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julho 05, 2005

Plano Faraónico ou Virtual?

Ou algo de intermédio?

O Governo apresentou hoje um Plano de Investimentos em infra-estruturas prioritárias, cujos contornos no que toca às estruturas de financiamentos, às calendarizações e mesmo aos conteúdos, é pouco preciso. Na quase totalidade dos casos retoma projectos que têm estado na gaveta e que ficaram parados pela crise financeira ou por outras razões, todas elas ligadas à inoperância do Estado ou de empresas tuteladas pelo Estado.

O caso das Centrais Eólicas é um deles. Depois de uma primeira fase em que não avançavam pelo facto do país ter sido quase todo “classificado” – REN, Rede Natura, Biótipo Corine, etc. – e os estudos de impacte ambiental chumbarem obviamente todos os projectos, procedeu-se à desclassificação dessas áreas. A seguir foi a “má vontade” da EDP, empresa monopolista, de “tutela estatal” e avessa a grandes rasgos, que demorava a fornecer, ou não fornecia mesmo, pontos de ligação dos parques eólicos à rede eléctrica. A quantidade de pedidos de licenciamento que ficaram parados é astronómica. Aliás, muitos deles não passaram de pedidos feitos para “marcar lugar”, o que pode levantar agora algumas dificuldades no sentido de separar “o trigo do joio”.

Esta conjugação de empecilhos atrasou imenso a instalação destas centrais. Haverá uma vantagem: a técnica dos aerogeradores evoluiu e têm potências unitárias cada vez maiores (com correspondente aumento do diâmetro das pás e altura dos postes) o que permite aumentar a potência do parque por área de implantação no solo.

É claramente um investimento que atrairá os privados, mas que comporta custos para o país, pois enquanto vigorar o “preço verde”, a diferença entre este preço e o preço real será subsidiada pelo Estado. Tem todavia efeitos muito positivos nas nossas contas com o exterior, pois substitui-se ao crude importado

O governo afirma que tem como objectivo a criação de um "cluster" industrial de equipamentos. Os aerogeradores representam, grosso modo, 70% do custo de uma unidade eólica. Os restantes serão os postes (que já se fabricam em Portugal), os equipamentos eléctricos, cabos e linhas (parcialmente de origem portuguesa), os maciços, vedações, etc.. Não sei se quando o Governo fala de "cluster" industrial se refere aos aerogeradores. Ora o fabrico de aerogeradores é uma tecnologia de ponta. Por exemplo, os aerogeradores de fabrico espanhol têm (ou pelo menos tinham há dois anos) uma potência unitária inferior aos aerogeradores de fabrico alemão ou sueco (ABB), mais avançados. Esperemos para ver o que é que o governo pretende dizer com a criação de um "cluster" industrial nesta área.

Em qualquer dos casos é importante que este Governo consiga desbloquear os entraves colocados durante o Governo de Guterres e mantidos obstinadamente durante os dois Governos seguintes.

No que respeita ao Aeroporto da Ota, considero-o um disparate. Seria um disparate mesmo que as finanças estivessem saneadas. O mesmo não digo do TGV. No TGV, é prioritária a ligação de Lisboa ao centro da Europa e a construção de um ramal até Sines, com a mesma bitola, mas não com o mesmo rigor de uma linha de AV. Sines tem condições para ser uma importante plataforma de tráfego de mercadorias, evitando que navios de grande porte demandem os portos do norte da Europa, que estão bastante congestionados. A linha Lisboa-Porto seria cara, não só por ser uma linha de AV, como pelas avultadas indemnizações a pagar pela expropriação de terrenos, pois parece-me um disparate utilizar o mesmo traçado, (total ou parcialmente) da actual Linha do Norte. Portanto não me parece prioritária no estado actual das finanças públicas.

No que respeita aos projectos na área ambiental, basta ao Governo despachar as candidaturas que estão paradas há anos no Ministério do Ambiente. As causas dessas paragens são múltiplas – chantagem aos sistemas municipais, no tempo de Sócrates, para se colocarem sob a tutela da AdP, absoluta incompetência de Theias, diversas mudanças governativas, etc..

Quanto ao financiamento, o Governo assegura que a parcela pública será 30% a retirar do Orçamento de Estado, mas adianta que os operadores públicos entrarão com 16%, o que pode vir a ter incidência no OE. Quanto às parcerias público privadas elas são, em teoria, uma boa solução, o que não implica que o sejam necessariamente na prática (não por culpa dos parceiros privados, mas por desleixo do Estado). Em primeiro lugar há que saber quem paga a renda da concessão. Se for o Estado, teremos o mesmo problema das SCUTs. No caso dos projectos ambientais, serão os utentes a pagar as tarifas na maioria dos casos; no caso das eólicas haverá um subsídio estatal ao preço enquanto vigorar o regime do “preço verde”.

