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junho 14, 2005

O Traspasse de um Mito

Considerar a coerência como uma virtude, independentemente do âmbito em que essa coerência se exerce, é uma perversão só justificável pela hipocrisia dos políticos. A coerência na intolerância, a coerência no totalitarismo político e ideológico, a coerência do relativismo moral, a coerência no assassinato do carácter dos opositores não podem ser virtudes, a menos que se tenha perdido o sentido dos valores morais. Elogiar Álvaro Cunhal, gabando-lhe a coerência, só por hipocrisia se pode tomar como elogio.

Tive a possibilidade de assistir à desagregação do PCP numa posição privilegiada, mantendo relações de amizade com um leque muito variado dos protagonistas desse drama. E como eram relações de amizade, despidas de qualquer adesão política, testemunhei, directa, ou indirectamente por via familiar, a forma como as relações entre esses protagonistas evoluíram durante esse período, o que foram dizendo uns dos outros à medida que as posições mútuas iam variando, os processos de intenção que foram movidos e o funcionamento da maledicência tornada em arma política.

Os ódios mais irracionais são os que se geram entre gente da mesma facção política, mas onde as vicissitudes políticas introduziram diferenças de opinião. Álvaro Cunhal criou um partido estilo pós-leninista, ou seja um partido onde o centralismo democrático conduziria fatalmente ao fim do direito de tendência, do direito à opinião diferenciada, do direito a pensar pela própria cabeça e ao dever de ser apenas um eco dos pontos políticos vindos “de cima”. Lenine não viveu tempo suficiente para assistir à perversão total a que o modelo que havia idealizado conduziu, mas tem a responsabilidade histórica de haver criado esse monstro.

Todavia quer em Lenine, quer mesmo em Marx, já havia o gérmen de tudo o que aconteceu depois. O historicismo marxista, ao ter relativizado os princípios e valores morais referindo-os a cada contexto histórico, esvaziou a moral de qualquer conteúdo autónomo, subordinando-a aos interesses da classe que tinha por missão histórica conquistar o poder. Libertado de todo o escrúpulo moral absoluto e intemporal, o marxismo de Marx e Engels deu origem ao leninismo e ao “Socialismo real” de Estaline, Mao, Pol Pot, Kim Il Sung, etc., às ditaduras sangrentas que massacraram dezenas de milhões de seres humanos, com o desiderato de construir o “homem novo”. Um humanismo perverso posto ao serviço da liquidação em massa.

Se Lenine tem a desculpa de não haver assistido ao eclodir do monstro que havia gerado, Cunhal não tem qualquer desculpa. Muitos atribuíram a disciplina espartana e o fechamento ideológico do PCP durante o Salazarismo às necessidades impostas pela clandestinidade. Foi um equívoco, pois o PCP permaneceu igual ao modelo que Álvaro Cunhal tinha instituído, apesar de se ter estabelecido entretanto um regime democrático, da progressiva decadência e posterior implosão dos regimes do Leste, e do contínuo esvaziamento político e eleitoral do PCP.

As armas para manter a ortodoxia de um partido politica e bacteriologicamente puro foram sempre as mesmas: processos de intenção e maledicência. Nada que tivesse conteúdo político ou ideológico, porque o PCP não tem qualquer suporte teórico: Marx é apenas um velhinho de barbas brancas que lhe serve de ícone, diferente do Pai Natal apenas porque não traz brinquedos e nem na quadra do Natal exerce qualquer influência. As influências de Marx são longínquas, indirectas e resultam da regurgitação soviética do marxismo.

Se a eliminação física estava fora do alcance, restava o assassinato do carácter através da maledicência: deixar cair frases sugerindo que o “camarada” X não cumpria as suas tarefas e não tinha qualquer valimento político, aliás nunca tinha tido, visto serem outros camaradas que afinal lhe tinham feito o trabalho até então; que estava a tomar atitudes anti-partido e a ligar-se com gente que pretendia o enfraquecimento e a liquidação do partido; dar a entender que haveria faltas graves no trabalho político do “camarada” X; também surtia efeito, enquanto tal ainda fez sentido, dar a entender que o “camarada” X falara na PIDE. Sempre acusações nebulosas, cheias de subentendidos, mas vazias de factos concretos. O visado só começava a sentir os efeitos quando notava que os “camaradas” se afastavam dele como da peste.

É a táctica do salame – o partido corta fatia a fatia e, em cada corte, todo o restante salame está aliado contra a fatia que sai; a fatia seguinte sofre um tratamento idêntico àquele com que tinha colaborado quando ainda fazia parte do salame, e assim sucessivamente. A mesma táctica que foi utilizada por Estaline para se ver livre de todos os que lhe faziam sombra. No fim, quase toda a velha guarda bolchevique havia sido eliminada.

O mesmo sucedeu com o PCP. Tudo o que se assemelhasse a espírito crítico, a criatividade, a capacidade de ter ideias próprias, foi eliminado num processo que vem desde a década de 40, que tinha estabilizado após Cunhal se tornar líder incontestado do PCP, mas que teve uma última fase após o advento de Gorbatchev e a convicção que internamente começou a ganhar corpo de que o partido estava num impasse político. Os que ousaram contestar a ortodoxia foram sendo eliminados: Zita, o grupo dos 6, José Magalhães e o seu grupo, etc., etc., Carlos Brito (inicialmente apenas marginalizado) e, dois ou três anos depois, João Amaral e os chamados renovadores. Com a progressiva depuração dos protagonistas principais da corrente heterodoxa, foram abandonando o PCP muitos milhares de militantes anónimos que se reconheciam cada vez menos na liderança dos incondicionais. Sobejou uma massa informe, cinzenta, que agora ficou órfã do seu guia político e espiritual.

Aquelas personalidades tiveram sorte, pois o PCP não estava no poder. Não foram exterminadas fisicamente e o assassinato de carácter apenas teve efeitos internos. E as zangas entre cada “fatia” dos depurados (afinal as “fatias” posteriores haviam antes colaborado, por acção ou omissão, na maledicência) foram sendo sucessivamente sanadas.

Ter assistido a esse processo marcou, de algum modo, a minha entrada na idade adulta e a minha mundividência social e política. Vi, embora em miniatura incruenta, a verdadeira face do “Socialismo Real”. A verdade está na realidade dos factos e não na teoria das utopias, e ter convivido com essa realidade foi um poderoso factor de orientação e uma fonte de inspiração no emaranhado das teorias políticas, sociais e económicas.

No fundo todos devemos algo a Álvaro Cunhal – eu, por ter verificado ser imprescindível cotejar e a aferir as teorias políticas e económicas pelas suas consequências práticas; Portugal, porque o centralismo cunhalista transformou um partido incipiente num grande partido de massas e vice-versa; os restantes partidos políticos, porque se deixaram de preocupar com o PCP; etc.. Em contrapartida ele ficou-nos a dever muito, pois ainda pesa sobre nós a herança política, social e económica do PREC – um capitalismo nacional fragilizado; uma Constituição blindada e castradora; o reverenciamento do papel do Estado; uma sociedade onde só reivindicamos os nos inalienáveis direitos, esquecendo que também temos deveres.

E neste balanço, o legado de Álvaro Cunhal é manifestamente negativo.

Publicado por Joana às junho 14, 2005 02:22 PM

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Comentários

Joaninha voa voa
Que o teu pai está em Lisboa
Como uma saca de farinha
Para dar á joaninha....

Para ti joana só o sarcasmo serve

Publicado por: a.pacheco às junho 14, 2005 02:40 PM

"Tive a possibilidade de assistir à desagregação do PCP"

Parece-me precipitado afirmar que o PCP se tem desagregado. Eleitoralmente, o PCP tem apenas decaído lentamente, pode-se adivinhar que pela lei da velhice e morte dos seus militantes. O facto de muitos militantes destacados terem abandonado o PCP não levou, de forma nenhuma, à desagregação do partido. E nada nos garante que o PCP não comece a crescer, agora, em consequência das deslocalizações e das novas inseguranças.

"as “fatias” posteriores haviam antes colaborado, por acção ou omissão, na maledicência"

Pois. Convem sempre lembrar isto. Em cada ex-comunista há um filho da puta, recalcado ou em potência. Todos eles aprenderam a fazer, e fizeram, fideputices nojentas ao longo da sua vida política. Todos esses nomes que por aí se vêem, agora no PS ou no PSD, o José Magalhães, a Zita Seabra, o Pina Moura, etc, têm um passado político que, se pudesse ser visto, meteria nojo.

Publicado por: Luís Lavoura às junho 14, 2005 02:52 PM

Não há dúvida: Joana é coerente no assassinato do carácter dos opositores! Apesar disso, "(ai, mouraria) parece que tem virtude..."

Publicado por: Senaqueribe às junho 14, 2005 02:54 PM

Estaline era o Pai dos Povos, mas Cunhal nunca conseguiu ser o Pai deste Povo. Sorte a nossa.

Publicado por: Ant Curzio às junho 14, 2005 03:45 PM

O Público dedica-lhe quase metade do jornal e o VPV o artigo mais longo que escreveu nos últimos 20 anos

Publicado por: Coruja às junho 14, 2005 03:54 PM

Nestas alturas não se pode falar de Cunhal.

Se as referências são globalmente elogiosas, cai uma chuva de críticas, sobre o branqueamento do passado, sobre a hipocrisia de elogiar a coerência, por não mencionar a intransigência, etc.

Se criticamos Cunhal, cai outra chuva de críticas, por não se respeitar a memória de um morto, por não se reconhecer o resistente anti-fascista, por se esquecer da enorme coragem que tantas vezes mostrou...

