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novembro 15, 2005

Pessimismo duplo

O Banco de Portugal reviu em baixa as suas estimativas para a economia portuguesa durante este ano, prevendo agora um crescimento de 0,3% face aos 0,5% previstos em Julho. O mais grave é que a previsão sobre as exportações registem um aumento de 0,7%, enquanto em Julho se previa um crescimento de 2,7%. Ou seja, as nossas exportações estagnaram, o que acarreta uma degradação agravada da balança externa portuguesa. Em 19-10-05 em tinha escrito aqui, em Fragilidades do OE 2006 que uma das principais fragilidades do OE 2006 era basear-se numa previsão de aumento das exportações de 5,7%, o que me parecia ilusório. Este relatório do BP vem, infelizmente, dar razão ao meu pessimismo. Com esta derrapagem, as metas do Governo tornaram-se mais difíceis de atingir.

A estagnação das exportações tem um efeito negativo sobre a variação do PIB. Um crescimento baixo do PIB induz um aumento do desemprego. Há uma relação entre a variação da taxa de desemprego (TD) e a variação do produto:

TD(t) – TD(t-1) = - β .( ΔPIB(t_t-1) – K)

Os valores usualmente admitidos são K=3% e β = 40%. A percentagem β < 1 significa que as empresas tendencialmente preferem manter os funcionários em vez de demiti-los quando o produto cai e, quando o emprego aumenta, nem todas as novas vagas potenciais são preenchidas. Esta percentagem depende da estrutura do mercado de emprego e da saúde da economia. No curto prazo, uma maior rigidez do mercado laboral, traduz-se num β menor. Todavia, a degradação da actividade económica pode levar à aceleração de falências e deslocalizações o que contorna aquela rigidez. Portanto, na actual situação da economia portuguesa, a rigidez do mercado laboral acaba por não ser relevante para a estimação do β.

O OE 2006 previa um aumento do PIB de 1,1% em 2006. Portanto com esse aumento do PIB seria previsível que a taxa de desemprego aumentasse em 0,8%. Se a previsão sobre as exportações falhar, como as importações terão uma variação mais rígida, o impacte dessas previsões sobre o PIB conduzem a resultados muito pessimistas, inclusivamente a uma variação negativa do PIB.

Entretanto, foi anunciado que o Governo propôs um aumento nominal do salário mínimo nacional de 3%, o que é superior à evolução prevista para a inflação. Não há unanimidade entre os economistas sobre os efeitos do salário mínimo. Em teoria, se for superior ao salário de equilíbrio para uma dada actividade, a procura diminui, aumenta o desemprego e há uma perda de eficiência económica (peso morto). Acontece todavia que a maioria dos sectores pratica salários superiores ao salário mínimo, excepto, em alguns casos, para os estagiários. Por outro lado tem-se verificado que em sectores fechados ao exterior (restauração, pequeno comércio) os efeitos são despiciendos.

Todavia a economia portuguesa tem sectores exportadores, de baixo valor acrescentado, que subsistem devido aos baixos salários neles praticados. Há muita mão-de-obra envolvida nessas indústrias, principalmente na região norte do país. Nestes casos, um aumento salarial acima da inflação, numa situação de grande fragilidade competitiva, pode acelerar o processo de falências e deslocalizações de empresas a que temos assistido.

É certo que Portugal terá de desembaraçar-se, a prazo, dessas indústrias onde não é possível competir com os novos países emergentes. Todavia esse processo deveria ser controlado de forma a dar tempo à criação de alternativas. A liquidação prematura desses sectores significa um rápido agravamento da balança comercial, um aumento do desemprego, menos receitas fiscais, aumento do défice e dificuldade crescente em sustentar o sector público, mesmo com medidas mais profundas de contenção de despesa.

Adicionalmente, a decisão do Governo pode criar expectativas nos meios laborais de aumentos salariais maiores dos que os previstos até aqui. A taxa de aumento do salário mínimo serve de indexação para diversas taxas e de referência para outros eventuais aumentos.

Portanto, a conjugação das previsões do Banco de Portugal com as fragilidades previsionais do OE 2006 e com a decisão do Governo sobre o salário mínimo corre sério risco de ter efeitos nefastos sobre a situação económica portuguesa em 2006.

Ou seja, ao pessimismo do relatório do Banco de Portugal adiciona-se o pessimismo induzido por uma medida governativa que poderá fragilizar ainda mais a nossa depauperada situação económica.

Publicado por Joana às novembro 15, 2005 08:11 PM

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Comentários

Numa União Europeia que criou desde os anos setenta até agora apenas quatro milhões de empregos muitos dos quais no Estado, contra os cinquenta e sete milhões de empregos criados no Estados Unidos (estudo do Wall Street Journal), alguem tem duvida que vamos ter que desmantelar o fabuloso Estado Social? Só que nós portugueses pobres europeus periféricos e atrasados, vamos ainda querer mais do mesmo e acabar por sofrer mais do que os outros. E os que verdadeiramente sofrem não são ouvidos porque não tem nem privilégios, nem sindicatos nem TV à porta.

Publicado por: Joao P às novembro 15, 2005 08:15 PM

"o Governo propôs um aumento nominal do salário mínimo nacional de 3%", pois eu acho bem que é para induzir algum optimismo, 3 é o primeiro de "muitos".

Publicado por: py às novembro 15, 2005 09:06 PM

Como dizia um dos "inimigos" de Joana e de outros liberais : a Logo Prazo estamos todos mortos!

Publicado por: zippiz às novembro 15, 2005 09:11 PM

Vocês brincam, mas esta revisão em baixa do PIB e a queda das exportações não são para brincadeiras.

Publicado por: Rui Sá às novembro 15, 2005 09:32 PM

E essa do "a Logo Prazo estamos todos mortos" é de quem se está nas tintas para as gerações futuras e só pensa em defender clubismos políticos de curto prazo.

Publicado por: Rui Sá às novembro 15, 2005 09:34 PM

Joao P às novembro 15, 2005 08:15 PM

"estudo do Wall Street Journal"??

Um bocadinho mais de rigor s.f.f.!

A coisa está aqui: http://www.opinionjournal.com/editorial/feature.html?id=110007519
e não passa de um artigo de opinião de um tal Joel Kotkin, cito, "Senior Fellow at the New America Foundation".
Aconselho desde já, para melhor compreensão, uma visita ao site desta NAF.

E já agora: onde foi este Kotkin desencantar estes valores?

Dão-se alvíssaras...

Publicado por: Vítor às novembro 15, 2005 09:36 PM

Eu gosto é do "The brightest american thinkers under 40".
É só rir.

Publicado por: Vítor às novembro 15, 2005 09:39 PM

Razão tem o Rui Sá.
A revisão em baixa do crescimento, em particular nesta fase, é mais uma má notícia.
Apetece lançar uma questão pertinente:
onde é que esta merda vai parar?

No que respeita ao aumento do salário mínimo acima da inflação, julgo que é uma medida da mais elementar justiça e não terá os efeitos perversos temidos.

