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setembro 20, 2005

Assimetrias Regionais

As contas regionais do INE referentes a 2003 mostram um país com profundas assimetrias. Mas são assimetrias já conhecidas e que permanecem há décadas apesar das contribuições líquidas entre as regiões mais ricas e as outras. Há apenas uma região que “fugiu” a essa assimetria homotética e tem crescido a um ritmo muito superior à média nacional, tornando-se, de uma das regiões mais atrasadas do país, na segunda região mais rica, atrás de Lisboa: a Madeira. Alguns sugeriram que essas assimetrias teriam que ver com a existência de poder político em Lisboa (e na Madeira). Curiosamente algumas dessas sugestões provieram de áreas que consideram despiciendo, ou mesmo prejudicial, o papel do Estado.

Há um ponto, todavia, que justifica parte do enviesamento de Lisboa: um peso maior da administração central. É certo que o funcionalismo público está distribuído com alguma equidade pelo país (professores, pessoal da saúde, efectivos da segurança, pessoal autárquico, etc.). Todavia os ministérios e diversos institutos públicos estão sedeados em Lisboa. Ora como se sabe, o sector público é, excepto nos escalões mais elevados, melhor remunerado que o sector privado, para a mesma qualificação. Essa remuneração adicional pode justificar uma parte, provavelmente pequena, das assimetrias (Ver adiante quadro com PIB per capita e Produtividade para as Nuts III em 2003).

Há diversos factores que podem igualmente ser explicativos. Um deles é o facto da indústria de mão-de-obra intensiva e de baixa qualificação se ter implantado preferencialmente no norte do país. Esta situação tornou mais frágil o tecido industrial daquela zona e mais sensível às flutuações dos mercados internacionais. Esta é uma situação que dura há décadas. Estima-se que o nível de remunerações dos sectores exportadores de baixo valor acrescentado tenha subido menos que a média nacional, para manter a competitividade internacional.

Entretanto, a abertura dos mercados mundiais e o aparecimento dos novos gigantes asiáticos estão a degradar os rendimentos daquelas populações. Tem havido numerosos despedimentos e as estatísticas mostram que, quando se arranja um novo emprego, a média da remuneração é cerca de 10% inferior. Este factor poderia adicionar-se ao anterior. Para experimentar esta hipótese construí um quadro que apresento abaixo, onde calculei as variações anuais de diversos parâmetros entre 1995-2003, 1999-2003 e 2001-2203, justamente para ter em conta crescimentos diferenciados naqueles períodos. Verifica-se que, por exemplo, a diferença entre o crescimento de Lisboa e do Norte se vai atenuando à medida que o período é mais próximo. Ora esta constatação contraria a hipótese formulada. Em contrapartida, essa aproximação poderia ter a ver com o congelamento dos salários da função pública. Todavia, se se observar as variações das outras Nuts II, essa conclusão não parece tão evidente. Não é pois possível tirar conclusões sobre o efeito da crise dos têxteis e do calçado. Contudo 2003 ainda não é um ano significativo no que respeita aos efeitos dessa crise nas contas regionais. As estatísticas de 2004 e 2005 talvez possam permitir conclusões mais consistentes.

Outra explicação terá a ver com a mentalidade das populações. O desenvolvimento do capitalismo operou-se com lutas laborais, sociais e políticas, que atingiram grande intensidade. Essas lutas constituíram um ensinamento para todos, quer do ponto de vista teórico, quer prático. Foram escolas onde se forjaram sociedades mais adultas e com espírito cívico e de cidadania mais desenvolvidos. A sociedade minifundiária e mais tradicionalista da metade norte do país permaneceu arredada dessas pugnas, mais que a metade sul e, principalmente, Lisboa. Essa diferença de mentalidades é importante na forma e estilo de abordagem e de condução dos negócios e no profissionalismo dos trabalhadores.

Vou citar 2 exemplos:

1 – Tenho, por experiências pessoais, verificado que os autarcas do sul têm, em geral, um espírito de solidariedade maior que os do norte e são capazes de terem uma visão mais equilibrada dos interesses mútuos das diversas autarquias empenhadas num dado projecto. Os autarcas do norte mostram-se muito unidos a exigirem as comparticipações e financiamentos, mas logo que os obtêm, surge frequentemente a intriga, com cada um a puxar para seu lado e as coisas emperram e protelam-se desnecessariamente.

2 – Estive há uns 3 anos a almoçar com um sujeito que tratou da liquidação de uma empresa mineira de Aljustrel e de outra na Urgeiriça. Foram processos longos e morosos. Segundo ele, as negociações com os sindicatos em Aljustrel eram terríveis, levavam a discussões acaloradas e prolongadas mas, quando chegavam a um acordo, ele era cumprido por todos. O assunto estava encerrado e passava-se adiante. Na Urgeiriça o acordo era facílimo de obter, mas quando se chegava ao seu cumprimento, cada pessoa era um caso. Ninguém estava de acordo com “o acordo”, porque o seu caso era especial. Depois do acordo é que negociação se tornava num inferno insolúvel.

Estes exemplos valem o que valem. Por outro lado, o próprio desenvolvimento social e a educação tende a modificar lentamente essas mentalidades. Acredito todavia que parte do atraso de zonas como o Tâmega, Beira Interior, Alto Trás-os-Montes pode ter esta explicação como causa.

O extraordinário progresso da Madeira terá algo a ver com a autonomia, mas não só. Os Açores tiveram essa autonomia e só há pouco tempo se começaram a desenvolver com algum vigor. Na Madeira houve claramente um projecto que apostou no desenvolvimento das suas vantagens comparativas e que concitou a adesão da sociedade civil. O Algarve, que tem vantagens semelhantes às da Madeira, não as soube aproveitar tão bem, embora se possa queixar de ser, juntamente com Lisboa, o único contribuinte líquido inter-regiões. Se houvesse lá um AJ Jardim talvez não o fosse ...

É incontestável que a excessiva centralização da decisão em Portugal tem servido para emperrar o desenvolvimento. A questão é que emperra o desenvolvimento de “todo” o país, e não apenas das zonas periféricas. A burocracia cria tantos problemas a quem mora nas traseiras do Terreiro do Paço, como a um agente económico de Vinhais. Por outro lado, se exceptuarmos parte do litoral do país, há uma escassez gravíssima de massa crítica. Não é possível estabelecer indústrias minimamente qualificadas em quase todo o país, por falta dessa massa crítica. Não há gente qualificada ou, quando a há, é em quantidade muito insuficiente. O complexo de Sines, por exemplo, quando precisa de gente qualificada, tem que a importar de Lisboa ou de outras partes do país. Portanto, se exceptuarmos alguns pólos urbanos do litoral, a centralização é má, mas a descentralização é, actualmente, impossível. O interior do país entrou numa espiral de subdesenvolvimento que terá que ser combatida. Uma descentralização só poderá ser feita promovendo simultaneamente a criação de pólos urbanos com massa crítica adequada.

