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julho 06, 2005

Afirmações com Prazo de Validade

Campos e Cunha afirmou peremptoriamente que não gosta de falar de problemas que ainda não se puseram. Essa tem sido a tónica do Governo: só fala em impostos, quando os aumenta. Enquanto não os aumenta, declara obviamente que não os aumenta e que não gosta de falar de problemas que ainda não se puseram. O Governo não mente … apenas relativiza a verdade no espaço-tempo. As suas promessas têm prazos de validade. Mas enquanto o prazo de validade dos fármacos está afixado na embalagem, o prazo de validade das decisões do Governo é indeterminado. É afixado no dia do seu termo. Quando isso acontece, alguns recalcitrantes exclamam: Mentirosos! Errado. Como ensinava o Bispo Berkeley esse est percipi (ser é perceber). Se nós não percebemos este relativismo é porque não existimos. Simples. Nós não existimos. Somos zombies. Invejamos, protestamos, socamos com o nosso punho imaterial, ... tudo inútil ... porque não percebemos o que se passa à nossa volta. Politicamente não somos.

Publicado por Joana às julho 6, 2005 07:29 PM

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Comentários

Vejo que ficou irritada com a pose jesuítica de Campos e Cunha!

Publicado por: V Forte às julho 6, 2005 08:07 PM

V Forte às julho 6, 2005 08:07 PM

O Campos e Cunha fez uma actuação melhor que o Cavaco, foi correcto, nada político e muito objectivo.

Assim não vale...assim não há galhofa...assim ninguém consegue comentar, pois o Homem foi rigoroso.

Publicado por: Templário às julho 6, 2005 08:41 PM

Rigoroso??? Perguntaram-lhe 5 ou 6 vezes na AR se ele confirmava as promessas de ontem da entrevista do Sócrates sobre o não aumento de impostos e ele nunca respondeu concretamente.

Publicado por: V Forte às julho 6, 2005 08:49 PM

Ultimas noticias de Gleneagles - Escócia
sobre como estão a decorrer os boicotes ao G8

- de militantes Portugueses - www.pt.indymedia.org/
- www.lahaine.org/
- www.indymedia.org.uk

Publicado por: xatoo às julho 6, 2005 08:59 PM

Um bando de gaitos arruaceiros e espero que levem umas boas bordoadas nos cornos.

Publicado por: carlos alberto às julho 6, 2005 09:02 PM

carlos alberto às julho 6, 2005 09:02 PM

"umas bordoadas nos cornos".

Assim é que se fala!

Haja bordão.
E cornos.
Mas, sendo gaiatos, talvez não estejam munidos do ornamento...

Publicado por: Vítor às julho 6, 2005 09:08 PM

o "esqueleto" do capitalismo Liberal á mostra!

Blair e o Liberalismo
Chirac e o Liberalismo
Barroso e o Liberalismo
Bush e o Liberalismo
óh pá! vocês que gostam á brava de alcoviteirar não percam a "novela" que estou a publicar lá no meu sítio: "Angola no Pântano da Corrupção Global"
vai no episódio II
www.xatoo.blogspot.com

Joana: aceitam-se desmentidos.

Publicado por: xatoo às julho 6, 2005 09:12 PM

meninos Carlinhos Alberto e Vitinho:
vcs é que usam essa linguagem e eu é que sou "arruaceiro"?

Publicado por: xatoo às julho 6, 2005 09:14 PM

Espantam-me os comentários relativos às contradições entre Sócrates (PM) e Campos e Cunha (MF).

Um exemplo: o Sr. Bettencourt Picanço, do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (SQE) estava piurço (nunca o tinha visto assim). E porquê? Porque o PM promete aumentos moderados para os funcionários públicos e o outro (MF) diz que não sabe se haverá aumentos de salários reais. Para qualquer neurónio menos preguiçoso a mensagem é uma só e não existe qualquer contradição.
Com atitudes destas vejo-me obrigado a entregar o cartão do SQE.

Com tanto motivo válido para criticar este Governo, andam agarrados ao pormenor e à semântica!


Publicado por: Vítor às julho 6, 2005 09:17 PM

Prazo de validade?
Consumir de preferência antes do fim de (ver o fundo).

Publicado por: Senaqueribe às julho 6, 2005 09:20 PM

V Forte às julho 6, 2005 08:49 PM

É verdade que perguntaram, pois esses deputados chumbaram todos a Português na Escolinha !!!

O Homem já tinha dito 5 vezes que além do que constava do PEC nada mais havia. Quando o Pateta deputado do CDS voltou à carga, o Homem para não lhe chamar burro, foi educado e disse:
- além destes impostos que aqui estão neste orçamento rectificativo, há para o ano, os já anunciados impostos sobre o tabaco e produtos petroliferos.

Afinal quem é que não percebe Português ?

Publicado por: Templário às julho 6, 2005 09:21 PM

xatoo às julho 6, 2005 09:14 PM

Menino xatiinho:
O menino não lê os comentários devidamente!
Não reconhece a ironia das minhas palavras?!
Começa a ser "xatoo".

Até simpatizo com os gaiatos. Desde que não abusem...

Publicado por: Vítor às julho 6, 2005 09:22 PM


Marques Mendes o Rei da Patétice !!!

Marques Mendes acabou de ser entrevistado no jornal da noite da Sic, e voltou com as mesmas patétices, que o sr. 1º Ministro disse na TV que não havia mais impostos e que o Ministro das Finanças não garantiu...

Com Oposição Desta...bem pode o cegueta do Sócrates Governar Séculos e Séculos !

Estamos Infelizmente entregues à Incompetência e à bicharada !

Publicado por: Templário às julho 6, 2005 09:24 PM

Vítor às julho 6, 2005 09:22 PM
peço desculpa.a coisa realmente é sempre um bocado à pressa. O tempo urge,,, ou como diria a Joana na sua dark side of Life (Roger Waters): Time is Money!

Publicado por: xatoo às julho 6, 2005 09:27 PM

"Estamos Infelizmente entregues à Incompetência e à bicharada"
Completamente de acordo. Sócrates e Campos e Cunha prá rua! Já!