Publicado por: Vítor às novembro 15, 2005 09:45 PM

Quem disse essa frase era um homossexual assumido que nunca constituiu família nem deixou descendência. Portanto era natural que dissesse essa frase sem ter em conta os nossos descendentes.

Publicado por: AJ Nunes às novembro 15, 2005 09:46 PM

Publicado por: Rui Sá às novembro 15, 2005 09:34 PM

Pois, também acho que as gerações futuras, blá blá, blá.
Aliás o prof Cavaco nos seus livros sobre Finanças Públicas já se preocupava com as gerações futuras. O problema é que não estou a ver um PR a explicar a Fome, o Desemprego, a Injustiça, a falta de Saúde e de Educação, com alfas e betas >=1 , com logaritimos e segundas derivadas.

E sobre a frase : "a Logo Prazo estamos todos mortos", vamos pedir a Joana que nos lembre o perfil do autor da dita.

Publicado por: zippiz às novembro 15, 2005 09:47 PM

TD(t) – TD(t-1) = - β .( ΔPIB(t_t-1) – K)

Isto já é do conhecimento do Mário Soares?

Publicado por: Senaquerib às novembro 15, 2005 09:52 PM

Não sei se Keynes era homossexual ou não, mas que há por aqui muito Ignorante, isso não há muitas dúvidas!

Publicado por: zippiz às novembro 15, 2005 09:53 PM

Vitor, não precisa de dar alvíssaras. É um facto bem sabido e comentado que a América criou no passado e tem continuado a criar muito mais emprego que na Europa.
É que a América não tem complexos post-marxistas sobre a criação de emprego.

A Europa não consegue atraír investimento nem emprego.E não o fará enquanto não abandonar a sua desastrosa política assistencialista.

Os Europeus estão de tal modo drogados nas virtudes do seu autoproclamado Estado Social, que não conseguem entender nem isso que é claro para qualquer americano.

Publicado por: Joao P às novembro 15, 2005 10:27 PM

que chatice, bolas... li tanto comentário e não aprendi nada... tanto tempo perdido. 0,3% é apenas uma visão de tormento e desespero... um castigo divino. Meus senhores, sejamos realistas: nós não precisamos de economistas, nós precisamos é de equilibristas... e palhaços, que nos desfaçam com prosaicas gargalhadas, porque se "a Logo Prazo estamos todos mortos", ao menos que se morra de rir.

Publicado por: ruizocas às novembro 15, 2005 10:31 PM

ver:
http://myweb.lsbu.ac.uk/~stafflag/jmkeynes.html

Publicado por: AJ Nunes às novembro 15, 2005 10:47 PM

Para quem é preguiçoso:
John Maynard Keynes
Born 5th. June, 1883, at Cambridge, England; died 21st. April, 1946, in Firle, Sussex, England.

Polymath, British economist, pioneer of the theory of full employment, and with many other interests from book collecting to probability theory. His influence on economics was such that the thirty-year boom in Western industrial countries (1945-75) has been called the Age of Keynes.

His mother was Florence Ada Brown. His father was John Neville Keynes.

John Maynard Keynes was educated at Eton and King's College Cambridge where he blended effortlessly into the idealistic atmosphere of the "higher sodomy" which attained its most rarefied form in the secret society known as the Cambridge Apostles, to which he was almost immediately elected. In the Apostles he met his lifelong friends Lytton Strachey and Leonard Woolf, and hence became part of the Bloomsbury Group. Believing himself ugly, he was shy in the presence of the undergraduates he admired. However, in 1908 he began a serious affair with the painter Duncan Grant of whom he later said he was the only person in whom he found a truly satisfying combination of beauty and intelligence.

Only decades after the conviction of Oscar Wilde, Keynes's numerous affairs with young men never caused the slightest legal or social trouble. This charmed life can be explained by his combination of extreme personal brilliance, family and professional connections, and remarkable self-confidence.

Keynes lectured in economics at Cambridge on and off from 1908. He was at the India Office (1906-8) and in 1913 as a member of the Royal Commission on Indian finance and currency, published his first book on the subject. In both world wars he was an advisor to the Treasury, which he represented at the Versailles Peace Conference but resigned in strong opposition to the terms of the draft treaty which he set out in his Economic Consequences of the Peace, (1919).

During the period of the First World War the homosexual members of the Bloomsbury Group (Keynes included) found their supply of eligible young men cut off and began to engage in flirtations and even liaisons with women.
....

Publicado por: AJ Nunes às novembro 15, 2005 10:48 PM

Eu não ponho em causa a importância científica de Keynes. Apenas dei uma interpretação a uma frase que dita sem mais nada, é manifestamente infeliz: "a Logo Prazo estamos todos mortos"

Publicado por: AJ Nunes às novembro 15, 2005 10:50 PM

O certo é que a médio prazo estamos todos feitos ao bife

Publicado por: Coruja às novembro 15, 2005 10:56 PM

Notem que não sou gay. Se virem isso nalgum site, não acreditem.

Publicado por: Coruja às novembro 15, 2005 10:59 PM

Joao P às novembro 15, 2005 10:27 PM

Não pus em causa o facto de a América criar mais emprego que a Europa. Admito que sim.
Apenas gostava de saber onde foi o articulista de EUA 57 x Europa 4 (parece-me que o árbitro deste jogo era caseiro).
É que, ao contrário do que V. disse, não era nenhum estudo do Wall Street Journal.

Publicado por: Vítor às novembro 15, 2005 11:10 PM

Faltou "saber dos valores" entre "articulista" e "de EUA 57 x Europa 4".

Publicado por: Vítor às novembro 15, 2005 11:12 PM

Isto está demasiado depressivo, ras-le-bol.
Ó (liguem o som) :

http://pwp.netcabo.pt/0172112501/pasteis/prog02.carlinhosomachistaga.mpg

Publicado por: asdrubal às novembro 15, 2005 11:15 PM

É um facto conhecido que a criação de empregos é muitíssimo maior nos EUA que na UE. Mas também a destruição de empregos é.
Quanto ao saldo (criados menos destruídos), há igualmente uma enorme diferença a favor da América.

Publicado por: soromenho às novembro 15, 2005 11:28 PM

Em média, até aos 24 anos, cada americano já teve 4,4 empregos!! e até aos 30 anos, 6,2 empregos,
A rotação é muito elevada, a maior parte das vezes por vontade do próprio.

Publicado por: soromenho às novembro 15, 2005 11:31 PM

E é muito vulgar estarem a estudar, mesmo no equivalente ao nosso secundário, e terem um emprego part-time.

Publicado por: soromenho às novembro 15, 2005 11:33 PM

Eu gosto de factos conhecidos. Mais até que de factos desconhecidos.
Mas 57 contra 4 parece-me uma cabazada. E isto tem que ser tirado a limpo...

