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dezembro 11, 2005

Estado Social Irlandês

O OE 2006 da Irlanda contém um importante reforço no financiamento dos benefícios sociais, especialmente no que se refere às crianças. As medidas contidas no programa Putting Children First são ilustrativas desta matéria. Muitos tecem rasgados elogios à Irlanda pelo seu empenho na melhoria das condições sociais. Esquecem todavia como foi possível chegar a esta situação. A Irlanda só começou a "dividir o bolo" com menos parcimónia, quando o bolo cresceu o suficiente para o poder fazer sem comprometer o seu desenvolvimento.

Em 1980, a Irlanda (PIB = 6.875 US$) partilhava com a Espanha, Grécia e Portugal (PIB = 5.110 US$) a cauda dos países europeus. Em 2005, segundo as previsões actuais, a Irlanda é o país mais rico da UE (PIB = 40 mil US$), se descontarmos o caso marginal do Luxemburgo, enquanto Portugal, apesar do crescimento entre 1985 e 1993, é o mais pobre do grupo dos 15 (PIB = 19,5 mil US$). A diferença percentual entre o PIB da Irlanda e o de Portugal manteve-se praticamente constante entre 1980 e 1995 (passou de 34% para 36%), mas daí para cá divergiu, e hoje o seu PIB é 105% superior ao nosso, ou seja mais do dobro!

A demagogia de corporações, sindicatos e a maioria da classe política assenta que se temos um bolo, então deveremos dividi-lo por todos. Ora o que a história económica mostra é que o desenvolvimento económico só é possível onde haja uma acumulação prévia. Quando se divide o bolo, tem que se deixar, de fora da divisão, o suficiente para permitir que cresça. O bolo tem que ser repartido com a parcimónia bastante para que ele cresça e as fatias que tiramos não sejam tão generosas que comprometam o crescimento futuro. Quanto maior for o bolo, mais as fatias, mesmo tiradas com parcimónia, serão maiores. Ou seja, a nossa parcimónia no ano zero, pode tornar-se o nosso bem-estar alguns anos depois, mesmo que o bolo continue a ser dividido com parcimónia.

A Irlanda, após 1985, apostou na política de dividir o bolo com muita parcimónia, pondo o país a uma dieta rigorosa e diminuindo a despesa pública de forma drástica. E hoje é elogiada pela sua política social. Os demagogos, que apontam essa política como um exemplo, esquecem que ela só foi possível porque os dinheiros públicos foram geridos com contenção e bom senso.

Ver, por exemplo, "Sísifo e o Estado 3"

Publicado por Joana às dezembro 11, 2005 09:28 PM

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Comentários

O que a Joana aqui diz é por demais evidente. O problema de Portugal é exactamente o que aponta: Existe uma classe de demagogos profissionais (PCP, BE, Soares, CGTP) que não conseguem ver as coisas a prazo e que com o seu discurso de papagaio conseguem condicionar sempre as políticas dos diferentes governos.

Publicado por: The Studio às dezembro 11, 2005 10:13 PM

Joana,
este post é dedicado à Banca, às empresas Financeiras e de Seguros e à sua classe dirigente, não é ?

Publicado por: zippiz às dezembro 11, 2005 10:49 PM

A malta lê e não percebe. Olha para o percurso diferente da Irlanda e de Portugal e fingem que a Irlanda não existe.
Nem sequer a Espanha, mesmo aqui ao lado, existe para esses demagogos estúpidos.

Publicado por: David às dezembro 11, 2005 11:09 PM

A Irlanda melhor do que Portugal?! Olha, olha!...