Publicado por: Coruja às julho 6, 2005 09:37 PM

ó Coruja com esses dois, leva o Marques Mendes, o Portas, os gajos todos da AR com o Bonús Especial do Alberto. Se os Castelhanos nos dessem um duro por eles...

Publicado por: Templário às julho 6, 2005 09:39 PM

Joana bem quer fazer oposição mas não tem tido por onde pegar ... A única oposição "democrática" a este governo está a ser AJJardim ! Que saudades de Portas e Santana, Joana !

Publicado por: zippiz às julho 6, 2005 09:44 PM

xatoo às julho 6, 2005 09:12 PM:
A minha dark side of Life vem lembrar-lhe que lhe vou enviar o orçamento relativo à publicidade do seu blog. Vou-lhe igualmente enviar um impresso de candidatura ao Fundo de Financiamento de Jovens Empresários Virtuais.

Publicado por: Joana às julho 6, 2005 09:46 PM

Não seja muito careira que o rapaz ainda está no início da carreira

Publicado por: Coruja às julho 6, 2005 10:01 PM

Claro que V. não é arruaceiro, nem parvo embora ás vezes tente.
Nem o estou a ver lá na primeira linha de ataque e a gritar como o Mário Crespo um vernáculo quando lhe acertaram no toutiço.

Não senhor, você está aqui no quentinho a fazer o trabalhinho de sapa nos blogs.
Cada um na sua missão não é verdade, kamarada?

Publicado por: carlos alberto às julho 6, 2005 10:01 PM

Quando a princesa Diana morreu não consegui compreender a maluqueira que foi o envio de ramos e ramos de flores por gente anónima de Portugal gastando pequenas fortunas, gente que não abrandaria o passo e não daria um tuste a um pobre que encontrassem na rua.

Agora não entendo, mas tenho desculpa porque tenho poucos estudos, porque é que estes aguerridos jovens vão manifestar-se a quilómetros de onde estão os senhores do mundo, partem montras, queimam carros de inocentes que só tem o azar de estar a viver ali, gastam fortunas em transportes, comida, preservativos e outros bens de uso moderno e não se lembram de ir para África ajudar aqueles por quem tanto gritam, dando-lhe de caminho o dinheiro que gastam neste folclore.

Mas o estimado Kamarada tem a resposta na ponta da língua.
Eu cá para mim, é por causa dos mosquitos.

Publicado por: carlos alberto às julho 6, 2005 10:10 PM

Este xatoo é mesmo isso. Vejam só que ele defende, entre outras "ideias" igualmente delirantes, que os refugiados de guerra que se encontram há décadas a viver em Luanda, regressem de imediato às suas terras de origem, onde já nem estruturas económicas existirão, levando certamente com eles os filhos já nascidos e criados numa cidade de milhões de habitantes. Isto só visto... Ao que conduzem certos idealismos de pacotilha...

Publicado por: Senaqueribe às julho 6, 2005 10:20 PM

carlos alberto às julho 6, 2005 10:10 PM

Parece que os tipos não usam preservativos. Já está tudo infectado, não vale a pena...
Quanto a não irem para África, é de facto por causa dos mosquitos.

Publicado por: Senaqueribe às julho 6, 2005 10:29 PM

Excelente!

Um abração do
Zecatelhado

Publicado por: zecatelhado às julho 6, 2005 11:16 PM

Senaqueribe às julho 6, 2005 10:29 PM

Não podem ir a África porque os amigos do Bush, ditadores Corruptos matavam-nos logo !

Publicado por: Templário às julho 6, 2005 11:18 PM

zippiz às julho 6, 2005 09:44 PM:
A leitura do seu comentário levou-me a escrever o post seguinte.

Publicado por: Joana às julho 6, 2005 11:27 PM

Joana às julho 6, 2005 09:46 PM
ufa!
enquanto fôr orçamento é costume ser grátis. Não se atreva é a passar Factura,ok?
e Joana,,, não me force a auto-censurar-me. Se não me cortar o "pio" Vc sobe 14,25% ao ano na minha consideração. Aliás!, sempre tive para mim que a Joana será reciclável.
jinhos revolucionários!

Publicado por: xatoo às julho 6, 2005 11:29 PM

Tinha a ideia que quem sustentava ditadores corruptos em África era a França. Lembro-me, por altura da queda do Nino Vieira, que o embaixador francês em Bissau parecia mais um sátrapa que um embaixador.
Afinal os franceses sustentam ditadores ao serviço de Bush.
Estamos sempre a aprender.

Publicado por: Joana às julho 6, 2005 11:30 PM

áh! é verdade!
e ao assunto disse nada!,
é sabido que eu me recuso a discutir sócrates,cunhas e outras lêndeas,,,

Publicado por: xatoo às julho 6, 2005 11:31 PM

E Eu tenho a Ideia que o José Eduardo de Angola é sustentado pelo Bush e pelos petrodolares que embolsa.

Publicado por: Templário às julho 6, 2005 11:32 PM

Ex-deputado europeu interrogado por suspeita de comissões ilegais
O antigo perfeito e ex-deputado europeu francês Jean-Charles Marchiani está a ser ouvido desde hoje de manhã no tribunal de Paris devido a suspeitas de ter recebido comissões ilegais em diversos negócios.

Entre os casos investigados pelo juiz Philippe Courroye, responsável pelo sector financeiro, está a venda de armas a Angola pelos empresários Pierre Falcone e Arcadi Gaydamak, no qual é acusado de abuso de bens sociais e beneficiário do tráfico de influência e comércio ilícito de armas.

Esta é a primeira vez que Marchiani, 60 anos, próximo do ex- ministro do Interior Charles Pasqua é ouvido por um juiz, já que antes gozava de imunidade parlamentar, perdida em Junho ao não ser reeleito para o Parlamento Europeu.

Além da intervenção no processo "Angolagate", está em investigação a alegada responsabilidade no desbloqueamento da venda de tanques militares da empresa alemã Renk ao ministério da Defesa francês nos anos 90, a troco de 1,2 milhões de euros.

Terá igualmente beneficiado de uma comissão de 1,48 milhões de euros durante a negociação de um sistema da manutenção de bagagens em 1991 entre a empresa púbica Aeroportos de Paris, encarregue de gerir as aerogares da capital, à Vanderland Industries.