Publicado por: Vítor às novembro 15, 2005 11:33 PM

Este pessimismo está a deixar-me preocupado.
Contra o Pessimismo Duplo, proponho um Uísque Duplo (melhor ainda, uma aguardente velha dupla, e se possível da Junta Nacional do Vinho)

Publicado por: Vítor às novembro 15, 2005 11:36 PM

é a primeira vez que vizito este blog mas curti boé o post da Joana. penso que explica muitas coisas e explica-as muito bem... parabéns. atavés da sua leitura conseguimos antever com um minimo de certeza aquilo que o futuro nos reserva. Neste blog nota-se um espaço largamente reservado para a ciência e para a erudição, mas... e a ficção? no Japão quando um empresário fracassa é comum trepassar-se com uma daquelas espadas e pronto; em Portugal quando um empresário fracassa é comum vê-lo num stand da Ferrari tentando afogar as suas mágoas. O regime alimentar dos portugueses de à 500 anos tinha como base a castanha... tanto estavamos fartos de castanhas que atravessamos mares para ver se comiamos outra coisita qualquer... a batata. outras riquezas vieram e foram esbanjadas. Mais tarde descobrimos a UE, outras riquesas vieram e foram esbanjadas. A tal teoria ciclica da história. Os portugueses são boas pessoas e teem tomates, porque se não os tivessem já cá não estavamos, mas somos esbanjadores... afinal de que vale ter dinheiro se não o podemos gastar? de que serve preocuparmo-nos se a conta tá a zeros se existe sempre mais um empréstimo para a encantar? e agora? agora quero fazer um brinde à porca e outro a D. João I

Publicado por: ruizocas às novembro 15, 2005 11:40 PM

Não me leve a mal, Soromenho, mas quando eu andava no secundário, também tinha vários empregos de rotação elevada e por vontade própria:
- snooker no Europa
- raparigas
- matraquilhos no Europa
- raparigas
- praia de Buarcos
- tasca do Gato preto
- raparigas
- etc

Publicado por: Vítor às novembro 15, 2005 11:42 PM

Ruizocas:
Os portugueses "têm tomates" porque os trouxeram do México. Como a batata, que também veio desses lados...

Publicado por: Vítor às novembro 15, 2005 11:47 PM

Desses empregos também os américas têm. Os que eu falei eram empregos registados nos serviços estatísticos, com segurança social, etc.

Publicado por: soromenho às novembro 15, 2005 11:50 PM

Vitor:
pois é, era isto mesmo que eu temia... o fim da tomatada à portuguesa... não falta nada e voltamos à castanha

Publicado por: ruizocas às novembro 15, 2005 11:58 PM

A propósito de empregos registados:
Nos EUA, qual é o peso% no PIB da economia paralela?

Publicado por: zippiz às novembro 16, 2005 12:00 AM

ruizocas às novembro 15, 2005 11:58 PM

Desde que não seja à castanhada...

Publicado por: Vítor às novembro 16, 2005 12:01 AM

este blog tem mesmo afirmações fantásticas... parabéns a todos, sem excepção. quer dizer, até dá vontade de estudar Keynes e outros economistas, Huntigton, Fukuyama e outros, ler a bola, o record e outros quem sabe vizitar o site do sapo ou aeiou e outros... até se ouvem sinos no ar. Uma palavra , não duas: brilhante, genial.

Publicado por: ruizocas às novembro 16, 2005 12:08 AM

Publicado por: Coruja às novembro 15, 2005 10:59 PM

Cuidado!
Olhe que quem não é, não precisa de dizer que não é...

Publicado por: Aluno do Machado Vaz às novembro 16, 2005 12:42 AM

A situação não está boa e o relatório do BP é muito pessimista

Publicado por: David às novembro 16, 2005 12:47 AM

Mas talvez os 3% não tenham uma influência tão negativa assim. Não conheço bem a estrutura de custos das têxteis mais atrasadas (fiação, etc.).

Publicado por: David às novembro 16, 2005 12:49 AM

Não sejam depressivos.
Com isto
TD(t) – TD#(t-1) = - β .( ΔPIB&(t_t-1) – $K)
O Mozart fazia num instantinho dois concertos.

Sabiam que o Rui Reininho vai explicar a Sinfonia 40 K. 550 e se correr bem segue-se o Eusébio que falará sobre a influência de Braque no pós-modernismo.

É no Porto. Só por convites.

Publicado por: Especialista em derivados (da uva) às novembro 16, 2005 12:49 AM

Aluno do Machado Vaz: Você conhece esse provérbio. Mas os outros conhecem? Por isso, à cautela

Publicado por: Coruja às novembro 16, 2005 12:53 AM

Antes de mais nada, a contracção da procura interna - reflectida na diminuição da importações - deveria fazer pensar o pessoal que pensa que os problemas d«se resolvem todos tão só e apenas com mais justiça social... Mas enfim, a quem leu o Marx nos resumos das edições Avante! não se pode pedir muito mais.

Publicado por: Pedro Oliveira às novembro 16, 2005 01:29 AM

Já agora.o que menos interessa é se o Keynes era paneleiro ou heterosexual...

Publicado por: Pedro Oliveira às novembro 16, 2005 01:30 AM

Já agora, o que menos interessa é se o Keynes era paneleiro ou heterosexual...

Publicado por: Pedro Oliveira às novembro 16, 2005 01:30 AM

Py, desculpa, mas esta é minha

Publicado por: David às novembro 16, 2005 01:38 AM

Vítor às novembro 15, 2005 09:36 PM

Não me diga que não conhece esse fulano.

É assim uma espécie de Vasco Rato ganzado...

Publicado por: (M) às novembro 16, 2005 01:58 AM

Para o caso de não saber quem é o Vasco Rato, este é um clone deficiente do Luis Delgado.

Publicado por: (M) às novembro 16, 2005 02:00 AM

Mais umas perguntas para a estatística:

Sabendo-se que a União Europeia teve, desde os anos setenta, várias configurações, que números relativos à população activa estão a ser comparados com os EUA quando se fala da criação de empregos num período de 30 anos?

Qual foi a evolução da população activa dos EUA e da UE nos últimos vinte anos?

Qual é a percentagem da criação de empregos num e noutro espaço em relação ao total da população activa?

Publicado por: (M) às novembro 16, 2005 02:14 AM

Publicado por: (M) às novembro 16, 2005 02:14 AM

57-4: podes dar as voltar que quiseres, com percentagens de população activa ou o que te apetecer, mas não dá mesmo: é uma cabazada (mesmo que retires metade dos 'golos' dos Estados Unidos na secretaria). Podes sempre clamar pela vitória moral na (má e) velha tradição portuguesa...

Publicado por: Pedro Oliveira às novembro 16, 2005 02:27 AM

Pedro Oliveira às novembro 16, 2005 02:27 AM

O senhor desculpará, mas eu tenho um feitio mais para o científico do que para o religioso.
Se não tem números para fundamentar as opiniões, pode ir dar uma voltinha ao bilhar grande com a sua fé dos pregadores, que eu para essa procissão já dei.

Publicado por: (M) às novembro 16, 2005 03:19 AM

Mais perguntas para a estatística.