Aliás, se observarmos o quadro das NUTs 3, verifica-se que as profundas assimetrias se mantêm dentro das NUTs 2. Há uma diferença abissal entre o Grande Porto e o Tâmega. Provavelmente, dentro do Grande Porto existirá igualmente uma forte assimetria entre a cidade do Porto e os concelhos mais periféricos. A região Norte é a mais pobre, mas o Grande Porto está ao nível do Algarve e do Alentejo Litoral (região atípica, de baixa densidade populacional, onde o complexo de Sines e o turismo têm um peso importante).

Estas assimetrias são difíceis de corrigir, mesmo em países bastante descentralizados e com um forte poder regional. Há a experiência dos milhões recebidos pela ex-RDA e dos resultados pouco convincentes da aplicação desses fundos. A Alemanha saiu da 2ª Grande Guerra arrasada. O seu único capital eram os alemães, o seu know-how, a sua disciplina e o seu profissionalismo. Em menos de 20 anos tornaram-se na primeira potência económica da Europa. A mentalidade de dependência do Estado instilada durante mais de 4 décadas aos cidadãos da RDA foi muito mais destrutiva que as bombas dos Aliados. Passaram-se 15 anos e continua a não conseguir ultrapassar o atraso.


Tivemos igualmente a experiência recente, nos EUA, das assimetrias que o Katrina trouxe para a ribalta, entre Estados como a Louisiana ou o Mississipi e os Estados da costa Leste, Grandes Lagos ou costa do Pacífico. Vimos a diferença de reacção perante uma catástrofe, de habitantes de Nova Iorque e de Nova Orleães.

As assimetrias não têm apenas a ver com investimentos. Têm também a ver com mentalidades, grau de instrução e de cidadania. Apesar da sua escassez, mobilizar fundos é o mais fácil. Usá-los bem, é que é complicado.

PIBregionalpercapita.jpg

ContasReg_Varia.jpg

Nota: PPC = Paridade de Poder de Compra. Quando os valores são negativos, significa que se está num processo de divergência com a média comunitária (UE15 e UE25)

Publicado por Joana às setembro 20, 2005 12:01 AM

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Comentários

Vamos lá a ver se eu percebo:

As suas tabelas mostram que os índices de produtividade e os valores mais elevados de capitação do PIB correspondem às zonas onde a sindicalização é mais forte?

Publicado por: (M) às setembro 20, 2005 12:09 AM

«A mentalidade de dependência do Estado instilada durante mais de 4 décadas aos cidadãos da RDA foi muito mais destrutiva que as bombas dos Aliados. Passaram-se 15 anos e continua a não conseguir ultrapassar o atraso.»

A ver se percebo:
Essa «mentalidade» não é exactamente a mesma que foi «instilada» nos outros países do Leste europeu?
Por que é que a maior parte dos outros já «ultrapassou o atraso» e a ex-RDA (que figurava entre as dez maiores potências industriais do mundo) ainda o não fez?

Publicado por: (M) às setembro 20, 2005 12:17 AM

sobre assimetrias camarárias:

http://www.correiodamanha.pt/noticia.asp?id=174805&idselect=181&idCanal=181&p=0

Publicado por: zippiz às setembro 20, 2005 12:33 AM

De uma forma geral com excepção de 2 ou 3 regiões o rendimento per capita é muito influenciado pela relação “quantidade” de estado (Ensino Superior, Hospitais, serviços administrativos distritais) e a população existente, parece-me. A única região que apresenta um índice elevado, que não se deve a factores artificiais, será o Pinhal Litoral, que seria o exemplo a seguir

Publicado por: marta santos às setembro 20, 2005 12:45 AM

a RDA "passaram-se 15 anos e continua a não conseguir ultrapassar o atraso"

Para se ultrapassar as propagandas balofas, convém ir vendo "in loco" o que se passou recentemente com a aplicação do plano neoliberal Hartz IV.
Aqui está um relato de sindicalistas agregados num partido ML:
http://www.mlpd.de/mlpd-info-2004-09-12-potu.htm

nota:
O declinio alemão (e da Europa) começou quando os EUA se viraram para a produção na Ásia, faz 30 anos,,,
mas só agora é que os analistas de resultados depois do jogo, começaram a ver os efeitos.

Publicado por: xatoo às setembro 20, 2005 12:47 AM

Não me parece qua a Madeira e o Algarve estejam mais sindicalizados que a Península de Setúbal, que está abaixo do Médio Tejo e da Lezíria do Tejo.

Publicado por: Hector às setembro 20, 2005 12:49 AM

(M): A sua afirmação sobre a RDA não me parece com cabimento. A ex-RDA deve estar, com toda a certeza, muito mais desenvolvida que a Polónia, a Eslováquia, a R Checa, etc. O problema dos RDAs é a comparação como os do ocidente. É essa que é a questão

Publicado por: Hector às setembro 20, 2005 12:53 AM

Nos Azores é diferente:

http://www.airlinequality.com/Forum/sata.htm

Publicado por: carlos alberto às setembro 20, 2005 01:15 AM

Hector às setembro 20, 2005 12:53 AM

A afirmação não é minha, é da Joana.
Há meia dúzia de posts cantava-se o «progresso» da República Checa e da Eslováquia (para só pegar neste exemplo recente), mas aqui a ex-RDA já está «atrasada».
Aliás, mesmo que fosse assim, uma década e meia depois da queda do muro seria caso para perguntar de quem é a culpa.

Publicado por: (M) às setembro 20, 2005 02:24 AM

Hector às setembro 20, 2005 12:49 AM

A minha pergunta foi dirigida à autora do post.
Sugiro que leia outra vez o post e a minha pergunta.
E que aguarde calmamente a resposta da Joana.

Publicado por: (M) às setembro 20, 2005 02:30 AM

Pimba!

