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junho 22, 2005

A Descida do Maelstrom

Portugal está numa situação gravíssima, e não seriam necessárias as notícias de Bruxelas para o sabermos, se não fosse a nossa pecha para vivermos de ilusões. Ela é muito grave, pelo estado em que se encontram a nossa economia e as nossas finanças, mas é sobremaneira grave pela nossa postura face a essa situação. Estamos a descer ao abismo, mas debatemo-nos de forma tão canhestra, que nos afundamos sempre mais, agarrados uns aos outros, puxando uns pelos outros. Faz falta uma equipa de nadadores salvadores adestrada, que comece por distribuir tabefes por todos os náufragos, para estes caírem em si e agirem no sentido da sobrevivência e não do aniquilamento mútuo. Um dos náufragos, o PR, deu ontem um exemplo típico do caos mental que reina entre nós, da forma como nos debatemos arrastando os outros para o fundo e da nossa total incompetência institucional.

As declarações e pareceres de Bruxelas sobre o PEC apresentado pelo governo português vão no mesmo sentido do que aqui foi escrito por diversas vezes e das opiniões emitidas por diversos economistas independentes.

Em primeiro lugar as medidas são muito insuficientes. Como escrevi aqui diversas vezes, são emblemáticas no sentido de uma maior equidade social de direitos e deveres, mas não vão ao âmago da questão.

Em segundo lugar o aumento dos impostos é uma medida perversa: Diminui a competitividade da economia e o aumento da massa colectável é sempre inferior às expectativas, quer por travagem da actividade económica, quer pelo “Efeito Say” – Um imposto exagerado faz decrescer a base sobre que incide. Demasiado imposto mata o imposto. E foi Bruxelas quem chamou a atenção para esse facto. Quando eu aqui referi esse fenómeno houve comentaristas que consideraram que eu estava a pactuar com os infractores ...

Quanto aos resultados da intensificação à evasão fiscal, Bruxelas riu-se disso. Em primeiro lugar porque tal deve ser uma política normal de qualquer Estado civilizado e de Direito; em segundo lugar porque os efeitos desse combate são sempre muito inferiores às expectativas. Há estimativas sobre o valor da evasão fiscal entre nós e não se afastam da média da Europa do Sul. A “evasão fiscal” é uma arma que tem sido brandida pelos sindicatos para tentarem criar na opinião pública uma imagem que a sua eliminação é a panaceia para sustentar a hipertrofia estatal. Bruxelas tem a experiência das políticas dos Estados-membros e não vai em conversa fiada.

Finalmente Bruxelas insiste na tecla da diminuição da despesa pública e dá exemplos do excesso da despesa na Educação e na Saúde. Enquanto Portugal não apresentar um programa de diminuição sustentada da despesa pública, os PEC’s que o nosso governo apresentar em Bruxelas carecem de credibilidade. Esse é o âmago da questão e o terror do governo. Se com estas medidas tíbias, concita tanto protesto, o que será se enveredar por medidas mais consistentes? Mas tem que reconhecer que tem sorte – se fosse um governo de centro-direita a anunciar estas medidas seria uma tempestade muito maior, agravada pelo facto dos actuais proponentes das medidas estarem agora a protestar furiosamente contra elas.

Bruxelas passa ao largo dos disparates que os nossos políticos dizem em colóquios, conferências, comunicações televisivas, conversas de café e suspiros íntimos; não ouve as elucubrações de analistas no desemprego político e de políticos no desemprego analítico. Desconhece o caos mental de Metelo, o simplismo de Delgado e a untuosidade balofa de AJ Teixeira.

Felizmente que somos um país periférico, pois se Bruxelas andasse a par das tontices que são ditas por políticos que deviam agir com responsabilidade, e por analistas, que deviam comentar com discernimento, concluiria que éramos um caso perdido.


Sobre estas questões ler, p.ex., neste blog:
Entregues ao Altíssimo
Poeira ou Descontrolo?
O Manto diáfano da inacção

Publicado por Joana às junho 22, 2005 07:03 PM

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Comentários

Sugestão para algumas medidas para aumentar as receitas e reduzir algumas despesas públicas:

1. As propinas no ensino superior público passam a ser as que forem necessárias para cobrir as despesas, beneficiando de isenção de propinas todos aqueles que provarem não ter meios para as suportar. Esta isenção (a suportar pelo estado) aplica-se igualmente aos alunos do ensino superior privado que não tenham conseguido colocação numa universidade pública.

2. O Serviço Nacional de Saúde e a comparticipação no preço dos medicamentos passam a beneficiar apenas aqueles cujo rendimento lhes não permita pagar esses serviços. Os outros deverão resolver esse problema por via de seguros de saúde. As companhias de seguros públicas deverão comercializar produtos deste ramo a custo controlado.