Alguém me sabe dizer se é verdade que:

- em 1960, nos EUA, a indústria transformadora representava 43 por cento do emprego privado e que em 2001 essa percentagem tinha baixado para 23 por cento de todo o emprego?

- no mesmo período, houve aumentos enormes na procura de trabalhadores qualificados, devido à revolução tecnológica e que o número de programadores, analistas e gestores de sistemas, engenheiros e outros profissionais de tecnologias da informação atingia já em 1991 um milháo e duzentos mil e que duplicou nos dez anos seguintes, passando para dois milhões e meio?

- o governo federal é o maior empregador dos EUA, com um total de 1,9 milhões de trabalhadores ao seu serviço, excluindo o serviço postal?

- o número de trabalhadores do governo federal irá crescer à taxa de 2,6 por cento ao ano até 2012?

- dos dez maiores empregadores dos EUA em 2004, quatro são agèncias federais?

Publicado por: (M) às novembro 16, 2005 03:36 AM

Dvid bem-vindo ao reino das kapikuas. Eu gosto de tod@s que os que gostam de kapikuas. Mas acho que só os machitos é que gostam.

Quanto a isso do pessimismo eu fiquei farto, agora ando numa de optimista a recibo verde.

Publicado por: py às novembro 16, 2005 08:00 AM

Engraçado: vem uma guerra, diminui a oferta e afinal a elasticidade da substituição ainda faz umas koisas:

"During the period of the First World War the homosexual members of the Bloomsbury Group (Keynes included) found their supply of eligible young men cut off and began to engage in flirtations and even liaisons with women. "

Publicado por: py às novembro 16, 2005 08:16 AM

... quanto aos homossexuais não reproductivos, para além de não contribuírem para a pressão demográfica e assim aligeirarem a competição entre os filhos d@s outr@s, vão deixando um legado cultural que faz girar a noosfera:

Sócrates, Alexandre, Joana d'Arc, Leonardo da Vinci, D. Henrique (ao que se diz), Isabel de Inglaterra, Shakespeare, Marguerite Yourcenar, Gore Vidal, etc, etc., e Alan Turing, por exemplo, já que a nossa comunicação aqui só é possivel sobre máquinas de Turing.

Do Keynes eu não sabia. Não sabia que tinha sido companheiro do O. Wilde. Este tramou-se por causa do jovem e belo pérfido marquês não-sei-das-quantas. Pois também há isso...

O Turing ainda não se sabe se se suicidou depois de um processo persecutório danado, ou se foi mesmo morto, porque estava envolvido nos segredos da criptografia.

Também há os hetero (?) com azar. Malthus andou a pensar a pensar e lá teve 3 filhos a partir dos trinta e tal anos, e nenhum lhe deixou netos...

Chaplin deu-me a alegria de pimbar aos 90 anos! Semmprei achei graça aos Mathusalens.

Depois há tod@s @s secret@s.

Publicado por: py às novembro 16, 2005 09:05 AM

já agora deixo-vos aí um instrumento precioso, chamado o quadrado de Apolonius ou quadrado da veridicção. Como não sei desenhar aqui, vocês pegam aí num papelinho e num lápis.

Fazem um quadrado. Num vértice escrevem "ser", no vértice oposto escrevem "não-ser"; nos dois restantes vértices (opostos) escrevem "parecer" e "não-parecer". Agora brincam com as conjunções representadas nos lados.

"ser e parecer" é considerado o verdadeiro transparente.

"ser e não parecer" é considerado o verdadeiro secreto.

"não-ser e parecer" é considerado o domínio do falso.

"não-parecer e não-ser" é considerado o domínio do irrelevante.

Concordam?

É um quadrado semiótico.

Publicado por: py às novembro 16, 2005 09:11 AM

O relatório do Banco de Portugal é muito negativo, mas importa saber porque é que estamos metidos neste buraco.

Portugal faz parte dos países de intermédio desenvolvimento que mais têm a perder com a globalização. Porque não podem competir, devido aos seus altos salários, com a China, mas também não conseguem refugiar-se num alto nível tecnológico, como o Japão.

Nos últimos anos o México tem perdido a grande velocidade as maquiladoras que lá tinham sido instaladas um decénio atrás. Vão para a China.

É certo que Portugal não é tão atrasado quanto o México, mas creio que os des(a)tinos são comparáveis.

Publicado por: Luís Lavoura às novembro 16, 2005 09:44 AM

O objetivo da atividade económica não é criar empregos, mas sim criar riqueza (bens úteis). Uma economia deve ser primariamente avaliada pela quantidade e qualidade dos bens que consegue produzir, e não pelo número de empregos.

A economia do Bangladesh tem imensos empregos (o Bangladesh tem uma população maior do que a da Alemanha!), mas não merece, certamente, ser muito louvada.

Os comunistas é que passam a vida a falar do "direito ao emprego". É curioso ver liberais de direita também tão preocupados com os empregos e a sua criação.

Publicado por: Luís Lavoura às novembro 16, 2005 10:41 AM

Quando se fala no elevado PIB (ou seja riqueza) dos USA, isso não é importante, o que é importante é a qualidade de vida, a justiça social.
Quando se fala em que os USA criam substancialmente mais empregos que a UE, o que importa é a riqueza criada e não os empregos.

Publicado por: Rui Sá às novembro 16, 2005 10:46 AM

Publicado por: Coruja às novembro 16, 2005 12:53 AM

É possível, e se calhar avisado, que tenha razão.
Mas palpita-me que partiu um coração!

Publicado por: Leitor da "Maria" às novembro 16, 2005 10:51 AM

Luís Lavoura às novembro 16, 2005 10:41 AM

Eu sempre ouvi dizer que os comunistas falam do «direito ao trabalho».
E vejo agora escrito (subentende-se) que isso é um disparate.
Se é assim, deve haver muita gente burra no planeta, A começar pelos que partilham a doutrina social da Igreja, que defende exactamente o mesmo direito.
O Luis Lavoura vai ter um trabalhão a «desconvencer» tanta gente.

Publicado por: (M) às novembro 16, 2005 10:52 AM

Rui Sá às novembro 16, 2005 10:46 AM

A mim disseram-me que o que conta para medir a qualidade de vida de um povo não é a riqueza criada, mas sim a maneira como ela é distribuída e aplicada.
Há países com um PIB elevadíssimo e com a pobreza instalada em largas camadas da população.

Também me disseram que o PIB per capita é apenas uma medida estatística. Só por si não dá garantias nenhumas quanto ao rendimento dos cidadãos.

Publicado por: (M) às novembro 16, 2005 10:58 AM

como isto está encravado, um primo.

