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julho 13, 2005

A Maldição da Matemática

Sempre que há uma prova nacional de Matemática o país estremece de horror. A quase totalidade dos alunos tem nota negativa e as médias nacionais oscilam entre o 4 e o 6, dependendo do grau de facilidade do teste. Alguns, desesperados pelo seu desempenho, como um ex-ministro da Educação, ou desesperados por se tornarem conhecidos e arranjarem clientela, como o Instituto da Inteligência, tentam vender a tese que estes resultados são inerentes à raça portuguesa – são genéticos. Puro equívoco … o que há de genético … é o nosso laxismo, e entre as matérias que se leccionam, a matemática é o barómetro, por excelência, desse laxismo.

Saber Matemática é como saber andar de bicicleta (ou nadar). Ou se aprende em miúdo, ou nunca se sabe andar (ou bater os pés) em condições. Aprender Matemática exige ser confrontado permanentemente com problemas diferentes e resolvê-los. Exige que não se fique pela forma, mas se aprofunde o raciocínio abstracto para este servir de matriz à solução de qualquer problema. Resolver uma questão matemática, não é aplicar uma receita – é ter o cérebro treinado para avaliar o enunciado, decompô-lo nos seus elementos básicos e associar esses elementos de forma a chegar à solução.

Ora os nossos sucessivos Ministérios da Educação, e as equipas de docentes que os constituem e constituíram, têm lutado denodadamente, nos últimos 30 anos, para tornarem as escolas um local lúdico, evitando fatigar as meninges dos nossos adolescentes com uma memorização cansativa e inglória, e os seus cérebros com questões abstractas e irrelevantes como a matemática e a física.

Para conseguir este desiderato, as matérias devem ser leccionadas atendendo à fragilidade sensitiva e emocional dos adolescentes portugueses. Por exemplo, se o docente de matemática explicar, na aula, a resolução do seguinte problema: «O Francisco comprou 10 maçãs. A caminho de casa, perdeu duas. Com quantas chegou?» não deverá, num futuro teste de avaliação, de forma alguma, complicar maliciosamente o enunciado, substituindo o «Francisco» pelo «Luís», ou as «maçãs» por «alperces». Estas alterações constituem rasteiras perversas, provocam um desnecessário stress na nossa ínclita geração, perturbam a escola como local de convívio e de socialização e podem lançar muitos na senda da delinquência juvenil.

Este processo, que teve o concurso entusiasmado dos docentes nas escolas e o apoio, pela omissão, das famílias nos lares paternos, tem levado a que as potencialidades das nossas sucessivas gerações fossem progressivamente anquilosadas pelo empobrecimento da imaginação, da curiosidade e do espírito de busca e exploração. Ou seja, os "modelos de pensamento científico" que a escola pratica não permitem que os nossos jovens explorem totalmente as suas capacidades.

Aprender Matemática não é memorizar para papaguear depois. É criar, pelo treino na solução dos problemas e no estudo dos conceitos que permitem a solução desses problemas, um raciocínio abstracto que permite resolver problemas cada vez mais complexos. Exige esforço, concentração e imaginação. Exige adquirir a capacidade de, quando confrontado com um problema, não ficar paralisado, mas pôr o cérebro a trabalhar na busca da solução. É por isso que ocorrem anualmente estes desastres nacionais. Um aluno do 8º ou 9º ano, que não tenha aprendido Matemática “a sério” está definitivamente liquidado na área científica, nomeadamente nos cursos em que a Matemática é fundamental, directa ou indirectamente (como a Física, por exemplo)

O grave, como escrevi acima, é que o ensino da matemática, em face dos desastres sucessivos, tem sido orientado para a “Matemática de Receitas”, porque os alunos são cada vez menos capazes de resolver problemas complexos. Devido a isso, mesmo passando no secundário, quando chegam à Universidade é a catástrofe.

Vou contar um exemplo familiar, que me parece paradigmático do nosso tipo de ensino. A minha irmã mais nova, apesar de ter sido sempre uma aluna aplicada, não tem queda nenhuma para a Matemática. Quando me pedia auxílio, ficava sempre muito contrariada porque eu tentava resolver o problema partindo dos conceitos de base, por forma a que ela percebesse a questão no seu âmago. Ela apenas estava interessada nas passagens indispensáveis para chegar à solução. As minhas elucubrações abstractas faziam-lhe tédio. Teve mais de 18 valores no exame nacional do 12º ano! Foi a nota mais elevada da escola dela e provavelmente uma das mais altas do país (naquele ano a média nacional esteve entre 4 e 5). Foi simples … deve ter feito uma amostragem do tipo de questões que eram habitualmente colocadas, treinou-se intensamente (ela era uma “profissional” no estudo) nas respectivas soluções, chegou ao exame e aplicou as receitas. Isto prova que não é apenas o ensino da Matemática que está pervertido. O sistema de avaliação está igualmente pervertido, para tentar minorar os danos provocados pelo mau ensino. Funcionam ambos por receitas. As duas perversões interagem no sentido da degradação do ensino.

A minha irmã não teve problemas com a sua “vocação” para a Matemática, porque o objectivo dela era a Arquitectura onde entrou com uma média superior a 19. Mas se tivesse ido para Engenharia, Física, ou mesmo Economia, teria certamente problemas, porque a Matemática na Universidade (pelo menos nos cursos científicos) não funciona com receitas e o raciocínio dela é completamente avesso à abstracção matemática. Isto apesar de ter tido uma nota 4 vezes superior à média nacional!

O desastre da Matemática não é uma questão genética – é a consequência lógica do nosso laxismo. O grave é que na Matemática não é possível mascarar a situação com soluções de recurso, de última hora, tão ao gosto português.

Publicado por Joana às julho 13, 2005 07:38 PM

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Comentários

Não era coisa que estivesse nas minhas previsões, mas também devo confessar que não é algo que me surpreenda inteiramente — pela primeira vez aplaudo com ambas as mãos e de pé um post seu.
Primeiro porque não me considero uma excepção genética; depois porque os caminhos para os quais se está, há décadas, a desviar o ensino só pode conduzir ao desastre.
Acho, mesmo, que já estamos a ver sinais do descalabro. É o caso da tese da influência genética. Só um cérebro liofilizado poderia parir semelhante ideia (por assim dizer).
E fico por aqui, antes que me veja obrigado a insultar alguém.

Publicado por: (M) às julho 13, 2005 08:01 PM

O último parágrafo fez-me lembrar o algodão do mordomo: de facto, a matemática não engana...

Publicado por: (M) às julho 13, 2005 08:04 PM

Não é que não consigo criticar este seu post. Esta agora...

Vem a propósito uma anedota que, espero, não ofenda ninguém:

Cristo para os apóstolos:
- meus irmãos, tendes que estar cientes de que y é igual a x ao quadrado.
Os apóstolos entreolham-se e João arrisca:
- Senhor, não te compreendemos.
Cristo repete, num tom mais elevado
- Meus irmãos, y é igual a x ao quadrado!
Os apóstolos continuam encabulados e sem perceber. Pedro diz:
- Mas senhor, continuamos sem compreender.
E Cristo, finalmente, esclarece:
- Mais uma das minhas parábolas...

Publicado por: Vítor às julho 13, 2005 08:09 PM

(M) às julho 13, 2005 08:01 PM:
Alguma vez havia de ser. Bem me tenho esforçado!

Publicado por: Joana às julho 13, 2005 08:09 PM

Também sorri ao ler essa do Instituto de Inteligência das aptidões genéticas. Mas...o estudo também falava de umas estruturas cerebrais.

O grande Mestre Português António Damásio e outros chegaram a umas conclusões interessantes com os analfabetos e seus cérebros.

Assim, o cérebro dos analfabetos desenvolve e dá umas interpretações de imagens muito diferentes da dos alfabetizados. Isto deve-se a mudanças Estruturais no cérebro. Portanto isto é uma verdade científica (se é hereditária ou não, não sei se já se provou).

Quanto à Matemática, se tormarmos os exemplos já explicados com os analfabetos, talvez cheguemos a algumas conclusões.

Pegando no Agostinho da Silva e na sua Filosofia, talvez completemos a explicação para este desastre Nacional. Agostinho dizia, que só aprende quem o deseje ou seja quem sinta necessidade de aprender algo que lhe será útil (ou não).
Assim explicou ele que ensinou uma analfabeta com 65 anos a ler e a escrever numa semana, pois ela tinha um filho emigrado e que lhe escrevia. Perante essa necessidade de ler o filho e de lhe escrever, aprendeu numa semana o que não tinha conseguido em 65 anos.


Publicado por: Templário às julho 13, 2005 08:32 PM

Ora cá está um post que se lê com agrado, especialmente por ter poucos números e nenhum gráfico cheio de curvas e tracinhos.