"O que aconteceu foi que eu estava em Belém na inauguração da maior arvore de Natal da Europa, sim repito da Europa, porque nós quando fazemos as coisas é em grande, e virei-me para um turista que lá estava e disse-lhe: - Lá na tua terra não tens disto pois não? A maior da Europa, a MAIOR! E o gajo vem com uma conversa: Não sei quê, no meu país preferimos gastar dinheiro em outras coisas, por exemplo a evitar que rebentem condutas de agua, que levam ao abatimento do solo, e dessa forma prejudiquem milhares de pessoas...mais não sei que mais e o camandro! E eu, que ate sou um gajo que é pá, tenho uma facilidade na exposição de argumentos, não me fiquei e disse-lhe logo: - A maior da Europa! Toma! Embrulha! E o gajo começa a falar que não sei quê, lá no país dele quando começa a chover as zonas ribeirinhas não ficam inundadas, e que talvez fosse melhor que, em vez da arvore, o dinheiro fosse canalizado para evitar essas situações. Eu comecei a enervar-me e disse ao gajo: - Mau, tu queres ver que nos temos que chatear! Eu estou aqui a expor argumentos que... é pá sim senhor, e tu vens com essa conversa de não sei quê. Eu nem quero começar a falar na feijoada em cima da ponte, nem no desfile de "pais natais", porque senão nem sabias onde te metias pá. O gajo começa a falar de uma coisa qualquer, tipo túneis que são construídos e ficam a meio, e não sei que mais, e eu virei logo costas. Porque quando eu vejo estes gajos que não conseguem aceitar a superioridade de um país e ainda falam, falam... falam, falam... falam, falam... e não dizem nada de jeito, eu fico chateado, claro que fico chateado!" Nota sem importância: o custo total da árvore nos dias em que vai estar "acesa", é de 1.000.000 de Euros."

Publicado por: Senaquerib às dezembro 11, 2005 11:22 PM

O modelo irlandês foi possível naquela época, mas hoje não teria o êxito que teve então. Mas seria muito melhor que esta morte lenta.
O mesmo sucede com o modelo finlandês. Temos que encontrar nessas 2 esperiências e noutras de sucesso, um modelo adequado à situação actual

Publicado por: AJ Nunes às dezembro 12, 2005 12:27 AM

Pois é, Senaquerib ... nós somos especialistas em gastar dinheiro mal gasto

Publicado por: AJ Nunes às dezembro 12, 2005 12:29 AM

Como Senaquerib sugere, o problema em Portugal não é da divisão do bolo, é de quem recebe essas gordas fatias. São os clubes de futebol, são as construtoras civis, são os partidos políticos, são os políticos, etc. Se fossem os necessitados até poderia ser que o bolo já chegasse para devolver a dignidade a muitos que a perderam graças ao neo-liberalismo saloio...

Publicado por: Albatroz às dezembro 12, 2005 12:49 AM

"Como Senaquerib sugere, o problema em Portugal não é da divisão do bolo, é de quem recebe essas gordas fatias." Como diz que disse?

Publicado por: cordobes às dezembro 12, 2005 01:07 AM

Eu explico: "O problema em Portugal não é da divisão do bolo", ou seja, não é o de distribuir recursos fora da área produtiva. "É de quem recebe essas gordas fatias", ou seja, é o de distribuir esses recursos pelos que o não merecem nem deles necessitam. Peço desculpa pela eventual falta de clareza da frase.

Publicado por: Albatroz às dezembro 12, 2005 09:28 AM

Publicado por: AJ Nunes às dezembro 12, 2005 12:29 AM

Tanto quanto sei "a maior árvore de natal" é paga pelo BCP-Millenium que a deve encarar como uma forma como outra qualquer de propaganda.

Porque é que os senhores metem para aí tuneis, zonas ribeirinhas, irlandas ....

Publicado por: Bancário com gorda reforma às dezembro 12, 2005 10:12 AM

bancário com gorda reforma às dezembro 12, 2005 10:12 AM

Claro, o desperdício de dinheiro em Portugal é uma coisa que não se restringe ao Estado, os privados também participam. Os bancos colaboram no festim, espalhando o crédito ao consumo (principalmente à compra de casas) ao desbarato, pedindo emprestado dinheiro ao estrangeiro para esse fim. Em vez de darem crédito ao investimento produtivo, dão-no ao consumo. Em vez de gerir com parcimónia o dinheiro que as pessoas aforram, emprestam-no ao desbarato a um economia que tem pés de barro.

Publicado por: Luís Lavoura às dezembro 12, 2005 11:02 AM

Quem paga não é o BCP-Millenium mas sim os clientes do BCP-Millenium.
Por mais voltas que se dê, é sempre o consumidor final que paga tudo. TUDO!

Publicado por: Senaquerib às dezembro 12, 2005 11:08 AM

Há uma coisa que a Joana se esqueceu de dizer no seu post e que é fundamental para perceber o sucesso da Irlanda (não, não vou dizer que é o de falarem inglês, porque eles falam inglês há mil anos e só agora é que são ricos).