Publicado por: py às novembro 16, 2005 12:05 PM

Dados de 1998 apresentados por Tom Peters no espectacular livro "Re-imagine" (interessados leiam o lado direito da página 6 (41) aqui http://www.tompeters.com/reimagine/files/Chapter2.pdf )
Estes dados, referentes ao período de 1980 a 1998, segundo Mortimer B. Zuckerman, "Debate: A second American Century", Foreign Affairs, May/June 1998, em que nos Estados Unidos terão sido destruídos 44 milhões de postos de trabalho (a desindustrialização) e criados 73 milhões de postos de trabalho (empreendedorismo), o que´terá dado um saldo líquido de 29 milhões de postos de trabalho. Recordo que a Harvard Business Review de Outubro de 2005 prevê que em 2005 terão sido criadas 1 milhão de novas empresas nos Estados Unidos.
O mesmo autor refer que durante o mesmo período de tempo na União Europeia terão sido criados 4 milhões de postos de trabalho, sobretudo na administração pública. Isto são dados de 1998, é natural que a lacuna entre a Europa e os Estados Unidos continue a crescer e a acelerar.

Publicado por: diogenes às novembro 16, 2005 12:09 PM

Este Azevedo Soares fazia parte da vereação de Csacais no tempo do Judas...

http://dn.sapo.pt/2005/11/16/nacional/psd_duro_a_reagir_a_afirmacoes_manue.html

A outra está a branquear o cavaco, para ver se convencem o povo que ele não deitava abaixo o Sócrates.

Publicado por: py às novembro 16, 2005 12:12 PM

não é preciso criar empregos se não houver desempregados, mas se houiver desempregados é preciso ocupar as pessoas para que elas sobrevivam. uma boa distribuíção da riqueza não é pagar subsidios de desemprego ou garantir salários minimos, mas fornecer bons serviços básicos. Produzir muito e gastar pouco é a melhor politica de distribuição da riqueza do ponto de vista do cidadão, produzir muito e gastar tudo o que se pode é a melhor politica de distribuição da riqueza do ponto de vista do estado

Publicado por: ruizocas às novembro 16, 2005 12:19 PM

A «Auto-Europa» ...

La VW EOS pas satisfaisante ...

«C'est Wolfgang Bernhard, le big boss de VW en personne qui l'affirme. Le 'Cost Killer' en place qui souhaite faire baisser les dépenses dues aux garanties, a retardé de 2 mois le lancement du Coupé-Cabriolet VW Eos. Des soucis de qualité rencontrés sur les prototypes n'ont toujours pas trouvé de solution et, chez VW, on ne souhaite pas obérer les désirs d'économie du dynamique Wolfgang en lançant sur le marché une auto non aboutie dont les prévisions de ventes annoncent fièrement le chiffre de 50 000 exemplaires produits par an.
On peut appeler ça de la sagesse, voire du pragmatisme mais ça n'est pas en tout cas un coup de Marketing !».

Publicado por: asdrubal às novembro 16, 2005 12:25 PM

tufa, basar

Publicado por: py às novembro 16, 2005 12:26 PM

A criação de empregos é um sinal de dinamismo da economia. Um grande sinal.
Nunca vi nenhum liberal falar do "direito ao emprego". Isso não existe. É uma falácia tão grande como falar do direito ao automovel.

A criação de emprego não se faz por decreto (ao contrario do que pensam muitos socialistas - se assim fosse a URSS tinha sido um exemplo de sucesso económico, em vez de ser um exemplo de penúria generalizada).

A criação de emprego faz-se entre muitas outras maneiras:
- dando condições aos investidores para ganharem dinheiro (baixar ou até eliminar o IRC que é um duplo imposto, baixar o IVA)
- evitando a subsidiodependência dos agentes económicos (empresas e trabalhadores)
- eliminando os entraves ao despedimento e contratação de trabalhadores (uma coisa que os sindicatos dinamarqueses já perceberam finalmente, mas que o Sócrates tão voltado para esse exemplos pretende continuar a ignorar - as pressões são muitas e veem de onde menos se espera, PSD por exemplo)

Publicado por: Joao P às novembro 16, 2005 12:52 PM

Há uma grande confusão sobre os desígnios dos economistas neoclássicos. Por exemplo, quando atacam o salário mínimo, não é numa perspectiva anti-emprego mas exactamente a contrária. Os que se opõem ao salário mínimo afirmam que essa não é a melhor maneira de combater a pobreza. Eles acham que um salário mínimo elevado causa desemprego, incentiva os jovens a abandonar os estudos precocemente e impede que trabalhadores não qualificados obtenham a formação no emprego de que necessitam. E acham, ainda, que o salário mínimo é uma política que dificilmente atinge o alvo pretendido. Nem todos os trabalhadores que recebem salário mínimo tentam fugir da pobreza. Na verdade, menos de um terço dos que ganham salário mínimo são de famílias com renda abaixo da linha de pobre (nos EUA). E muitos são jovens da classe média trabalhando em part-time.

Publicado por: Joana às novembro 16, 2005 01:12 PM

Queria chamar a atenção para um ponto.
Se em 2006 o crescimento das exportações não for 5,7% mas, por exemplo, 1,7%, a balança comercial sofreria um agravamento de 4% se as importações ocorressem de acordo com as previsões. Isso não sucederia porque a estagnação das exportações teria reflexos negativos no consumo e investimentos privados.

Suponhamos que sofreria apenas um agravamento de 2%.

Isso significaria que o PIB, em vez de crescer 1,1%, diminuiria 0,9% e que a taxa de desemprego aumentaria 1,6% (sem falar em eventuais demissões no sector público).

Isto é um quadro negro, mas com muitas possibilidades de acontecer.

Publicado por: Joana às novembro 16, 2005 01:20 PM

“Neo-liberalism is a weapon of conquest. It announces an economic fatality against which all resistance is vain. Neo-liberalism is similar to AIDS: it destroys the immunity system of its victims.…
Pirre Bordeau

Publicado por: xatoo às novembro 16, 2005 02:05 PM

Who are the neoliberals?

The robber barons of old ruled their world. Today’s robber barons are much more powerful than those earlier titans, and they appear to be all but unbeatable.
The planet is owned and ruled by the same people; not the heads of State, but the owners of the Capital. State governments, if unyielding to the superior power of the capitals, run the risk of becoming figureheads in the claws of the neoliberals.

Publicado por: xatoo às novembro 16, 2005 02:09 PM

Joana às novembro 16, 2005 01:12 PM

Em Portugal, uma classe importante (embora em vias de extinção) de pessoas que auferem o salário mínimo são as porteiras. Têm muito pouco trabalho a fazer, casa à borla, e total segurança no trabalho (é impossível despedir uma porteira).

Publicado por: Luís Lavoura às novembro 16, 2005 02:12 PM

Não compreendo o sentodo da frase mas não conheço Pirre Bordeau. Será que se refere ao falecido Pierre Bourdieu? Se é estamos conversados, sobre o simbolismo ou seriedade das afirmações do homem. Langue de bois chamam os franceses a esse tipo de afirmações.

Publicado por: Joao P às novembro 16, 2005 02:15 PM

Aliás, as porteiras são um exemplo de como as estatísticas sobre o emprego e a sua criação podem ser enganadoras. Formalmente as porteiras têm emprego. Na prática, dada a muito baixa produtividade desse emprego, trata-se apenas de uma forma de camuflar o desemprego.