Publicado por: Caça Capicuas às setembro 20, 2005 05:43 AM

(M): Eslováquias, Checas, etc., após os primeiros anos da balbúrdia normal que se seguem à queda de um regime (as sociedades ideais, prontas a usar não existem) encetaram um processo de desenvolvimento que, com altos e baixos, tem sido, pelo menos, bastante superior ao português, conforme estatísticas que apresentei num post anterior.
Mas ainda estão em níveis semelhantes, ou mesmo inferiores ao de Portugal Têm todavia uma série de factores (qualificação, liberalização dos mercados de trabalho, simplificação do sistema fiscal, etc. que lhes está a permitir um dinamismo superior ao de Portugal.

É isso que eu tenho escrito. São essas as loas

O caso da ex-RDA é diferente. Os alemães do Leste pensaram que bastava a queda do muro para ficarem automaticamente com o nível de vida dos outros. Isso não aconteceu, nem era viável de um momento para o outro. Verificou-se mesmo que nem sequer foi viável em 15 anos.

Ou seja, o atraso da ex-RDA não é avaliado pelos próprios "em-si", mas por comparação com a ex-RFA

Publicado por: Joana às setembro 20, 2005 09:00 AM

Quanto à questão da influência do grau de sindicalização, não vejo que seja sustentável. O fenómeno "Lisboa" pode atribuir-se a outras razões.
Outras regiões com alguma sindicalização (Ave, Cávado e mesmo Setúbal) estão abaixo de regiões que me parecem ter um grau de sindicalização bem menor

Publicado por: Joana às setembro 20, 2005 09:04 AM

Este texto foi escrito ao correr da pena, olhando de esguelha para as estatísticas. Foi escrito enquanto o zippiz sofria com o jogo do Sporting. Talvez uma horita mais. Não pretende por isso ser uma tese sobre o assunto, antes uma reflexão. Outras reflexões serão porventura possíveis. É uma questão de lerem o texto, consultarem as estatísticas (se pesquisarem no Google, encontram um texto de 9 páginas com as estatísticas em pdf) e dizerem de vossa justiça

Publicado por: Joana às setembro 20, 2005 09:10 AM

Puf, eu então não li nada, que ando com um esquentamento no pensador, e este não vai com injecções de penicilina, mas enfim, tenho esperança na aspirina, já que o acetilsalicílico vem de salix, que é o meu primo salgueiro.

Quanto a isto de estarmos todos escarrapachados aqui junto ao mar, é porque temos de zarpar para o Mundo outra vez, e ainda não arranjámos coragem, por causa disso das saudades e etc. Agora espero bem que não venham todos atrás de mim a pedir para arranjar alojamento...

Publicado por: pyrenaica às setembro 20, 2005 09:30 AM

As meninas não ligam nada às capicuas. Só os machitos é que gostam!

Ainda não parei de rir à conta das Cuecas de Freud e dos blacks de Angola a curtir uma de Angula.

Publicado por: pyrenaica às setembro 20, 2005 09:34 AM

Olha eu bem dizia que Rita é mais traquinas que Ofélia, quem dá o nome aos tufões percebe disso.

http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1233271&idCanal=90

Publicado por: pyrenaica às setembro 20, 2005 09:45 AM

Nos casos de Lisboa e Madeira há factores que inflacionam o PIB. Não é só a administração pública que está concentrada em Lisboa, a área é também sede de várias empresas que operam por todo o país. Como na área da sede é que se consideram os resultados da empresa, o PIB de Lisboa acaba por incluir produção que se deu noutra região.
Parte do crescimento da Madeira deve-se à zona franca onde se despejam resultados de empresas, isso não contribui para o enriquecimento da população apesar de aumentar o PIB.

A situação da ex-RDA é agravada em relação aos outros países da Europa de leste porque a ex-RFA atrai a população mais jovem e os recursos produtivos. A mobilidade dos recursos produtivos é maior internamente, é mais fácil a um alemão da ex-RDA deslocar-se para a ex-RFA do que um polaco, consequentemente a recuperação desse território alemão de leste é improvável.

Publicado por: Daniel às setembro 20, 2005 09:47 AM

O pessoal de educação, saúde, segurança, autarquias constitui a quase totalidade do sector público, e esse está distribuído por todo o país, embora com mais força nas cidades e vilas principais.
Apenas alguns núcleos da administração central, que tem mais directamente a ver com a governação, e os principais institutos estão em Lisboa

Publicado por: Sa Chico às setembro 20, 2005 09:54 AM

Braga reza
Porto trabalha
Coimbra estuda
Lisboa goza a vida

(Por isso é que eu gosto de Lisboa!)

Publicado por: Senaqueribe às setembro 20, 2005 09:58 AM

A Madeira é um caso que mereceria algum estudo e reflexão mais, da parte dos liberais.

O seu desenvolvimento rápido é inegável. Ora, é inegável também que tem um governo não só altamente não liberal, como também, de facto, altamente nepótico. A governação da Madeira faz-se num sistema pouco menos que mafioso. E a influência do Estado madeirense na economia é, claramente, forte.

Cabe então aos liberais interrogarem-se porque é que a Madeira, cujo Estado obedece a tudo menos a princípios libeais, tem uma economia tão progressiva.

Publicado por: Luís Lavoura às setembro 20, 2005 10:06 AM

tlim

Publicado por: pyrenaica às setembro 20, 2005 10:12 AM

Luis Lavoura, se o meu pai me der uma mesada de 500 ou 600 contos por mês, também me é fácil viver bem sem trabalhar. O rápido crescimento da Madeira, parece-me (sem qualquer base "científica") provir de um elevado nível de investimento público assente em financiamentos de contribuintes do Continente. Claro que este tipo de intervenção permite criar infraestruturas muito rapidamente, que beneficiam a economia local.

Cá no continente, também tivemos um papá - a CEE - mas a mesada foi e é estoirada com menos competência que na Madeira.

A Madeira tem grandes semelhanças com a Noruega, na sua forma de desenvolvimento - ambos têm mesada, pelo que ambos podem ser socialistas. O drama é quando o pai morre.

Publicado por: viking às setembro 20, 2005 10:26 AM

viking às setembro 20, 2005 10:26 AM

Não acredito, nem de longe, que o sucesso económico da Madeira possa ser explicável apenas, ou mesmo sobretudo, pelo investimento de dinheiro oferecido pelo Estado central. Por um lado, tem havido na Madeira muito investimento privado, e bem sucedido. Por outro lado, pode-se perguntar como é que o governo madeirense, que é brutalmente nepótico, que é de facto muito pior em muitos pontos de vista do que o governo do continente, foi capaz de aplicar bem os fundos recebidos. Tudo sugere, de facto, que um governo como o madeirense esbanjaria sem retorno todo o dinheiro que recebesse.