Pelo que tenho lido da Joana, pensei que o post seria mais suave, menos crítico. Mas ao saber que assistiu de perto ao processo de "centrifugação" comunista, acho muito bem que nos tenha dado este testemunho que, por muitos que alguns estrebuchem, sabemos ser real.

Publicado por: Mário às junho 14, 2005 04:31 PM

(Ainda) não li o artigo de Vasco Pulido Valente no PÚBLICO de hoje. Mas o seu artigo no PÚBLICO de domingo (salvo erro) foi notável. Lembrou nele que o poblema do deficit do Estado é um problema recorrente em Portugal desde o fim do reinado de D. José. Que o cerne do problema está em que o Estado é, em Portugal, em grande parte quem forma a classe média (a tal classe que, segundo a Joana, é o cerne da estabilidade democrática). A economia portuguesa, sem Estado, tende para a desigualdade, para a convivência de uma classe extremamente rica com uma extremamente pobre - como se verifica, acrescento eu, no Norte de Portugal, região onde a influência do Estado na economia é menor. Ao contrário de países como os EUA, nos quais o próprio desenvolvimento económico gerou uma forte classe média, em Portugal não haveria classe média, ou ela seria muito reduzida, se não fosse o papel do Estado, o funcionalismo público, etc. E é esse o drama do deficit orçamental português: um Estado a tentar gerar mais classe média do que aquilo que consegue, e muita gente da classe baixa a querer ascender à classe média à custa do Estado.

Uma teoria muito interessante.

Publicado por: Luís Lavoura às junho 14, 2005 04:34 PM


Joana
Admiro-lhe a lucidez ao falar do PC, num óptimo texto ( depois das mortes do seu eterno secretário geral e do seu Bom- Escudeiro ).
É difícil acreditarmos neste País, quando o consciente nacional ,passa uma esponja num passado mais negativo que positivo e tão recente.
Como alguém disse hoje num prestigiado blog: “adivinha-se uma das maiores manifestações na Europa” . Não acredito !
Será que o português não tem memória ?
Será o português um ser profundamente inculto , oportunista como opção de vida, geneticamente medíocre e irrecuperável , para um novo País, nos anos mais próximos?
Todos os homens são iguais com defeitos e virtudes. Não há Santos. Será ?.E morrem todos. Ainda bem.
Ninguém fica para amostra .
Falar de Álvaro Cunhal como um homem bom , político desinteressado e amigo do seu próximo não lembra ao Diabo.
Cunhal deve ser tratado como era: um ser obcecado. Que não olhava a meios para atingir fins . Um globalizador da política.Vai ficar com legitimidade na história do País, não como um guardião da democracia, mas como um revolucionário, que lutou contra o fascismo e que depois nos queria impor uma ditadura . Do proletariado. Aquela que faliu na Sede e que está em falência técnica nas Sucursais de Cuba, Vietnam do norte e China, até encerramento. Depois vão abrir, todos, com nova gerência.
Entretanto canonizamos o Alvaro Cunhal, junto da irmã Lúcia e de todos os Santinhos da Santa Madre Igreja, para que haja grandes e enormes romarias contra este governo e as suas reformas.
AZEDO

Publicado por: azedo às junho 14, 2005 04:57 PM

azedo às junho 14, 2005 04:57 PM

Cuba, o Vietname e a China não estão, de forma nenhuma, em "falência técnica". A China está, de facto, a levantar enormes temores nos países de economia desenvolvida. O Vietname, muito mais atrasado (a sua guerra de unificação nacional terminou muito mais tarde, tendo deixado enormes estragos no país), parece ir pelo mesmo caminho da China. E Cuba, tendo em conta o bloqueio a que está sujeita, o qual desencoraja fortemente as multinacionais de lá investir, está-se a desenrascar muito razoavelmente (conseguiu, em particular, re-estruturar de forma notável a sua agricultura, tornando-a num exemplo de uma agricultura biológica muito produtiva e largamente independente de inputs petrolíferos).

Publicado por: Luís Lavoura às junho 14, 2005 05:22 PM

Pois a minha família era pobre e emigrou para a França e Brasil nos anos 50. Agora somos classe-média, vivo em Portugal e consigo ganhar um pouco acima da média porque trabalho numa empresa do grupo Sonae, de capitais privados. Pago impostos em Portugal e não precisei do Estado português para sair da pobreza.

Publicado por: Contribuinte às junho 14, 2005 05:24 PM

A China está a sair-se melhor agora porque criou "ilhas" capitalistas dentro do país. É nessas zonas que há crescimento

Publicado por: David às junho 14, 2005 05:39 PM

Porque é que a Joana Não Compreende ?

Porque viu o 25 de Abril, com aqueles olhinhos inocentes à janela nos seus imberbes 3 ou 4 anitos.

Mais tarde, rapariga precoce, acabou lendo umas coisas sobre Salazar, Ditadura, Prisões, Pide, Torturas, como um filme de FICCÇÃO de Hollywood... à distância..

Tudo isto se esqueceu naquilo que hoje os Portugueses devem a Álvaro Cunhal e a Todos Aqueles que Não sendo Comunistas também combateram a ditadura.

Para que não seja interpretado por Comunista, direi apenas que nunca pertenci ao PCP, nunca simpatizei com eles, e desde sempre soube, que não se poderia contar com eles para uma revolução, tal como se veio a verificar após o 25 de Abril, que Cunhal apelidou de Aventureirismos, quando a maioria da População portuguesa, desejava uma Verdadeira Revolução.
Nisso, Cunhal não foi perspicaz e teve medo... ou talvez desejasse comandá-la e verificou que não tinha força suficiente. De qualquer das formas prestou nessa época um mau serviço à Causa Revolucionária, lida e compreendida à época (1974/1975).

Daí o 25 de Abril, transformou-se num golpe de Estado, feito por militares despolitizados, e mais tarde aproveitado POR ESTA CANALHA QUE NOS GOVERNOU NESTES ÚLTIMOS 30 ANOS.

De tal forma é hoje o Escândalo, que são os próprios a reconhecerem que de tanto terem "Mamado" à conta, secaram a Teta da vaquinha docil e meiga.


Publicado por: Templário às junho 14, 2005 05:55 PM

David às junho 14, 2005 05:39 PM

Tendo em conta que o PIB chinês cresce à taxa de 9% ao ano há já vários anos (quase uma década, creio), e que as "ilhas" capitalistas dentro dela têm uma área e uma população minúsculas quando comparadas com as do país na sua totalidade, tenho muitas dúvidas de que seja apenas nessas "ilhas" que a economia cresce.

Toda a China está agora, em larga medida, em sistema económico capitalista.

O sistema político chinês é autoritário, mas já não pode ser classificado como comunista, uma vez que não tem qualquer aspiração igualitarista. É um sistema político que está de acordo com a tradição chinesa: a China sempre foi um país governado de forma autoritária. A China não tem qualquer tradição democrática ou liberal, nunca teve.

Aliás, os outros "tigres" asiáticos têm sistemas políticos não muito diferentes do chinês: Singapura é fortemente autoritária, Taiwan e a Coreia apenas um pouco menos. (A Coreia foi, durante muito tempo, o país do mundo que tinha mais sindicalistas na prisão.) A China só difere dos outros pelo seu tamanho, basicamente.

Publicado por: Luís Lavoura às junho 14, 2005 06:12 PM

Joana,
como de costume o seu artigo é francamente bom e vou, uma vez mais, colocar-lhe um link no D. V., se não se importa.


PS - David: se aos 3 ou 4 anitos a Joana não fosse imberbe, você acusá-la-ia sem dúvida de fenómeno de circo. Espero que agora, aos 35 8segundo os seus cálculos, eu não a conheço), continue imberbe.

Publicado por: Luis Serpa às junho 14, 2005 06:16 PM

"a maioria da População portuguesa, desejava uma Verdadeira Revolução"??
Como, se o PCP só teve 12% dos votos?
Você está a falar da maioria que andava aos gritos nas ruas?

Publicado por: AJ Nunes às junho 14, 2005 06:18 PM

Nunca os esqueceremos !
Eu como milhares fomos atirados para o caixote do lixo, em nome de uma revolução de cravos, que mais não foi do que um arrufo amanuense.

A “descolonização exemplar” tingiu as mãos de sangue destes figurões.
Cunhal e o Peito de Aço já deixaram Portugal um pouco menos poluído.

Mas estão cá muitos outros.
Deus me dê saúde para os ver ir á minha frente.

Publicado por: Retornado às junho 14, 2005 06:22 PM

A China será talvez hoje em dia o país com o capitalismo mais selvagem do mundo, e que deixa, em grande medida, o livre arbítrio aos mercados, nomeadamente ao mercado de trabalho.

Dizer que Cuba é prejudicada no desenvolvimento da sua economia porque um dos cerca de 200 países do mundo não realiza trocas comerciais com o país é, mas que enviesamento político, um perfeito disparate. Cuba é pobrérrima porque tem um regime que impede a livre iniciativa económica, social e política dos seus cidadãos. Não há criação de riqueza suficiente para sustentar um país através da agricultura biológica, pelo simples facto de em qualquer sociedade desenvolvida a percentagem de população afecta ao sector primário ser mínima, tanto devido à sazonalidade da actividade (que não atrai trabalhadores) como à necessidade de mecanização para tornar a actividade competitiva.

Há realmente por aí umas fantasias sobre a agricultura cubana que, não fosse o caso trágico, seria hilariante. A agriccultura cubana sobrevive à custa da perpetuação da pobreza extrema dos seus habitantes que, não possuindo outras alternativas aceitam o trabalho quase de borla na agricultura.