Em Portugal, quando um prédio de habitação não tem porteira, geralmente o condomínio contrata uma mulher-a-dias para limpar as escadas e partes comuns. Desta forma, um emprego é criado. Mas trata-se, mais uma vez, de um emprego de muito abixa produtividade. Na Alemanha os condóminos repartem entre si a tarefa de lavar as escadas e partes comuns do prédio: em cada semana a tarefa cabe a um condómino. Este arranjo diminui o emprego e o PIB. No entanto, os prédios permanecem limpos.

Publicado por: Luís Lavoura às novembro 16, 2005 02:18 PM

Espero que Deus me dê anos suficientes de vida para ver o desastre que se aproxima. Não porque goste de desastres, mas porque, como economista, estou interessado em ver como os nossos amigos liberais vão descalçar a bota. Quando qualquer economista com um mínimo de bom senso já percebeu que teremos de criar espaços económicos (à escala continental) protegidos, ainda há quem fale em desmantelamento da segurança social, numa febre de regressar ao pior do século XIX. Como é impossível, nas próximas décadas, concorrer com os chineses e com os indianos (entre outros), a manutenção das políticas de globalização só pode lançar-nos no abismo. A não ser que os liberais de serviço nos digam como é que se pode competir com chineses tão aptos como nós e muito mais baratos, sem descer os nossos salários e condições laborais ao nível chinês, parece-me que a única saída, até os custos de produção na China serem semelhantes aos nossos, é impedir toda a importação de bens com essa origem. E provavelmente seria igualmente necessário acabar com a livre convertibilidade das moedas dos grandes espaços económicos. Estados Unidos, Europa, América Latina, África, etc. vão ter de se constituir em autarcias económicas até que os custos de produção se aproximem entre todos estes blocos. Só então se poderá regressar a uma globalização prudente e progressiva. Até lá, é cada um por si. O pouco que se perderá em eficiência será mais do que compensado pela sobrevivência económica e pela manutenção do bem estar.

Publicado por: Albatroz às novembro 16, 2005 02:24 PM

Albatroz às novembro 16, 2005 02:24 PM

Tenho a impressão de que Você tem razão.

Apareceu há pouco tempo no mercado um livro muito interessante, "Quando a China mudar o mundo". Vale a pena ler, embora o estilo por vezes (mas nem sempre) seja um pouco superficial. Uma das coisas que diz é que, numa terra qualquer no interior do Sul da China, os salários industriais não se alteraram (isto é, não subiram) nos últimos dez anos, e que os patrões de lá afirmam que não terão necessidade de os subir durante os próximos 10 a 15 anos. Porque a quantidade de pessoas desempregadas ou em vias de o vir a ficar é muito grande, pelo que os salários são mantidos baixos.

Ora, daqui a 10 ou 15 anos, quando supostamente os salários começarem a subir, onde estará já a China, na cadeia tecnológica de valor?

Já não bastava a Portugal ter que aguentar o embate de 20 milhões de romenos, e mais não-se-quantos búlgaros, que daqui a 2 anos entram para a UE. Ainda temos que competir com o Império do Meio.

Publicado por: Luís Lavoura às novembro 16, 2005 02:36 PM

Albatroz: acho piada você dizer isso, quando não tem quaisquer soluções (excepto a solução impossível de fechar as fronteiras)

Publicado por: V Forte às novembro 16, 2005 02:42 PM

É que ninguém, na Europa desenvolvida quer que a UE feche as fronteiras para Portugal poder concorrer com os têxteis chineses.

Publicado por: Vasco Forte às novembro 16, 2005 02:43 PM

Estou-me nas tintas para o problema específico português. É a economia europeia - e o nosso bem estar colectivo - que só sobreviverá se nos fecharmos no nosso mercado de 500 milhões de pessoas. Temos é de encontrar resposta para o problema energético, mas estou convencido que uma combinação de energias renováveis, hidrogénio e fusão nuclear acabarão por resolver o problema. Depois é esperar que os outros cheguem mais próximos do nosso nível, para voltarmos a conversar. E o que é curioso é que os próprios países menos desenvolvidos beneficiariam se nós deixássemos de negociar com eles e de os roubar...

Publicado por: Albatroz às novembro 16, 2005 02:49 PM

Vasco Forte às novembro 16, 2005 02:43 PM

O problema na Europa (na UE) não se limita aos têxteis portugueses. Abrange uma quantidade cada vez maior de setores industriais e de pessoas.

É claro que, na Europa, quem mais se lixa são os países com um estado de desenvolvimento intermédio, como Portugal. A França pode vender à China centrais nucleares e TGVs, a Alemanha pode-lhe vender produtos químicos e MAGLEVs, e a Itália pode-lhe vender máquinas para produção têxtil. Portugal não pode vender nada disso, apenas apanha com a tarefa impossível de ter que concorrer com os produtos chineses de baixa tecnologia.

É isto, em boa parte, creio, que está por detrás do nosso progressivo afastamento (em termos de crescimento do PIB) em relação ao grosso da UE. A UE cresce a 1,5% ao ano porque consegue vender coisas à China. Portugal cresce a muito menor taxa porque não consegue competir com a China. De facto, a aparição do progressivo distanciamento de Portugal em relação aor esto da UE coincide com o aparecimento progressivo da China nos mercados internacionais. À medida que esse aparecimento se acentuar - como necessariamente acontecerá nos próximos anos - mais Portugal se distanciará do resto da UE.

Publicado por: Luís Lavoura às novembro 16, 2005 02:59 PM

Pois é, mas essas 500 milhões de pessoas estão-se nas tintas para a sua teoria, Albatroz. Ainda não percebeu?
A Europa desenvolvida só sobrevive exportando produtos de alto valor acrescentado. Se fecha as fronteiras seria o desastre total.

Publicado por: Vasco Forte às novembro 16, 2005 03:00 PM

Duvido que a fusão nuclear possa ser uma fonte produtora de energia num futuro próximo. Nem daqui a 100 anos. Pergunte ao Luís Lavoura, que é capaz de ter uma ideia mais precisa sobre o assunto.

Publicado por: Vasco Forte às novembro 16, 2005 03:03 PM

"A Europa desenvolvida só sobrevive exportando produtos de alto valor acrescentado. Se fecha as fronteiras seria o desastre total."

Seria tão bom que os slogans não substituissem o raciocínio... Mas porque razão é que fechar as fronteiras se traduziria num "desastre total"? A Europa pode produzir quase tudo o que precisa. Só produtos agrícolas tropicais estariam excluídos. E um mercado de 500 milhões de pessoas é suficientemente grande para que se pudesse beneficiar de todas as economias de escala.

Publicado por: Albatroz às novembro 16, 2005 03:09 PM

Tem piada você criticar-me por slogans e escrever as 3 últimas frases que são slogans sem qualquer fundamentação. Se tivessem algum fundamento não acha que os líderes europeus não teriam pensado no assunto?