Não conheço minimamente bem a Madeira para poder responder a todas estas interrogações. Mas penso que é um "case study" que deve dar que pensar, a quem defenda a cartilha liberal.

Publicado por: Luís Lavoura às setembro 20, 2005 10:37 AM

Luís Lavoura em setembro 20, 2005 10:37 AM:
Se tem "havido na Madeira muito investimento privado, e bem sucedido" então, dizer que tem um "governo não só altamente não liberal" é contraditório.

Publicado por: soromenho às setembro 20, 2005 10:59 AM

Traduzindo Joana

""O caso de Portugal é diferente. Os portugueses pensaram que bastava a ida para a UE para ficarem automaticamente com o nível de vida dos outros. Isso não aconteceu, nem era viável de um momento para o outro. Verificou-se mesmo que nem sequer foi viável em 850 anos.

Ou seja, o atraso em Portugal não é avaliado pelos próprios "em-si", mas por comparação com a UE ""

Publicado por: carlos alberto às setembro 20, 2005 11:01 AM

Dizer que é "brutalmente nepótico" corresponde a alguma análise científica ou é apenas resultado da campanha da imprensa contra o Jardim?
Qualquer estado brutalmente nepótico funciona muito mal e leva a população à miséria.
Como é que explica que afinal "foi capaz de aplicar bem os fundos recebidos"?

Publicado por: soromenho às setembro 20, 2005 11:03 AM

Os factores de desenvolvimento de uma região são vários e um deles ainda não foi abordado aqui por ninguém. Falo da entrada de empresas estrangeiras para Portugal, não as tradicionais industrias pesadas à procura de mão de obra barata, mas outras mais viradas para a mão de obra qualificada.

Quem vê o desenvolvimento de Lisboa entrar em contradição com os postulados liberais ignora, ou faz por ignorar, o que são as condições iniciais. Lisboa já partiu à frente e não culpem o liberalismo por não ter resolvido um problema (se é que é um problema) que este sistema não criou. Este tipo de argumentação não passa de falta de honestidade intelectual.

Publicado por: Mário às setembro 20, 2005 11:06 AM

Eu então gosto muito da Laurisilva, do Pico do Areeiro e do Pico Ruivo, etc. Mas até tenho medo de lá voltar. O Lido deve estar insuportável! E já naquele tempo, à conta de brincar de mergulhar das rochas apanhei com uma sinusite porque aquilo estava cheio de coliformes, soube depois.

Publicado por: pyrenaica às setembro 20, 2005 11:08 AM

Nepótico?! Que é isso?

Publicado por: Senaqueribe às setembro 20, 2005 11:10 AM

Sff alguém me explique aqui uma coisa: então são os ministros da Agricultura que decidem isto?

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=12&id_news=193022

Outra coisa: parece-me bem ter 3 anos para arrumar melhor o deficit. Ou não?

Publicado por: pyrenaica às setembro 20, 2005 11:46 AM

Mas insisto que o reembolso da quantia paga pelo Português, actualizada de acordo com a valorização dos diamantes de 1024 para cá, resolvia isto tudo de uma penada.

Publicado por: pyrenaica às setembro 20, 2005 11:52 AM

1924

The Portuguese diamond: a fatal blue stone

Publicado por: pyrenaica às setembro 20, 2005 11:53 AM

Normalmente as empresas estrangeiras, que trabalham com pessoal qualificado, estabelecem-se em Lisboa.
Quando Cadilhe levou a Agência de Investimentos para o Porto, diversos empresários estrangeiros consideraram essa medida contraproducente.

Publicado por: David às setembro 20, 2005 11:54 AM

Não sei se foi por isso que a agência não fez nada, ou se foi por causa do mau ambiente económico geral.

Publicado por: David às setembro 20, 2005 11:56 AM

É muito interessante ver a Joana escrever que

"Na Madeira houve claramente um projecto que apostou no desenvolvimento das suas vantagens comparativas e que concitou a adesão da sociedade civil"

de onde se deduz que a Joana acredita num possível papel do Estado no desenvolvimento económico, papel que vá muito para além da simples criação de condições (sistema de justiça, etc). A Joana acredita que o Estado pode elaborar um "projecto" e que a sociedade civil (o que é isso??? Então a sociedade não é composta por indivíduos diferentes e imiscíveis?) pode ou não sentir-se mobilizada, ou aderir, a esse "projecto".

Para uma liberal, não está mal...

Publicado por: Luís Lavoura às setembro 20, 2005 12:25 PM

Joana às setembro 20, 2005 09:00 AM

Vai ter que me desculpar, mas eu insisto:

Se em todos foi «instilada» a mesma mentalidade, porquê só os alemães da RDA continuam «doentes»?

(E logo a RDA, que tinha os mais altos índices do Comecon em todos os domínios)

Um atencioso visitante do blog sugere que os alemães do leste migram em massa para a região ocidental. Como se explica, então, a taxa de desemprego de vinte e muitos por cento na região oriental?

Não leve a mal — eu só quero entender.

Publicado por: (M) às setembro 20, 2005 12:28 PM

Há questões semânticas terríveis. Ter um projecto é ter um objectivo. Pode ser construir uma pirâmide com 200m de lado, ir à FNAC comprar um livro, casar com a Barbie Guimarães, ir no domingo ao futebol ou simplesmente tomar a decisão de passar a gastar menos dinheiro.

Publicado por: Joana às setembro 20, 2005 12:37 PM

Luís Lavoura às setembro 20, 2005 12:25 PM:
Por isso, nenhuma das suas "deduções" tem qualquer consistência

Publicado por: Joana às setembro 20, 2005 12:38 PM

Que é isso de uma "a sociedade não é composta por indivíduos diferentes e imiscíveis?"
Essa afirmação contém vários disparates. Primeiro, nunca ninguém alguma vez disse tal coisa. Mesmo os predadores mais solitários, nem que seja para o acasalamento, precisam de companhia.
Segundo, se é "sociedade" não pode ser "composta por indivíduos diferentes e imiscíveis", pois assim nunca seria uma sociedade.

Publicado por: Joana às setembro 20, 2005 12:43 PM

Acho que a maior parte dos comentadores deste blog deviam tomar uma atitude consonante com os seus ideais: Fazer um abaixo-assinado para se referendar a seguinte questão:

"Concorda que a economia portuguesa deve ser dirigida centralmente mediante planos quinquenais?"