As duas somas foram levantadas pela justiça suíça em instituições financeiras no país, as quais terá transmitido à congénere francesa em 2002.

Marchiani é também investigado pelo seu envolvimento no caso da libertação dos reféns franceses no Líbano devido às dúvidas sobre o destino de um alegado resgate em dinheiro, nunca reconhecido oficialmente.

Finalmente, Marchiani é ainda acusado no âmbito do caso do desvio de dinheiro da petrolífera Elf.

Antigo agente dos serviços secretos franceses, Marchiani escapou anteriormente ao interrogatório devido à sua imunidade parlamentar, depois de quatro convocações do juiz Courroye entre 2001 e 2003.

Numa carta enviada recentemente ao jornal Le Monde, o antigo prefeito afirmou que sempre assumiu a responsabilidade das missões de que foi encarregue, sublinhando que "nenhum cêntimo foi recebido ou usado de forma contrária ao direito ou à moral".

"Todos os Estados, todas as organizações e todas as pessoas físicas ou morais que colocaram à nossa disposição meios humanos, materiais e financeiros, fizeram-no no respeito das instruções que recebemos do governo, do direito interno dos país em causa e do direito internacional", sublinhou.

Agência LUSA
2004-08-02 18:00:00

Publicado por: Joana às julho 6, 2005 11:40 PM

De acordo com vários analistas políticos angolanos, a obstrução ao exercício das funções do futuro embaixador de França em Angola é uma forma de retaliação, face às investigações da justiça francesa sobre o caso «Angolagate». Num discurso proferido em 26 de Fevereiro de 2001, o Presidente da República angolano referiu que a continuidade das investigações “poderia afectar as relações entre Angola e França”.

Se por um lado o governo angolano considera a investigação dos tribunais franceses “uma ingerência nos assuntos internos” de Angola, o executivo francês diz que não se pode pôr em causa a “independência dos tribunais”.

Segundo fontes referidas no jornal digital «Apostolado», “Angola poderá ainda fazer recurso ao petróleo como parte da retaliação contra a França”. O grupo francês Total-Fina-Elf, é um dos maiores exploradores do ouro negro do país. A Elf actua principalmente ao largo do Soyo, na província do Zaire.

http://jpn.icicom.up.pt/2004/05/04/relacoes_tensas_entre_franca_e_angola.html

Publicado por: Joana às julho 6, 2005 11:42 PM

“Angolagate”: petróleo por armas

Em 1993, falhado o processo eleitoral e rasgados os acordos de paz de Bicesse, a guerra que opõe o Movimento Popular para a Libertação de Angola (MPLA) contra a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) avança no país. Aproveitando a desmobilização de efectivos das Forças Armadas Angolanas, os guerrilheiros de Jonas Savimbi ocupam cerca de 80% do território nacional.

A vitória cada vez mais próxima dos rebeldes obriga o governo angolano a pedir apoio internacional. Com o desmembramento do apoiante tradicional, a União Soviética, Eduardo dos Santos volta-se então para a França. Naquela ocasião, este país era governado por uma coligação presidida por François Mitterrand.

De acordo com “Os Homens do Presidente”, um relatório de 2002 elaborado pela organização não governamental (ONG) Global Witness (GW), sobre a gestão dos lucros do petróleo angolano, o pedido de Eduardo dos Santos foi encarado por França como a grande oportunidade para fazer frente à “crescente paranóia (…) acerca do controlo total do sector petrolífero angolano por parte dos EUA”.

Segundo esta ONG britânica, como forma de garantir o êxito total, este processo foi desde o início encaminhado por vias não oficiais. Na altura, o Ministro da Defesa francês, figura que teria que autorizar o apoio militar ao governo angolano, era considerado um dos “principais apoiantes da UNITA em Paris”.

Encontrados os intermediários do processo – Falcone e o russo Arkadi Gaydamak – começou então a acção subterrânea. Jean-Christophe Mitterrand, ex-conselheiro presidencial para África, Jean-Bernard Curial, na altura responsável do Partido Socialista (PS) francês pela África Austral e o Ministro do Interior Charles Pasqua, foram, de acordo com a justiça francesa, os impulsionadores do processo.


Entre 1993 e 1994, segundo a investigação de vários jornais franceses, Falcone e Gaydamak facilitaram o processo de venda de armas ligeiras e pesadas dos países do leste europeu para Angola. Seiscentos e trinta milhões de dólares é o valor aproximado dos cálculos que envolveram a comercialização do armamento.

Sem dinheiro para pagar directamente esta quantia, o governo de Eduardo dos Santos delineou, de acordo com o mais recente relatório da GW, «Hora de Transparência», “um sistema de empréstimos com juros altos, garantidos pela futura produção petrolífera”. Este documento, publicado em Março último, detalha o processo de pagamento: “os que organizavam o fornecimento de equipamento militar recebiam um valor inicial, à cabeça; depositavam este dinheiro e encomendavam as armas; um empréstimo garantido por petróleo era então obtido dos bancos franceses e desembolsado a partir de Paris para cobrir os restantes custos e honorários.”

O recente depoimento de Jean-Bernard Curial, no âmbito do processo «Angolagate», vai de encontro ao relatório da GW. O ex-responsável do PS francês para a África Austral acrescenta ainda que o sistema de pagamentos e aquisições “offshore”, “tornou-se uma enorme máquina de fazer dinheiro” para Falcone, Gaydamak e alguns líderes angolanos.

O novelo das relações escondidas entre Angola e França efectuadas entre 1992 e 1994, foi desenrolado em 2000 pela Brigada Fiscal Francesa. Aquela que iniciou como uma mera investigação sobre possíveis evasões fiscais no comércio de armas acabou por se tornar um escândalo que envolvia o tráfico ilegal de armamento e lavagens de dinheiro.

Sob a mira das autoridades, estavam altos dignitários dos dois estados. Jean-Christophe Mitterrand, Charles Pasqua e outros membros do governo francês foram acusados de “comércio ilícito de armas, tráfico de influências, abuso de confiança e fraude fiscal”. A detenção de Jean-Christophe, filho do presidente Mitterrand, em Dezembro de 2000, catapultou o «Angolagate» para a primeira linha da imprensa mundial.