Também não li o artigo do VPV no Público, mas evidentemente que não é a existência do Estado que assegura a existência da classe média - é o empobrecimento artifical dos sectores mais produtivos da sociedade, através das absurdas transferências fiscais do país que assegura a sustentação de mesada de uma parte significativa do país, que está fortemente dependente do Estado.

Para terminar, há um problema de que a esquerda, com a sua obcessão doentia pela igualdade se esquece: para distribuir riqueza, é preciso primeiro cria-la. Constrangir a criação de riqueza e redistribuir o pouco que há é o caminho certo para o abismo, para onde caminhamos alegremente. E já agora, para onde Álvaro Cunhal nos queria encaminhar com a maior rapidez, independentemente da admiração que possamos ter pela sua coragem física e intelectual e pelo combate contra a ditadura, ainda que para instalar outra.

Publicado por: Nuno Sousa às junho 14, 2005 06:36 PM

AJ Nunes

Eu falo de População e não de partidos politicos.

Como é óbvio, depois de 48 anos de Fascismo, Todos os Portugueses maiores de idade e eu que só tinha 15, esperávamos que algo acontecesse, ou seja a dita Revolução.

Ora, naquela época, houve muita desorientação, e como sempre a luta deu-se nos Gabinetes. Gritava-se na Rua é Certo, apenas para medirem forças dentro dos Gabinetes. Daí o eu entender, que a População foi Usada (como sempre) para os Jogos de Poder.

No Norte do País, no qual eu vivia, até já se constava que os comunistas, comiam as crianchinhas. Que roubavam tudo. E quando um dia, eu perguntei a um desgraçado, o que é que os Comunas lhe poderiam roubar, respondeu-me, nada !

A Igreja Católica, foi a primeira a perceber o Grande perigo que se avizinhava e portanto usou Os Altares do Altíssimo para controlar as ideologias.

Portanto, na minha opinião, perdeu-se a Histórica Oportunidade de se fazer Uma Revolução. Havia condições.

E... se a tivessemos feito a tal Revolução, hoje poderíamos verificar se estávamos ou não em último lugar na Europa !

Portanto, tudo o resto que se conta, são fantasias de Hollywood, e a maior, é que os desgraçaditos dos Capitalistas que tiveram que fugir, foram sem nada, tendo hoje Fortunas muitas vezes superiores às do antes do 25 Abril.

Outros Capitalistas que nunca fugiram, como Belmiro de Azevedo, com Constituição Socialista ou não, enriqueceram do Nada, Cá !

Ajudados é certo... uns empurrões Bolsistas e uns fechar de olhos, coisa pouca... tudo legal... No Passa Nada, como dizem os Castelhanos !

Povo Brando e de Bons Costumes !

no passa nada...

Publicado por: Templário às junho 14, 2005 06:39 PM

Sou fundamentalmente anti-capitalista, mas o comunismo à la Cunhal horroriza-me ainda mais. Porque é profundamente capitalista (capitalismo de Estado) e porque é profundamente totalitário. Não deixa de ser irónico que tivessem sido os fanáticos do tipo Cunhal os grandes coveiros dos seus próprios ideais. Se hoje vivemos num capitalismo cada vez mais selvagem, isso muito se deve à ferocidade estalinista. Foram os estalinistas que tornaram inviável a alternativa socialista.

O mesmo fenómeno está agora a verificar-se com os europeistas fanáticos. São eles que estão destruir a ideia da Europa, e são eles os responsáveis pela reacção francesa e holandesa. Tivessem esses fanáticos compreendido que a Europa podia levar 200 ou 300 anos a construir, e lá iríamos avançando devagarinho, sem provocar as reacções de repulsa que temos vindo a testemunhar. Quiseram fazê-la à força e com os truques mais desavergonhados, pois estão a caminho de a matar.

Publicado por: Albatroz às junho 14, 2005 06:45 PM


Já que estamos em maré de análises do passado, comparando com o Presente, sempre desejaria deixar aqui UMA ACÇÃO ECONÓMICO/FISCAL DO Companheiro VASCO, para os novatos Neoliberais.

Vasco Gonçalves, impunha um discurso mobilizador, era excelente orador e cativava seus ouvintes.

Confrontado com despesas e déficit e pressões do Capital, sendo bom militar, não virou a cara à luta, e fez um apelo:

- Portugueses, no próximo Domingo, vamos todos Unidos Trabalhar para o Bem de Portugal, gratuitamente a favor do Estado !

E não é que milhões saíram à rua, a limparem e a trabalharem em todos os sectores gratuitamente !

Portanto O Companheiro Vasco, Nem sequer hoje está ultrapassado. Ele tinha a Capacidade de Resolver este e outros déficites, que os Actuais Cérebros, com contas e mais contas, não vêem saída nenhuma .

Publicado por: Templário às junho 14, 2005 07:00 PM

Foram nesse dia, para ver como era, mas um mês depois já não os apanhavam a fazer o mesmo.

Publicado por: AJ Nunes às junho 14, 2005 07:36 PM

Cuba, Vietnam e China estão em falência técnica?
Não sejam apressadinhos. Quem está de facto em falência técnica e precisa urgentemente de nova gerência, diferente das que tem tido nos últimos 30 anos, é este pobre, desprezado e aviltado país que, por enquanto, ainda dá pelo nome de Portugal.
E, já agora, por que é que falam com tanta obcessão de Cuba, Vietnam e China, e não falam, por exemplo, da Nigéria, do Ruanda, da Suazilândia, da Guiné, do Bangla Desh, etc.,etc. Será que nestes países tudo vai bem e são modelos a seguir?

Publicado por: Senaqueribe às junho 14, 2005 07:46 PM

Incrível ver portugueses nos dias de hoje a defenderem o subbotnik leninista que esse insandecido Vasco chegou a implementar.

Dá me a volta ao estomago saber que partem Vascos e Álvaros mas resistem alguns com ideias como a mão-de-obra escrava e a privação de liberdades pessoais, ideias que expiraram o seu prazo de validade há mais de 10 anos mas que ainda vegetam neste pobre país nas mentes destes neandertais, que dominam as estruturas de poder e a comunicação social actual.

A minha satisfação é saber que a minha geração vos irá sobreviver, apesar da herança pesada de dívidas que nos deixaram, enquanto os vossos ideais soviéticos bafientos, não.

Publicado por: Templário? Da estupidez. às junho 14, 2005 07:49 PM

Já percebi: falam da China porque têm medo, de Cuba porque têm raiva, e do Vietnam porque não têm vergonha.

Publicado por: Senaqueribe às junho 14, 2005 07:55 PM

Publicado por: Templário às junho 14, 2005 07:00 PM

Deixe-me rir.
Na minha empresa que era na altura a Sarrió-Renor (espanhola especializada em papeis) foi feito um plenário de véspera para apurar quem ia ou não.

Diga-me uma coisa:
Você acredita em factos ou na sua imaginação folclórica?

Publicado por: Retornado às junho 14, 2005 08:58 PM

Templário? Da estupidez. às junho 14, 2005 07:49 PM

Você é raivoso. Tenha calma, que ainda lhe pode dar uma AVC. E tente analisar a História, à Luz das épocas a que se referem, onde se incluem as ideologias e a correntes/tendências mundiais.

Quando falamos de Romanos, falamos de um Época.
Quando falamos de Marx ou de Lénine falamos de outra. E quando falamos de Vasco Gonçalves, além de falarmos de uma época, falamos de um Facto Histórico para Portugal, ou seja a queda do Antigo Regime.

Os seus insultos, batem na carapaça da minha indiferença !

Publicado por: Templário às junho 14, 2005 09:18 PM

Retornado às junho 14, 2005 08:58 PM

Se me leu bem, teria percebido melhor as minhas ideias de hoje e as de ontem (25 de abril).

Você apenas referiu, um acto, daquilo que eu designo de desorientação e "anarquia " se quiser.

Quer melhor exemplo, que o ataque à Embaixada de Espanha ? ( no qual participou activamente um jovem, que acabou à pouco tempo de ser nosso 1º Ministro ).

O que eu digo, é que realmente estavam criadas as condições para um Revolução, e por Incapacidade e/ou Incompetência dos Dirigentes da Época, não se fez. Daí o eu culpar Cunhal.

Aliás a maior prova do que digo, é a aberrante negociação de Independência das ex-colónias. Como se veio a verificar. E Timor !

Publicado por: Templário às junho 14, 2005 09:30 PM

AJ Nunes às junho 14, 2005 07:36 PM

A chamada "Contra-Revolução" também trabalhava sem descanso, para mobilizar os seus.
No entanto, ver um 1º ministro em camisa num comício, que começa a arregaçar as mangas, terá que aceitar que incita ao trabalho. Ele era um espectáculo, se Hollywood gostasse de comunistas, ele seria um monstro sagrado nas terras do tio Sam.

Homens como este há poucos !
Com capacidade de mobilizar um Povo, num Objectivo Comum !

Vasco caíu antes de alcançar grandes glórias. Mas pelas pequenas que conseguiu, lhe devem todos os Portugueses, a evolução altamente favorável do ponto de vista económico.

Porque curiosamente os Tugas são assim mesmo, uns ingratos.

Publicado por: Templário às junho 14, 2005 09:49 PM

Templario quem lhe disse que algum dos nossos primeiros ministros esteve na manifestação de protesto em 75 junto á embaixada de Espanha em protesto contra a CONDENAÇÃO Á MORTE POR FRANCO DE 5 MILITANTES ANTI-FASCISTAS ?

