imenso..

Qt a europa fechar-se sobre si mesma .. seria em 1º lugar um grande egoismo .. privando países terceiros que precisam de bens produzidos pela UE..
Depois não é fechando ..mas abrindo .. que se evolui e se encontram as soluções para os obstaculos dessa mesma evolução .. com resultados benéficos ( win win )para as partes ..

Publicado por: Cush às fevereiro 8, 2006 04:23 PM

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