No entanto tenho que discordar porque pode ser que os nossos jovens não saibam matemática, ou melhor dizendo não sabem aquela tralhada dos ângulos rasos (francamente quem é que vai encontrar um na vida) ou mesmo aquela mariquice do não sei quê do triângulo que foi inventado por um grego e de que hoje só se fala quando analisamos o triângulo do meio-campo.

E aqui está como de uma maneira inteligente me vou aproximando da conclusão.
Os nossos jovens o que querem ser é como o Mantorras ou melhor dizendo ter o carrão do mesmo, que aliás conta o ordenado pelos dedos, cinco mil, dez mil etc.

Qualquer jovem sabe perfeitamente quanto é que custa uma entrada na Kapital e não me digam que não sabe somar uma vez que conta o dinheiro.

Um shoot, uma pastilha, um drunfo não só sabem perfeitamente e matematicamente o valor como estão atento ás cotações do mercado.

E os nossos jovens só não vão mais longe porque burocratas empedernidos teimam em fazer exames os quais como bem sabemos ao provocarem grandes sintomas de angústia potenciam situações de stress.

E daí a termos um jovem revoltado com a sociedade vai um passinho.
E de revoltado com a sociedade a psicopata vai outro passinho.

É isto que queremos?

Publicado por: carlos alberto às julho 13, 2005 08:35 PM

Voltando ao problema dos alunos e da matemática.

1º- A nossa escola assemelha-se a um edifício de lazer, tipo Pub ou bar.
2º- Os professores não execercem nenhuma autoridade. Na pouca que exercem, limitam-se a enviar o aluno para recreio, o que em vez de ser penalizante é lúdico.
3º- Os pais acabam por não terem disponibilidade de tempo para os acompanharem.
4º- Daqui infere uma mentalidade que a escola é para passar o tempo e normalmente bons tempos.
5º- Finalmente os alunos não têm uma percepção clara do interesse das matérias no seu futuro. E tendo atravessado um período sem carências (comparando com as carências de há 30 anos) estão bem mais motivados pelas play station, jogos de pc´s ou outros.


Se é alarmante ou não saber matemática, também não tenho a certeza. Sei que ela é indispensável a Engenheiros, Economistas e outros. Também sei que pelo facto deles terem sido alunos brilhantes a matemática em pouco inferiu na nossa felicidade e na nossa evolução social. Desde que não caiam mais pontes...o interesse pela matemática deve ser apenas dirigido a quem dela precisar e a esses obviamente se deve exigir que a conheçam.

Publicado por: Templário às julho 13, 2005 09:00 PM

Se bem percebo toda a lógica Global, tudo está certo !
Os velhos do Restelo é que apenas observam impávidos e serenos as mudanças.

A Sociedade que se está a construir dispensa muitas das ciências tradicionais, tais como:
- Matemática, Português, História, Geografia, Biologia e outras.
Porquê ?
Porque todo o raciocínio e respostas no serão dados pelos computadores !
Quando questionarmos inteligentemente um funcionário Privado, a resposta que obteremos é : O Sistema não permite !

Portanto o Sistema já está bem estruturado nas nossas escolas e nas nossas Empresas. Funcionário não pensa, cumpre !

E ao nos retirarem o acto de raciocinar, ficaremos assim uma massa amorfa e bem comportada, até porque não queremos mais terroristas !

Publicado por: Templário às julho 13, 2005 09:09 PM

Templário às julho 13, 2005 08:32 PM

Sem dúvida que Agostinho da Silva tinha razão.
O interesse pelo estudo da Matemática está ligado com a questão da utilidade. É uma necessidade para um objectivo concreto.
Nos países desenvolvidos as pessoas sabem ou pressentem que a Matemática é importantíssima para o progresso da Ciência e da Tecnologia e, naturalmente, interessam-se pela sua aprendizagem.
No nosso país, todo o ambiente social, estimulado pelos mídia, está impregnado de uma nuvem de interesses secundários, levianos e fúteis, de que os assuntos científicos e técnicos estão arredados. Daí que as pessoas em geral e sobretudo os jovens, não sintam utilidade em saber trigonometria, álgebra, análise combinatória ou cálculo diferencial, pois nada disso está relacionado com o ambiente sócio-cultural em que vivem.
Quintas das Celebridades, música Pimba, Futebol e palestras logorreicas do Prof. Marcelo não despertam o interesse pela Matemática. Longe disso!

Publicado por: Senaqueribe às julho 13, 2005 09:15 PM

Pedro Nunes era português. Houve matemáticos distintos em Portugal. De há 30 para cá entrou-se numa cultura de facilitismo que conduziu Portugal à situação actual. Embora essa cultura de facilitismo não tenha necessariamente a ver com o 25 de Abril, pois a reforma Veiga Simão era anterior e já ia no sentido do laxismo, o clima que se criou a seguir ao 25 de Abril ajudou muito.

Publicado por: Ant Curzio às julho 13, 2005 09:35 PM

Senaqueribe às julho 13, 2005 09:15 PM

Estou de acordo consigo quanto à utilidade da matemática, só discordo é da sua comparação com os restantes Países. Julgo que caíu na esparrela tipicamente portuguesa, que nos outros é melhor que na nossa casa.
Americanos, Franceses, Espanhois e outros com 14 anos de idade, não sabem mais que os nossos dessa idade.

Isto pega-se.... são novos tempos... e a matemática será uma ciência destinada só aos eleitos !

Mas pelas ideias Liberais não será só a Matemática.. serão todas as outras ciências... são os Tempos Liberais !
Nisso eles têm uma lógica apurada, s+o lhes falta mesmo é coragem para dizerem:
Para serem escravos não precisam da matemática para nada, basta apenas a "boa educação "

Publicado por: Templário às julho 13, 2005 09:44 PM

Puzzles!
Problems!

Wicked messes!!!

Ver "Knowledge Mapping for Complex Social Messes" em http://www.stanford.edu/~rhorn/a/recent/spchKnwldgPACKARD.pdf e o exemplo em
http://www.stanford.edu/~rhorn/a/kmap/mess/messPortlandmap.pdf

Não há respostas simples para problemas complexos!!!

Publicado por: diogenes às julho 13, 2005 09:51 PM

Ant Curzio às julho 13, 2005 09:35 PM

Na época de Pedro Nunes dominávamos o Mundo... como lá chegámos ?

Publicado por: Templário às julho 13, 2005 09:56 PM

Mas os nossos genes modificaram-se depois?

Publicado por: David às julho 13, 2005 09:59 PM

Entretanto concordo com o que a Joana escreveu no post. É o que eu também sinto sobre a situação do nosso sistema de ensino.
O grave é que para recuperarmos o atraso precisamos de anos ou décadas, porque, como escreveu a Joana, a matemática aprende-se de pequenino.

Publicado por: David às julho 13, 2005 10:03 PM

David às julho 13, 2005 09:59 PM

De povo pateta e tacanho que éramos passámos a dominar o mundo e várias ciências do dia prá noite ! Olhe o seu raciocínio matemático....
Terá sido milagre ?
ter-lhe-à caído do céu, mapas, artes de navegar, matemática e outras ciências...

Como vê também você não quer raciocinar, porque haveremos de querer que os putos com acne raciocinem quando as hormonas andam aos pulos ...

Publicado por: Templário às julho 13, 2005 10:16 PM

"Americanos, Franceses, Espanhois e outros com 14 anos de idade, não sabem mais que os nossos dessa idade."

Será mesmo assim? Se for, então talvez não haja grande mal.
Um amigo meu, que foi director de engenharia numa grande empresa tecnológica, dizia que mais de 90% dos problemas que tinha de resolver apenas exigiam as operações básicas, uma regra de três simples, uma equação do 1º grau, ou coisa assim.
Os restantes resolvia-os recorrendo a tabelas que outros tinham elaborado.
Tudo bem, portanto!
E depois, não desanimemos. Não nos esqueçamos que foram os analfabetos que inventaram o alfabeto!
:))

Publicado por: Senaqueribe às julho 13, 2005 10:30 PM

Senaqueribe às julho 13, 2005 10:30 PM

Está talvez a interpretar-me mal, eu não defendo nem o actual sistema de ensino, nem a ignorância a matemática.

Mas já agora até lhe posso dar uma sugestão, na linha Agostinho da Silva.
Quem quisesse estudar matemática estudava, quem não quisesse não estudava.
(pouparíamos milhões de euros e milhões de sofrimento)

Teríamos assim um pequeno núcleo interessado, e julgo que RENDERIA mais esse pequeno núcleo do que a actual massificação da matemática.

Acredito em 2 principios fundamentais:

1º- Cada um dever poder escolher o seu caminho, segundo as suas aptidões, as suas capacidades, a sua inteligência ou os seus desejos/sonhos.

2º- O Estado ou escola deve corresponder e apoiar esses anseios nos Jovens e nos Adultos, ou seja as portas da Cultura e do Saber devem estar sempre abertas e para todos.

Isso tem custos... aqui é que residem grandes divergências quanto a esse financiamento.