Entre os “grandes projectos” não há, portanto, nenhuma novidade – estavam todos na gaveta (a Banda Larga representa apenas 4% do total). Bem … há uma novidade – o Parque Fotovoltaico de Amareleja. A novidade consistiu precisamente em que … ninguém falou dele.

Perez Metelo, no noticiário de hoje da TVI, estava entusiasmado com o facto do Governo ir «promover uma nova cultura de investimento público», marcada por uma lógica de «concepção mais preocupada com a sua sustentabilidade futura» refinando os métodos de avaliação e «articular a óptica da oferta com uma visão mais orientada para a procura».

São afirmações destas que nos fazem lembrar que, afinal, vivemos num país sub-desenvolvido. Em que projectos terá andado metido Perez Metelo que nunca deu que fosse necessária uma lógica de «sustentabilidade futura» e uma articulação «da oferta com … a procura»? No sector privado não foi certamente, porque se o fosse, estaria agora no desemprego, endividado até ao pescoço.

Quanto às derrapagens de custos, elas não têm a ver com os estudos de viabilidade económica e com a programação, mas sim com o rigor dos projectos de execução, com processos de concurso estanques, com contratos com as necessárias salvaguardas, com fiscalizações independentes executadas por empresas de qualidade e com a inexistência de alterações ao longo da obra. Portanto, Perez Metelo precipitou-se ao ficar extasiado com as frases sobre a «nova cultura de investimento público», pois a procissão ainda nem ao adro chegou. Ainda está na homilia.

Esperemos para ver. O facto da quase totalidade dos projectos anunciados já terem sido anunciados diversas vezes, não é em si um mal. Pode ser que desta vez acertem. Alguma vez teria que ser. Dizer que desta vez vai haver uma cultura de rigor é simples: basta articular adequadamente o sistema gutural-labial-dental-palatal e fazer passar o ar por esse sistema. Depois se verá. Pode ser que desta vez acertem. E se não acertarem, só ao fim de alguns anos, com outro Governo, se descobre um buraco enorme que ninguém consegue explicar como aconteceu.

Nota: Por falar em buracos orçamentais, apresento seguidamente um gráfico com o défice português entre 1987 e 2006 (2005 e 2006 são estimativas) e, em simultâneo, o défice ajustado pelo ciclo económico. Este gráfico tem interesse porque mostra que o défice nominal foi sempre inferior ao défice ajustado durante toda a governação de Guterres. Aliás, desde o início do processo de adesão ao euro, só mesmo durante o período guterrista é que tal aconteceu. Estes números da OCDE provam muito do que escrevi neste blogue sobre esta matéria: A conjuntura económica e financeira mascarou o despesismo guterrista. E nestes números não estão incluídas algumas operações de protelamento dos débitos, como o caso das SCUTs.

Portugal_defice.jpg


Publicado por Joana às julho 5, 2005 10:51 PM

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Comentários

Como sabemos o maior desastre aéreo deu-se em terra não tendo nenhum dos aviões levantado pois colidiram em plena pista.
Foi em Tenerife e custou para cima de quinhentas vidas.

Vai passar á história pois Sócrates vai protagonizar o maior desastre económico do Mundo quando fizer colidir algures os projectos do TGV e Ota.
Felizmente não vai estar nenhum empresa portuguesa envolvida.

Publicado por: carlos alberto às julho 5, 2005 11:19 PM


TGV -Train à Grande Vitesse !!!
Vitesse para quê ? Para emigrar ?
Vitesse entre Lisboa e Porto para quê? 300 km ?

Quantos minutos e segundo ganhos, para se perderem Horas num Trânsito Caótico Urbano !

Ligação Lisboa-Madrid, Justifica-se segundo a Mentalidade Espanhola !

Bom..também estou a Exagerar... há outras justificações que Actualmente Ainda Não São Evidentes nas cabecitas dos nossos Comentadores de Tv´s... É que daqui a 15 anos, Madrid ultrapassará Paris, e passará a ser a segunda Cidade Portuguesa. Nessa altura os nossos Quadros Técnicos emigrantes em Castela, poderão assim vir passar o fim de semana a Lisboa. Um Luxo !

Vivam os TGV`S - Tugas Grandes Visionários

Publicado por: Templário às julho 5, 2005 11:47 PM

Exigimos desde já passes sociais para o TGV - Lisboa-Badajoz.
a) Para os quadros técnicos que irão trabalhar em Madrid.
b) Para os restantes que AINDA CÁ FICAREM, irem morar para Badajoz.