É que essa história se existe é pura ficção...

Publicado por: a.pacheco às junho 14, 2005 09:49 PM

a.pacheco às junho 14, 2005 09:49 PM

Leia bem o que escrevi, ele (na altura ) era um rapaz muito activo na esquerda revolucionária. E lhe digo mais, até entrou na Embaixada. E mais não lhe digo, porque essa história é demasiado conhecida, sobretudo depois dele ter ascendido a 1º ministro.

Publicado por: Templário às junho 14, 2005 10:00 PM

Ó Joana, então o título deste seu "post" já vai em «Traspasse» ?

Publicado por: asdrubal às junho 14, 2005 10:19 PM

Um dia disseram-me:
Tentares explicar a um comunista o que é a democracia, é a mesma coisa que pedires a um mudo para explicar a um cego o que é o amarelo.
Uma coisa Portugal teve no espaço de uma geração.
Uma ditadura fascista, embora benévola, uma ditadura estalinista, embora incipiente, e uma democracia, embora muita atabalhoada.

E agora vou-me pois após ter “ouvisto” a esposa do Senhor Director da TVI quase em prantos a lembrar como Cunhal gostava de defrontar mulheres inteligentes que ficavam derretidas (Miguel dixit), tenho que descansar.
O cérebro está-me aos pulos.

Publicado por: Retornado às junho 14, 2005 10:21 PM

e eu a pensar que Otelo se referia a touradas quando falava em encher o campo pequeno !

Publicado por: zippiz às junho 14, 2005 10:57 PM

A China não têm ilhas capitalistas isso foi há quase vinte anos. Agora é um mar capitalita que ainda não chegou a todo país mas está quase. Para se perceber neste momento consomem metade da produção de aço mundial. O Vietnam sobre as roupagens do PC e muitas bandeiras vermelhas faz negócios á americana e com os americanos e quer esquecer o passado e os campos de reeducação. A população no sul é ocidentalisada e mesmo pró-americana. Em Cuba ainda há poucos dias uns cubanos construiram uma proa num daqueles carros dos anos 50, calafetaram-no e lançaram-se ao mar. No entanto as luminárias continuam a falar-nos dos grandes avanços Cubanos que parece nunca chegarem ao povo, enquanto Fidel surge a falar das panelas de pressão mais eficientes que vai distribuir para poupar energia...

Quanto á Coreia do Norte é triste de escrever mas será uma história pouco diferente dos Khmers Vermelhos...Nessa altura perguntarão todos indignados como foi possível...

Publicado por: lucklucky às junho 14, 2005 11:33 PM

A escolha do Otelo para "coordenador operacional do Pronunciamento" é, a posteriori, uma delícia da inteligência de Melo Antunes.

Publicado por: asdrubal às junho 14, 2005 11:35 PM

assim a modos que a escolha do fadista para parceiro parlamentar do psd ... falando de delícias de inteligência !

caro asdrubal,
se esta nossa troca de impressões servir para espantar alguma caça "grossa" que tem pairado por aqui, já podemos ser considerados "serviço público" ...

Publicado por: zippiz às junho 14, 2005 11:47 PM

Julgo que a maioria da China ainda vive muito atrasada. Lembrem-se que são 1.300 milhões e uma minoria podem ser 200 ou 300 milhões, o que já é muito.

Publicado por: lopes às junho 14, 2005 11:48 PM

lopes às junho 14, 2005 11:48 PM

Essa é que é a grande questão. Com 300 milhões os Chinas são um Bloco superior aos EUA e idêntico à Europa. O problema é que eles podem querer formar na própria china, 4 blocos !

Tá a ver o problema ? 4 blocos contra 2 ?

Publicado por: Templário às junho 14, 2005 11:53 PM

zippiz em Junho 14, 2005 11:47 PM,
.
Exactamente. Ninguém em seu juízo quer o Cavaco e o PS nem sequer arranja um Poeta que se veja.
Que outra coisa há-de ser ?

Publicado por: asdrubal às junho 15, 2005 12:01 AM

Num ponto, "o retornado" tem razão.
A Manela é de facto uma presunçosa, para não lhe chamar uma "jardinice".
Cunhal teria de facto a sedução da "inteligência", mesmo que políticamente não o apreciasse nem o seguisse, mas não o estou a ver a elogiar um "cepo beiçudo".
No resto, acho que viver no "puto" agora, não é propriamente um mar de rosas, mas também, já não estamos no tempo, nem no espaço, de jogar futebol com a "cabeça do turra", e por isso, o saudosismo dos "ritorna" é música passada!

Publicado por: E.Oliveira às junho 15, 2005 12:07 AM

Uma minoria de 300 milhões não consome metade do aço mundial.

Publicado por: lucklucky às junho 15, 2005 12:15 AM

do blog "glória fácil":

Junho 14, 2005
Tentam fazer-nos passar por parvos

Os que não mexeram uma palha para acabar com a ditadura
e os que descendem (politicamente) de quem não mexeu uma palha para acabar com a ditadura.

Os que foram irrelevantes no combate ao caminho totalitário tentado por Cunhal
e os que descendem dos que foram irrelevantes no combate ao caminho totalitário tentado por Cunhal.

Os que andaram a incendiar sedes do PCP no “Verão Quente”
e os que descendem desses.

Os que foram pelo internacionalismo europeísta e depois deixaram de ser e agora voltaram a ser
e os que descendem desses.

Tentam fazer-nos passar por parvos.

A Cunhal devo a liderança na luta contra a ditadura; a Soares devo a liderança na luta contra Cunhal (e a Europa e a consolidação da ideia democrática).

Aos outros – descendentes de Spínola e de Freitas do Amaral e de Adriano Moreira e de Manuel Monteiro e de Paulo Portas e de Avelino Ferreira Torres e de etc – ninguém deve historicamente nada de relevante neste país. Nem antes do 25 de Abril nem depois. Antes alimentavam-se do orçamento de Salazar; depois esconderam-se atrás de Soares. Agora blogam.

# posted by JPH @ 16:40

Publicado por: zippiz às junho 15, 2005 12:16 AM

Quando o JPH escreve que "Agora blogam", refere-se a ele próprio e às colegas de blog

Publicado por: soromenho às junho 15, 2005 12:44 AM

Quanto a "Tentam fazer-nos passar por parvos", não precisamos. Eles conseguem sem o nosso auxílio

Publicado por: soromenho às junho 15, 2005 12:45 AM

zippiz em junho 15, 2005 12:16 AM,
.
Esse "post" é escrito e "raciocinado" pelo Til de Rãns. Só pode.

Publicado por: asdrubal às junho 15, 2005 12:56 AM

"Tentam fazer-nos passar por parvos..."
Subscrevo! Mai nada...

Sempre acrescento: Então não é que foi a "bandalheira comunista" pós-25 de Abril, que ajudou a "legitimar" os histerismos desta gente. Viveram a fome, a ignorância e a triste humildade de quem, inclusivé, desconhecia que vivia sob uma ditadura? Não, pois não?!
Bem podem, agora, de cima da burra, fazer doutrina com as cartilhas puídas das virtudes do país sem Estado. Queriam uma revolução com pífaros e saltimbancos, que não perturbasse a vossa existênciazinha?
Não nos venham acenar com os espantalhos do comunismo - é chão que deu uvas.

Publicado por: vitor às junho 15, 2005 12:57 AM

Joana !
Houve como que uma "corruptela" no título deste seu "post". Já me canso.

Publicado por: asdrubal às junho 15, 2005 01:00 AM

Não se acanhe leia também da Fernanda Câncio, miuda muito precoce:

isto dito, lembro-me de uma única vez, há uns 27 anos, em que olhei cunhal e fui por ele olhada. tinha 13 ou 14 anos, e fui com amigas da minha idade a um comício do pcp. era num pavilhão não muito grande e quando entrámos estava tudo a gritar, de punho no ar. atravessámos a multidão até à frente e ali ficámos, as meninas betinhas a olhar para o papão comunista, muito quietas num mar de punhos a martelar pê-cê-pê, pê-cê-pê.

no pavilhão, a única outra pessoa quieta era ele. o rosto inescrutável, observava. depois viu-nos, ali, à sua esquerda, as meninas betinhas que tinham decidido furar o comício para ver como era. fiquei suspensa naquele olhar, na intensidade perversa, quase maléfica, do seu feixe de raios gama, sem ouvir ou ver mais nada. cinco minutos, meia hora? não faço ideia. até que alguém me pôs a mão no ombro e disse: vamos, já chega.""

Isto sim queridos, é neo-realismo do melhor !!!

Amanhã abrem as assinaturas para pedir a canonização.
Não faltem, Kamaradas.

Publicado por: Vimos Ouvimos e Rimos às junho 15, 2005 01:02 AM

vitor em Junho 15, 2005 12:57 AM,
.
Antes que chegue o Verão, eu gostava de perceber o que diz o seu "post".

Publicado por: asdrubal às junho 15, 2005 01:06 AM

A autora deste texto revela um profundo desconhecimento da História recente do seu País e trata com abusiva mesquinhez uma personalidade com a dimensão de Álvaro Cunhal.

Não basta ler alguns livros de banda desenhada sobre a Revolução dos Cravos, do PCP, de Álvaro Cunhal, dos períodos antes e depois de 25 de Abril e conhecer alguns amigos e familiares que dissertam sobre política para lhe dar autoridade de avaliar uma personalidade e período histórico tão complexos.