Mas ao reconhecermos tal como a Joana a Importância da matemática nas nossas sociedades, estamos obviamente a reconhecer o Alto Benefício/ Bem que o Estado nos fornece.

Publicado por: Templário às julho 13, 2005 10:51 PM

Alguns "articulistas" têm uma visão utilitária da matemática. Mais ou menos como "quem precisa da matemática que estude, quem não precisa, não estude."
Ora, na minha perspectiva, a matemática proporciona uma espécie de "ginástica mental", necessária aos alunos, pelo menos numa fase inicial da sua formação. Independentemente, de no futuro, seguirem, por exemplo, uma carreira ligada às letras.
É o raciocínio abstrato e estruturado que está em causa, a lógica, o raciocínio indutivo, etc.

Publicado por: Vítor às julho 13, 2005 11:00 PM

Templário às julho 13, 2005 10:51 PM

Se Agostinho da Silva disse isso, ou melhor, se exprimiu nesse sentido, estava errado!
(Oh horror, oh sacrilégio, o que este tipo foi dizer, mexeu na vaca sagrada do pensamento filosófico português da segunda metade do Séc. XX).

Se isto for à vontade do freguês, temos, como acontece aos futuros jardineiros a quem a minha esposa procura dar formação (alguns com o 12º ano), pessoas que não sabem usar uma regra de três simples, que não sabem o que é uma polegada, que não conseguem desenhar um triângulo no terreno, etc.
Meus amigos, por uma vez, vamos ser exigentes.

De outra forma, para não cercear liberdades, acabemos com a escolaridade obrigatória.

Publicado por: Vítor às julho 13, 2005 11:10 PM

Templário:

Matemática, disciplina facultativa? Não me parece má ideia, pelo menos a partir de certo nível.

Vítor:

A "ginástica mental" poderia ser proporcionada pelo estudo e treino no jogo de xadrês, não?
Lá estão o raciocínio abstrato e estruturado, a lógica, o raciocinio indutivo, etc...

Publicado por: Senaqueribe às julho 13, 2005 11:13 PM

Senaqueribe às julho 13, 2005 11:13 PM

Já reparou que, concorda com o Templário, dizendo "Matemática, disciplina facultativa? Não me parece má ideia, pelo menos a partir de certo nível." o que é o mesmo (lógica) que "Matemática, disciplina obrigatória? Não me parece má ideia, pelo menos até certo nível." e depois vem discordar do meu comentário. Quando eu digo isso mesmo "...necessária aos alunos, pelo menos numa fase inicial da sua formação...".
Ai essa ginástica mental.

A não ser que torne a formação em xadrez, como disciplina obrigatória até ao 9.º ano de escolaridade. Ia ser uma falta de docentes.

Publicado por: Vítor às julho 13, 2005 11:19 PM

Vítor às julho 13, 2005 11:10 PM

E esses tais jardineiros se calhar também sabem pouco de física quântica.
Lamentável, de facto...
Temos de ser exigentes, não há dúvida!

Publicado por: Senaqueribe às julho 13, 2005 11:22 PM

Senaqueribe às julho 13, 2005 11:22 PM

Pedindo desculpas no caso de se haver ofendido(pelos vistos interpretou mal a minha frase "Ai essa ginástica mental"), tenho de dizer-lhe que o que é lamentável é V. comparar aquilo em que eu falei (matemática como formação inicial, regra de três simples, etc.), e que é essencial ao desempenho de grande parte das profissões, aos conhecimentos em física quântica, que, embora importantes, não são comparáveis.

Há uma coisa que a escola tem tido alguma dificuldade em inculcar ao longo dos tempos:
fairplay nos debates de ideias.
Mas nós somos crescidos e estamos sempre a tempo de aprender. =:)

Publicado por: Vítor às julho 13, 2005 11:31 PM

Já agora, leia o livro "Conceitos Fundamentais da Matemática" de Bento de Jesus Caraça, que foi um grande matemático e/mas (é à vontade do freguês) também comunista...

Publicado por: Vítor às julho 13, 2005 11:35 PM

...mas também para bem jogar xadrez não é preciso saber "segundas derivadas, integrais e outras coisas úteis..."

Publicado por: zippiz às julho 13, 2005 11:36 PM

Vítor às julho 13, 2005 11:00 PM

Um dos maiores erros no ensino é que por entendermos que é bom esudar determinadas matérias todos terão que as estudar. Exigimos assim aos pequenos e aos adoslescentes que sejam todos uns Leonardos DA Vinci.

Primeiro julgo que ninguém põe em causa as variadas ciências e o conhecimento. Que o raciocínio matemático é importante é, mas que há outras Visões temos que admitir.

Assim eu ainda hoje não consigo perceber e gostaria que alguém me desse uma explicação Científica para este facto constactado (pelos milhares de dados observados)
- Alunos bons em letras, que poderão ser excelentes escritores ou poetas, são péssimos nas áreas científicas e em particular na matemática.
- E vice-versa, excelentes matemáticos que detestam as áreas das letras.

Só podemos concluir que há algo Inato ou (aptidão) que se desenvolveu nos primeiros anos de vida, que nos "condicionou" para um lado.

Quanto aos raciocínios como disse Senaqueribe há imensos jogos que podem ajudar, mas que não resolverão o problema a quem é avesso ao raciocínio matemático.

Publicado por: Templário às julho 13, 2005 11:57 PM

Cada um tem a sua vocação. Mas quando 70% dos alunos falham num exame que já de si deve ter sido facilitado para evitar a hecatombe, é porque há qualquer coisa de muito errado.

Publicado por: Coruja às julho 14, 2005 12:03 AM

Não é apenas uns gostarem mais de matemática e outros de literatura

Publicado por: Coruja às julho 14, 2005 12:04 AM

Deve ser mais difícil pôr os putos a jogar xadrez que a estudar matemática.

Publicado por: Rui Sá às julho 14, 2005 12:08 AM

A propósito de Arquitectura, este é outro «fenómeno». São ao todo, públicas e privadas, vinte e três Faculdades. Caramba ...
E já agora deixo-vos aqui um excelente «site» acerca do Ensino Superior em Portugal, que os alunos que entram no agora designado «Secundário» (10º ano de escolaridade), deviam consultar com frequência :

http://www.acessoensinosuperior.pt/indcurso.asp

Publicado por: asdrubal às julho 14, 2005 12:13 AM

Concordo com tudo excepto com aquela «boutade» do apoio entusiástico dos professores.
A mentalidade do pedagogicamente correcto, do lúdico, do fácil, foi imposta aos professores pelos governos, pelos sindicatos, pelas anas benaventes e, dentro da profissão, por uma vanguarda iluminada com raízes na esquerda tonta e na direita anti-intelectual.
Nas salas de professores sempre houve quem protestasse contra isso, como a mãe da Joana provavelmente lhe contará.
Claro que também há professores que se conformam: uns porque o que que é facilitismo para os alunos também é facilitismo para eles, outros porque se cansam de ser sempre os maus da fita. Mas uma coisa é conformarem-se com a balda geral, outra é apoiarem-na entusiasticamente.
Se houvesse há trinta anos uma Ordem dos Professores que controlasse o ingresso na profissão, a deontologia dos seus membros e sobretudo a validade científica das inovações pedagógicas, as escolas funcionariam hoje muito melhor. Mas os governos e os sindicatos sempre se opuseram com unhas e dentes à auto-regulação da profissão docente.

Publicado por: Zé Luiz às julho 14, 2005 12:16 AM

Vítor às julho 13, 2005 11:10 PM

Também vc e sua esposa podem não saber o que é byte, um bit, rom, ram, gigabyte etc etc. E não é por isso que o mundo vai abaixo, nem você deixa de ter ou de ser excelente naquilo que faz.

Existe um problema velhinho, que normalmente é apresentado Popularmente entre os Jovens, como ninguém ainda conseguiu descobrir....

3 Jovens vão a um Bar e bebem uns copos, pedem a conta que é de 25 euros, cada um dá uma nota de 10 euros para pagar, o que perfaz 30 euros. O empregado trás 5 moedas de 1 euro, vendo que não dá para dividir o troco, deixam 2 euros de gorjeta e cada um recebe 1 euro.

se cada um pagou 9 euros, vezes 3 dá 27, mais os 2 da gorjeta dá 29, para onde foi o outro euro ?

quando resolvi o problema instantaneamente a um jovem acabado de entrar em Finanças, ele pediu-me 3 vezes para lhe explicar.
Ficou surpreendido por ter gasto já algumas horas à volta do problema e não ter percebido que a questão era Falaciosa, logo teria que procurar acertar as contas por outra via.

Pensando melhor, aquele jovem e outros jovens não resolvem o problema, julgo eu devido à ingenuidade.
Será ? ou será por falta de raciocínio ?