Poderemos assim Habitar em Badajoz e trabalhar em Lisboa. Quais as vantagens ? Casas 60% mais baratas que em Lisboa e o diferencial dá bem para pagar o passe do TGV.

Afinal Deus escreve direito por linhas tortas, e o TGV passará a ser o único meio de transporte da Classe média Portuguesa.


Publicado por: Templário às julho 5, 2005 11:56 PM

Não faz muita diferença transportar mercadorias a 180 km/h ou a 300 km/h e a diferença de custo com a especificidade da linha mata os 300km/h que tem mais sentido para pessoas. Mas aqui o avião é mais económico, e quando a ANA deixar de ter as patas monoplistas nos aeroportos ainda melhor.

Publicado por: lucklucky às julho 6, 2005 12:00 AM

Publicado por: Templário às julho 5, 2005 11:56 PM

Tenho más notícias para si.
O percurso previsto, isto claro se o Cravinho não vier dar uma mãozinha, é Lisboa, Ota, Évora (sempre a descer e portanto quase que basta a inércia portuguesa) Amareleja onde no Parque Fotovoltaico recarrega as baterias e depois só pára já bem em Espanha talvez em Cacéres.

Mas não desespere, já vêm mais “estudos” a caminho.

Publicado por: carlos alberto às julho 6, 2005 12:34 AM

carlos alberto: Que grande volta! Ele vai directamente de Évora para Badajoz.

Publicado por: soromenho às julho 6, 2005 12:43 AM

Quer dizer, ao fim de 45 estudos ainda não tinhamos decidido nada. Foi então que o Aznar apontou para o mapa, pôs o dedo em cima de Badajoz e disse: é aqui.

Publicado por: soromenho às julho 6, 2005 12:45 AM

soromenho em julho 6, 2005 12:45 AM:
Foi óptimo. Poupou-nos mais 45 estudos inconclusivos

Publicado por: Coruja às julho 6, 2005 01:23 AM

Coruja às julho 6, 2005 01:23 AM

Mas se fizessem o Estudo, Vila Real de St. António, Elvas, Castelo Branco, Guarda, Viseu, Bragança, Braga, Porto, Lisboa, Badajoz ---Madrid ! Assim faziam o pleno, e com o Slogan:
Vivam lá fora que é bem melhor, acabavam logo com o desemprego !

Publicado por: Templário às julho 6, 2005 02:07 AM

Pois é, a Joana tem razão no que escreve. O problema é saber onde o Governo ia inventar outros projectos ou outras acçõs.

Publicado por: Filipa Sequeira às julho 6, 2005 09:16 AM

Além do que isto não é um plano para desenvolver o país. Isto é um plano para salvar a face ao governo depois de 4 meses inúteis e cheios de erros e trapalhadas.

Publicado por: Filipa Sequeira às julho 6, 2005 09:18 AM

Se fosse só para fingir que estão a fazer alguma coisa já não seria mau...

Publicado por: lucklucky às julho 6, 2005 09:42 AM

Ninguém falou do Parque Fotovoltaico de Amareleja porque não devia estar nas gavetas onde foram buscar os outros.
Procurassem melhor!

Publicado por: Coruja às julho 6, 2005 09:54 AM

"enquanto vigorar o “preço verde”, a diferença entre este preço e o preço real será subsidiada pelo Estado"

Não se preocupe, Joana, que, com a subida do preço do petróleo, a qual arrasta consigo a subida do preço do gás natural, o preço verde para a energia eólica em breve deixará de ter qualquer significado, uma vez que ela passará a ser mais barata do que a energia gerada pelas centrais a gás.

É questão de uma dezena de anos, no máximo. Muito menos do que o tempo de vida de um aerogerador eólico.

Verifico, também, que a Joana, após reflexão, chegou à conclusão que eu já tinha antecipado: o TGV Lisboa-Porto não faz qualquer sentido. O TGV para Madrid é bom e faz sentido em termos económicos, o TGV para o Porto é um devaneio completo, só próprio de provincianos. Saúdo a Joana por ter chegado a esta conclusão.

Publicado por: Luís Lavoura às julho 6, 2005 10:05 AM

Parabéns pela análise, que embora em cima da hora, é a mais completa e fundamentada que eu li ou ouvi sobre este anúncio.

Publicado por: C Rodrigues às julho 6, 2005 10:10 AM

Na sexta-feira passada enviei para o PÚBLICO uma carta ao diretor intitulada "Petróleo e Ota" em que afirmei que a Ota é um disparate completo porque daqui a 20 anos, com a crescente escassez de petróleo, a utilização do avião no Ocidente terá decrescido e a Ota será totalmente supérflua.