A coerência é uma virtude principalmente quando ser coerente traz riscos de vida.

Muitos portugueses reconhecem ter uma dívida de gratidão a Álvaro Cunhal pelo seu contributo à causa da liberdade em Portugal e muitos o homenageiam por isso independentemente de serem ou não correlegionários políticos.

Publicado por: António às junho 15, 2005 01:08 AM

Possa, isto está esquisitíssimo. Até amanhã camaradas.

Publicado por: asdrubal às junho 15, 2005 01:10 AM

asdrúbal,
isto não está esquisitíssimo... tá mais para o bolorento !

Publicado por: zippiz às junho 15, 2005 01:25 AM

Certamente que "Muitos portugueses reconhecem ter uma dívida de gratidão a Álvaro Cunhal". Principalmente aqueles que queriam as "amplas liberdades" do totalitarismo comunista.

Publicado por: V Forte às junho 15, 2005 01:32 AM

V Forte às junho 15, 2005 01:32 AM

Você e tantos outros aqui, Dão Grandes Lições.

É por isso, que eu e tantos outros, queremos que o País tenha cada vez mais déficit, que cada vez as dívidas dos bancos e de todos os Portugueses sejam cada vez maiores, enormes mesmo, se possível impagáveis, afim que os Credores Tomem Contem disto.

Depois disso virão vocês com o choradinho que foi tudo vendido, mal gerido trá lá lá. Será a minha vez e a de tantos outros nos rirmos.

Publicado por: Templário às junho 15, 2005 01:57 AM

Prova-se, uma vez mais, que os vermes se alimentam de cadáveres...

Publicado por: Coveiro a recibo verde às junho 15, 2005 02:35 AM

O Cunhal, se tivesse conquistado o poder, teria sido um ditador muitíssimo mais feroz do que o Professor de Santa Comba Dão. Tivemos sorte e algum mérito em que o não tenha conseguido. Mas porque é que o Salazar é um bandido e o Cunhal tem direito a luto nacional? Porque o Salazar teve oportunidade de liquidar alguns dos amigos do Cunhal e o Cunhal não chegou a ter a oportunidade de liquidar alguns dos amigos do Salazar? Parece-me pouco para fazer um herói... Cunhal não lutou toda a vida para implantar a democracia, mas para monopolizar o poder. Não o ter conseguido não o torna um ícone da liberdade. É caso para perguntar se somos todos parvos ou quê?...
Quanto ao elogío da coerência do Cunhal parece-me despropositado, se não levarmos em conta os objectivos que ele se propunha alcançar com essa coerência e combatitividade. Parece-me que os que elogiam Cunhal mereciam ter tido a oportunidade de viver sob o regime imaginado e desejado por esse mesmo Cunhal... Por mim mandava-os todos para a Coreia do Norte...

Publicado por: Albatroz às junho 15, 2005 08:42 AM

asdrubal em junho 15, 2005 01:00 AM
Veja no diccionário on-line (http://www.priberam.com/DLPO/):
traspasse
de traspassar
s. m., acto ou efeito de traspassar;
trespasse.

E depois veja "Traspassar"
v. tr., passar através ou além de;
furar de lado a lado;
varar;
penetrar;
transmitir;
fig., afligir;
magoar;
morrer.

Ou seja, dá simultaneamente a ideia de morrer e de passar para "outro lado".

Publicado por: Joana às junho 15, 2005 09:01 AM

Há algo que deve ser sublinhado: foi em 1974/75 que se geraram os grandes desequilíbrios macroeconómicos e a inflação galopante, que demoraram cerca de uma década e meia a serem sustidos; o PREC destruiu o capitalismo nacional, fragilizando ainda mais o empresariado português, perante o internacional.
Grande parte das nossas dificuldades económicas estruturais actuais deriva do que aconteceu nessa época.

Publicado por: Joana às junho 15, 2005 09:09 AM

Ontem ouvi na TV a história daqueles senhores que estavam no Luso, clandestinos, mas que toda a gente sabia quem eram. Isso lembra a seguinte anedota:

Um gajo bate à porta de um 2º andar de um prédio. Uma velhinha vem abrir. Ele dá a senha:
- As andorinhas vêm na primavera.
A velhinha irritada responde:
- Arre, que é demais! Estou farta de dizer a vocês que a célula do PC é no andar de cima!

Publicado por: Ant Curzio às junho 15, 2005 09:43 AM

Joana:

Está convencida do que diz na sua última entrada? Já ouviu falar no condicionamento industrial? Nunca lhe disseram que Portugal no período que refere nunca teve um mercado a funcionar em termos de economia livre e concorrêncial? Nunca teve nenhum professor que lhe dissesse que sem democracia o capitalismo é impraticável?
Escreve com muita espontaneidade e pouca reflexão.

Publicado por: António às junho 15, 2005 09:49 AM

Publicado por: António às junho 15, 2005 09:49 AM

Seria curioso, e estou certo que a Joana também terá essa curiosidade, de explicar como funcionava o comércio entre a Metrópole e as Províncias Ultramarinas, com o exemplo maior dos panos para os indígenas vestirem que vinha de cá, o que levou a que a “industrial” têxtil tanto se desenvolvesse, e o açúcar cuja refinação era proibida em Moçambique e que vinha de lá.

Por outro lado e porque a esse sítio me ligam muitas recordações de infância o exemplo da Metalúrgica Duarte Ferreira é uma lição.

Faziam arados, começaram a fazer Berliets e quando o cliente faliu, que era a tropa, faliu com ele...

Publicado por: retornado às junho 15, 2005 10:01 AM

Joana às junho 15, 2005 09:09 AM

"foi em 1974/75 que se geraram os grandes desequilíbrios macroeconómicos e a inflação galopante, que demoraram cerca de uma década e meia a serem sustidos"

Convem no entanto lembrar que foi em 1973 que os países árabes fizeram quadruplicar o preço do petróleo (embora depois o tenham deixado baixar), e que em 1980 o petróleo atingiu o (até agora) preço mais alto em termos reais da sua história.

O que eu quero dizer é que parte das dificuldades económicas de Portugal nessa época, em particular a inflação (que não foi "galopante": o máximo que atingiu foi 33% ao ano, muitíssimo longe de uma inflação galopante), tiveram origem externa.

"o PREC destruiu o capitalismo nacional"

Boa merda de capitalismo era esse, no entanto. Em boa parte, era capitalismo de Estado: 3 ou 4 empresários protegidos pelo Estado. Capitalismo sem concorrência...

Não pretendo com estas observações desculpar o PREC, mas sim fazer ver que algumas culpas são-lhe atribuídas com pouco fundamento.

Publicado por: Luís Lavoura às junho 15, 2005 10:06 AM

Retornado às junho 15, 2005 10:01 AM

Mas isso é normal. Se hoje Fechar a auto-europa, fecharão dezenas de empresas.

Publicado por: Templário às junho 15, 2005 10:08 AM

Luís Lavoura às junho 15, 2005 10:06 AM

A Joana há uns tempos, discursava na aversão`dos portugueses e não só à Mudança.

Ora o que é mais notável no Portugal de Abril, é precisamente a Mudança.

Até os Capitalistas instalados tiveram sorte, pois foram Obrigados a uma Reciclagem no Estrangeiro !

Daí... o certa gente, ainda não ter percebido o quão foi benigno para Portugal, os Vascos Gonçalves e outros, que originaram tais mudanças.

Publicado por: Templário às junho 15, 2005 10:13 AM

Nuno Sousa às junho 14, 2005 06:36 PM

Quando eu falei da agricultura cubana, disse expressamente que ela era quase independente de imputs petrolíferos. É evidente que, sendo independente destes, tem que depender de outras coisas - explicitamente, de ter muitas pessoas a trabalhar nela. Se Você retira o input energético a uma atividade económica, tem que o substituir por trabalho humano.

Conversamente, as agriculturas convencionais empregam uma percentagem despicienda da população mas, em compensação, são extremamente dependente de inputs petrolíferos: seja na energia que faz mover as máquinas agrícolas (e as bombas dos furos artesianos), seja na composição dos pesticidas, adubos etc.

O que eu elogiei foi o facto de os cubanos terem sido capazes de ultrapassar a sua dependência do petróleo que lhes era "oferecido" pela URSS, e a extrema concentração da sua agricultura na cana-de-açúcar, reconvertendo a agricultura para um modo de produção independente do petróleo, saudável (biológico), e variado.

Quando o petróleo faltar no mundo, provavelmente teremos que seguir (a contragosto) o modelo cubano.

Publicado por: Luís Lavoura às junho 15, 2005 10:27 AM

Joana em Junho 15, 2005 09:01 AM,
.
De facto a Joana é imbatível em vocabulário.
Convenci-me de que havia ali um pequeno lapso !

Publicado por: asdrubal às junho 15, 2005 10:33 AM

António às junho 15, 2005 09:49 AM:
O Condicionamento Industrial acabou com Marcelo Caetano. Aliás, o marcelismo foi a época da história portuguesa onde o ritmo de crescimento económico foi maior, apesar da guerra.
É óbvio que era um modelo de desenvolvimento que não aguentaria muito tempo e se baseava no proteccionismo perante o exterior, mas isso não invalida o que escrevi e que está certo.

Publicado por: Joana às junho 15, 2005 01:58 PM

António às junho 15, 2005 01:08 AM

Se a "A coerência é uma virtude principalmente quando ser coerente traz riscos de vida", então os dirigentes nazis devem ser elogiados pela sua "coerência": os que não se suicidaram, foram julgados e executados pelos vencedores.