Em sequência das mesmas acusações, Pierre Falcone foi detido a 1 de Dezembro de 2000. Exactamente um ano mais tarde foi libertado depois do pagamento de mais de 14 milhões de dólares. Aquela que foi estimada como sendo a maior fiança de sempre em França, foi mais tarde reduzida para cerca de um terço, depois de uma acção de recurso interposta pelos advogados do empresário. Segundo o jornal francês «Nouvelle Observateur», citado no relatório «Hora de Transparência», esse valor viria ser pago “pela empresa estatal de petróleo angolana Sonangol, para demonstrar a solidariedade de Angola para com Falcone”.

Publicado por: Joana às julho 6, 2005 11:44 PM

Mais além do “Angolagate”

Para a Global Witness há indícios que este empresário tenha estado envolvido em outros negócios ilícitos com o estado angolano.

Segundo as investigações publicadas no «Hora da Transparência», a GW afirma que “pelo menos” um outro contrato de fornecimento de armas foi levado a cabo entre 1995 e 1996. O relatório indica ainda que o valor desta operação deverá rondar os 44 milhões de dólares. Para a ONG, Falcone foi o mediador do processo.

No entanto, os negócios entre o empresário e Eduardo dos Santos não se limitaram ao comércio de armamento, segundo a GW. De acordo com as investigações desta ONG britânica, de “um modo semelhante de financiamento e fornecimento”, Falcone forneceu ao exército angolano, em regime de “monopólio”, bens essenciais entre os quais comida e medicamentos. O negócio terá sido empreendido através da CADA – Empresa Angolana de Distribuição Alimentar, estrutura integrante da Brenco International, cujo presidente é o empresário francês. Segundo o Público de 14 de Janeiro de 2000, de acordo com fontes próprias “o contrato da CADA foi processado sem qualquer forma de concurso público”.

A lista de conexões entre Falcone e Angola envolve também acções de intermediação na negociação da dívida deste país à Rússia. De acordo com o jornal suíço «Le Temps», actuando como representantes do governo angolano, Falcone e Gaydamak terão conseguido reduzir a dívida em cerca de 70%, de cinco mil milhões para 1,5 mil milhões de dólares.

No entanto, várias fontes revelam que o processo de pagamento desta quantia não foi claro. O «Le Temps» adianta que “parte do dinheiro da dívida terá sido desviado para contas de altos responsáveis dos dois países [Rússia e Angola], em vez de ser depositado a favor do estado russo, que era teoricamente o detentor da dívida”. O jornal «Público» acrescenta ainda, num artigo publicado em Março último, que “dos 773,9 milhões de dólares que deviam ser reembolsados imediatamente, segundo o acordo, apenas 161,9 milhões foram pagos ao ministro das Finanças da Rússia.”

Actuando como intermediários na negociação da dívida, Falcone e Gaydamak terão também lucrado com o processo, de acordo com a GW. A ONG britânica aponta que nas listas de transferência do dinheiro da dívida, Falcone e a sua empresa Brenco International receberam cerca de 88 milhões de dólares. Por seu lado, Gaydamak viu a sua conta bancária engrossada em 60,5 milhões dólares.

Publicado por: Joana às julho 6, 2005 11:47 PM

Senaqueribe às julho 6, 2005 10:20 PM
Você sabe do que é que está a falar?, conhece Luanda?, o Roque Santeiro? Viana? as condições em que vivem 5 milhões de pessoas que não são de lá?, de uma cidade que no tempo dos portugueses tinha 400 mil habitantes e não tinha as parcas infra-estruturas completamente destruidas?
Mas concerteza que lê na Caras o luxo do amigalhaço do Barroso - o presidente Zedu.
ou não lhe convém saber?
Quanto à dúvida da Joana: vem lá! - os franceses e os métodos da petrolifera ELF. Quanto às outras das Big 7 anglo-americanas não se sabe, embora se possa supor ser igual não?,,, aliás a guerra agora está mesmo em correr com os franceses (a ELF/Total já foi corrida) e substitui-los pelos yankees na parte das explorações que detinham.

Publicado por: xatoo às julho 6, 2005 11:47 PM

Angolagate

Está a ser julgado num País Democrático, em que há liberdade de acusação e liberdade de defesa dos arguidos e em que nada se esconde.
Esse País da Liberdade só podia ser a França, claro !

Ora...sobre americanos nada... curioso no mínimo, como os Biliões de dólares foram parar às contas na Suiça do José Eduardo.

Até o FMI já disse ao Eduardo, que faltavam umas contas de petróleo nas contas do Estado.

Também os interesses Família Bush, Família Laden são conhecidos na área dos petróleos !

Publicado por: Templário às julho 6, 2005 11:52 PM

Joana às julho 6, 2005 11:47 PM

Neste processo ninguem presta! desde Chirac a Barroso e a Bush:

Em 2000 Pierre Falcone, o traficante de armas libertado sob caução por “tráfego ilegal de armas, fraude fiscal, uso ilícito de benefícios sociais, abuso de confiança e tráfego de influência” faz uma doação à Campanha para a Eleição de George W.Bush no valor de U$ 100 milhões de dólares – provenientes de uma empresa gerida pela esposa de Pierre Falcone , tanto quanto a contribuição de Kenneth Lay o “ patrão” da ENRON.!!,,, Após a exposição desta ligação com “dinheiro sujo”na “Newsweek” em Janeiro de 2001, e o Presidente Bush diz que irá devolver (!) a doação.

há mais,,,
amanhã publico a parte III

Publicado por: xatoo às julho 6, 2005 11:54 PM

Depois dizem que são os americanos.

Publicado por: AJ Nunes às julho 7, 2005 12:20 AM

Este Governo não tem palavra. Diz uma coisa. Diz essa coisa com convicção. Promete que é para manter e meses depois muda tudo.
Assim não é possível viver.

Publicado por: lopo dias às julho 7, 2005 09:36 AM

xatoo às julho 6, 2005 11:47 PM

Vivi cerca de 10 anos em Luanda.
Estudei em Luanda.
Tenho amigos em Luanda.
Tenho famíliares em Luanda.
Correspondo-me com eles.
Sei o que lá se passa.
Não leio a Caras nem sei o que isso é.
E vou deixar de ler o seu tendencioso blog.