Publicado por: Vasco Forte às novembro 16, 2005 03:18 PM

Albatroz às novembro 16, 2005 03:09 PM

É verdade qum uma comunidade de 500 milhões de pessoas pode produzir (quase) tudo de que necessita. Mas pode ficar estagnada. A China é neste momento o grande motor da economia mundial. Por exemplo, o Japão foi tirado do marasmo económico em que se atolou durante a década de 90 pelo dinamismo da procura chinesa. Se a Europa desacoplasse, de alguma forma, da China, seria auto-suficiente, sem dúvida, mas provavelmente estagnaria, por falta de procura interna.

Publicado por: Luís Lavoura às novembro 16, 2005 03:18 PM

Tem piada você criticar-me por slogans e escrever as 3 últimas frases que são slogans sem qualquer fundamentação. Se tivessem algum fundamento não acha que os líderes europeus não teriam pensado no assunto?

Publicado por: Vasco Forte às novembro 16, 2005 03:18 PM

Vasco Forte às novembro 16, 2005 03:03 PM

Não faço ideia quando é que a fusão nuclear poderá ser uma fonte "comercial" de energia. Os especialistas dizem que daqui a 50 anos. Mas há que ter em conta que eles já diziam isso há 50 anos atrás. Da fusão nuclear parece poder dizer-se que é a energia do futuro... e será sempre! Ou seja, é sempre uma energia do futuro, nunca é uma energia do presente.

De qualquer forma, a fusão nuclear, se alguma vez vier a ser uma energia "comercial", sofrerá, com toda a probabilidade, de um enormíssimo problema: exigir um investimento monstro para uma instalação industrial única, a qual produzirá uma quantidade enorme de energia. Repare que a próxima unidade de investigação da fusão nuclear, a ser construída em França, será tão cara e tão complexa que na sua construção e operação participará todo o mundo desenvolvido (EUA, Japão, Rússia, Europa, China). Todo o mundo desenvolvido se junta para construir uma única instalação de investigação, porque ela é de tal forma cara e complexa que não dá para menos. Ora, isto quer dizer que, se no futuro a fusão nuclear vier a ser uma fone "comercial" de energia, provavelmente muitos pequenos países ficarão na dependência energética de outros países. Haverá poucas centrais de fusão, e quem as tiver no seu território terá um enorme poder sobre os países aos quais elas fornecem eletricidade.

Será um arranjo politicamente muito delicado.

Publicado por: Luís Lavoura às novembro 16, 2005 03:26 PM

O problema da fusão nuclear é controlar um processo que se desenvolve a temperaturas de milhões de ºC.

Publicado por: Vasco Forte às novembro 16, 2005 03:31 PM

Luís Lavoura às novembro 16, 2005 03:18 PM

Falta de procura interna? Quinhentos milhões de consumidores não geram procura suficiente? E se os rendimentos fossem aumentando, não criaria isso um acréscimo de procura interna?

Quanto à fusão nuclear, a Europa no seu todo não teria meios para construir um central de fusão? E, com o tempo, não seria natural que os custos fossem diminuindo?

Publicado por: Albatroz às novembro 16, 2005 03:32 PM

"A Europa pode produzir quase tudo o que precisa." Não é um slogan, é uma realidade tecnológica e económica.

"Só produtos agrícolas tropicais estariam excluídos." Não é um slogan, é uma evidência.

"E um mercado de 500 milhões de pessoas é suficientemente grande para que se pudesse beneficiar de todas as economias de escala." Não é um slogan, é uma realidade económica.

Publicado por: Albatroz às novembro 16, 2005 03:34 PM

"Realidades" que não existem, nem os políticos, e mais importantes economistas e financistas europeus acreditam, não são realidades.

Publicado por: Vasco Forte às novembro 16, 2005 03:40 PM

"O objetivo da atividade económica não é criar empregos, mas sim criar riqueza (bens úteis)."
Para vender aos desempregados, claro!

Publicado por: Senaquerib às novembro 16, 2005 03:42 PM

Quem são os "mais importantes economistas e financistas europeus"?

Publicado por: Albatroz às novembro 16, 2005 03:52 PM

Joao P às novembro 16, 2005 02:15 PM

"Pierre-Félix Bourdieu (August 1, 1930-January 23, 2002) was a French sociologist. In his obituary, The Guardian newspaper in the United Kingdom said he "was, for many, the leading intellectual of present-day France... a thinker in the same rank as Foucault, Barthes and Lacan". His book Distinction: A Social Critique of the Judgment of Taste, was named as one of the 20th century's 10 most important works of sociology by the International Sociological Association. Although he has a formidable reputation amongst sociologists in the English-speaking world, he is much less well-known among the general Anglophone intelligentsia than Foucault or Jacques Derrida."

Aprentemente nem toda a gente despreza o homem...

Publicado por: Albatroz às novembro 16, 2005 03:55 PM

São aqueles que têm estado à frente das instituições europeias e nacionais, que representam quase todo o espectro partidário (excepto a extrema esquerda e a extrema direita), etc.

Publicado por: Vasco Forte às novembro 16, 2005 03:57 PM

Parece que vamos ter de seguir a sugestão de Silva Lopes e dar subsídios às exportações. Antes do Cavaco o subsídio era a desvalorização, agora, pós Cavaco-Guterres-Durão-Santana, é cash.

Publicado por: Ricardo D. às novembro 16, 2005 04:13 PM

Publicado por: Luís Lavoura às novembro 16, 2005 03:26 PM

Como sabe "escolheram" a França em vez do Japão vá lá $aber-$e porquê.

Claro que essa unidade construída onde quer que seja e com capitais mistos terá que distribuir a energia de acordo com protocolos bem firmados.

Se eles tiverem dificuldades podem pedir a ajuda dos portugueses que negociaram com surpeendente êxito Cahora Bassa e a dívida que trazia acoplada.

Publicado por: Contactem-me no Julio de Matos às novembro 16, 2005 04:21 PM

Os portugueses construiram Cabora Bassa.

Publicado por: Coruja às novembro 16, 2005 04:31 PM

Não têm nada a ver com Cahora Bassa

Publicado por: Coruja às novembro 16, 2005 04:32 PM

Se receberem alguma massa estão com sorte

Publicado por: Coruja às novembro 16, 2005 04:34 PM

É o que acontece com quem trabalha para empresas que mudam de nome.

Publicado por: Coruja às novembro 16, 2005 04:36 PM

Publicado por: Coruja às novembro 16, 2005 04:36 PM

E de cor.....!!

Publicado por: Passeando na Avenida do Brasil às novembro 16, 2005 04:55 PM

Senenak e Zippiz - sobre a sexualidade de Keynes: ele era, efectivamente homosexual. Ou melhor: dava para os dois lados.

Fazia parte do célebre Bloombery Group, iniciado pela Virgínia Woolf e seu marido que, nos anos a seguir à 1ª Guerra Mundial criaram uma pequena editora em Londres, onde muitos intelectuais se reuniam, tendo alguns morrido como voluntários na Guerra de Espanha, lutando contra Franco.

Faziam parte deste grupo, poetas, escritores , pintores, outros artistas plásticos e o célebre economista atrás referenciado.