Publicado por: Mário às setembro 20, 2005 12:45 PM

Joana às setembro 20, 2005 09:04 AM

Eu não falei em influência — falei em correlação.

É que não encontro estatísticas com o número de trabalhadores sindicalizados por concelho. Nem sequer por distrito.

Mas gostava de saber se existe ou não correlação.

Quando você escreve:

«Outras regiões com alguma sindicalização (Ave, Cávado e mesmo Setúbal) estão abaixo de regiões que me parecem ter um grau de sindicalização bem menor»

...está, como eu, a trabalhar na base do palpite.

Aliás, nas regiões que menciona nesta citação o que aconteceu foi o encerramento em série de empresas, com o consequente aumento do desemprego. Ora, trabalhadores desempregados não contam para a correlação sindicalizados/produtividade.

Em resumo: há ou não em Portugal estatísticas com o número de sindicalizados por concelho?

Publicado por: (M) às setembro 20, 2005 12:46 PM

(M) às setembro 20, 2005 12:28 PM:
Como me parece que você é um sujeito inteligente, é óbvio que quer conversa.
Para além do que já escrevi, pense nisto: Os checos, na sua vida política e económica, olham para si próprios e tentam resolver os seus problemas. Não têm alternativa.
Os alemães de leste, na sua vida política e económica, olham principalmente para o Oeste e culpam-no dos seus problemas. Isto apesar de terem um nível de vida superior à R Checa. Têm é a comparação com os "outros".
É essa a causa do mal estar na ex-RDA

Publicado por: Joana às setembro 20, 2005 12:48 PM

Aliás, se você vir o mapa eleitoral último, todos os Länder, excepto a Saxónia, onde ganhou a CDU, foram ganhos pelo SPD. Na maioria dos casos o PDS foi a 3ª força

Publicado por: Joana às setembro 20, 2005 12:51 PM

ui

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=10&id_news=193043

Publicado por: pyrenaica às setembro 20, 2005 12:51 PM

pois...

Publicado por: pyrenaica às setembro 20, 2005 12:55 PM

(M) às setembro 20, 2005 12:46 PM:
É óbvio que é um palpite. Julgo que nem os sindicatos sabem esses números com exactidão.
A ideia que eu tenho é que a taxa de sindicalização é maior no sector público e nos sectores industriais, embora nestes esteja em queda. Nas empresas de serviços é raro haver sindicalizados. Portanto é de admitir que no vale do Ave e nas outras zonas dos têxteis e calçado, a taxa de sindicalização seja mais elevada que noutras zonas.

Publicado por: Joana às setembro 20, 2005 12:55 PM

Mas, o caso da Madeira e do Algarve não oferece dúvidas. A taxa de sindicalização deve ser baixa.
Provavelmente Lisboa terá uma taxa de sindicalização menor que Setúbal, e veja a diferença.

Publicado por: Joana às setembro 20, 2005 12:57 PM

As explicações têm que ser encontradas pela combinação de diversos factores, alguns que eu apontei, melhor ou pior, e outros que posso ter omitido

Publicado por: Joana às setembro 20, 2005 12:59 PM

Mário às setembro 20, 2005 12:45 PM

Cada vez aprecio mais o dito maoísta(?): "Que milhões de girassóis floresçam"

O mundo é demasiado complexo para um mega-mega-mega masterplan resultar, são precisos milhares, milhões, de micro-planos, em que cada um assume o seu futuro, não espera que lho tragam numa bandeja.

E isto é terrível para os políticos, porque significa roubar-lhes poder, significa que apenas têm de criar ambiente propício ao empreendedorismo... mai nada, as pessoas fazem o resto, até pode ser em cooperativas de voluntários (não de condenados)...

Publicado por: diogenes às setembro 20, 2005 02:01 PM

Publicado por: diogenes às setembro 20, 2005 02:01 PM

Você anda mal informado. Então não está par do consenço de que é preciso mais regulação e mais intervencionismo?

Publicado por: Mário às setembro 20, 2005 02:18 PM

Como texto para servir de base a uma reflexão, está excelente, mesmo que não se concorde toralmente com algumas das explicações.

Publicado por: vitapis às setembro 20, 2005 02:28 PM

Joana às setembro 20, 2005 12:59 PM

O Algarve e a Madeira têm uma elevada taxa de sindicalização na indústria hoteleira.
A Madeira tem aliás, um relativamente forte sector sindical, no qual se baseou a implantação da UDP.

Creio que há que ter em conta também (e isso poderá explicar alguma «anormalidade» de Lisboa) que empresas com um volume de negócios elevado têm a sede em Lisboa (onde são contabilizados os resultados), mas as unidades produtivas noutros pontos do país (através das quais é feita a sindicalização).

Publicado por: (M) às setembro 20, 2005 02:46 PM

Mário às setembro 20, 2005 02:18 PM

Não me parece que neste blogue haja alguma coisa a que se possa chamar consenso (com "s").

Sobre a necessidade de mais regulação e mais intervencionismo, tal lembra-me o que já disse há dias o Albatroz: isso é dizer que os outros defendem uma tese que, de facto, eles não defendem e depois passar a vida a tentar desmontar essa tese.

Publicado por: Vítor às setembro 20, 2005 02:59 PM

Consenso é uma palavra que significa que todos estão em desacordo, acham preferível não mostrar abertamente esse desacordo e partem do princípio que os outros estão de acordo com a versão que cada um tem do que foi o consenso.

Publicado por: Viegas às setembro 20, 2005 03:16 PM

Uso o termo consenso quando: a maioria está de acordo com algo, e os que não concordam preferem não levantar obstáculos, porque não lhes causa grandes engulhos, porque não se trata de um sapo muito grande.

Publicado por: diogenes às setembro 20, 2005 03:19 PM

Publicado por: Vítor às setembro 20, 2005 02:59 PM

Tem razão, Vitor. Escrevo muitas vezes consenço em vez de consenso.

"Sobre a necessidade de mais regulação e mais intervencionismo, tal lembra-me o que já disse há dias o Albatroz: isso é dizer que os outros defendem uma tese que, de facto, eles não defendem e depois passar a vida a tentar desmontar essa tese."

Estava a ironizar, apenas. O albatroz descreveu bem a falácia do Homem de Palha. Afinal, é um especialista.

Publicado por: Mário às setembro 20, 2005 03:21 PM

Pelo menos os blogs não são como os sites de fotografia, em que todos elogiam todos, apesar da qualidade das fotos ser quase sempre má.