O José Manuel Fernandes dificilmente publicará a carta, porque me tem certamente bastante pó. Justificadamente. (Maoismo nunca esquece.) Publicará em vez disso cartas de Augusto Kuettner de Magalhães ou de A. João Soares, pessoas que dizem invariavelmente coisas muito mais inteligentes do que eu alguma vez seria capaz.

Publicado por: Luís Lavoura às julho 6, 2005 10:11 AM

Luís Lavoura:
Li algures na net, qualquer coisa escrita por si sobre a Centra da Amareleja.
Sabe como é que isso está? Se vai para a frente?

Publicado por: David às julho 6, 2005 10:16 AM

Vamos então ter um caminho de ferro moderno, tal como se fez em 1856.
Vamos então acompanhar os países desenvolvidos, tal como em 1856.
Vamos então ter um comboio de velocidade estonteante, tal como se dizia em 1856.
Viva o progresso!, tal como se dizia em 1856.
Espera-se que o primeiro troço faça a ligação entre Lisboa e Carregado, tal como em 1856.

Publicado por: Senaqueribe às julho 6, 2005 10:35 AM

Somos um povo feliz, tal como em 1856!

Publicado por: Senaqueribe às julho 6, 2005 10:39 AM

O Dr Miguel Beleza, convidado a comentar estes projectos da OTA e TGV na SIC notícias, estava furibundo. Considerou-os um gigantesco desperdício e, mesmo o TGV Lisboa-Madrid, considerou-o "polémico" na medida em que no espaço de alguns anos tornar-se-á dependente dos apoios do Estado, sem deixar de esclarecer que a ligação Lisboa-Porto-Vigo é simplesmente uma loucura. Atacou as Regiões Autónomas que, disse, vivem à custa dos contribuintes do Continente, considerou o Alqueva uma sucessão de elefantes brancos, referiu os dez estádios de futebol, referiu Sines e até se lembrou de Cabora Bassa ... c'os diabos, o homem estava possesso !

Publicado por: asdrubal às julho 6, 2005 10:42 AM

É uma alegria que a maior parte das
pessoas de bom senso concordem que a OTA é um disparate.

É uma tristeza que as que governem pensem o oposto.

Publicado por: Mário às julho 6, 2005 10:43 AM

Eu bem lhe dizia Templário !
Os poderosos interesses já se começaram a movimentar e o TGV vai começar em Sintra.
Porquê?
Ora salta aos olhos, começando numa elevação não gasto petróleo nenhum e se conseguir fazer a apertada curva para acertar na Ponte vai sempre de mansinho até aos lados de Arraiolos (para onde será transferido o tal Parque de que se esqueceram de falar) e aí muda para electricidade.
Para melhorar as coisas João Soares já garantiu que entre nigerianos, vietnamitas e ex-palop’s cerca de 150,000 ficarão alojados no Concelho em casa de familiares e todos os dias serão eles que num empurrão gigantesco fazem o trem arrancar.
Espectacular não é?

Publicado por: carlos alberto às julho 6, 2005 10:49 AM

Sabe bem concordar, por uma vez, com muito do que a Joana escreveu. Saliento no entanto que não há nenhuma "ligação de Lisboa ao centro da Europa". Nunca ninguém sairá de Lisboa para ir de TGV mais longe do que Madrid, a não ser que seja alguém com pavor de andar de avião.

Já agora confesso a minha ignorância e pergunto à Joana como é que se ajusta o deficite ao ciclo económico.

Quanto à carta que Luis Lavoura escreveu para o "Público", o melhor é esquecer. Apesar de ser professor na área da integração europeia e ter algumas luzes sobre essa questão, nunca o José Manuel Fernandes se dignou publicar qualquer texto que eu para lá mandasse sobre o tema, sobretudo porque eu manifestava o meu cépticismo - anos antes dos "Não" franceses e holandeses - quanto ao futuro deste modelo de integração europeia.

Publicado por: Albatroz às julho 6, 2005 10:51 AM

asdrubal às julho 6, 2005 10:42 AM

" a ligação Lisboa-Porto-Vigo é simplesmente uma loucura "
Será ?
Os Espanhois não entendem assim.

S. Tiago de Compostela, é um dos maiores centros turísticos de Espanha, e os Espanhois sabem que só 0,1% dos alfacinhas o visitaram. Assim pretendem que os Alfacinhas o visitem, e por arrasto "sacar" aqui turistas aos Tugas!

Afinal o TGV em Portugal, é um grande negócio para Franceses e Espanhois, tudo o resto é música aos Tugas !