Não acredito que "Muitos portugueses reconhecem ter uma dívida de gratidão a Álvaro Cunhal pelo seu contributo à causa da liberdade em Portugal". O que esses portugueses reconhecem é a "dívida de gratidão a Álvaro Cunhal pelo seu contributo à causa" do comunismo em Portugal. A queda do salazarismo era indispensável quanto a isso, logo Cunhal lutou contra o salazarismo e não pela liberdade, considerada esta em sentido abstracto.

Publicado por: Joana às junho 15, 2005 02:05 PM

Luís Lavoura às junho 15, 2005 10:06 AM:
Desculpe dizer-lhe, mas essas suas afirmações nem merecem resposta. Você devia ler coisas sobre essa época.

Publicado por: Joana às junho 15, 2005 02:08 PM

Joana às junho 15, 2005 02:08 PM

Que afirmações é que eu fiz que são falsas?

1) Em 1973 o preço do petróleo quadruplicou.

2) Em 1980 o preço do petróleo atingiu o seu máximo, em termos reais.

3) O alto preço do petróleo causou dificuldades a Portugal, nomeadamente em termos de inflação.

4) A máxima inflação em Portugal foi 33% ao ano (isto lembro-me eu de memória).

5) Uma inflação de 33% ao ano não é considerada "galopante". (Inflação galopante é 1000% ao ano.)

6) O capitalismo mais avançado em Portugal consistia em 3 ou 4 empresários, protegidos pelo Estado.

7) Havia falta de concorrência.

Destas 7 afirmações, a Joana faça o favor de me dizer quais são falsas.

Publicado por: Luís Lavoura às junho 15, 2005 02:29 PM

Não disse que eram falsas. Só disse que não mereciam comentários. Há as que são falsas, como a 6) e há as restantes, das quais você retira conclusões erradas.
Por exemplo: a relação causa e efeito entre o preço do petróleo e a inflação galopante. Basta ver que o aumento se deu em 1973 e a inflação começou a disparar em princípio de 1975, atingindo a casa dos 30% no início dos anos 80.
Essa inflação foi causada pelo caos económico resultante do PREC, cuja herança só começou a ser ultrapassada com o início das privatizações.

Quanto a "galopante" não é um termo técnico em economia, mas apenas em equitação. Em economia será um mero adjectivo. Uma inflação na casa dos 30% duplica os preços em cada 2 anos. Para mim é galopante, dramática, etc.

Publicado por: Joana às junho 15, 2005 02:56 PM

Titula o DN - Alentejo em peso na despedida
e depois escreve "Perto de duas mil pessoas viajam hoje do Alentejo até Lisboa para o último adeus a Álvaro Cunhal"
O Alentejo deve estar mesmo despovoado!

Publicado por: David às junho 15, 2005 03:46 PM

Joana:

Eu não me atrevo a julgar nem os dirigentes nazis, nem os comunistas nem os salazaristas, embora esteja disposto a combatê-los desde que a democracia seja posta em causa.

Os julgamentos e execuções dos vencidos pelos vencedores, não é uma coisa boa seja qual for o momento histórico. Por isso tanto se fala e com razão, na minha óptica, de se criarem instituições internacionais como o Tribunal Penal Internacional, para julgar os vencedores e os vencidos. Os vencedores também cometem crimes contra a humanidade.

Publicado por: António às junho 15, 2005 04:08 PM

Joana:

A queda do salazarismo era indispensável à instauração de um regime democrático e ao funcionamento de uma economia de mercado concorrencial.

À sua maneira Álvaro Cunhal empenhou a sua vida à causa comunista, mas o objectivo principal até ao 25 de Abril de 1974 era o derrube do estado novo.

A partir de 25 de Abril de 1974 Álvaro Cunhal como líder de um partido lutou pela conquista do poder. Inicialmente, e aqui dou-lhe alguma razão, os métodos utilizados resultaram de uma prática política de um grupo de homens e mulheres que se formou, durante muitos anos, na clandestinidade. Daí algumas posições que deram a ideia de não democráticas. Passada a fase inicial o PCP foi um partido que sempre lutou dentro das regras democráticas.

Publicado por: António às junho 15, 2005 04:38 PM

Joana:
Não lhe parece que estas duas afirmações suas são incompatíveis?

“Em contrapartida ele ficou-nos a dever muito, pois ainda pesa sobre nós a herança política, social e económica do PREC – um capitalismo nacional fragilizado;”

“É óbvio que era um modelo de desenvolvimento que não aguentaria muito tempo e se baseava no proteccionismo perante o exterior,”

Publicado por: António às junho 15, 2005 05:09 PM

Joana:

Não foi o PREC que fragilizou o empresariado português. Nessa época não podemos falar em empresariado português, porque o que existia era um grupo de protegidos do regime que se dedicava a actividades económicas. Não enfrentavam as leis mercado (condicionamento industrial) praticavam salários baixos sem qualquer oposição (os sindicatos livres não eram permitidos).

No PREC os aumentos dos salários e implementação parcial do salário mínimo desencadeou uma pressão na procura que fez disparar os preços e portanto gerar inflações de dois dígitos. Mas os desiquilíbrios macroeconómicos também resultam da falta de capacidade empresarial de responder às oportunidades que se geraram, por um lado o nosso mercado é pequeno e por outro não havia uma verdadeira classe empresarial, salvo algumas excepções como Belmiro de Azevedo.

O Cunhal não tem nada a ver com isto.

Publicado por: António às junho 15, 2005 05:51 PM

Há quem diga aqui que o Cunhal e o PCP eram bons porque ajudaram a derrubar o Estado Novo. Pela mesma lógica, se Hitler tivesse conseguido derrubar o comunismo na URSS em 1941 com o seu exército, também teria sido bom... Dizer que o inimigo do meu inimigo meu amigo é, pode ser perigoso...

Publicado por: Albatroz às junho 15, 2005 07:35 PM

António às junho 15, 2005 05:09 PM:
Não são incompatíveis. Quando um modelo de desenvolvimento caminha para o esgotamento, outro modelo emerge, desde que haja concorrência e liberdade de actuação dos agentes económicos (quando escrevo "liberdade de actuação" não me refiro a actos fraudulentos). O proteccionismo marcelista não poderia durar muito tempo, por várias razões e a principal porque a descolonização ocorreria sempre, mais tarde ou mais cedo.

Publicado por: Joana às junho 15, 2005 07:50 PM

António às junho 15, 2005 05:51 PM:
Tem razão. O PREC não fragilizou o empresariado português ... destruiu-o.
Essa sua visão da economia portuguesa da época marcelista é completamente superficial. Os salários eram baixos, mas o Condicionamento Industrial já tinha acabado havia anos. Foi a época do Rogério Martins como Ministro da Indústria.
Pergunte ao Cravinho que, à época, era Director-Geral da Indústria (ou, pelo menos Director de Serviço).

Você fala da "falta de capacidade empresarial de responder às oportunidades que se geraram". Que empresários queria que tivessem capacidade, se os principais tinham fugido do país e as maiores empresas haviam sido expropriadas?

Quanto muito culpe o Estado que na altura geria as principais empresas do país.

Publicado por: Joana às junho 15, 2005 08:00 PM

Templário temos aqui uma situação sui generis.

Ou o senhor fez parte dos comandos que atacaram os manifestantes naquela noite, pois pelo que diz, não me acredito que estivesse ao lado dos manifestantes, ou algo não bate certo.

Ou as suas fontes são falaciosas.

Quem conhecer as divergências entre as forças politicas que na altura convocaram manifestações de repúdio contra o CRIME DE FRANCO e o MRPP certamente sabe que não era possivel esta força estar na Embaixada de Espanha.

Refiro-lhe um nome que por já ter falecido, não estarei a pôr em causa nenhum segredo,
João Pulido Valente era ele uma das pessoas que estava na Av da Liberdade Junto ao consulado e depois foi para a Embaixada, ora meu amigo na época João Pulido Valente e MRPP eram como agua atirada para cima de azeite a ferver.

Por isso repito as suas fontes de informação são pouco idóneas

Aguardo novas...

Publicado por: a.pacheco às junho 15, 2005 09:13 PM

Joana:

Os empresários não fugiram quem fugiu foram os pides, legionários e os protegidos do regime que se dedicavam a actividades económicas. Os verdadeiros empresários ficaram e aproveitaram as oportunidades surgidas. Não querer ver isto é pura cegueira política

Publicado por: António às junho 15, 2005 11:02 PM

António em junho 15, 2005 11:02 PM:
Por falar em "Não querer ver isto é pura cegueira política", hoje, no DN:
Quando morre aos 86 anos, em 2004, António Champalimaud é classificado como o mais multimilionário dos empresários portugueses, possuindo uma fortuna de cerca de 2,6 mil milhões de euros. O seu percurso cruza-se com os principais acontecimentos económicos do País, protagonizando muitas batalhas e grandes polémicas. Iniciando o seu império a partir dos cimentos, expande-se para Angola e Moçambique. Nos anos 50, funda a Siderurgia Nacional e entra no grupo CUF (pelo casamento), juntando o aço ao cimento. Em 1961, torna-se o maior accionista do Pinto & Sotto Mayor e compra a Mundial Confiança. O polémico processo da "herança Sommer" leva-o a exilar-se no México em 69, para evitar um mandado de captura. Com o 25 de Abril de 74, que classificou como "a maior desgraça que sucedeu a Portugal desde sempre", vê o seu império nacionalizado e parte para o Brasil, onde reergue os seus negócios. Regressa a Portugal na década de 90, e adquire as "suas" empresas nas privatizações. Pede ao Estado uma indemnização de 80 milhões de contos pelo seu "império perdido", mas só recebe 10 milhões. Compra 51% da Mundial Confiança, 80% do Sotto Mayor e 50% do Totta. Em 95, cria nova polémica, quando decide vender as suas participações financeiras aos espanhóis do Santander.