Há dias atrás vi uma foto que alguém tirou na Coreia do Norte, de uma criança que se refrescava numa fonte ou algo do género. Segundo o autor, a criança estava a divertir-se. Até actredito que sim, mas o instante registado mostrava apenas uma criança que parecia estar quase a chorar. Imagino que o momento foi mal apanhado e no instante seguinte a criança poderia estar sorridente.

A foto foi de longe a mais comentada das que vi no site, com largas dezenas de comentários. Unanimidade total: "Genial", "Excelente momento", "5 estrelas", "Comovente", "Elevada sensibildiade do fotógrafo", etc.

Achei isto de um ridículo atroz. Não só porque a fotografia estava em contradição com o que dizia o seu autor como o enquadramento escolhido foi "preguiçoso", do género apontar e disparar.

É certo que comecei a pensar logo em outras coisas. Alguém que vai à Coreia do Norte e o que tem para mostrar daquele país é uma foto de uma criança a divertir-se estará bastante inclinado à esquerda. Depois pensei que estes intelectuais de esquerda conseguem atingir logo um estatuto mítico a partir do nada, e qualquer coisa que façam não pode ser menos que genial.

Se as pessoas são assim tão cegas a comentar uma foto "de esquerda", iomagino que serão muitop mais crédulas quando se discutem ideias mais abstractas.

Publicado por: Mário às setembro 20, 2005 03:36 PM

Para a Joana, um "projecto" é apenas um objectivo. O "projecto" da Madeira era, afinal, coisa singela do tipo "vamos desenvolver-nos". Com que facilidade caem os sofistas nas suas próprias armadilhas!
Depois, vem um soromenho qualquer descobrir incompatibilidade entre o investimento privado com sucesso e o totalitarismo nepotista que grassa na Madeira. Mas eu explico-lhe a coisa: ali, tudo é entregue a amigalhaços da corja. Sejam terrenos a expropriar posteriormente, maquinaria portuária do Estado, direitos sobre a faixa litoral, etc, etc, etc.
Quem levanta cabelo, como a família Blandy, leva com ameaças (e não só, como no caso do terreno junto à baía do Funchal expropriado ao abrigo do urgente interesse público para fazer um minúsculo jardim...) e fica de fora do lucrativo circuito dos concursos públicos e outras negociatas.
Coisa mais parecida com uma qualquer sul-africana república das bananas não há.

Por fim, chega o disparate de atribuir à sindicalização o êxito da UDP na Madeira. Tal é ignorar o verdadeiro responsável deste fenómeno: o padre Martins. Mas, como sempre em Portugal, a ignorância continua a fazer-se alegremente passar por ponto de vista...

Publicado por: JP às setembro 20, 2005 03:38 PM

Ainda sobre o consenso (desta vez escrevi bem, para variar).

Se bem que em algumas situações o consenso seja concordância genérica de posições, a maioria dos consensos são bem mais amorfos.

Os condutores de alma conseguem fazer consensos mesmo quando a maioria não faz a mínima ideia do que está em causa. O consenso é feito mais pela ausência de discordância.

Mas o consenso também pode ser uma forma de aderir a um grupo. Aderir ao consenso é aderir à maioria, é encontrar um porto de abrigo. É sentir poder.

Publicado por: Mário às setembro 20, 2005 03:46 PM

Estas assimetrias não têm suscitado a discussão que se verifica em Espanha, há já largos anos, em relação às diferenças entre as diversas regiões autonómicas, e às transferências monetárias inter-regionais. Em Portugal, apesar de alguns regionalismos exacerbados, a coisa ainda está morna - é mais futebóis. A realidade da divisão administrativa portuguesa, talvez explique este mutismo.

Mas a dada altura do post, a Joana refere-se à "mentalidade das populações". Do ponto de vista etnológico esta poderia ser uma discussão interessante: saber até que ponto, os portugueses, não formarão já uma amálgama uniforme, sem grandes diferenças de carácter entre as regiões.
Como ponto de partida sugiro a leitura de dois livros que já aqui referi:
- "Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico" do Prof. Orlando ribeiro;
- Guia de Portugal. Vol. I: Generalidades, Lisboa e arredores, da Fund. Calouste Gulbenkian

Em particular na 2.ª obra, é feita uma curiosa (quando não hilariante) descrição dos portugueses (do alentejano, ao minhoto) nomeadamente do seu carácter, linguagem, trajes, etc. A não perder...

Cito de memória um dito que é aí referido: "Quando o minhoto parte um prato, o transmontano mata um homem"

Publicado por: Vítor às setembro 20, 2005 04:00 PM

Mário às setembro 20, 2005 03:21 PM

Para que o Mário não possa ser acusado de cair na falácia do Homem de Palha, quereria ter a gentileza de esclarecer em que situação fui culpado de usar essa falácia? Os meus agradecimentos antecipados.

Publicado por: Albatroz às setembro 20, 2005 04:01 PM

O que é a falácia do Homem de Palha?

Publicado por: Filipa Sequeira às setembro 20, 2005 04:04 PM

Publicado por: Albatroz às setembro 20, 2005 04:01 PM

Você tem feito outra coisa a não ser vir para aqui meter medo aos incautos com o Papão do Neoliberalismo?

Publicado por: Mário às setembro 20, 2005 04:19 PM

o homem de palha, deve ter a ver com o Ratzinger

Publicado por: xatoo às setembro 20, 2005 04:21 PM

e com a beatificação da múmia anterior
plim!

Publicado por: xatoo às setembro 20, 2005 04:22 PM

Publicado por: Mário às setembro 20, 2005 03:36 PM

Como sabe na Coreia do Norte não se podem tirar fotografias.
Lembre-se que João Amaral foi preso por ter distraído, pisado a sombra de uma estátua do Grande Lider E Amado Pai do Povo.

Valeu-lhe ir numa representação do partido "irmão" no caso o PCP.

Por isso qualquer "fotografia" foi ou tirado ou analisada ou revelada por um dos doze milhões de comissários políticos.

Se isto destroi um pouco do que imagina ser a Coreia do Norte, desde já lhe peço desculpa.

Mas olhe que este país ainda é o farol para muitos portugueses!

Mil Vivas a Carmelinda Pereira

Publicado por: carlos alberto às setembro 20, 2005 04:25 PM

Publicado por: Filipa Sequeira às setembro 20, 2005 04:04 PM

Genericamente, a falácia do "homem de palha" tenta rebater um argumento X criando um argumento X', desmontando depois o argumento X' mas não o X.