Publicado por: Senaqueribe às julho 7, 2005 10:12 AM

por: Senaqueribe às julho 7, 2005 10:12 AM

Isso é rataliação !

Publicado por: Templário às julho 7, 2005 10:15 AM

Então o xatoo anda a fazer publicidade enganosa?

Publicado por: Coruja às julho 7, 2005 10:32 AM

O governo faz bem em não dizer nada sobre o futuro. Quanto menos se diz, menos se erra.

Foi a mania de falar de mais que lixou Santana Lopes.

Lembremo-nos também do funesto exemplo de Guterres, a declarar na Assembleia da República, perante a estupefação e revolta do seu ministro das finanças Pina Moura, que os preços dos carburantes não aumentariam até ao final do ano 2000.

Sócrates aprendeu, e bem, com esses exemplos. Vale 1000 vezes mais estar calado, do que abrir a boca para fazer promessas que depois não se poderá manter.

Publicado por: Luís Lavoura às julho 7, 2005 10:40 AM

Luís Lavoura em julho 7, 2005 10:40 AM: A actividade económica precisa de um ambiente estável para viver. Não pode desenvolver-se sem saber com o que conta.
Sócrates tem que dar esse ambiente estável a longo prazo.

Publicado por: Hector às julho 7, 2005 10:56 AM

Você está a confundir o que é uma política para servir o país - dizer claramente como vai ser a actuação futura do governo;
e o que é uma política para servir a manutenção da imagem do governo: não dizer nada, para depois não lhe chamarem mentiroso.

Publicado por: Hector às julho 7, 2005 10:59 AM

Hector em julho 7, 2005 10:59 AM: Plenamente de acordo. A actividade económica exige um clima estável e saber quais são as regras do jogo num horizonyte razoável.

Publicado por: V Forte às julho 7, 2005 11:16 AM

«Mas enquanto o prazo de validade dos fármacos está afixado na embalagem, o prazo de validade das decisões do Governo é indeterminado. É afixado no dia do seu termo.»

É como os direitos adquiridos. Não são adquiridos no momento em que se contratam: são adquiridos no momento em que se vencem.

Publicado por: Zé Luiz às julho 7, 2005 11:31 AM

Os direitos adquiridos não existem. O que existe são direitos e deveres que tenham cobertura contratual.
Chama às expectativas "direitos adquiridos" para lhes dar um ar "contratual" de obrigação

Publicado por: V Forte às julho 7, 2005 12:15 PM

Queria dizer "chamam".

Por exemplo, os trabalhadores que estão a ir para o desemprego tinham expectativa que o seu emprego durasse. Mas como não são funcionários públicos não podem alegar "direitos adquiridos".

Publicado por: V Forte às julho 7, 2005 12:18 PM

Queria dizer "chamam".

Por exemplo, os trabalhadores que estão a ir para o desemprego tinham expectativa que o seu emprego durasse. Mas como não são funcionários públicos não podem alegar "direitos adquiridos".

Publicado por: V Forte às julho 7, 2005 12:19 PM

Os trabalhadores privados são quem sustenta o Estado e quem tem menos direitos.

Publicado por: AJ Nunes às julho 7, 2005 12:28 PM

Parece que na nossa lei há uma confusão (certamente deliberada) entre "direitos adquiridos" e "expetativas" no que diz respeito à construção.

Isto é, não está claramente escrito na lei a partir de que momento é que se pode considerar que um determinado privado adquiriu o direito de edificar no seu terreno. Se é a partir do momento em que o PDM previu a construção, se a partir do momento em que há um plano de pormenor aprovado, se a partir do momento em que há um alvará concedido, etc.

Os políticos e os promotores imobiliários jogam deliberadamente com esta ambiguidade, ou vazio legal, para pretender que certas expetativas são direitos adquiridos.

Publicado por: Luís Lavoura às julho 7, 2005 12:45 PM

AJ Nunes às julho 7, 2005 12:28 PM

Não lhe parece que a sua afirmação é um pouco redutora?
Em termos gerais, é verdade que os trabalhadores do sector privado são quem tem menos direitos.
Mas eu, funcionário público, julgo que também faço parte dos que sustentam o Estado.

Por falar em direitos, há quem defenda que, uma vez que os funcionários públicos tem mais direitos que os do sector privado, se devem retirar os direitos dos funcionários públicos. É o que se chama nivelar por baixo, à boa maneira portuguesa.

Do meu ponto de vista, seria mais inteligente analisar serenamente quais os direitos que se justificam e os que, sendo injustificados, resultaram da capacidade de "lobby" dos grupos profissionais da função pública.
Estes devem ser eliminados.

Para terminar:
é também curioso como, em quase todos os comentários deste blog, independentemente do assunto, se deitam mais achas para a fogueira onde arde o nome dos funcionários públicos.

PS: Uso o termo "direitos" na sua acepção mais comum, consciente de que estes direitos de definitivo não têm nada.
Mudam-se os tempos, mudam-se os direitos...

Publicado por: Vítor às julho 7, 2005 12:53 PM

V Forte:

Se têm cobertura contratual são direitos adquiridos. Se não têm, são meras expectativas. A carta da ambiguidade a que o Luís Lavoura faz referência não é jogada só para pretender que certas expectativas são direitos adquiridos, mas também para pretender o inverso.

O princípio dos direitos adquiridos no momento da contratualização é essencial ao funcionamento dum Estado de Direito: sem ele não há previsibilidade e todos estamos sujeitos a cair em situações tipo «Catch 22».

Publicado por: Zé Luiz às julho 7, 2005 01:06 PM

Quem sustenta o Estado é o sector produtivo, pois é ele que produz bens transaccionáveis.
Isso não invalida que o Estado preste (ou antes, devesse prestar) serviços úteis: segurança, justiça, educação, saúde, etc.
Mas tudo isto é sustentado pelo sector produtivo.