Publicado por: Templário às julho 6, 2005 11:04 AM

Disse-me uma pessoa do milieu que, quando José Manuel Fernandes era diretor do Luta Popular, o jornal do MRPP, escrevia ele mesmo pseudo-cartas ao diretor, sob nomes fabricados, a apoiar as posições que ele mesmo JMF lá publicara anteriormente.

Ele próprio JMF se gabou, recentemente, de, quando saiu do MRPP em litígio com ele, ter roubado (ele não usou este verbo, mas eu penso ser o apropriado) ao partido, na tipografia, uma edição do jornal, fazendo-a substituir por uma outra edição, na qual ele e os seus compinchas dissidentes explicavam as suas posições e rebatiam as posições oficiais do partido.

É este tipo de pessoas, com este tipo de escola e este tipo de passado, que os neoconservadores e liberais de direita portugueses agora idolatram.

Publicado por: Luís Lavoura às julho 6, 2005 11:04 AM

A última gracinha que José Manuel Fernandes me fez (depois disso desisti de escrever para lá, mas estou à espera de um dia ele vir à minha universidade para alguma palestra...) foi responder aos meus protestos de não publicação de um artigo com a alegação de que tinha mandado investigar nos arquivos do "Público", e ter descoberto que o jornal tinha publicado um artigo meu sete anos antes... Ou seja, o cidadão Albatroz tinha esgotado a sua quota de artigos no "Público" para o resto de século XXI...

Publicado por: Albatroz às julho 6, 2005 11:11 AM

A OTA tem uma finalidade não dispicienda: encher os bolsos dos partidos ( e dos politicos envolvidos), com as comissões que vão receber dos ganhadores da adjudicação.

Dito isto, é absurdo, ridiculo, senão for paranoico até, afirmar que a Ota poderá vir a competir com Madrid na conquista do mercado aereo atlantico para Africa e EUA como foi afirmado por elementos ligados ao processo de decisão do novo aeroporto. Quem afirma isso pensa, com razão, que a maioria dos portugueses não viram o novo aeroporto de Barajas, não tem a noção da localização,importancia e dimensão de Madrid na Peninsula, e portanto engolem as patranhas dos comerciais do PS. Seria muito mais lógico continuar a investir em Faro, Lisboa, Porto e Montijo, e assegurar ligações frequentes a Madrid. Porquê então? Quem tiver dúvidas sobre isso leia de novo o primeiro parágrafo deste comentário.

Publicado por: Joao P às julho 6, 2005 11:21 AM

Os comentaristas deste blog andam muito egocêntricos...

Publicado por: Mário às julho 6, 2005 11:34 AM

Luís Lavoura em Julho 6, 2005 11:04 AM,
.
O fenómeno pode não ser exactamente o mesmo, mas quantos representantes do «radicalismo pequeno-burguês de fachada socialista» não estão, hoje, em postos-chave do Estado e da Administração Pública ? Pffffiuu !

Publicado por: asdrubal às julho 6, 2005 11:48 AM

Dos comentários escritos pelos visitantes deste blog mais uma vez se confirma: o mal de Portugal é não ser Espanha.

Publicado por: Senaqueribe às julho 6, 2005 12:19 PM

OTA faria sentido se fosse possível torná-la uma plataforma intercontinental. Ora não vejo como isso seja possível. Por outro lado fica muito longe de Lisboa. É um perfeito disparate.
É preferível ampliar o do Montijo e pô-lo como alternativa da Portela.

Publicado por: L M às julho 6, 2005 12:23 PM

Quanto ao que a Joana diz sobre o ramal para Sines ligando ao TGV Lisboa-Badajoz, chamo a atenção que é um projecto muito importante. Mais que o próprio TGV. Poderia ter efeitos muito positivos na nossa economia.
Sines é um porto de águas profundas e, com uma ligação ao centro da Europa, pode tornar-se um dos principais portos do mundo.

Publicado por: L M às julho 6, 2005 12:26 PM

Escrevi duas vezes para o Público. A primeira foi publicada (há uns 2 a 3 anos) e fiquei admirado, pois ocupou quase uma página. A 2º não obtive sequer resposta

Publicado por: L M às julho 6, 2005 12:28 PM

LM e Albatroz
Vocês ainda não deixaram de comprar e ler o Público ?

Publicado por: Templário às julho 6, 2005 12:54 PM

Albatroz às julho 6, 2005 10:51 AM:
Como escrevi no texto, são valores retirados das estatísticas da OCDE.
Eu não sei como se obtêm, mas calculo que a OCDE saiba.

Publicado por: Joana às julho 6, 2005 12:56 PM

Nota: Eu apenas disse que o TGV Lisboa-Porto não é prioritário na actual situação financeira e económica do país (que temo se arraste ainda algumas décadas!). Todavia acho que é uma obra que terá que se fazer quando houver condições para tal.