A pior cegueira é de quem não quer ver.

Publicado por: Hector às junho 15, 2005 11:41 PM

Joana (às 08:00 PM - Junho 15, 2005):
Admito que a minha visão da economia portuguesa da época marcelista seja superficial, mas o que pensar dos seus conhecimentos dessa altura nomeadamente do condicionamento industrial e suas implicações?

Esta pequena reprodução talvez possa aclarar um pouco as suas ideias fixas:

«...Em parte, devido ao conservadorismo implícito no segundo dos factores de bloqueio estratégico atrás apontados, sempre a indústria nacional logrou «proteger-se» da concorrência interna e externa. Ao Condicionamento Industrial, novas formas proteccionistas se sucederam, acompanhadas em geral por períodos de transição e derrogações que deveriam ter servido para uma reestruturação profunda da nossa indústria, mas que se limitaram quase sempre a explorar - e a esgotar? - as nossas vantagens comparativas, ainda hoje assentes, em grande escala, em custos unitários de trabalho mais baixos...» Desemprego e Interioridade: breves notas Margarida Chagas Lopes Professora Auxiliar do ISEG, doutoramento em Economia do Trabalho - Recursos Humanos

Publicado por: António às junho 15, 2005 11:59 PM

Hector (às 11:41 PM – Junho 15, 2005):

Não discuto os méritos do Sr. António Champalimaud. O que está em causa são as condições existentes na altura de proteccionismo interno e externo a certos sectores industriais. A classe “empresarial” da altura criou e desenvolveu-se à sombra do proteccionismo do estado. Salazar e os seus protegidos abominavam a economia de mercado concorrêncial. Pretender ignorar isto é uma tentativa de branquear uma época negra da sociedade portuguesa. Os verdadeiros empresários não fugiram do País não tinham razões para isso. Só fugiram do País as pessoas que estavam ligadas ao regime deposto.

Publicado por: António às junho 16, 2005 12:25 AM

Muito mal se tem dito do condicionamento industrial, porque limitava a iniciativa privada. É verdade. Mas esquece-se que num país sem tradição empresarial, sem gosto do risco, o condicionamento industrial foi útil para incentivar o investimento produtivo. Ao garantir o sucesso aos que investissem ajudou a criar capacidade produtiva. Quando o espírito empresarial se generalizou, quando a capacidade produtiva atingiu níveis mais adequados, deixou de ser necessário o condicionamento industrial. Esta é uma questão - como tantas outras - em que as ideias feitas não são as melhores para analisar determinados períodos da nossa história. Não se pode julgar o condicionamento industrial à luz da situação da nossa época, mas sim da situação da primeira metade do século XX em Portugal.

Publicado por: Albatroz às junho 16, 2005 08:58 AM

António às junho 15, 2005 11:59 PM:
Não vejo em que é que esse texto contrarie o que escrevi. Isso, que está escrito de forma muito sumária, é um facto que se arrasta até aos nossos dias.

Publicado por: Joana às junho 16, 2005 09:21 AM

António às junho 16, 2005 12:25 AM: Em todo o mundo os grandes empresários têm ligações, mesmo que apenas institucionais à instituições governativas.
Essa sua afirmação de que "Os verdadeiros empresários não fugiram do País não tinham razões para isso" não é apenas uma hipocrisis, é a uma justificação malévola das perseguições do "PREC".

O Estado ficou com as empresas desses "falsos empresários que fugiram do País". Então o Estado é o responsãvel pelas decisões (ou falta destas) erradas que levaram essas empresas a necessitarem de subsídios para compensar os prejuízos crescente e o país à ruína

Publicado por: Joana às junho 16, 2005 09:27 AM

Eu acho que há aí alguma confusão entre "grandes" empresários e "pequenos" empresários.

No PREC só os grandes empresários foram afetados. A pequena e média indústria do Norte e Centro de Portugal continuou a desenvolver-se pacificamente. Foi afetado o setor bancário, os estaleiros navais, a siderurgia, a indústia química, a metalomecânica pesada. Mas o resto não foi.

A terra do meu pai, Águeda, sofreu uma brutal "revolução industrial" durante esse período e até meados dos anos 80. As fábricas, primeiro cerâmicas e depois as mais variadas, surgiam como cogumelos, uma após a outra. Dizer que o empresariado português foi fortemente afetado, ou mesmo destruído, pelo PREC, é pois uma total mistificação.

Publicado por: Luís Lavoura às junho 16, 2005 10:43 AM

Está-se a falar de empresas com expressão: siderurgia, química pesada, cimentos, banca, seguros, etc., e você vem falar das cerâmicas, que são indústrias locais, que apenas abastecem as regiões circundantes visto o transporte à dist^ncia sair muito caro comparado com o peso das mercadorias.
E essas indústrias começaram a desenvolver-se no início dos anos 70, com a abertura marcelista.

Publicado por: Hector às junho 16, 2005 10:56 AM

Hector às junho 16, 2005 10:56 AM

As cerâmicas não abastecem apenas as regiões circundantes. Isso é em parte verdade para as de baixo valor acrescentado (telhas e tijolos). Mas atualmente Águeda tem cerâmicas de grande valor acrescentado (das quais a mais conhecida é a Revigrés), que exportam para todo o mundo. Até para o Japão.

Alem disso, Águeda começou com as cerâmicas, mas agora produz (quase) de tudo.

Mas eu podia ter-me referido também às corticeiras da Feira, às fábricas têxteis de Guimarães ou de calçado de São João da Madeira ou de curtumes do Alviela. Toda essa indústria foi deixada intacta pelo PREC.

A Joana disse acima que o empresariado português foi destruído ou fortemente afetado pelo PREC. Eu precisei que isso é verdade para o grande empresariado, mas não para o pequeno e médio. E é nas pequenas e médias indústrias que se concentra grande parte da capacidade exportadora do país!

Publicado por: Luís Lavoura às junho 16, 2005 12:05 PM

Concentra-se agora, porque a outra foi liquidada.
E se a banca ainda não foi toda comprada por estrangeiros, foi porque foi privatizada antes que fosse tarde demais.
Compare o antendimento da CGD com os privados. Se não fosse todos os vencimentos dos fp serem lá depositados, onde estaria a CGD?

Publicado por: Hector às junho 16, 2005 12:09 PM

Não se iludam. As extraordinárias manifestações de pesar de ontem foram pelo Homem, não pela Causa que está irreversivelmente moribunda. Cunhal era um vulto excepcional, carismático, de uma espécie hoje praticamente extinta e de que as pessoas têm saudades. Até os fascistas o admiram. Agora o PC, esse coitado, não vai longe. Tal como o comunismo. Falhou em toda a linha porque tinha de falhar. Era odiosamente totalitário e ineficaz, porque contra natura. E não há volta a dar-lhe. E também não há paradoxo nenhum em tudo isto. A natureza humana é complexa e pode-se ter grandeza mesmo a servir uma causa detestável, sobretudo porque, por mero acidente histórico, Cunhal não teve oportunidade de sujar as mãos em crimes em massa, como aconteceu em todos os países em que os comunistas alcançaram o poder...

Publicado por: EUROLIBERAL às junho 16, 2005 12:31 PM

Publicado por: Hector às junho 16, 2005 12:09 PM

Hector, a grande indústria portuguesa nunca teve capacidade exportadora relevante, com exceção do setor dos estaleiros navais (e a capacidade exportadora destes foi perdida, não devido ao PREC, mas devido à concorrência asiática, tal como aconteceu com todos os estaleiros navais europeus). Todo o resto do gande empresariado português anterior ao 25 de Abril funcionava basicamente para o mercado interno. (A Joana que me corrija se eu estou a dizer uma asneira.)

A capacidade exportadora portuguesa esteve tradicionalmente concentrada em pequenas e médias indústrias, situadas no Norte e Centro do país, que não foram, em geral, afetadas pelo PREC, nem foram nacionalizadas. (Recentemente surgiu capacidade exportadora em grandes indústrias, em particular a Auto-Europa, mas isso é empresariado multinacional, não português.)

Os setores afetados pelo PREC - financeiro, cimentos, metalomecânica pesada, química e petroquímica,, etc - funcionavam todos para o mercado interno e/ou das colónias. Nesses setores Portugal só muito dificilmente pode ou alguma vez teria podido conquistar capacidade exportadora, porque tem que competir com a Alemanha, que tem muitíssimo mais know-how.

Publicado por: Luís Lavoura às junho 16, 2005 12:34 PM

EUROLIBERAL às junho 16, 2005 12:31 PM

Uma pessoa que eu conheci (já morreu), um latifundiário alentejano, pessoa muito de direita, foi colega de Cunhal no curso de Direito na universidade. Falava dele com grande admiração - dizia que era o homem mais inteligente que ele alguma vez conhecera. E essa pessoa (o latifundiário) era muito inteligente, pelo que a sua avaliação tem certamente valor.