Publicado por: Joana às julho 7, 2005 01:15 PM

Não me parece que evitar clarificar o futuro político e económico com receio de passar por mentiroso seja um acto louvável.
Parece-me mais um acto cobarde.
E muito prejudicial à actividade económica que tem que trabalhar com um horizonte previsível, pelo menos no que diz respeito ao comportamento das instituições.

Publicado por: Joana às julho 7, 2005 01:21 PM

"O governo faz bem em não dizer nada sobre o futuro. Quanto menos se diz, menos se erra." (Luís Lavoura)

A ideia é boa, mas com essa postura ninguém ganharia eleições.

Por outro lado, as funções de um gestor a qualquer nível, seja um encarregado de obras ou um chefe de governo, são justamente: prever, planear, programar, orientar e controlar. Sem isto nunca se faz nada. E um governo tem de falar ao povo, pois é para este que está a trabalhar. Ou não?

Publicado por: Senaqueribe às julho 7, 2005 01:42 PM

Senaqueribe, de acordo. Essa teses, além de ser condenável, não conduz a bons resultados, para o país e para o político.

Publicado por: Cerejo às julho 7, 2005 02:05 PM

Até agora ele tem-se aguentado.
O país é que nem por isso.

Publicado por: Coruja às julho 7, 2005 02:18 PM

Joana às julho 7, 2005 01:21 PM
Hector às julho 7, 2005 10:56 AM

Sócrates pode ser tão criticado com um qualquer gestor que nada diz aos seus trabalhadores sobre se a sua fábrica será deslocalizada. O gestor não sabe se a fábrica será deslocalizada, e nada diz. Ou então diz, "é possível que sim, mas penso que não, tenho todas as indicações de que não". Diz, ao fim e ao cabo, o mesmo que José Sócrates e Campos e Cunha.

Tal como o gestor não pode garantir o futuro da fábrica, não pode garantir o futuro, também Sócrates não pode garanti-lo. A economia melhorará ou piorará? A fuga fiscal aumentará ou diminuirá? O ambiente político será melhor ou pior? E as pressões externas? Sócrates não sabe. Pode ter o seu feeling, mas não sabe.

Portanto, prefere ser prudente nas suas garantias e declarações. Faz ele muito bem.

Publicado por: Luís Lavoura às julho 7, 2005 02:25 PM

Joana às julho 7, 2005 01:15 PM

Não sei se este seu comentário, surge na sequência das minhas afirmações (Vítor às julho 7, 2005 12:53 PM), mas arrisco:

Que eu saiba na definição de bens trasnsaccionáveis, incluímos bens tangíveis e intangíveis.
Ora, se numa acepção mais lata de Estado, o meu trabalho não concorre para o sustento do dito, então eu não produzo nada??
Ou andarei a contribuir para o sustento do sector privado e produtivo, (e, indirectamente, do Estado)uma vez que o meu trabalho consiste em assegurar o cumprimento das regras de mercado e a defesa do consumidor??

Ou não será assim?

Se não for assim, terei que prescindir de um direito adquirido: retribuição pelo serviço prestado.

Estou confuso. Já estou a pensar não aparecer amanhã! Já nem a dignidade do trabalho me resta.

Publicado por: Vítor às julho 7, 2005 02:26 PM

Bens transaccionáveis são aqueles que são objecto de transacção no mercado (mercadorias ou prestações de seviços). Serem ou não corpóreos não faz diferença. Você pode vender um projecto, um corte de cabelo ou um par de sapatos.
Repare que eu acrescentei que "Isso não invalida que o Estado preste (ou antes, devesse prestar) serviços úteis: segurança, justiça, educação, saúde, etc."
Mas tudo isso é sustentado pelas receitas provenientes dos bens transaccionáveis.

Publicado por: Joana às julho 7, 2005 02:36 PM

A Saúde e a Educação podem ser bens transaccionáveis. Por exemplo, algumas escolas privadas inglesas, ou clínicas suiças, etc. etc.
Isso até poderia ser um nicho de mercado para Portugal atendendo ao clima e à baixa criminalidade. Mas apenas feito por privados. Não estou a ver o sector público a fazer isso: por falta de qualidade do serviço e pela sua ineficiência, que tornaria o serviço caro para a qualidade do mesmo.

Publicado por: Joana às julho 7, 2005 02:39 PM

Joana às julho 7, 2005 02:39 PM

Tem razão. Por exemplo, as clínicas espanholas que fazem abortos às portuguesas. Graças ao clima liberal e favorável ao negócio em Espanha, essas clínicas fartam-se de ganhar dinheiro à custa d@s portugues@s.

E também as coffee shops e os live shows de Amesterdão. Bué de estrangeiros a deixar lá o seu dinheirinho, graças ao clima liberal prevalecente na Holanda.

Publicado por: Luís Lavoura às julho 7, 2005 02:53 PM

As "mães de Bragança" podem ter salvo (temporariamente) os seus lares, mas contribuíram decisivamente para destruir um dos negócios mais prósperos e transacionáveis da sua cidade.

As brasileiras foram para Verín e Puebla de Sanabria, e os parvos dos portugueses ficaram, como de costume, a ver navios, com a sua falta de liberalismo.

Publicado por: Luís Lavoura às julho 7, 2005 02:57 PM

Joana às julho 7, 2005 02:36 PM

OK! Tudo bem.

Tal como eu dizia:
1.º: produzo um bem transaccionável - presto um serviço à sociedade e sou pago por isso;
2.º: contribuo para o cumprimento da Lei e, assim, para a produção de bens transaccionáveis susceptíveis de sustentar o Estado;
3.º: nessa medida, indirectamente, contribuo para o sustento do Estado.

Não me diga que não é assim. Olhe que o Xanax está mesmo aqui à mão :)

a "tangibilidade" dos bens faz diferença. Para os leigos

Publicado por: Vítor às julho 7, 2005 03:12 PM

Vítor: Você não é pago pela sociedade. Você é pago pelo Estado. Como tem um emprego no Estado, mesmo que estivesse a olhar pela janela, continuava a ser pago.
O serviço que o Estado presta, por seu intermédio, não é transaccionável. Pode haver taxas, selos, emolumentos, mas isso não são pagamentos por serviços.
Isso não quer dizer que você não preste um óptimo serviço.