A falácia é fazer crer que X = X'

Publicado por: Mário às setembro 20, 2005 04:25 PM

Obrigada.
Vejo que há muitos homens de Palha por aqui, para não falar nos debates da SIC Notícias onde os interlocutores e os moderadores são todos homens de Palha

Publicado por: Filipa Sequeira às setembro 20, 2005 04:42 PM

Cuidado Lipinha! Olha aí mesmo ao teu lado...

Publicado por: Homem de Palha às setembro 20, 2005 05:16 PM

chi:

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=10&id_news=193107

Conhecem o postulado de Guillaume d'Occam? La Nature n'émploie des moyens au dela des necessités. Em economia é conhecido como princípio da parcimónia.

Publicado por: pyrenaica às setembro 20, 2005 05:37 PM

Publicado por: pyrenaica às setembro 20, 2005 05:37 PM

A mim parecem-me que são apenas as consequências do proteccionismo selvagem.

Publicado por: Mário às setembro 20, 2005 05:48 PM

A ver se percebo:
Essa «mentalidade» não é exactamente a mesma que foi «instilada» nos outros países do Leste europeu?
Por que é que a maior parte dos outros já «ultrapassou o atraso» e a ex-RDA (que figurava entre as dez maiores potências industriais do mundo) ainda o não fez "

Os outros estados do Leste puseram a nostalgia para trás das costas e avançaram . Os milhões da RFA têm estado a pagar aos habitantes RDA de certa maneira a continuação da vida do passado.

"Alguns sugeriram que essas assimetrias teriam que ver com a existência de poder político em Lisboa (e na Madeira). Curiosamente algumas dessas sugestões provieram de áreas que consideram despiciendo, ou mesmo prejudicial, o papel do Estado."

Se o estado tiver muitos milhões para gastar é muito possível que melhore alguma coisa , não quer dizer isso neutralmente seja positivo, pois poderia haver melhor eficiência.
Além disso não está escrito quanto desse emprego que contribuiu para o crescimento percapita é no estado ou dependente do estado.
O Comunismo excepto nas loucuras assassinas também melhorava: de 20 em 20 anos saía um modelo de carro novo ou um novo modelo de TV.

Publicado por: lucklucky às setembro 20, 2005 05:56 PM

Um conhecido meu, membro do PCP e agora eleito deputado, a certa altura comentou algo do género:

"Conheço pessoas que tentaram viver nos EUA mas não aguentaram aquele inferno. Outras foram várias vezes à União Soviética e vieram de lá maravilhadas."

E ainda há quem não seja anti-americano...

Publicado por: Mário às setembro 20, 2005 06:08 PM

Mário onde é que se compra esse chamorro tão bom que o seu amigo tem andado a fumar mas não inalar?

Publicado por: zé do telhado às setembro 20, 2005 06:20 PM

pyrenaica: é a Navalha

Publicado por: Coruja às setembro 20, 2005 06:26 PM

Publicado por: zé do telhado às setembro 20, 2005 06:20 PM

Algo que se fuma mas não inala. Cheira-me a charuto... Cuba... Faz todo o sentido.

Publicado por: Mário às setembro 20, 2005 06:27 PM

O Occam barbeava-se com a Navalha de Occam

Publicado por: Coruja às setembro 20, 2005 06:27 PM

Le rasoir...

Fiquem descansados: se o Cavaco ganhar eu vou emigrar, que o vi ontem e não aguento aquele esgar.

E voto na Barrosã contra a cavaca.

Publicado por: pyrenaica às setembro 20, 2005 06:29 PM

Mais genericamente, a lei do menor esforço explica muita coisa. Mas a sua simplicidade confunde alguns que são levados a fazer raciocínios simplistas.

Pode ser muito complicado descobrir a solução mais simples, mas é muito fácil ter a atitude mais fácil.

Publicado por: Mário às setembro 20, 2005 06:33 PM

Publicado por: pyrenaica às setembro 20, 2005 06:29 PM

Por amor de Deus apague imediatamente o que postou.
Gostamos de si e queremos continuar a lê-lo.

Olhe, pensando melhor não é preciso.
Já ouve uma data de vultos que fizeram juras iguais e ainda cá estão!

Publicado por: carlos alberto às setembro 20, 2005 06:47 PM

Meu caro olhe que comigo acho que é para cumprir. Mas é porque será por bem, cá para mim. Eu pensava que ele tinha melhorado com a idade, as aquela da "sensação" tão enfatizada, no me gusta

Me gusta los aviones

Me gusta los leones

Publicado por: pyrenaica às setembro 20, 2005 06:51 PM

Mas eu explico-me um pouco melhor e depois podemos dar o assunto por encerrado, talvez. Voto no Soares porque o acho muito mais divertido e inteligente do que o Cavaco e porque sabe História. É preciso saber História para procurar interpretar o que vai vir e tomar as posições que eu entendo necessárias. Com certeza que a pluralidade e a diversidade são boas coisas. E ainda bem que o voto é livre e secreto.

Publicado por: pyrenaica às setembro 20, 2005 07:06 PM

O pyrenaica não vai embora. Enquanto houver uma capicua, lá vem o pyrenaica.

Publicado por: Coruja às setembro 20, 2005 07:07 PM

A Navalha de Occam é uma alegoria a uma tese de Guilherme de Occam que diz que se tivermos diversas explicações para um dado fenómeno e se todas forem igualmente válidas, devemos escolher a mais simples.

Se tivermos várias hipóteses para serem verificadas, aquela que contém o menor número de afirmações não demonstradas deve ser a escolhida.

Como o pyrenaica disse é o princípio da parcimónia.

Não é propriamente a lei do menor esforço (principalmente no sentido pejorativo que se lhe dá)

Publicado por: Joana às setembro 20, 2005 07:23 PM

Não posso ouvir falar em navalhas

Publicado por: Coruja às setembro 20, 2005 07:38 PM

Perco logo a vontade de sair à noite

Publicado por: Coruja às setembro 20, 2005 07:38 PM

De andar no lado errado da noite

Publicado por: Coruja às setembro 20, 2005 07:39 PM

Walking down the street...looking at the bilboard...

(Grace Jones para aí em 1983)

Publicado por: pyrenaica às setembro 20, 2005 07:47 PM

Mário às setembro 20, 2005 04:19 PM

Mesmo que o tivesse feito isso não seria uma falácia do Homem de Palha porque me limito a atacar os argumentos autênticos dos autênticos neo-liberais. Não venho para aqui apresentar falsos argumentos liberais para os atacar. Estou a atacar o produto genuíno. A não ser que os próprios liberais não conheçam as consequências da sua doutrina querida...