Publicado por: Templário às julho 14, 2005 12:25 AM

Templário às julho 13, 2005 11:57 PM

Meu caro, isso acontece pela mesma razão por que uns são excelentes pintores e outros não, ou músicos, ou carpinteiros, ou médicos, ou mecânicos...
Pela mesma por que uns saltam dois metros e tal em altura e outros não, ou uns são Figos e outros não...
A explicação é conhecida há muito. Não há mistérios, o que há é hemisférios. É assim a modos que uma biodiversidade (é um supônhamos)...

# : - ))

Já repararam como se percebe muito bem quem é que sabe matemática e quem não faz a mínima?

Publicado por: (M) às julho 14, 2005 12:27 AM

Eu smpre achei que depois de uma noite de copos um tipo é sempre enganado nas contas.

Publicado por: Coruja às julho 14, 2005 12:39 AM

Há um mínimo de matemática que todos devemos saber. Por exemplo, muitas experiências e investigações no campo da medicina exigem matemáticas avançadas, principalmente na área da Estatística.
Portanto os médicos e biólogos que se dedicam à investigação devem saber bem certas áreas da matemática

Publicado por: V Forte às julho 14, 2005 12:41 AM

As Ciências Sociais, actualmente também exigem bons conhecimentos de Estatística. Isto quando é a sério e não mandar bocas como fazem os nossos sociólogos,

Publicado por: V Forte às julho 14, 2005 12:42 AM

Caro Templário, eu sou ingénuo mas confirme se isto está correcto:

25 da conta
+2 da gorgeta
=27 9x3
+3 troco
=30 10x3

Publicado por: zippiz às julho 14, 2005 01:06 AM

Glurp! É pá, um de nós fiquei quilhado co'o troco!

Publicado por: Glurp às julho 14, 2005 01:12 AM

(M) às julho 14, 2005 12:27 AM

E os que são excelentes nas 2 áreas, têm os 2 hemisférios a carburarem.´
A maioria só consegue pôr um hemisfério a funcionar.
Será das batatas ou dos bifes ?


Publicado por: Templário às julho 14, 2005 01:16 AM

zippiz: parece que está certo

Publicado por: soromenho às julho 14, 2005 01:41 AM

O Templário está tão entretido que nem reparou!

Publicado por: soromenho às julho 14, 2005 01:42 AM

A questão é: porque é que até ao 12º ano 90% dos miúdos não conseguem ?

Publicado por: Templário às julho 14, 2005 01:43 AM

talvez porque os adolescentes não achem importante saber "números imaginários" para comprender um "deficit ou um superavit".
Ou alguém acha que para compreender que o país está em crise precisa entender todos os posts da Joana sobre "intervalos de confiança" ?

Publicado por: zippiz às julho 14, 2005 01:59 AM

zippiz às julho 14, 2005 01:59 AM

Mais grave Zippiz... todos os Portugueses que não são economistas percebem, mas entre eles é que não há acordo.... vá-se lá saber porquê ....

Publicado por: Templário às julho 14, 2005 02:27 AM

O que vale é nós Portugeses já desenvolvemos tanto o raciocínio matemático, que basta mudarmos o gajo e pôr lá outro, que os números dos PIB´s Déficites e outras tangas melhoram logo !

Publicado por: Templário às julho 14, 2005 02:31 AM

Concordo de um modo geral com o que foi dito aqui. No entanto:
1) Não é demais sublinhar o escândalo de vir essa obscura organização com o nome inacreditável de instituto da inteligência (mas de onde esta parece ausente) vir impingir uma "explicação" genética para o desastre. Pensem só no burburinho que se levantaria se em vez da raça portuguesa fosse a raça negra o objecto do "estudo". De resto, não é a primeira vez que o I.I. nos tenta brindar com disparates. Há pouco tempo, veio informar categoricamente que os rapazes são mais dotados para a matemática que as raparigas.

2) Os apóstolos das modernas ideologias pedagógicas, os tais que se exprimem em eduquês ( e que têm prudentemente "baixado a bola" perante a dimensão do desastre) não vão desistir. Preparemo-nos para as suas justificações: eles vão começar a dizer que se as coisas correram mal é porque as medidas que preconizavam não chegaram a ser efectivamente postas em prática, por falta de apoio de todos e mais alguém. É só esperar.

Publicado por: lino às julho 14, 2005 09:06 AM

Os homens têm uma capacidade de raciocínio abstracto, em média, superior, e as mulheres uma inteligência prática, em média superior.
Assim como os homens, em média, têm uma capacidade física superior.

Publicado por: Valente às julho 14, 2005 09:30 AM

Valente: não sei até que ponto isso é natural ou resultou da educação em sociedade e do papel que deram às mulheres. O futuro o dirá.

Publicado por: Diana às julho 14, 2005 10:01 AM

Não é só na matemática. Por exemplo, no Xadrez, onde os homens têm, em média, um nível superior.
Não quero dizer que a campeão do mundo não seja capaz de vencer qualquer xadrezista português.
E o Xadrez é um jogo abstracto por definição.

Publicado por: Valente às julho 14, 2005 10:03 AM

Isso pode ter a ver com a educação social, embora não ponha de parte que possa haver diferenças.
Não disse que elas não existiam. Não sei é que até que ponto são naturais ou resultaram da educação em sociedade

Publicado por: Diana às julho 14, 2005 10:07 AM

Valente em Julho 14, 2005 09:30 AM,

...ajoelhado junto da mulher agonizante, que não havia maneira de soltar o último suspiro :

- Ahh, o eterno feminino !

Publicado por: asdrubal às julho 14, 2005 10:22 AM

Até chegarem à universidade, os alunos só aprendem matemática do século XIX. De certa forma isso ilude-os de acharem a matemática mais uma disciplina para decorar.

Acontece que decorar história, literatura, até biologia, pode ter a sua piada. São coisas fáceis de vizualizar, por vezes de romancear. Contudo, decorar matemática é decorar símbolos,equações e racicínios que não trazem consigo nenhum apelativo estético e emocional. Alguém que ache interessante docorar coisas destas terá concerteza algum desiquilíbrio.

A verdadeira matemática, a construção humana que levou mais longe os limites do abstracto, é apresentada aos alunos muito tarde. Se o ser o humano aos 12 anos já começa a poder raciocinar de forma abstracta, não percebo a razão de só lhe introduzirem a matemática abstracta por volta dos 17.

Na minha altura, só no 12º ano começava-se a dar algum vislumbre do que era a matemática, e depois tive um grande espanto com o que vi na universidade. A matemática não tinha nada a ver com números, mas apenas com o pensamento abstracto. Pensamento esse que quase é censurado ao nível do secundário.

Para complementar isto, o ensino secundário actual está minado pelo facilitismo. Os alunos, rebeldes por natureza, não têm estímulo para aprenderem. Os pais desculpam sempre os filhos. E os professores perderam o gosto pelo ensino.

Face a isto, penso que os resultados nos exames de matemática são até benevolentes com o real estado de coisas. Não sei qual era o grau de dificuldade do exame, mas penso que se tivesse a exigência adequada não teríamos mais de 10% de exames positivos.

Publicado por: Mário às julho 14, 2005 10:32 AM

A mim parecem-me mais "diferenças naturais". Podemos constatar também que poucas mulheres se dedicaram à filosofia, muito menos à "filosofia sistémica", embora, pelo contrário, haja excelentes escritoras desde há muito e cada vez mais a partir do século XIX...
Regressando à educação, o problema não é de todo exclusivamente nosso. Já Lipovetsky, na "Era do Vazio", comparava a escola à caserna, i.e., quanto mais os professores se esforçam por motivar, mais os alunos desertam... Mas, no essencial, concordo com o post, pondo de parte alguns exageros (a não ser que a questão das maçãs e dos pêssegos seja em sentido figurado...). O problema está sobretudo nas teorias pedagógicas (mal absorvidas e desvirtuadas) que enformam o processo de ensino-aprendizagem e no baixo nível de exigência (não só na avaliação, em todo o processo).

Publicado por: R. às julho 14, 2005 10:32 AM

Em relação ao Xadrez, penso que a menor apetência feminina por esta modalidade tem a ver com o caracter um pouco bélico do jogo. E as mulheres com menores níveis de testosterona não têm a motivação suficiente, doentia, belicosa, para serem mestras do tabuleiro :)

Publicado por: Mário às julho 14, 2005 10:46 AM

Mas ainda sobre o ensino, penso que mais grave que a matemática é o ensino do português. Sem saber ler nada se pode fazer.

Ter uma capacidade de expressão mediocre é mau mas não tem a mesma gravidade do que não conseguir interpretar devidamente um texto elementar. E a blogoesfera que se arroga de ser composta apenas por intelectos de alta craveira, brinda-nos diariamente com exemplos de pessoas que estão constantemente a interpretar de forma errada o que leram.

Publicado por: Mário às julho 14, 2005 10:51 AM

Vítor:

A questão, quanto a mim, não é "quem precisa de matemática que estude, quem não precisa não estude". Todos precisamos de matemática, como precisamos de música, de pintura, de escultura, etc.
A questão é: cada qual que estude aquilo para que tem vocação e não seja obrigado a estudar matérias para as quais não tem vocação. Ninguém ganha com isso. Nem os alunos, nem os professores, nem o País.