Publicado por: Luís Lavoura às junho 16, 2005 12:40 PM

Luís Lavoura às junho 16, 2005 12:05 PM
As cerâmicas também foram atingidas. Em 1975 o meu pai integrou um grupo que se reuniu na Cerâmica Lusitânia para ver qual o destino a dar (o patrão tinha fugido para o Brasil). Era gente que havia sido designada por vários ministérios. O meu pai deu uma volta pelas instalações e segundo me disse declarou na reunião: A idade do pessoal é superior a 50 anos e não tem qualificações; o processo produtivo é obsoleto, porque tem uma produtividade energética baixíssima (o principal consumo das cerâmicas é a energia) e seria necessário construir tudo de raiz, como novos trabalhadores. O melhor é vender o terreno porque isto é filet mignon. Olharam-no horrorizados. Não foi a mais nenhuma reunião!

3 ou 4 anos depois o terreno foi vendido, julgo que pelo dono que entretanto regressou. É onde está a actual sede da CGD e vai desde o Campo Pequeno e João XXI até perto da Praça de Londres.

Publicado por: Joana às junho 16, 2005 01:02 PM

Luís Lavoura às junho 16, 2005 12:34 PM:
A queda da produtividade da construção naval foi devida, fundamentalmente, ao PREC, que nacionalizou aquelas empresas, o que levou ao fim da política comercial, básica para conquistar mercados, à saída progressiva dos quadros técnicos mais experientes e ao afundamento da produtividade laboral.

Publicado por: Joana às junho 16, 2005 01:06 PM

De facto aquele terreno devia valer uma fortuna, mesmo no PREC.

Publicado por: soromenho às junho 16, 2005 02:27 PM

Joana (às 09:27 – Junho 16, 2005):

Em democracia pode-se falar em relacionamento institucional entre o estado e as organizações. No regime salazarista isso não era possível porque as instituições, organizadas em corporações, estavam debaixo da tutela do poder. Os empresários tinham os grémios e os trabalhadores os sindicatos corporativos.
De uma forma quase geral os empresários que paralelamente exerciam cargos nas corporações eram informadores da PIDE, estes por exemplo fugiram do País.
Os que sairam do País como resultado das nacionalizações alguns deles aproveitaram para se reciclar, outros continuaram a sua vida empresarial e prosperaram, alguns possivelmente falharam e outros reformaram-se. É a lei da vida.
Uma coisa é certa para os verdadeiros empresários, cito o exemplo clásssico do Engº Belmiro Azevedo, o 25 de Abril foi um maná caído dos céus.
Isto é incontornável, não pode ver aqui qualquer hipocrisia

Publicado por: António às junho 16, 2005 03:24 PM

O que é incontornável é que você deve ter estudado esse período no Manual do Perfeito Esquerdista. Essa de dizer que "De uma forma quase geral os empresários que paralelamente exerciam cargos nas corporações eram informadores da PIDE" é um compketo disparate e só prova que você não sabe do que fala. É uma cassete que já nem se usa, de tal forma é disparatada.

Publicado por: Hector às junho 16, 2005 03:45 PM

Hector (às 03:45 PM Junho 16, 2005)

O comentário parece que lhe acertou em cheio, mas, não foi essa a minha intenção.
Agora pelo facto de não estar em uso a afirmação não deixa de ser verdadeira.
Sabe quantos portugueses estavam na listas dos informadores da PIDE?
Com uma pequena operação aritmética conclui facilmente o número aproximado de empresários (que faziam parte das direcções dos grémios, das câmaras corporativas, que eram autarcas, deputados etc. etc.) que lá constava.
É uma verdade histórica não tem nada a ver com esquerdismo.

Publicado por: António às junho 16, 2005 04:27 PM

Joana às junho 16, 2005 01:06 PM

A Lisnave que tinha capitais estrangeiros não foi Nacionalizada !!!

Aliás no seu site ( curiosamente só em Inglês) no seu historial, nada refere quanto a 1974 ou 75, refere sim 1997 como ano de restruturação.

Publicado por: Templário às junho 16, 2005 04:52 PM

Discutir economia dizendo que os principais empresários portugueses antes do 25 de Abril eram bufos, parece-me um caso perdido de trogloditismo.

Publicado por: Filipa Sequeira às junho 16, 2005 04:57 PM

Templário em junho 16, 2005 04:52 PM:
A Lisnave foi nacionalizada em 1975, juntamente com todo o Grupo CUF de que fazia parte.
Informe-se melhor.

Publicado por: Hector às junho 16, 2005 05:04 PM

Não tenho nada a dizer. Vim aqui porque gosto de frequentar posts centenários.

Publicado por: fbmatos às junho 16, 2005 05:14 PM

Hector, faça o favor de ser você a informar-se pois o Grupo CUF era apenas um dos acionistas, e veja que havia acionistas estrageiros.

Se o Estado ao Nacionalizar a CUF, passou a representar esse acionista, é uma coisa, mas que havia mais do que um acionista, havia, e só não foi nacionalizada, porque ele era estrangeiro , ok ?

Publicado por: Templário às junho 16, 2005 05:15 PM

Porque estão a discutir sobre uma empresa que já não existe e implodiu vítima das loucuras do PREC e do que se lhe seguiu, como os sindicatos e CT's que só sabem cantar a Internacional de punho erguido

Publicado por: Filipa Sequeira às junho 16, 2005 06:13 PM

Filipa Sequeira às junho 16, 2005 06:13 PM

Estou a rectificar as barbaridades ditas por estes aprendizes de Liberal, pois confundem uma empresa SA com um Grupo económico.

E como querem a todo o custo provar que as Nacionalizações é que estragaram tudo, e que se esquecem de 2 coisas daqueles tempos:

- houve asneiras sim, e excessos, não dos teóricos, mas da libertinagem Operária.

- E Houve como é óbvio a Contra Revolução, cujos teóricos apostaram na Teoria, do quanto Pior, Melhor, e conseguiram assim minar os Idiais de Abril.

Há que reconhecer isto, passados 30 anos !
Reconheçam !

Publicado por: Templário às junho 16, 2005 06:54 PM

É bom que haja quem reme contra a hipocrisia e o pôr-se de joelhos perante pretensos mitos. Parabéns

Publicado por: Viegas às junho 17, 2005 05:27 PM

O artigo de hoje do VPV também vai no mesmo sentido.

Publicado por: Viegas às junho 17, 2005 05:29 PM

Relativamente ao comentário do Viegas, aqui vai o artigo de que ele fala:

Portugal não se respeita
Parece que Álvaro Cunhal foi uma figura "importante, "central", "ímpar" do século XX português. Muito bem. Estaline não foi uma figura "importante", "central", "ímpar" do século XX? Parece que Álvaro Cunhal foi "determinado" e "coerente". Hitler não foi? Parece que Álvaro Cunhal era "desinteressado", "dedicado" e "espartano". Salazar não era? Parece que Álvaro Cunhal era "inteligente". Hitler e Salazar não eram? Parece que Álvaro Cunhal sofreu a prisão e o exílio. Lenine e Estaline não sofreram? As virtudes pessoais de Álvaro Cunhal não estão em causa, como não estão as de Hitler, de Estaline, de Lenine ou de Salazar. O que está em causa é o uso que ele fez dessas virtudes, nomeadamente o de promover e defender a vida inteira um regime abjecto e assassino. Álvaro Cunhal nunca por um instante estremeceu com os 20 milhões de mortos, que apuradamente custou o comunismo soviético, nem com a escravidão e o genocídio dos povos do império, nem sequer com a miséria indesculpável e visível do "sol da terra". Para ele, o "ideal", a religião leninista e estalinista, justificava tudo.

Dizem também que o "grande resistente" Álvaro Cunhal contribuiu decisivamente para o "25 de Abril" e a democracia portuguesa. Pese embora à tradição romântica da oposição, a resistência comunista, como a outra, em nada contribuiu para o fim da ditadura. A ditadura morreu em parte por si própria e em parte por efeito directo da guerra de África. Em França, a descolonização trouxe De Gaulle; aqui, desgraçadamente, o MFA. Só depois, como é clássico, Álvaro Cunhal aproveitou o vácuo do poder para a "sua" revolução. Com isso, ia provocando uma guerra civil e arrasou a economia (o que ainda hoje nos custa caro). Por causa do PREC, o país perdeu, pelo menos, 15 anos. Nenhum democrata lhe tem de agradecer coisa nenhuma.

Toda a gente sabe, ou devia saber, isto. O extraordinário é que as televisões tratassem a morte de Cunhal como a de um benemérito da pátria. E o impensável é que o sr. Presidente da República, o sr. presidente da Assembleia da República, o sr. primeiro-ministro e dezenas de "notáveis" resolvessem homenagear Cunhal, em nome do Estado democrático, que ele sempre odiou e sempre se esforçou por destruir e perverter. A originalidade indígena, desta vez, passou os limites da decência. Obviamente, Portugal não se respeita.

Publicado por: Susana às junho 17, 2005 05:42 PM

Esse artigo do VPV está óptimo e vai no mesmo sentido que o que a Joana escreveu neste blog.
É bom encontrar pessoas que fogem à carneirada do politicamente correcto.

Publicado por: V Forte às junho 17, 2005 07:31 PM

Infelizmente apenas encontramos isso nos blogs e só muito raramente na comunicação social. Algum que teve a permissão de se manter lá.

Publicado por: V Forte às junho 17, 2005 07:33 PM

V Forte às junho 17, 2005 07:33 PM

É devido ao mercado !

Quando o mercado começar a comprar, só haverá VPV nos média.

Neste momento está-se a preparar o mercado... que alguns dizem que é espontâneo... vejam só !

Publicado por: Templário às junho 17, 2005 07:37 PM

Pedro Soares foi um grande revolucionário e Álvaro Cunhal tinha toda a razão quando disse isso.

Publicado por: Cisco Kid às junho 17, 2005 11:16 PM

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