Publicado por: Novais de Paula às julho 7, 2005 03:33 PM

Luís Lavoura:
O Ministro da Saúde já afirmou que vai pagar abortos em clínicas privadas portuguesas, porque o serviço público não os faz. A nossa lei é igual à espanhola, só que o SNS faz uma interpretação diferente.

Publicado por: Novais de Paula às julho 7, 2005 03:37 PM

Novais de Paula às julho 7, 2005 03:37 PM

O SNS e não só. Os privados também. Há em Portugal muitas clínicas privadas, mas nenhuma que ofereça serviços de aborto. O que quer dizer que, também elas, interpretam a lei portuguesa diferentemente da espanhola.

De qualquer forma, a lei não deveria estar tão sujeita a interpretações. Deveria ser clara. Se a lei portuguesa é sistematicamente interpretada de forma anti-liberal, então seria bom torná-la explicitamente liberal, para que deixasse de haver lugar a interpretações.

(Falo como liberal que sou, ou me considero.)

Publicado por: Luís Lavoura às julho 7, 2005 03:54 PM

Os espanhóis consideram que questões psíquicas podem ser razão para fazer o aborto. Os médicos portugueses não dão a mesma latitude à lei.

Nota: você usou a palavra liberal no sentido de permissivo.

Publicado por: Diana às julho 7, 2005 03:59 PM

Senaqueribe às julho 7, 2005 10:12 AM
é pena,,,
apesar de saber tanto, e não dizer nada. Já está como a Joana: "não quer vender as suas ideias" equiparáveis a "pares de sapatos",,,
,,,por essas e por outras é que anda tanta gente descalça.

Publicado por: xatoo às julho 7, 2005 04:10 PM

"Liberal" com a vida? Isso é ser liberal?

Publicado por: lucklucky às julho 7, 2005 04:14 PM

Templário às julho 6, 2005 11:52 PM
"o Angolagate está a ser julgado num País Democrático, a França Pátria da Liberdade", claro, e a chave para a compreensão da diferença está mesmo aí!. Chirac nunca poderá intervir ou direccionar a Justiça Francesa, nem os franceses aceitariam isso, enquanto que por aqui nas terras dos zombies pró-americanos,,, é o que se sabe.

Publicado por: xatoo às julho 7, 2005 04:18 PM

"Os médicos portugueses não dão a mesma latitude à lei." (Diana)

A palavra "médicos" está a mais. Os médicos portugueses não deverão, em média, ser mais nem menos liberais (ou "permissivos", como preferir) do que a restante população. O problema não é como os médicos portugueses interpretam a lei, mas sim como o Estado português e a sociedade portuguesa a interpretam. Interpretam-ma diferentemente do Estado e da sociedade espanhóis.

Não sei bem o que quer dizer "permissivo". O liberalismo é a favor da liberdade e é uma teoria política essencialmente pragmática. O aborto não é uma questão de princípio, é uma questão basicamente pragmática. Deve ser permitido não por ser uma coisa boa, mas por ser essencial para garantir o direito ao planeamento familiar, isto é, a ter-se os filhos que se deseja. A liberdade fundamental que se pretende garantir é a liberdade da procriação, a liberdade do planeamento familiar; a liberdade de abortar é acessória (no meu ponto de vista).

Publicado por: Luís Lavoura às julho 7, 2005 04:24 PM

(É por a liberdade de abortar ser assessória que ela é limitada no tempo, às 12 semanas ou 14 ou seja as que for. Uma liberdade fundamental não poderia ser limitada no tempo. O aborto é apenas um instrumento assessório do planeamento familiar, a utilizar sob forma limitada e em último recurso.)

Publicado por: Luís Lavoura às julho 7, 2005 04:28 PM

Esse ponto de vista pragmático sobre o aborto como planeamento familiar pode chegar até à medida proposta por Jonathan Swift, de matar e comer as crianças que viviam sem eira nem beira pelas ruas.

Publicado por: soromenho às julho 7, 2005 04:34 PM

Novais de Paula às julho 7, 2005 03:33 PM

Pense lá como quiser. Não estou aqui para fazer lavagens ao cérebro.

Até porque os recursos argumentativos são infindáveis:

"Você não é pago pela sociedade. Você é pago pelo Estado."
Mas, como é a sociedade que paga ao Estado, eu sou pago pela sociedade.

O serviço que o Estado presta, por seu intermédio, não é transaccionável.
Ora isso é que é. Por ser assim, andamos todos a pensar que pagamos demasiado caro pelo serviço prestado.

Se o raciocínio não fôr nestes moldes, nunca mais reformamos o Estado

Publicado por: Vítor às julho 7, 2005 04:37 PM

Você é, indirectamente, pago pela sociedade. Mas, do ponto de vista económico, o que produz não é um bem ou serviço transaccionável. O Estado vende o seu serviço em algum mercado? Vende-o a alguém? O preço do seu serviço resulta de um equilíbrio de mercado?

Publicado por: Novais de Paula às julho 7, 2005 05:23 PM

Novais de Paula às julho 7, 2005 05:23 PM

Esta discussão já parece a história do ovo e da galinha.

Entendo que o que eu produzo é um bem. É pago na justa (?) contrapartida de taxas cobradas pelo Estado aos operadores económicos.
E o Estado até assume um posição de monopólio (ou, no mínimo, oligopólio) neste mercado.

Claro que a sua perspectiva poderá ser um pouco mais restritiva e à luz dos cânones da Economia, entendendo assim que a relação entre o Estado e os portugueses, não configura uma relação de oferta/procura, em suma que não existirá aqui um mercado.

Finalmente: o facto de o preço de um serviço não resultar de um equilíbrio de mercado não diz rigorosamente nada. É só ver os desiquilíbrios que andam por aí nos mais diferentes mercados.

Eu estou piamente de que, com o meu trabalho, contribuo, não só para o meu bem estar, mas também para o sustento do Estado e para o bem estar da sociedade. Se assim não fora, lá viria o Xanax.
Se tem algum problema com isto ou, vá lá, uma opinião diferente, tudo bem - é consigo.