Por isso eu concordo com Templário.

Mas acrescento mais: o mal do ensino no nosso país é os pedagogos serem dirigidos por demagogos. Não há nada a fazer enquanto esta situação se mantiver. Só se os demagogos fossem metidos no Xadrês... =:))

Em tempo: "Conceitos Fundamentais de Matemática", de Bento de Jesus Caraça, li em 1955.

Publicado por: Senaqueribe às julho 14, 2005 10:51 AM

Senaqueribe às julho 14, 2005 10:51 AM:
Há um mínimo de formação que o aluno deve ter numa série de matérias. A partir daí só deve aprofundar aquilo para o qual tem vocação.
Mas tem que ter uma formação geral sobre as principais áreas do conhecimento.

Publicado por: Hector às julho 14, 2005 10:57 AM

Perdão, xadrez, não xadrês.

Publicado por: Senaqueribe às julho 14, 2005 11:02 AM

A irmã da Joana não tem "queda" para a matemática? Hmmm... Isso dá que pensar.

Não deve ser um problema genético...

Se calhar é porque não a obrigaram, de pequenina, a fazer raciocínios abstratos... defeito da educação a que foi submetida.

Mas, que diabo, ela não terá sido submetida a exatamente a mesma educação que a Joana?

Se não é defeito da educação, nem genético, de onde provirá essa falta de "queda"?

Publicado por: Luís Lavoura às julho 14, 2005 11:04 AM

Valente em julho 14, 2005 09:30 AM

A matemática é uma das áreas científicas nas quais há, em Portugal, maior percentagem feminina. Penso que em Portugal atualmente o número de matemáticas é igual ou até superior ao de matemáticos.

Isto contrasta com algumas outras áreas científicas, nas quais o número de mulheres é substancialmente inferior ao de homens. Por exemplo, na física.

Creio que se trata em parte de uma questão de tradição. Por exemplo, em Portugal a (engenharia) química é uma área feminina por excelência. No Brasil, não se vê uma única mulher nessa disciplina.

Publicado por: Luís Lavoura às julho 14, 2005 11:12 AM

Luís Lavoura em julho 14, 2005 11:04 AM:
Desde quando irmãos têm que ser forçosamente iguais e terem as mesmas vocações?
A minha teoria é que cada filho encontra uma família diferente. O primeiro encontra os pais. O 2º encontra os pais e o mais velho, e assim sucessivamente.

Publicado por: Rui Sá às julho 14, 2005 11:15 AM

Além disso não têm exactamente o mesmo QI. Há uns mais espertos nisto, outros mais espertos naquilo, etc.
Outros pouco espertos.

Publicado por: Rui Sá às julho 14, 2005 11:17 AM

Luís Lavoura em julho 14, 2005 11:12 AM:
O facto de a matemática ser uma das áreas científicas nas quais há, em Portugal, maior percentagem feminina, deve-se, na minha opinião, às saídas para o ensino.
Não é uma questão de vocação. Embora a vocação possa ter algum papel.

Publicado por: David às julho 14, 2005 11:23 AM

David às julho 14, 2005 11:23 AM

Eu referi-me a "matemáticas" e a "matemáticos". Não me referi a estudantes de matemática. Referi-me a cientistas, profissionais da matemática (e de outras ciências). Disse que o número de matemáticas (mulheres cientistas cuja área de trabalho e investigação é a matemática) é igual ou superior ao de matemáticos.

Publicado por: Luís Lavoura às julho 14, 2005 11:37 AM

Hector às julho 14, 2005 10:57 AM

Claro! A formação geral, básica, é indispensável.
Caso contrário não se poderiam revelar as vocações.

Publicado por: Senaqueribe às julho 14, 2005 11:48 AM

A propósito dos métodos de trabalho da irmã da Joana, que tanto sucesso lhe valeram: eu tenho o "feeling" - que não é mais do que isso - que o superior sucesso das raparigas sobre os rapazes na escola portuguesa (e crescentemente também em muitos outros países) radica em boa parte no tipo de ensino e no tipo de avaliação que são feitos, os quais privilegiam a memorização e os automatismos em detrimento da inventiva e da iniciativa. Acontece que as raparigas são mais perseverantes e sistemáticas do que os rapazes no estudo. Uma escola que privilegia esses aspetos e que permite que se consiga boas notas apenas na base da memorização e sistematização da resolução de alguns problemas, em detrimento da capacidade de exploração e de inovação, acaba por favorecer as raparigas em detrimento dos rapazes.

Publicado por: Luís Lavoura às julho 14, 2005 11:52 AM

E, já agora, uma pergunta, em especial para a Joana: esse tal de Instituto da Inteligência será assim tão abominável? Não terá nada, mesmo nada, de prestável?

Publicado por: Senaqueribe às julho 14, 2005 12:03 PM

A irmã da Joana deve ter os ouvidos a "arder".

Publicado por: Coruja às julho 14, 2005 12:12 PM

Quanto à metáfora da bicicleta, é assim: sei andar mas não faço o Tour, nem o Giro, nem a Vuelta. Limito-me a dar a voltinha ao quarteirão. É quanto me basta. Já não é mau...

Publicado por: Senaqueribe às julho 14, 2005 12:15 PM

Excelente!

penso que um dos problemas de portugal no que se refere à educação nacional tb tem muito a ver com a vontade dos governos de aumentar o número de licenciados em Portugal. E para consegui-lo o ensino (e a matematica entre outras materias) são deixadas de lado.
Outro problema é o sistema de avaliação dos exames. Aquilo que é pedido aos estudantes portugueses é saber decorar matéria sem nunca ter uma reflexão sobre a mesma - e isso acontece porque muitos professores tb não têm capacidade para dominar a fundo a materia que ensinam (para tal seria necessário mais trabalho do professor e do aluno)
E como aquilo que interessa é a nota e não o saber... muitos chegam ao fim dum curso na universidade sem saber oferecer "valor acrescentado" à empresa onde são empregados por serem doutores

Como é apenas exigido aprender sem compreender, muitos alunos são peritos em aranjar copianços.

Resultado: o português que não tem a sorte de estar nas melhores escolas privadas onde as propinas chegam a 250 euros / mês conseguem ao fim de 20 anos de "estudo" um curso que vale 2/20 no mundo do trabalho e 0/20 fora de portugal.

ha sempre excepções... mas apenas como exemplos digo que quando eu andava na universidade 90% copiavam e quando lhes era exigido pensar, simplesmente os alunos não eram capaz - havia um bloqueio.

ainda ha muita para dizer sobre este assunto.

Publicado por: Ch'ti às julho 14, 2005 12:48 PM

Luís Lavoura: A você, que percebe de dioxinas, renovo a pergunta que fiz no post anterior:
...................
Luís Lavoura às julho 13, 2005 05:38 PM:
Essa do cloro deixou-me preocupada. É que eu, desde os meus 10 anos, num quarto de século, entre piscinas públicas e privadas, já devo ter percorrido o equivalente à travessia do Atlântico nos dois sentidos e ir a meio da 2ª ida!
Espero não ter ingerido uma dose excessiva de dioxinas.

Publicado por: Joana às julho 13, 2005 08:06 PM
.......................

Publicado por: Joana às julho 14, 2005 12:51 PM

Luís Lavoura às julho 14, 2005 11:52 AM:
A minha irmã não era uma "marrona", propriamente dita. Ela é uma miúda com muita criatividade e de temperamento artístico. É muito imaginativa a escrever. Deve fazer memórias descritivas óptimas para projectos de Arquitectura!

Publicado por: Joana às julho 14, 2005 12:57 PM

Ch'ti às julho 14, 2005 12:48 PM:
Eu e todos os meus irmãos, excepto no pré-escolar, estivemos sempre no ensino oficial.
A questão é que a qualidade do ensino oficial varia muito de escola para escola e, dentro da mesma escola, depende do professor. Não há controlo sobre a qualidade nem o Director do CE tem autoridade suficiente para meter o professor na linha.

Publicado por: Joana às julho 14, 2005 01:01 PM

Ch'ti às julho 14, 2005 12:48 PM:
Isso do copiar nem sempre resulta. Vou-lhe contar um caso que se passou comigo. Num teste de Estatística, na Faculdade, uns colegas, que estudavam às vezes comigo, sentaram-se à minha volta. Senti-me na obrigação moral de lhes passar as respostas, com as passagens essenciais e os resultados.
Quando apareceram as notas, eu tinha 19 e a melhor nota dos outros foi 11. Houve uma que teve 5!
Fomos ver os testes (até para não pensarem que eu os tinha vigarizado) e fiquei estupefacta. A que teve 5 tinha posto todas as minhas passagens e resultados e pelo meio ia metendo umas frases onde mostrava a mais total ignorância. O professor enchera a teste dela de pontos de exclamação e escrevera "espírito santo de orelha!".
Depois descobriu-se que o prof tomara nota das posições da malta na sala e comparara os testes. Como ele era o nosso assistente, tinha uma ideia do que nós sabíamos.