Publicado por: Albatroz às setembro 20, 2005 08:36 PM

Em Marselha um tipo manteve o cadáver da mãe no sótão 5 anos após a morte dela (ela morreu com 94 anos) para cntinuar a receber a pensão de 700€/mês.

Publicado por: David às setembro 20, 2005 08:53 PM

É uma antevisão da Europa daqui a 30 ou 40 anos, mas sem fraudes. A maioria da população a viver de pensões cada vez mais miseráveis.

Publicado por: David às setembro 20, 2005 08:55 PM

Daqui a 40 anos só haverá cadáveres. Logo, ninguém recebe pensões

Publicado por: (M) às setembro 20, 2005 09:17 PM

Publicado por: Albatroz às setembro 20, 2005 08:36 PM

Pois... Isso é para eu levar a sério? Poupe-me.

Publicado por: Mario às setembro 20, 2005 09:28 PM

And now something completely diferent...

Artists erect giant pink bunny on mountain

An enormous pink bunny has been erected on an Italian mountainside where it will stay for the next 20 years.

A 200ft pink bunny has been erected on an Italian mountainside where it will stay for the next 20 years

The 200-foot-long toy rabbit lies on the side of the 5,000 foot high Colletto Fava mountain in northern Italy's Piedmont region.

Viennese art group Gelatin designed the giant soft toy and say it was "knitted by dozens of grannies out of pink wool".

Group member Wolfgang Gantner said: "It's supposed to make you feel small, like Gulliver. You walk around it and you can't help but smile."

And Gelatin members say the bunny is not just for walking around - they are expecting hikers to climb its 20 foot sides and relax on its belly.

The giant rabbit is expected to remain on the mountain side until 2025.

Foto Aqui:

http://www.ananova.com/news/story/sm_1541732.html

Publicado por: lucklucky às setembro 20, 2005 09:30 PM

(M) em setembro 20, 2005 09:17 PM:
Sendo assim vamos deixar de ter problemas de sustentabilidade da Segurança Social

Publicado por: hanibal às setembro 20, 2005 09:57 PM

Quem teria pago o Coelho cor-de-rosa?

Publicado por: Sa Chico às setembro 20, 2005 10:15 PM

Fará parte da campanha eleitoral do Berlusconi?

Publicado por: Sa Chico às setembro 20, 2005 10:17 PM

Ainda se queixam do Avelino.

Publicado por: Coruja às setembro 20, 2005 10:19 PM

Ainda se queixam do Avelino.

Publicado por: Coruja às setembro 20, 2005 10:19 PM

O Avelino ao menos oferece jantares. Esse coelho nem para comer presta.

Publicado por: Coruja às setembro 20, 2005 10:20 PM

as aldrabices têm limites
carlos alberto às setembro 20, 2005 04:25 PM
"Como sabe na Coreia do Norte não se podem tirar fotografias"??

Então o que é isto?
the Pyongyang Metro Photos in:
http://www.pyongyang-metro.com/

e reparem no luxo das abóbadas e dos lustres
alem de que, o chão dos corredores têm todo o ar de não estarem escarrados,,,
o Carlos Alberto ainda não foi lá.

Publicado por: xatoo às setembro 20, 2005 11:15 PM

A Coreia do Norte tem fotógrafos oficiais de boa qualidade.

Publicado por: Rave às setembro 20, 2005 11:38 PM

Foi conseguida à cuasta de muita formação e de se ter fuzilado os menos dotados

Publicado por: Rave às setembro 20, 2005 11:39 PM

Interessante site xatoo

----------------------------------------------------

"There are very few maps available of the Pyongyang Metro. In general, tourists are not allowed to move freely through the city, so there is little need for them."

Publicado por: lucklucky às setembro 20, 2005 11:42 PM

O metro do xatoo (do link que ele deu):
"Built to link secret underground military facilities, the Pyongyang Metro is nevertheless an important part of the transport infrastructure in the capital of North Korea (officially, the Democratic People’s Republic of Korea or DPRK). It includes secret government-only lines about which very little is known. Its station architecture is among the most attractive in the world. However, relatively little is known about the Metro outside the country, as few visitors are able to investigate the system."

É preciso ter lata

Publicado por: David às setembro 20, 2005 11:51 PM

Vocês não desmintam o Xatoo porque ele conhece muito bem a Coreia do Norte uma vez que passa lá férias todos os anos.

Publicado por: Mario às setembro 21, 2005 12:20 AM

Ora eu gostei de ver as fotos do metro de Pyongyang. Claro que tinha de ser um tuga (Miguel Torres) a fotografar!

O de Singapura é bonito porque está cheio de orquídias.

Publicado por: pyrenaica às setembro 21, 2005 10:12 AM

sorry

Publicado por: pyrenaica às setembro 21, 2005 10:21 AM

corujinha..

Publicado por: pyrenaica às setembro 21, 2005 10:21 AM

;-))

Publicado por: pyrenaica às setembro 21, 2005 10:22 AM

Um metro ´so para o governo e militares evita enchentes.

Publicado por: bsotto às setembro 21, 2005 07:11 PM

Pois

Publicado por: Zé às setembro 24, 2005 03:32 PM

Talvez com a regionalização

Publicado por: Nurcia às outubro 2, 2005 07:28 PM

Os conselhos que o AJ Jardim deu aos candidatos autárquicos é para evitar assimetrias

Publicado por: Viegas às outubro 2, 2005 10:30 PM

A malta é que interpretou mal

Publicado por: Viegas às outubro 2, 2005 10:31 PM

As assimetrias são o direito à diferença

Publicado por: Coruja às outubro 3, 2005 12:36 AM

As assimetrias são o direito à diferença

Publicado por: Coruja às outubro 3, 2005 12:36 AM

As assimetrias são o direito à diferença

Publicado por: Coruja às outubro 3, 2005 12:36 AM

As assimetrias são o direito à diferença

Publicado por: Coruja às outubro 3, 2005 12:36 AM

As assimetrias são o direito à diferença

Publicado por: Coruja às outubro 3, 2005 12:36 AM

As assimetrias são o direito à diferença

Publicado por: Coruja às outubro 3, 2005 12:37 AM

gostaria é que me dissesem qual destes dois é que é vantagoso para portugal:. centralização ou descentralização. comentem p f. preciso de ideias para trabalho.

Publicado por: Teka às dezembro 2, 2005 02:41 PM

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