Publicado por: Joana às julho 6, 2005 12:57 PM

A ligação Sines-Centro da Europa pode trazer muitos benefícios. É um crime o tempo que já se perdeu

Publicado por: Joana às julho 6, 2005 12:58 PM

Sobre a OTA eu só gostaria era de saber a opinião dos Espanhois, pois a dos portugueses ninguém percebe.
Se com o Euro 2004, o aeroporto de Lisboa aguentou também me parece desnecessário outro. No máximo aproveitar o do Montijo.
Se necessitamos de sacar dinheiro para Infraestruturas de peso de modo a dinamizar a economia, o Projecto da Ponte Barreiro-Lisboa era uma boa oportunidade e que asseguraria no futuro a sua rentabilidade. E ao mesmo tempo resolvia graves problemas rodoviários, não caíndo nas megalomanias de TGV´s e Ota.

Publicado por: Templário às julho 6, 2005 01:02 PM

Por uma vez estou de acordo com o Templário: o aeroporto da Portela, bem como os corredores aéreos que o servem tem as condições e capacidade necessárias para suportar pelo menos o dobro do tráfego actual. Por outro lado, construir um aeroporto na Ota, por amor de deus, não lembra nem ao diabo. Porque não Leiria, Coimbra, Fátima, Setúbal?

Publicado por: Pedro Oliveira às julho 6, 2005 01:10 PM

Começaram a dizer neste blogue que Chirac era ladrão, e então:
Londres é a cidade escolhida para receber os Jogos Olímpicos de 2012. Jaques Rogge, presidente do Comité Olímpico Internacional, anunciou hoje em Singapura a cidade vencedora, que será o palco do acontecimento desportivo mais mediático do mundo. Nova Iorque, Madrid, Moscovo e Paris foram os concorrentes preteridos nas primeiras votações do dia.

Publicado por: É Londres às julho 6, 2005 01:17 PM

Joana às julho 6, 2005 12:56 PM

Já agora, qual é o significado de um deficite ajustado ao ciclo económico?

Publicado por: Albatroz às julho 6, 2005 01:35 PM

Albatroz:
O cálculo do orçamento com ajustamento cíclico pretende retirar os efeitos do ciclo económico nas receitas e nas despesas públicas. Exemplos:
Exclui as perdas de receitas que ocorrem automaticamente durante uma recessão;
Exclui a despesa adicional que é a consequência automática de um aumento do desemprego.
Julgo que a OCDE se fica por aqui, embora não tenha a certeza. Os americanos vão mais longe e calculam as variações das receitas dos impostos relativos aos ganhos de capital, etc.

Publicado por: Joana às julho 6, 2005 02:52 PM

Hoje houve um grave acidente na ponte 25 de Abril e poucos momentos depois um camião largou a carga (o que é aliás frequente) no tabuleiro da Vasco da Gama, levando o locutor da Rádio Capital a aconselhar, cerca das 11.00 horas quem se dirigia para sul a deslocar-se até V.F.Xira e atravessar a ponte Carmona (esqueceram-se de a rebaptizar).

Eis o lindo país que o Nosso Primeiro desconhece!

Publicado por: carlos alberto às julho 6, 2005 03:51 PM

É galo, haver acidentes em simultâneo nas 2 pontes.

Publicado por: Sa Chico às julho 6, 2005 04:07 PM

Agradeço à Joana as explicações, mas fico a pensar em qual será a relevância de tentar calcular qual teria sido o deficite se o crescimento fosse zero. Não se pode garantir que, nessa situação, as receitas públicas seriam invariáveis, o que permitiria avaliar o deficite apenas em função das despesas. Como também se não pode garantir que as despesas com as transferências deveriam ser constantes com crescimento zero. Logo a evolução do deficite corrigido dos efeitos cíclicos não traduz apenas decisões do governo, e daí eu ficar na dúvida quanto à relevância desse corrector.

Publicado por: Albatroz às julho 6, 2005 04:46 PM

Acho que a joana anda a abusar deste pessoal. Qualquer dia vai esgotar-lhes os argumentos.

Publicado por: Mário às julho 6, 2005 05:25 PM

Estes projectos são um neo-fontismo, que ao contrário do outro não olham para o futuro mas para um futuro igual ao presente.Ou seja quando lá chegarmos continuamos atrasados. a receita é a mesma passado século e meio, apesar do mundo ser totalmente diferente. O Fontismo foi importante mas este neo-fontismo será um descalabro. Não sou dado a futurologias, mas este programa é completamente absurdo.