Publicado por: Joana às julho 14, 2005 01:12 PM

Joana

sei que isso de copiar muitas vezes não resulta... mas eu estudei em França até o 12º e quando cheguei aqui na universidade fiquei muito sorpreso de ver que era "cultural" na minha universidade os alunos copiarem...
Alguns alunos chegavam 3/4 horas antes dos exames para marcarem os lugares para poder copiar.
Nota: em França, quem copia num exame oficial tipo baccalaureat (12º) fica 5 anos sem poder realizar qq exame (até o código da estrada é lhe proibido) aqui vi professores fazerem de conta que não viam nada

admito que o ensino público poruguês possa ter algumas escolas/professores de qualidade... mas tb sei que todos os meus amigos que estão na faculdade de direito de Lisboa e Porto vêm de escolas privadas... e agora estão em universidade publicas porque são melhores do que as privadas... entraram todos com notas superiores a 15 -
tb penso que a familia tem uma grande importancia no ensino. E certamente que a Joana foi numas escolas publicas com relativa qualidade e ao lado disso deve ter tido apoio familhar de muito boa qualidade

Publicado por: Ch'ti às julho 14, 2005 01:25 PM

a vontade de aprendr de cada pessoa tb tem sua emportância.

Publicado por: Gil às julho 14, 2005 01:27 PM

a vontade de aprendr de cada pessoa tb tem sua importância.

Publicado por: Gil às julho 14, 2005 01:27 PM

Eu penso que a escola pública tem, em média, professores com melhor qualificação que a escola privada.
O problema é o controlo sobre o que os professores andam a fazer e as exigências.
Também penso que nos professores mais jovens a rebaldaria é muito grande no ensino público

Publicado por: V Forte às julho 14, 2005 01:43 PM

Templário às julho 14, 2005 12:25 AM

Também conheço um problema velhinho: Zero levantado a zero, quanto é? Quem sabe?

Publicado por: Senaqueribe às julho 14, 2005 01:56 PM

V Forte às julho 14, 2005 01:43 PM

"O problema é o controlo sobre o que os professores andam a fazer e as exigências."

Pois, o problema é os pedagogos serem dirigidos por demagogos.


Publicado por: Senaqueribe às julho 14, 2005 02:00 PM

Senaqueribe às julho 14, 2005 01:56 PM:
Qualquer número levantado a zero é 1.

Publicado por: fbmatos às julho 14, 2005 02:05 PM

Joana às julho 14, 2005 12:57 PM

Estou completamente seduzido pela descrição que fez da sua irmã. Se não tivesse já mulher ia já à procura dela...

Publicado por: Luís Lavoura às julho 14, 2005 02:33 PM

Joana às julho 14, 2005 12:51 PM

Sinceramente, com essa pergunta pensei que estivesse a gozar. Não a tomei a sério.

As dioxinas são compostos clorados que surgem aquando da QUEIMA (a baixas temperaturas) de matéria orgânica na presença de cloro. NÃO há dioxinas na água das piscinas, evidentemente. Há iões de cloro, mas isso também há no sal de cozinha, como é sabido.

Portanto, continue a nadar, que faz muito bem. Tome só o cuidado de usar sempre uns óculos apropriados. A água, das piscinas mas também do mar, é bastante agressiva para os olhos.

Publicado por: Luís Lavoura às julho 14, 2005 02:37 PM

Joana às julho 14, 2005 01:12 PM

O que é espantoso é que os seus colegas tenham copiado, e você os tenha ajudado, o professor tenha descoberto, e nenhum de vós tenha recebido qualquer penalização pelo facto!!!

Ainda recentemente um estudante aqui do Técnico foi apanhado a copiar. Assunto levado a Conselho Diretivo, foi-lhe aplicada a pena de seis meses de suspensão do curso... com pena suspensa durante 3 anos - para lhe dar tempo de acabar o curso. Ou seja, na prática não foi penalizado.

Quando eu andava no liceu um professor ia para os testes de óculos escuros e fazia-nos repetir todos em coro, antes de começarmos o teste: "Quem fôr apanhado a copiar, ou a tentar copiar, vai lá para fora com uma BATATA. Um dia, através dos seus óculos escuros, viu um aluno no copianço, e aplicou a pena: expulsão do teste, e nota zero.

Publicado por: Luís Lavoura às julho 14, 2005 02:42 PM

Há coisas piores que copiar:

- Ter a necessidade de copiar;

- Ser apanhado a copiar.

Publicado por: Mário às julho 14, 2005 03:11 PM

Água fresca ...

"Le Cancre"

Il dit non avec la tête
mais il dit oui avec le coeur
il dit oui à ce qu'il aime
il dit non au professeur
il est debout
on le questionne
et tous les problèmes sont posés
soudain le fou rire le prend
et il efface tout
les chiffres et les mots
les dates et les noms
les phrases et les pièges
et malgré les menaces du maître
sous les huées des enfants prodiges
avec les craies de toutes les couleurs
sur le tableau noir du malheur
il dessine le visage du bonheur
(J. Prévert)

Publicado por: asdrubal às julho 14, 2005 03:22 PM

Carissimos:

Mas quem disse que para Arquitectura nao é preciso ter jeito para a Matematica?!?!?! Pois, talvez nos moldes em que a Arquitectura é ensinada no nosso pais...
Mas gostei da referencia às memorias descritivas. Para falar arquitectes, ai' é preciso imaginaçao e nao matematica. de resto brilhante como sempre (e que surpresa, so' 25 anos?!?!?!)

Publicado por: Alexandre às julho 14, 2005 03:28 PM

fbmatos às julho 14, 2005 02:05 PM

Tem a certeza de que zero elevado a zero = 1?
Então veja:

http://pessoal.sercomtel.com.br/matematica/superior/calculo/zerozero/zero.htm

Publicado por: Senaqueribe às julho 14, 2005 03:41 PM

Deixei de ter a certeza. Mas como dizem que é considerada, por convenção, como sendo igual a 1, então fico tranquilo.
Nesse ponto acho que é de seguir a teoria da mana da Joana e evitar abstracções inúteis e fastidiosas. É igual a 1 e acabou-se.

Publicado por: fbmatos às julho 14, 2005 04:01 PM

Quando saí do técnico falava-se de um curso de arquitectura que teria muitas matemáticas. Mas penso que era uma arquitectura meio eng. civil.

Publicado por: Mário às julho 14, 2005 04:01 PM

E zero levantado a infinito é zero?

Publicado por: Mário às julho 14, 2005 04:04 PM

Os arquitectos portugueses são principalmente "pintores de fachadas", como o Taveira e metem-se em soluções que depois os engenheiros civis vêem-se aflitos para calcular a estrutura e colocar os pilares.

Publicado por: Hector às julho 14, 2005 04:06 PM

Os arquitectos também percebem pouco de materiais e fazem excolhas com elevado sentido estético (para eles) mas inadequadas de diversos pontos de vista. Por exemplo, do ponto de vista das dilatações térmicas respectivas. E depois queixamo-nos das fissuras.

Publicado por: Ricardo às julho 14, 2005 04:17 PM

Que engraçado!
Estes comentários confirmam o problema abordado no artigo.

Como é que tanta gente pode defender que se dimimua a formação em matemática dos estudantes portugueses (tornando-a facultativa)?
Será que não entenderam que o facilitismo não é a solução??

A matemática é importante para a formação de QUALQUER pessoa. A ginástica mental, o treino do raciocínio abstracto, etc...

Claro que é mais impostante para uns do que para outros: sou estudante de Física e tenho a noção que a Matemática é bem mais imortante em Física que em arquitectura (eh!eh!). O meu irmão está em arquitectura também no IST, e, de facto, entre todos os diferentes cursos, arquitectura é aquele em que a matemática é menos importante.

Agora... a Matemática que é dada até ao 9º ano (a única que é obrigatória para todos) é necessária para qualquer CIDADÃO, independentemente da profissão que vai seguir.

E não existe sequer o risco de querermos tornar as nossas criancinhas pequenos "Da Vinci". Lá porque queremos que os coitadinhos tenham uns conhecimentos MÍNIMOS de Matemática, Português, etc...

Existe o risco (e está a acontecer) de os tornarmos uns mimados ignorantes. Tornemos a Matemática facultativa mais cedo e demos mais um passo nessa direcção!

O que já não acharia errado é que o nosso sistema público fosse como o Holandês ou Alemão: diferentes níveis de exigência para diferentes níveis de ambição: não nivelarmos por baixo.
Mas em Portugal, a cultura do facilitismo jamais o permitirá.