O que é fundamentel perceber no caso de sucesso da Irlanda é que o modelo capitalista liberal é aceite pela sociedade, incluindo os agentes económicos, o Estado e a maioria dos intelectuais, sem qualquer contestação. Não há fantasias rosas e laranjas nem pseudo politicos e intelectuais da treta, que vivem a parasitar a sociedade, agarrados aos modelos económicos do seculo dezanove. O caso de sucesso da Irlanda descreve-se com uma única palavra: CAPITALISMO.

Publicado por: Joao P às dezembro 12, 2005 12:00 PM

Se «aquilo» vai custar um milhão de euros, o remédio - e por uma vez revejo-me na ética republicana - é um «comando» de cidadãos com espingardas de cartucho.

Publicado por: asdrubal às dezembro 12, 2005 12:23 PM

Publicado por: Senaquerib às dezembro 12, 2005 11:08 AM

Sendo assim é muito simples.
Primeiro, se for cliente BCP, deixa de o ser.
Se não for aconselha os amigos e conhecidos.
Segundo, manda encerrar todas as empresas de publicidade.

Publicado por: Bancário trabalhando em part-time numa empresa pública às dezembro 12, 2005 12:51 PM

"Não há fantasias rosas e laranjas nem pseudo politicos e intelectuais da treta, que vivem a parasitar a sociedade, agarrados aos modelos económicos do seculo dezanove."

Hmmm! Modelo económico do século XIX? Só se for o liberalismo selvagem... Aliás, com o regresso da contratação individual e da precarização do emprego estamos rapidamente a aproximarmo-nos de 1850...

Publicado por: Albatroz às dezembro 12, 2005 01:23 PM

Em benefício d@s teóric@s deste blogue que entendem que o Estado é um obstáculo ao crescimento económico:

China sutituye a EEUU como mayor exportador mundial de tecnología

12-12-2005 CADENASER.COM

La Organización para el Desarrollo y la Cooperación Económica (OCDE) publicará hoy un informe que sitúa por primera vez a China como primer exportador mundial de bienes tecnológicos, superando a EEUU gracias a un crecimiento del 46% en 2004. Ese año, la diferencia entre exportaciones e importaciones del sector tecnológico se situó para China en 180.000 millones, frente a los 149.000 de EEUU.

The New York Times adelantaba ayer el contenido del informe de la OCDE, que resalta el hecho de que tras una década de desarrollo imparable China haya superado a EEUU en lo que se considera debe ser la base de la economía del futuro, el sector de las tecnologías de la información y el conocimiento (TIC).

La OCDE señala que China también está muy cerca de superar a EEUU en volumen total de negocio del sector tecnológico. Si se suma el valor de sus exportaciones e importaciones en este campo se obtiene un volumen de negocio de 329.000 millones de dólares, por debajo aún de EEUU, que se sitúa en 375.000 millones. El crecimiento de China, en todo caso, es espectacular, pues esa cifra era en 1996 de 35.000 millones de dólares.

La constatación más espectacular de la consolidación del sector tecnológico chino se produjo en mayo de este año con el anuncio de que Lenovo, el principal fabricante de ordenadores del gigante asiático, pagaría en torno a 1.750 millones de dólares para adquirir la unidad de computadoras personales de la estadounidense IBM

Publicado por: (M) às dezembro 12, 2005 01:47 PM

Albatroz, a data de 1848 não lhe diz nada? Nem uma genuflexãozinha? É que é em pleno seculo dezanove...

Publicado por: Joao P às dezembro 12, 2005 01:58 PM

Bancário trabalhando em part-time numa empresa pública às dezembro 12, 2005 12:51 PM

O que se passa é que o BCP não sabe o que há-de fazer aos lucros monumentais que tem.
Vai daí desbarata nestas ideias luminosas dinheiro que é subtraído aos impostos e não aos seus clientes ou accionistas.

Publicado por: Pagante a quem não é permitido deduzir no IRS a conta da EDP às dezembro 12, 2005 02:01 PM

Joao P às dezembro 12, 2005 12:00 PM

Quer Você dizer que na Irlanda não há partidos políticos? Ou que não há democracia? Que toda a gente lá pensa da mesma maneira, e está toda de acordo? É esse o seu modelo de "capitalismo liberal" - todo o pessoal estar de acordo?