As Diferenças

Portugal

Sec. XIV - Visão estratégica projectada

Sec. XXI - Visão Amarrada à falta de ambição, não inovadora, preocupada em remendos, pelintramente à espera do subsidio

PS. Ainda diziam que a igreja era retrógada. mesmo assim foi o que foi

Publicado por: Braveman às julho 6, 2005 05:43 PM

Templário às julho 6, 2005 11:04 AM

Boa ideia essa de o TGV servir o centro turístico-religioso de S. Tiago de Compostela.
Até que enfim que se descobre uma verdadeira utilidade para o TGV.
Já agora podia pensar-se num traçado S.Tiago de Compostela - Fátima - Lourdes com ligação directa a Roma/Vaticano. Assim se asseguraria a necessária rentabilidade do TGV, transportando peregrinos entre os santuários.


Publicado por: Senaqueribe às julho 6, 2005 05:55 PM

Senaqueribe: Sem lugares sentados, para os peregrinos peregrinarem para trás e para diante, durante a viagem, e poderem dizer que foram a pé.

Publicado por: Coruja às julho 6, 2005 06:00 PM

Finalmente começa-se a pensar em projectos estruturantes.

Publicado por: soromenho às julho 6, 2005 07:23 PM

Espero que o Manuel Pinho e o Sócrates leiam esta caixa de comentários

Publicado por: soromenho às julho 6, 2005 07:24 PM

Publicado por: Coruja às julho 6, 2005 06:00 PM

Fez-me lembrar a célebre peregrinação do investidor-dos-outros nele próprio, o Dr. Caldeira que resolveu ir a Fátima a pé.
Andava dois ou três quilómetros chamava o motorista e regressava a penates de popó.
No dia seguinte ia de carrinho até onde tinha ficado e mais dois ou três quilómetros para o C.V...
Parece que não completou a estafa pois recebeu um SMS do Altíssimo avisando que não estava dentro das regras.
Aforismo:
Para cada problema há sempre uma solução tipicamente portuguesa.

Publicado por: carlos alberto às julho 6, 2005 07:36 PM

Albatroz às julho 6, 2005 04:46 PM:
A OCDE não parece partilhar a sua opinião. E muitas outras entidades.
Se, por exemplo, o Eurostat incidisse a sua atenção no défice ajustado em vez do défice nominal, certamente Guterres não nos teria arrastado para o pântano (estou a utilizar a imagem dele). Teria sido impedido, em tempo oportuno, pela UE, de continuar com a sua política despesista.

Publicado por: Joana às julho 6, 2005 07:37 PM

Joana: naquela altura ninguém ligava a isso. Estava tudo anestesiado.

Publicado por: Filipa Sequeira às julho 6, 2005 07:57 PM

Albatroz às julho 6, 2005 01:35 PM

Resumindo Albatroz...é uma preciosidade economicista que Pouco diz, e foi amplamente utilizada para denegrir Gueterres. Por exemplo não explica o Crescimento económico verificado no consulado Gueterres e nem interessa a quem o pretende enterrar vivo.
Ainda bem que já foram ao fundo da questão e afinal o Avô do Déficit é o Ti Cavaco !

O Patinhas Antão hoje no parlamento, não tendo nada a dizer, frisou esta preciosidade:
- Vocês no próximo orçamento, já não têm a desculpa da herança do anterior governo !!!

( como não conseguem estar caladinhos) deu ali umas voltas, e onde foi cair, no tal ciclo que fala Joana e no Período de Guterres.

Safa !... 1º ele gostava que no próximo orçamento já não se desculpassem com o governo do Santana, mas PASSADOS 3 ANOS, ainda Evocam o de Guterres !

Esta gente está mesmo convencida que só falam entre eles, e que os Portugueses não os ouvem ?


Publicado por: Templário às julho 6, 2005 08:34 PM

Já estava com saudades do Euroliberal :o)

Les pays anglophones sont mieux gérés

Sur le plan économique aussi, la «françafrique» est mal en point. Chirac, souvent qualifié de «meilleur avocat» de l'Afrique, doit partager cette distinction avec Tony Blair. Le premier ministre britannique a déployé des trésors d'énergie pour faire avancer la cause du continent noir. Des deux rapports remis aux gouvernements en vue du G 8 et préconisant un certain nombre de mesures pour sortir l'Afrique de l'ornière, l'un a été écrit par l'économiste américain Jeffrey Sachs, l'autre commandé par le premier ministre britannique. Aucun n'a été commis par la France.