Publicado por: João Vasco às julho 14, 2005 04:33 PM

Tenho impressão que a malta vem aqui tirar dúvidas (ou pô-las) de matemática, indiferentes à "Maldição da Matemática".

Publicado por: Coruja às julho 14, 2005 04:35 PM

"É que eu, desde os meus 10 anos, num quarto de século, entre piscinas públicas e privadas,"

não se deve perguntar a idade a uma senhora mas, Joana gosta de matemática !

Publicado por: zippiz às julho 14, 2005 04:50 PM

È bom começar a fazer contas para melhorar a qualidade de ensino.

Publicado por: Lidiane às julho 14, 2005 04:52 PM

È bom começar a fazer contas para melhorar a qualidade de ensino.

Publicado por: Lidiane às julho 14, 2005 04:52 PM

Como reparei que estavam colocados 99 comentários, vim só escrever qualquer coisa para ser o centésimo.

Não é com objectivos de uma futilidade idêntica que se fazem a maior parte dos comentários por aqui?

Publicado por: Mário às julho 14, 2005 05:49 PM

Publicado por: Hector às julho 14, 2005 04:06 P

Como sabe o maior arquitecto português vivo, e bem vivo, inventou que a entrada principal é pelas traseiras.
Mas não é sobre esse que vou escrever.
É sobre o Monstro que conseguiu que a sua estação de metro não tivesse publicidade e fosse toda revestida a azulejo branco assim a modos que o minimalismo que se espera da via para o Céu
E como ela é bem funda a analogia é bem bonita.

Acontece é que o meu Pai tem 85 anos e vai a um médico ali na zona e já rogou um milhão de pragas ao fulano que fez aquilo e aquilo são os corrimões que estão mesmo á entrada.

Muito bonitos feitos na parede pena não servirem para nos agarrarmos.

Há outra obra feita pelo mesmo génio que ainda é mais linda.
Pena que não tenha sido concebida para nada e é para isso mesmo que lá está.
Um nada, um zero levantado a zero que neste caso deu um pipalhão de euros gasto.

Não se pode dizer nomes, mas também faz cálices, cadeiras, janelas, sofás pulseiras etc e tal.

Publicado por: carlos alberto às julho 14, 2005 05:49 PM

Não acredito que já não se conheça por aqui o "mail" acerca da «Evolução da Matemática em Potugal» ; é das coisas mais engraçadas que aguma vez li. Se alguém quiser, envio por mail mais logo prá noite.

Publicado por: asdrubal às julho 14, 2005 06:04 PM

asdrubal em julho 14, 2005 06:04 PM: Se quiser dar-se ao trabalho, é enviar para e meu mail

Publicado por: David às julho 14, 2005 06:08 PM

asdrubal: e não se esqueça de mim

Publicado por: Filipa Sequeira às julho 14, 2005 06:11 PM

carlos alberto às julho 14, 2005 05:49 PM

A arquitetura do Portugal atual tem de facto coisas maravilhosas, em que uma pessoa fica sem perceber se a culpa principal é do arquiteto ou do dono da obra. Uma dessas coisas é o Pavilhão de Portugal na Expo98, uma celebrada obra de Siza Vieira, salvo erro, o qual tem uma pála enorme, compridíssima, a qual (para além de gastar betão e dinheiro dos contribuintes) só serve para fazer sombra ao espaço vazio que se encontra por baixo. Outra maravilha é a estação de metro das Olaias, obra do celebrado Tomás Taveira, a qual é uma espécie de Palácio de Nabucodonosor subterrâneo, um enorme espaço, altíssimo e sustentado por volumosíssimas colunas, estação de metropolitano que pouca ou nenhuma gente utiliza.

Para compensar estas obras (nas quais o dinheiro dos contribuintes foi generosamente esbanjado), os arquitetos portugueses mostram-se sem imaginação para imaginar prédios com painéis solares incorporados, ou com sombreamento das janelas, ou com todas aquelas soluções técnicas que, no futuro, serão cruelmente necessárias para que os habitantes desses prédios não tenham que gastar balúrdios na sua conta energética.

Talvez a Joana possa transmitir este meu humilde comentário à sua irmã, a ver se ela começa a compôr a situação.

Publicado por: Luís Lavoura às julho 14, 2005 06:19 PM

Luís Lavoura às julho 14, 2005 02:33 PM: Ela tem 26 anos. Não seria muito nova?

Publicado por: Joana às julho 14, 2005 06:59 PM

Luís Lavoura às julho 14, 2005 02:42 PM:
Nós não fomos apanhados a copiar. Eu passei as soluções e depois eles passaram uns aos outros.
O professor desconfiou porque leu disparates que eles escreveram para justificar as passagens. Consultou a planta e deve ter deduzido o que se passara. E a seguir cotou as respostas com todo o rigor, sem ligar ao facto dos resultados estarem certos.

Publicado por: Joana às julho 14, 2005 07:06 PM

Este caso passou-se há 15 ou 16 anos. Naquela altura ainda havia um sentido de entreajuda, que neste caso seria incorrecto, mas que fazia com que nós nos sentíssemos na obrigação moral de ajudar um colega em má situação.
Julgo que a situação tem mudado desde entã.

Publicado por: Joana às julho 14, 2005 07:09 PM

Luís Lavoura às julho 14, 2005 06:19 PM:
"Talvez a Joana possa transmitir este meu humilde comentário à sua irmã, a ver se ela começa a compôr a situação."
É muito difícil dialogar com arquitectos sobre arquitectura, mesmo sendo irmãos! Eles é que são os artistas!

Publicado por: Joana às julho 14, 2005 07:12 PM

Alexandre às julho 14, 2005 03:28 PM::
Uma das coisas que impressiona em Arquitectura, pelo menos nas faculdades públicas, é entrarem lá jovens com elevado gabarito (pelo menos conseguiram médias altíssimas) e depois serem ensinados por professores do antigamente e sem nível nenhum.

Publicado por: Rui Sá às julho 14, 2005 07:16 PM

Eu também fiz o exame de matemática do 9ºano...e saí de lá com a impressão de que era facílimo. Eu que só tinha dado uma vista de olhos pelo livro e que me considero como uma desgraça a matemática. Qual surpresa, passei no exame. Ao ouvir as notícias de 16 mil(se não etou em erro)que tiveram 1 no exame, até me ia dando uma coisa. Não gosto de matemática, logo, não estudo matemática. É lógico que só se estuda, pelo menos com prazer, aquilo de que se gosta.

Publicado por: Maria Helena às julho 14, 2005 07:18 PM

Maria Helena em julho 14, 2005 07:18 PM:
Tremo só de pensar o estado em que estão os outros, os que tiveram nota inferior à sua!!

Publicado por: Rui Sá às julho 14, 2005 07:22 PM

Rui, portanto o exame era facílimo, a Maria Helena que não gosta, nem estuda Matemática passou, e houve 70% de negativas.
Meu Deus! Isto não pode estar a acontecer.
Não são os 70% ... é que devem ser 90% ou mais que não sabem pêvas de Matemática!

Publicado por: soromenho às julho 14, 2005 07:39 PM

Não confirmo nem desminto, mas na mouche!
Acontece que o Pavilhão cujo interior está de tal modo desenhado que ninguém sabe o que fazer daquilo possui A Pala.
Ora esta pala igual ao corrimão não serve para nada mas, um momento por favor, segundo o Expresso não era para ser assim.
Era para as águas residuais correrem para o Tejo.
Já não me lembro o que falhou (talvez a irmã da Joana saiba em termos arquitectónicos ou a Joana em cálculos económicos) mas á agua começou a cair onde não era esperada e lá teve que se fazer um remendo.

Entretanto foi anunciado com muita pompa que A Pala era única no Mundo e, presumo eu, ficaria mais barata se feita em ouro.

Pequeninos, remendados mas muito limpinhos!

Publicado por: carlos alberto às julho 14, 2005 07:39 PM

Bem, a Joana já tinha avisado que a mana não era nada de especial em Matemática e tinha tido uma das notas mais elevadas do país.
Depois admiram-se que Campos e Cunha e Constâncio se enganem nas contas!

Publicado por: soromenho às julho 14, 2005 07:42 PM

Vejamos a coisa pelo lado positivo. Não conseguimos perceber o que é isso de um défice de 6,72%. E isso ajuda muito à nossa tranquilidade de espírito

Publicado por: lopes às julho 14, 2005 09:26 PM

Senaqueribe às julho 14, 2005 10:51 AM

Após ausência forçada, vejo-me obrigado a um acto de contrição no que respeita à recomendação de leitura dos "Conceitos Fundamentais da Matemática" (pelo menos aproveitei para reler umas páginas, antes de dormir). Retiro o que disse.

Usurpando a sua resposta a Hector (Senaqueribe às julho 14, 2005 11:48 AM) "...A formação geral, básica, é indispensável. Caso contrário não se poderiam revelar as vocações.", acrescento, na busca do mínimo denominador comum entre as nossas opiniões, que a matemática deverá fazer parte da formação geral e básica.