Sendo um grupo de vanguarda que combatiam toda a espécie de perconceitos, eram de esquerda e atiravam-se aos rígidos costumes vitorianos então em voga.

Praticavam sexo livremente e com total desinibição, sendo usual trocarem de parceiro entre o grupo, do mesmo sexo ou não, ao fim de algum tempo.

Um dos parceiros famosos de Keynes era o historiador Leytton Sttachy. Este foi o percursor dos divulgadores da história, esteve para casar com a Virgínia, mas acabou por ter relações sérias com muitos homens, e com uma única mulher - a pintora Carrington (que se matou quando ele morreu de doença).

Keynes era uma figura: competentíssimo e de reconhecido mérito, era bem recebido apesar das relações homosexuais, era muito espirituoso e já entradote, decidiu casar com uma bailarina russa de fama duvidosa. E, para chatear os snobs e a nobreza dos salões da altura, passeava-se vistosamente com ela, indiferente aos comentários à sua volta.

Relembrando um elemento da história mais recente: Mário Soares, nos anos 70, gritava para quem o queria ouvir, que era um keynesiano puro.

Publicado por: Saloio às novembro 16, 2005 05:15 PM

saloio, obrigado!
sabe, sobre a sua nota final, eu também li Finanças Públicas de CSilva...

Publicado por: zippiz às novembro 16, 2005 05:39 PM

«Todo o mundo desenvolvido se junta para construir uma única instalação de investigação, porque ela é de tal forma cara e complexa que não dá para menos.»

Luis Lavoura, lá para trás
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Não é tão linear assim. É verdade que a instalação é cara e complexa, mas a razão principal da convergência desses países é menos económica e mais científica.
A investigação está a decorrer há muitos anos num quadro de divisão de trabalho: cada país tem o seu papel específico.
Essa partilha de conhecimentos corresponde, grosso modo, ao princípio 'muitas cabeças pensam melhor que uma só' e o objectivo estratégico é encurtar o tempo que terá que passar até ao aproveitamento comercial da fusão nuclear.
Creio que é uma rematada tolice dizer que nem daqui a cem anos teremos fusão nuclear. Quem tal afirma teria dito, certamente, em 1900, que nem daí a cem anos (ou 200, quiçá) o homem chegaria à lua.

Publicado por: (M) às novembro 16, 2005 07:28 PM

Vão desculpar-me, mas esta conversa sobre a sexualidade de Keynes é própria mais da revista Maria do que deste blog

Publicado por: (M) às novembro 16, 2005 07:32 PM

Ainda agora ouvi, na televisão, Manuel Alegre a repetir aquela estória da necessidade de valorizar os recursos humanos... não sei porquê mas cada vez acredito mais que a solução não passa por mexer na oferta de recursos humanos qualificados, mas por actuar sobre a procura de recursos humanos qualificados (criando as condições para que novas organizações que deles precisem nasçam). Aumentar a oferta de recursos humanos qualificados só contribuirá para aumentar o fluxo emigratório da gente que cá não encontra colocação profissional.

Publicado por: diogenes às novembro 16, 2005 07:55 PM

Não é a primeira vez que um professor do Instituto Superior Técnico afirma "impossibilidades" que depois se concretizam.
Depois ou mesmo antes, como aconteceu com o professor Varela Cid que, em 5 de Outubro de 1957, afirmou que era impossível acontecer o que tinha acontecido no dia anterior: o lançamento do Sputnik para o espaço.

Publicado por: Senaquerib às novembro 16, 2005 08:37 PM

Não é a primeira vez que um professor do Instituto Superior Técnico afirma "impossibilidades" que depois se concretizam.
Depois ou mesmo antes, como aconteceu com o professor Varela Cid que, em 5 de Outubro de 1957, afirmou que era impossível acontecer o que tinha acontecido no dia anterior: o lançamento do Sputnik para o espaço.

Publicado por: Senaquerib às novembro 16, 2005 08:42 PM

olha que nem ali um tipo pode estar descansado...

http://online.expresso.clix.pt/1pagina/artigo.asp?id=24755241

Publicado por: py às novembro 16, 2005 08:43 PM


Há um problema interessante que é que no contínuo a probabilidade de um ponto é zero e no entanto o ponto é um acontecimento, e portanto pode acontecer...

Esta coisa ainda aguenta com descontinuidades, exige-se é que o seu conjunto tenha medida nula.

Publicado por: py às novembro 16, 2005 08:46 PM

«(...)La phase de construction d'une durée de 8 à 10 ans débuterait en 2005 et les premiers plasmas d'ITER sont envisagés en 2015. La phase d'exploitation devrait durer un minimum de 20 ans (...)».

http://www-fusion-magnetique.cea.fr/

Publicado por: asdrubal às novembro 16, 2005 08:59 PM

Discordo do Luís Lavoura em 2 pontos:

1-Porteiras. Acho que o critério escolhido para concluir que as porteiras são um "emprego fictício" não faz grande sentido. Na Alemanha, onde as pessoas partilham a limpeza, elas perdem algumas horas. Todas juntas perdem bastante tempo.
O mesmo se sucede com uma mulher a dias: os donos da casa podiam subsistir sem ela, mas não quer dizer que não seja um emprego válido.
Claro que se pode argumentar que as porteiras ganham mto p/ o pouco q fazem, mas isso é algo bem diferente...

2- Fusão: é a área onde pretendo fazer carreira :), e já comecei a trabalhar nisso. Sinto-me relativamente dentro do assunto e posos dizer que:

A- 50 anos é uma estimativa perfeitamente plausível e razoável para o tempo que a fusão deve levar a começar a ser viável economicamente. Podem ter havido estimativas falsas há um tempo atrás, mas nunca existiu a confiança nessas estimativas que existe agora, que se conhece muito melhor o problema e que se sabe que é uma solução fundamentalmente de engenharia.

B- Uma vez conseguindo-se um reactor que funcione, a contrução de uma centrar de fusão será muito barata. A central em si custará muito menos que uma central de fissão, por exemplo. Os custos da central de fusão serão essencialmente tecnológicos. Essa tecnologia poderá ser muito lucrativa, numa fase inicial, para a Europa, que deterá a maior parte do Know-How da Fusão, visto que é quem mais está a investir nessa tecnologia. No entanto, no longo prazo, não existe forma de energia mais "democrática" do que esta: qualquer sociedade, qualquer país pode produzir energia desta forma independentemente dos seus recursos naturais.
Vai ser excelente para as relações diplomáticas, comerciais e económicas no mundo :)

Publicado por: Alfredo às novembro 16, 2005 11:56 PM

Isto é só conversa de chacha

Publicado por: Cisco Kid às novembro 25, 2005 01:51 AM

Isto é só conversa de chacha

Publicado por: Cisco Kid às novembro 25, 2005 01:51 AM

Isto é só conversa de chacha

Publicado por: Cisco Kid às novembro 25, 2005 01:51 AM

Isto é só conversa de chacha

Publicado por: Cisco Kid às novembro 25, 2005 01:52 AM

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