Le «duel» Blair-Chirac se reflète sur le terrain. Parmi les pays subsahariens qui décollent, la majorité est anglophone. L'Afrique du Sud figure au premier rang avec un produit intérieur brut de 212,9 milliards de dollars, suivie par le Nigeria, pétrole oblige, avec 71,3 milliards de dollars. Mais aussi, plus inattendu, le Kenya et la Tanzanie. Des pays comme le Botswana ou l'Ouganda sont régulièrement cités par les institutions internationales ou les agences d'évaluation pour leurs bonnes politiques budgétaires.


Sans parler du Ghana. Cette ex-colonie britannique, pauvre parmi les plus pauvres, fait désormais figure de bon élève du développement. Les investisseurs, anglais et américains, reviennent. Ils sont peut-être attirés par la Bourse d'Accra qui emporte la palme de la plus belle performance mondiale, avec un rendement sur capitaux de 144%... «Les investisseurs étrangers ont besoin d'un cadre juridique et d'un environnement des affaires stables. L'héritage colonial britannique est, à ce titre, plus rassurant», explique Sena Agbayissah, avocat au cabinet DentonWildeSapte.


Au chapitre de la bonne gouvernance, condition sine qua non du développement, l'Afri que anglophone fait montre de meilleure volonté, soutenue par le Commonwealth qui n'hésite pas à sanctionner si besoin est. Les investisseurs étrangers y reviennent, à l'instar de la banque britannique Barclays qui, chassée pourtant d'Afrique du Sud au moment de l'apartheid, a acheté début juin, pour 4 milliards d'euros, la banque Absa.


Les opportunités d'affaires semblent plus prometteuses en Afrique anglophone, mais les entreprises tricolores peinent à y prendre pied, à l'exception de celles qui oeuvrent dans les domaines de l'eau ou de l'électricité. On peut invoquer le barrage de la langue. Mais la France a bien été capable d'exporter ses grands groupes aux Etats-Unis ou en Asie. Un groupe aussi historiquement africain que la CFAO (filiale de PPR) tente depuis des années de sortir du «pré carré» francophone, sans y parvenir, à l'exception du Nigeria.


La «françafrique écono mique» pâtit de ses mauvaises habitudes : les entreprises se sont accoutumées à être presque systématiquement accompagnées, politiquement et financièrement, par l'Etat français. Le mélange des genres s'exporte mal en Afrique anglophone. Les sociétés françaises privilégient désor mais... le Maghreb.


http://www.lefigaro.fr/international/20050706.FIG0138.html

Publicado por: lucklucky às julho 6, 2005 08:56 PM

Também me parece que a decisão de avançar para o aeroporto da OTA é má. Por várias razões que foram assinaladas e porque já entro em linha de conta com as "derrapagens" quando penso no custo destes projectos megalómanos.

No entanto, gostaria que cometassem algo que me disseram em favor da OTA: que a venda dos terrenos nos olivais era tão rentavel que cobria uma grande parte das depesas da construção. Isto faz algum sentido?? Eu não tenho noção, mas parece-me muito estranho que assim seja.

Inconvenientes de "avançar" pela OTA:
-600 milhões de contos
-derrapagem na ordem, provavelemente, dos 600 milhões
-tendência de subida do preço do petroleo não faz prever que o trafego aumente significativamente
-foi feita recentemente a restruturação da portela e é barato utilizar uma base militar para fazer face a qualquer aumento do trafego
-é menos prático para quem vive em lisboa
-desencoraja o turismo em Lisboa

Vantagens de avançar pela OTA:
-questão da segurança: menos risco de acidentes causarem mortes em Lisboa
-venda de terrenos nos olivais
-espaço para os novos airbus
-questões relativas ao ruído
-infra-estrutras que o aeroporto da portela não tem capacidade para possuir (que permitem a tal concorrência que foi referida e o funcionamento 24h/24h).

Penso que, considerando as nossas prioridades, 600 (1200) milhões de contos seriam muito melhor investidos noutro tipo de iniciativas.

Publicado por: Alfredo às julho 8, 2005 08:09 PM

Sim que tal por exemplo deixar o dinheiro no bolso dos portugueses?

Publicado por: lucklucky às julho 9, 2005 12:11 PM

E acabei de saber que está previsto um gasto "sério" no metro para construir uma ligação à portela.

Seria cómico, se não fosse triste.

Alguém me sabe responder em relação à venda dos terrenos nos olivais?

Publicado por: Alfredo às julho 9, 2005 02:28 PM

Esses planos são para português (eleitor) ver. Não são para se fazer. Pelo menos a maior parte

Publicado por: Susana às julho 12, 2005 07:01 PM

Esses planos são para português (eleitor) ver. Não são para se fazer. Pelo menos a maior parte

Publicado por: Susana às julho 12, 2005 07:01 PM

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