Publicado por: Vítor às julho 14, 2005 10:07 PM

Filipa e David :
Enviei-vos há pouco a tal «Evolução da Matemática em Portugal» que achei um assombro de bom humor. Oxalá tenha chegado "direitinha".

Publicado por: asdrubal às julho 14, 2005 10:34 PM

Recebi. Tá giro. Já tinho lido um outro, mas tinha menos coisas.
Obrigada.

Publicado por: Filipa Sequeira às julho 14, 2005 11:29 PM

asdrubal em julho 14, 2005 10:34 PM:
Recebi. Obrigado. Está muito gira.

Publicado por: David às julho 15, 2005 12:07 AM

carlos alberto, julho 14, 2005, 05.49

Fazer da entrada das traseiras a principal já foi inventada há muitos séculos. O tal arquitecto português apenas lhe deu uso e projecção social, recusando contudo publicitar o desempenho.

Publicado por: JM às julho 15, 2005 02:47 AM

Joana às julho 14, 2005 06:59 PM

Não faz mal... sabe que os homens, quando passam a andropausa, começam a exibir uma marcada preferência por jovenzinhas...

Publicado por: Luís Lavoura às julho 15, 2005 09:23 AM

É as saudades. Vão sempre atrás, mas já não sabem para que é, ehehehe !

Publicado por: asdrubal às julho 15, 2005 01:27 PM

lopes às julho 14, 2005 09:26 PM

É como aqueles jornalistas que escrevem:
Brad Pitt comprou uma mansão por 5 mil milhões de dólares !
5 milhões de dólares ou 5 mil milhões é apenas um erro de mil vezes...trocos....

E aqueles que sonham com os 80 milhões de euros do Euromilhões, dizem que depois vão realizar o sonho da vida deles, ter um colégio para crianças...

Como se vê a matemática não ensinou estas ordem de grandeza.
Mas julgo que a Nossa Elite também é atíngida a todos os Níveis.
Todos os Dias somos confrontados com a comparação entre Portugal e os EUA, como se fosse possível tal comparação !!!
É que nem do ponto de vista cultural, quanto mais económico ou político !

Publicado por: Templário às julho 15, 2005 03:56 PM

Atirando assim uma percentagem ao ar, no mínimo 50% dos problemas do nosso país vêm da educação.

A Dizer:
Crise Económica

Crise Científica (mas esta é um pouco estranha porque temos muitos cientistas de alto calibre, médicos, físicos, arquitectos, etc)

crise social

politica.


Penso que existem 3 factores primordiais para o nosso sucesso:

1 - Matemática - Cultura mais cientifica onde se deixem os facilitismos (hoje existem alunos que chegam ao 9º ano sem saber NADA)

2 - História e História de Portugal - a história de Portugal está tão maltratada nos curriculos escolares, que é normal que os Portugueses percam as referência do seu povo e da sua cultura. Assim como a história Mundial, é crasso conhecer a humanidade para se poder adoptar uma cultura crítica e dinâmica. A Cultura do Laxismo, a crise de valores vem da falta de referências.

3 - Português - a 6ª lingua mais falada do mundo, a 5ªmais disseminada e a 3ª salvoerro na internet está constamente a ser desvalorizada pelos nossos currículos (e até políticos). Base de uma riqueza cultural ímpar, que nos liga à própria globalização. Mais referências que se perdem, numa língua que foi a língua franca do Mundo.

Estes são para mim os três pilares fundamentais para o nosso sucesso. Inspiram confiança, conhecimento e sabedoria.

Obviamente nem todos podem ter a mesma capacidade para as mesmas matéria, mas existe um mínimo a conhecer sobre elas todas.

A cultura que se pretende é de inovação, dinâmica, crítica e de valores.

É evidente que estas vertentes não estão a ser salvaguardadas.

Publicado por: Braveman às julho 15, 2005 05:40 PM

Isso da genética é balelas. Se calhar foi através da língua que se contruiram as caravelas, deu-se a volta ao mundo, e cartografou-se o que existia

Publicado por: Braveman às julho 15, 2005 05:45 PM

Braveman às julho 15, 2005 05:40 PM

Isso parece o Requiem do Império Perdido !

Tirando o Spielberg não sei quem poderia tirar proveito de tudo isso.

Publicado por: Templário às julho 16, 2005 01:20 AM

Braveman

Os Liberais já esvaziaram a nossa cultura.

Aproveitaram para nos imporem os Mac, os microndas, a fruta sem sabor mas normalizada, o leite sem vitaminas, os chouriços à la pression, o pão aldrabado, os bolos mal feitos, o peixe retardado e congelado, a carne com BSE , as batatas fritas com cenoura, os telemóveis de borla... que já são 10,6 milhões tudo em nome da Rentabilidade e da Competitividade. Não satisfeitos com essa 1ª fase de destruição, avançaram para a 2ª fase - os Chineses - .

Ficamos apenas com a língua e já gozamos.... pelo menos com os chinas por eles não conhecerem o R.

Publicado por: Templário às julho 16, 2005 01:32 AM

eu tenho que achar piada, a que as pessoas gostam de falar de assuntos como o orçamento e o défice, a sustentabilidade da segurança social, os impostos, o retorno do investimento, os aumentos, o desemprego,, a inflação, o crescimento económico, etc, etc, sendo profundamente ignorantes a matemática e defendendo a ignorância generalizada ... a culpa é dos políticos advogados, que sendo grandes ignorantes se tÊm fartado de vomitar idiotices como se fossem entendidos nas matérias quando na verdade são grandes ignorantes ...

Como querem que as pessoas sejam capazes de gerir um orçamento doméstico se forem matematicamente iletradas ? Como querem que as pessoas decidam informadamente se deve contrair empréstimos, face aos encargos que daí advéem e da taxa de esforço resultante com ileteracia matemática ? Como querem que as pessoas toem decisões informadas sobre quais os melhores produtos, por exemplo de telecomunicações, seguros, etc. etc. se os produtos são diferentes, têm vantagens e custos diferenciados e existe ileteracia matemática para saber analisá-los ? quanto aos ângulos de que tanto falam, será que nunca jogaram bilhar, ou ténis, ou basquetebol ou qualquer outro desporto ? E os médicos, enfermeiros e farmacêuticos, como podem receitar os medicamentos aos doentes se não forem capazes de calcular as doses que eles precisam durante um determinado tempo ? e quem não tem contabilistas para lhes fazer o irs, como se vai safar ? e os jornalistas, que se fartam de cometer asneiras cada vez que falam de percentagens ou taxas de crescimento ? Quanto ao futebol que tanto falam, ao contrário do que muitas vezes se acha, cada vez mais segue os processos dos desportos profissionais americanos, onde as estatísticas relevantes para cada acção quer próprias quer dos adversários são analisadas e são importantes na forma de abordar os jogos - como se analisam estatísticas com ileteracia matemática ?
E como querem investigação e desenvolvimento, requalificação e formação advogando a matemática só para uns e a ileteracia para outros ?

Acordem para a vida, não há nada hoje em dia que não exija matemática, assim como o português, o inglês, a matemática é uma língua, que se não a dominarmos teremos sempre muito menos oportunidades na vida que os outros ...

Publicado por: bcool às julho 16, 2005 06:28 AM

Caro bcool,

A matemática necessária para discutir o défice é aquela que é ensina na primeira classe.

Mas concordo plenamente consigo numa coisa: a matemática é uma linguagem (não uma lingua).
O insucesso a matemática preende-se com "incomunicabilidade" dos professores com os alunos, em termos matemáticos.

Resolver limites, integrais, primitivas, ou mesmo equações de Riccati, é extremamente simples - basta trabalhar!

Agora tentem compreender alguma coisa de matemática pelos livros, e especialmente pelos professores, e vão ver como é pior que aprender japonês (que nem é assim tão difícil).

Daniel

Publicado por: Daniel Rocha às julho 16, 2005 02:38 PM

Esse é que é o erro daniel, a questão do défice é bem mais complexa do que falar de 3 % ou 4 %, ou 6,83 % ou seja lá quanto fôr ...
A questão do défice, prende-se com escolhas intertemporais de impostos, bem como a análise das elasticidades para avaliar das respostas a variações da carga fiscal, ou dos esquemas de tributação ...

Quanto à questão da linguagem, dou a mão à palmatória, pois era esse o meu ponto ... assim como há linguagens informáticas, também há a linguagem matemática e as diferentes línguas e todas elas servem para comunicar ideias ...

O problema em Portugal e que muito pouca gente consegue comunicar a linguagem dos números, uns por incapcidade, outros porque se servem dos números para enganar os que têm dificuldades em compreender essa linguagem ...

Publicado por: bcool às julho 19, 2005 12:05 AM

A maldição levou alunos a copiarem, segundo dizem. Só estranho terem apanhado 14.

Publicado por: lopo dias às julho 20, 2005 05:03 PM

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