Eu por acaso tenho um amigo que vive na Irlanda já há longos anos, por ser casado com uma irlandesa, e o que ele me conta, das raras vezes que o vejo, é que aquilo por lá é tudo menos um paraíso. Que a fama da Irlanda no estrangeiro é bem maior do que o proveito para os irlandeses.

Publicado por: Luís Lavoura às dezembro 12, 2005 03:41 PM

Albatroz em dezembro 12, 2005 01:23 PM:
Coragem, já falta pouco para o miguelismo

Publicado por: Coruja às dezembro 12, 2005 04:31 PM

Há quem fique deslumbrado por saber que a China supera os EUA como exportador de tecnologia.
Resta saber o que se entende por tecnologia.
É que desde o paleolítico que se produz tecnologia.
E computadores existem desde Pascal.
Além do ábaco, é claro.

Nas lojas dos 300 há muita tecnologia chinesa, mas os chineses compram aviões aos europeus e aos americanos.

Publicado por: Senaquerib às dezembro 12, 2005 04:52 PM

Luis Lavoura dixit:"aquilo por lá (Irlanda)é tudo menos um paraíso..."

Com um PIB per capita igual ao DOBRO do PIB português a vida na Irlanda deve ser um verdadeiro inferno.

(sobre o modelo, o que eu disse, e repito, foi de que existe um consenso na Irlanda sobre o modelo de desenvolvimento capitalista liberal; nunca disse que não havia partidos politicos ou democracia, como você afirma; se você acha que a democracia não é compativel com o capitalismo liberal, você está com um problema que eu não sei resolver).

Publicado por: Joao P às dezembro 12, 2005 05:13 PM

Publicado por: Pagante a quem não é permitido deduzir no IRS a conta da EDP às dezembro 12, 2005 02:01 PM

Percebi claramente.
Mas para uma empresa ter esses lucros fenomenais deve, penso eu de que, fornecer um serviço monumental.
Logo, presumo, deve ter os clientes satisfeitos, os accionistas satisfeitos e o estado não, porque esse só estaria satisfeito se rapinasse tudo o que os outros produzem.

Será assim ou estou enganado?

Publicado por: Deduzi tudo, sou amigo de S.Sanches às dezembro 12, 2005 05:28 PM

Tenho comprado muita tecnologia chinesa

Publicado por: Coruja às dezembro 12, 2005 05:37 PM

Olha, olha!...
A indústria farmacêutica fornece um serviço monumental!
E os clientes das agências funerárias estão muito satisfeitos!

Publicado por: Senaquerib às dezembro 12, 2005 06:56 PM

Joao P às dezembro 12, 2005 01:58 PM

1848 foi o ano das revoluções liberais na Europa e foi o ano do Manifesto do Partido Comunista. Se era a este último que se referia não era um manifesto económico, mas um manifesto para uma reorganização total da sociedade. E só no século XX produziu frutos. Logo, continuo a achar que modelo económico do século XIX só o liberal... Que, curiosamente, foi salvo pelos trabalhadores organizados em sindicatos. Sem esse aguilhão nas mãos dos trabalhadores o capitalismo teria morrido no século XIX. Foi o sindicalismo que, obrigando os capitalistas a dividirem um pouco melhor o bolo produtivo, permitiu a sobrevivência do sistema iníquo. Agora, ao voltarmos ao século XIX, vamos regressar à luta de classes na sua forma mais selvagem. Ou, se o quisermos evitar, teremos de reintroduzir o proteccionismo à escala continental. De uma forma ou outra, o liberalismo vai a caminho do seu fim.

Publicado por: Albatroz às dezembro 12, 2005 07:38 PM

Coruja às dezembro 12, 2005 04:31 PM

Obrigado pelas suas palavras de conforto! O anarco-miguelismo vencerá! Vitória (minha) ou morte (do inimigo)!!!

Publicado por: Albatroz às dezembro 12, 2005 07:41 PM

Não deixemos que os marcianos introduzam cá os seus produtos!
Viva a Terra independente, una, grande e livre!

Publicado por: Senaquerib às dezembro 12, 2005 07:53 PM

Publicado por: Albatroz às dezembro 12, 2005 07:38 PM

Pena que esses frutos que «a reorganização total da sociedade» produziu no sec XX já estivessem bichados. Enfim, azares...