Termino com um alerta:
Se os serviços que o Estado assegura não são bens transaccionáveis, ninguém, no sector privado estará disposto a assegurar esses serviços.
Depois não venham dizer que existem serviços públicos que poderiam ser privatizados...

Publicado por: Vítor às julho 7, 2005 06:14 PM

xatoo às julho 7, 2005 04:18 PM:
Aviso-o que o seu comentário foi o nº 20.000.

Publicado por: Joana às julho 7, 2005 06:47 PM

Vítor às julho 7, 2005 06:14 PM

Você é novato cá neste sítio, por isso ainda não percebeu que os Liberais Odeiam o Estado.
Excepto:
a) policias (para os protegerem)
b) Tribunais (para que possam receber o carcalhol)

Tudo o resto não precisam do Estado para nada, nem a Educação (que cada um deveria pagar) nem a Saúde, nem segurança social nem nada.

Se os quer calar, lance-lhes o Repto que eu já lhes lancei e ficaram todos caladinhos que nem ratos à procura da Solução Liberal:

A propriedade rural é totalmente liberal e está 95% nas mãos dos particulares. Ora o resultado das suas atitudes (abandono) levou ao crescimento do mato e aos Fogos !

Os Bombeiros deveriam cobrar os serviços prestados ?
O Estado é necessário para resolver este problema ?
Os proprietários que deixaram arder suas propriedades deveriam ser levados a tribunal ?

Ou simplesmente deixem arder, que o mato não é vosso e não têm nada com isso !?

Publicado por: Templário às julho 7, 2005 06:49 PM

Vítor às julho 7, 2005 06:14 PM:
Ninguém diz que o que você faz é inutil.
Por exemplo, uma equipa médica que faz uma operação cirúrgica numa clínica privada está a produzir um bem transaccionável, enquanto se o fizer no SNS, admitindo que faz essa operação da mesma maneira e com a mesma qualidade, não está a produzir um bem transaccionável.
Os bens transaccionáveis têm uma característica - são produzidos para um mercado e o seu preço resulta da acção do mercado. Podem inclusivamento ser produzidos para o mercado internacional.

Publicado por: Joana às julho 7, 2005 06:55 PM

O facto dos equilíbrios na formação dos preços nem sempre serem eficientes não retira significado à questão.

Publicado por: Joana às julho 7, 2005 06:58 PM

Joana às julho 7, 2005 06:55 PM

Exemplos de bens transaccionáveis e que geram um lindo e virtuoso mercado:

- EDP - electricidade - pagamos o que eles desejarem, pois não existe concorrência.

- Banca - pagamos o que eles exigirem pois actuam em Trust.

- Telecomunicações - São os maiores vígaros ( a seguir à banca) telefone por 1 centimo, mas tem que telefonar às horas que nós queremos e para os números que nós queremos. Ahhh queria ligar só para o Hospital ? então ligue...vai ver a conta...
Isto é o mercado que é sinónimo de : Põe-te a pau que eles roubam-te à descarada e tu a veres !

Publicado por: Templário às julho 7, 2005 07:04 PM

Joana:
Paternalismos (ou maternalismos) à parte (até porque estaria tramado se me preocupasse com o que alguns pensam da utilidade do meu trabalho) já vi que temos opinões diferentes.

Mas não percebi muito bem essa lógica de um bem/serviço perder a sua susceptibilidade à transacção, quando passa da esfera do serviço público para a esfera do sector privado. Mais uma vez estamos, não só mas também, a jogar com as definições de mercado e com os mecanismos de formação dos preços.
Assim de chofre, a sua resposta parece ser uma artimanha para resolver a minha questão: "Se os serviços que o Estado assegura não são bens transaccionáveis, ninguém, no sector privado estará disposto a assegurar esses serviços."

Mais: a questão inicial era outra, isto é que vai afunilando e perdendo amplitude e discernimento.
Relembro a questão:
A Joana disse:
"Quem sustenta o Estado é o sector produtivo, pois é ele que produz bens transaccionáveis."
E eu dissertei mais ou menos à volta disto:
Será que quem presta um serviço, ainda que este não seja classificado como um bem transaccionável, não estará também a sustentar o Estado?

Mas se o que a Joana diz é o que vem nos livros, quem sou eu para negar.

Publicado por: Vítor às julho 7, 2005 07:14 PM

O facto dos equilíbrios na formação dos preços nem sempre serem eficientes não retira significado à questão.

Equilíbrios ? entre a oferta e a procura ? ou entre a própria concorrência ? a que conduz essa política miserável ?

Ao empobrecimento das empresas e por tabela ao dos próprios trabalhadores/consumidores.

Esta política lançada pelas multinacionais, só pode ter um único objectivo estratégico, o de aniquilar todos os pequeninos e quando tomarem totalmente conta do mercado, imporem os Seus Preços !

Publicado por: Templário às julho 7, 2005 07:17 PM

Já agora, e porque não quero reinventar a Economia, lembrei-me de outro assunto (hoje deu-me para escrever, o que é que querem):
Em Portugal, há uns bons anos atrás, discutia-se a questão da valorização económica do ambiente e a dificuldade de definir e atribuir um valor a este bem.
Era hilariante verificar como alguns colegas moíam o toutiço à volta deste assunto, quando isso estava mais que em voga "outdoors".
Para alguns, também não era um bem transaccionável. Agora até já defendem a venda de quotas de emissões de CO2...

Publicado por: Vítor às julho 7, 2005 07:26 PM

Sim mas se for só CO2 é uma parvoíce. Aliás um país como os EUA é beneficiado porque para as contas deve ser contabilizado o input positivo da natureza de cada país. Suspeito que Hong Kong estrá em maus lençóis...

Publicado por: lucklucky às julho 7, 2005 08:08 PM

A compra e venda das emissões de CO2 está prevista internacionalmente. Foi fixado um valor, clculado não sei com que base e aceite por todos os países.

Publicado por: David às julho 7, 2005 08:44 PM

O que é uma asneira se só inclui o CO2, quer dizer que é só mais um negócio do que qualquer preocupação real.

Publicado por: lucklucky às julho 9, 2005 12:26 PM

Nunca vi um governo mentir tanto como este. É o maior!

Publicado por: Susana às julho 12, 2005 07:03 PM

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