Publicado por: Pedro Oliveira às dezembro 12, 2005 10:00 PM

cheira-me que o albatroz gosta do neo-socialismo-saloio

Publicado por: Salvador às dezembro 12, 2005 10:11 PM

"cheira-me que o albatroz gosta do neo-socialismo-saloio"

O que é o "neo-socialismo-saloio"?

Publicado por: Albatroz às dezembro 12, 2005 10:58 PM

Pedro Oliveira às dezembro 12, 2005 10:00 PM

Eu não disse que os frutos do Manifesto Comunista eram bons... Mas a análise crítica nele feita pode ser hoje mais relevante do que o era em 1848, já que só agora é que o capitalismo é senhor da economia mundial.

Publicado por: Albatroz às dezembro 12, 2005 11:01 PM

Publicado por: Albatroz às dezembro 12, 2005 11:01 PM

Falta um «I» nessa bela frase: em vez de «Mas a análise crítica nele feita pode ser hoje mais relevante do que o era em 1848, já que só agora é que o capitalismo é senhor da economia mundial.», devia ser «Mas a análise crítica nele feita pode ser hoje mais irelevante do que o era em 1848, já que só agora é que o capitalismo é senhor da economia mundial.»

Publicado por: Pedro Oliveira às dezembro 12, 2005 11:30 PM

Ops. Um I e um R: Mas a análise crítica nele feita pode ser hoje mais irrelevante do que o era em 1848, já que só agora é que o capitalismo é senhor da economia mundial.

Publicado por: Pedro Oliveira às dezembro 12, 2005 11:32 PM

Eu também não sei o que é o neo-socialismo-saloio mas suspeito que seja isto.

Publicado por: Senaquerib às dezembro 12, 2005 11:57 PM

o neo-socialismo-saloio não é a política do Louçã e esquerda do PS?

Publicado por: vitapis às dezembro 13, 2005 01:12 AM

"se você acha que a democracia não é compativel com o capitalismo liberal, você está com um problema que eu não sei resolver"

Depende daquilo que se considerar como sendo democracia. Se democracia é existirem partidos e eleições, então certamente que a democracia é compatível com o capitalismo liberal. Se democracia é o poder pertencer ao povo, a coisa já fia mais fino. Porque o povo não pode ter verdadeiro poder se os meios de produção (o capital) se encontrar apenas nas mãos de uns poucos.

Esta trivialidade encontra expressão na hoje-em-dia comum ameaça da "fuga de capitais" caso um determinado partido ganhe as eleições. O povo é soberano de ecolher um determinado partido mas, no caso de escolher o partido "errado", os capitais fogem do país. O povo não tem pois verdadeiro poder. A democracia está limitada pelo facto de o capital pertencer apenas a alguns.

Publicado por: Luís Lavoura às dezembro 13, 2005 10:43 AM

Não há pior cego que o que não quer ver

Publicado por: soromenho às dezembro 13, 2005 07:14 PM

Alguns comentários parecem de gente que dá socos no ar.

Publicado por: soromenho às dezembro 13, 2005 07:15 PM

Este exemplo devia-nos abrir os olhos. Mas há muitos cegos que só sabem repetir a cartilha

Publicado por: David às dezembro 17, 2005 12:56 AM

Xiii. Então quem tem o capital já não pode fugir do País se lho quiserem confiscar ? Deve aceitar soberanamente a decisão do Povo que lhe quer roubar o que tem colectivamente votando em Partidos que querem fazer isso mesmo ?

Ou seja, não basta já pagar muitas vezes mais impostos do que os outros, ainda tem de entregar aquilo sobre o qual paga os impostos ? E alegremente, porque o Povo assim o ordena ?

E isso é democracia...

Publicado por: J P Castro às dezembro 17, 2005 03:29 AM

Ou seja,

(1) democracia é o Povo poder escolher como se o capital não existisse

mas

(2) democracia é escolher um regime que confisque o capital, pois só com capital é que tem o verdadeiro poder.

Afinal, o capital deve existir ou não ?

Publicado por: J P Castro às dezembro 17, 2005 03:46 AM

plim

Bem, eu só queria era confiscar esta capicua. Outros que andem atrás daquilo que não querem que exista.

Publicado por: J P Castro às dezembro 17, 2005 03:48 AM

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