Estas medidas têm dois problemas: determinar o limite de rendimentos para beneficiar dos serviços públicos, e avaliar o rendimento verídico das famílias.

Ao memso tempo eu sugeriria eliminar todos os impostos sobre os rendimentos (IRS) e substitui-los por impostos sobre o consumo com uma progressividade relacionada com o grau de necessidade dos bens e serviços. Bens de primeira necessidade teriam uma taxa de imposto nula ou muito pequena, bens de luxo poderiam ter taxas de 100% ou mais. Razão de ser desta proposta: reduzir a fuga ao fisco e promover a poupança, já que as pessoas passariam a ser taxadas quando gastassem e não quando ganhassem.

Publicado por: Albatroz às junho 22, 2005 07:41 PM

Albatroz: Há aí muito exagero, mas medidas desse tipo, em dose mais leve, poderiam ter efeito.

Publicado por: Hector às junho 22, 2005 08:51 PM

Mas o problema de fundo é o excesso de pessoal e de pessoal improdutivo.
Sem essa reforma não vamos a sítio nenhum.
Os governos andaram anos a encherem os quadros públicos de efectivos. Agora têm que emagrecer.

Publicado por: Hector às junho 22, 2005 08:54 PM

É o que as empresas fazem quando começam a ter prejuízos. Reorganizam-se internamente e diminuem os efectivos, pagando indemnizações.

Publicado por: Hector às junho 22, 2005 08:56 PM

Cortar despesas na Educação ? Certo. Ponham imediatamente na rua todos os especialistas em "eduquês" pós-moderno que infestam o Ministério sa Educação e que prostituem intelectualmente gerações de jovens com as suas idiotas teorias à Rousseau. Gastar milhões para propagar facilitismos, bandalheira, indisciplina e mediocridade é despesa mais estúpida que se pode imaginar. Rua com essa gentalha, já ! E sem indemnização, a não ser a que essa gente devia pagar ao estado !

Publicado por: EUROLIBERAL às junho 22, 2005 09:21 PM

Estou espantado Elib concordo. A continuares assim ainda às de vir para o Darkside...Muahahahaaa!!!

Publicado por: lucklucky às junho 22, 2005 09:33 PM

O que vale é que Sampaio está no bom caminho.
Já imita as ideias, os argumentos, os modos e o estilo do meu barbeiro.
Não tarda muito para abrir um novo salão...

Publicado por: Senaqueribe às junho 22, 2005 09:59 PM

Senaqueribe às junho 22, 2005 09:59 PM: Parece mais o homem do táxi.

Publicado por: Joana às junho 22, 2005 10:05 PM

... Num dia de congestionamento de trânsito.

Publicado por: Joana às junho 22, 2005 10:05 PM

Bem te percebo. Queres é pôr 200 mil funcionários públicos na rua, a não fazer nenhum, para aumentar os lucros aos capitalistas.

Publicado por: Cisco Kid às junho 22, 2005 10:38 PM

Provavelmente esses 200 mil já não fazem nenhum. Ao menos não estão a distrair os outros.

Publicado por: Coruja às junho 22, 2005 10:50 PM

Solução A:

Aumentar o défice, reforçar o peso do Estado, aumentar a regulamentação da economia, nacionalizar as grandes empresas, adoptar o proteccionismo em grande escala, aumentar os direitos adquiridos, aumentar os impostos e torná-los cada vez mais progressivos, tarifar mais as empresas produtivas e subsidiar as ineficazes, fazer crescer o estado social.

Solução B:

A oposta da anterior.


A solução A já foi tentada, qualquer dia ainda se lembram de adoptar a B.

Publicado por: Mario às junho 22, 2005 10:55 PM

Joana;
por que é que Vc não apresenta, aqui no seu Blog, a sua equipa governativa e o seu PR, para os seus leitores saberem do que fala - quando, desde há 100 dias , não faz outra coisa que não seja bater no céguinho ?

Publicado por: zippiz às junho 22, 2005 11:03 PM


A Pátria

" Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, - reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta (...)

Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta ate à medula, não discriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados (?) na vida intima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas (vis, parasitas, patifes) capazes de toda a veniaga (traficância) e toda a infâmia, da mentira a falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na politica portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro (...)

Um Poder Legislativo, esfregão de cozinha do Executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País, e exercido ao acaso da herança, pelo primeiro que sai dum ventre, - como da roda duma lotaria.

A justiça ao arbítrio da Politica, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas;

Dois partidos (...), sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes (...) vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero e não se amalgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no Parlamento, - de não caberem todos, duma vez, na mesma sala de jantar (...)"

Guerra Junqueiro

in "Pátria", 1896


Publicado por: Senaqueribe às junho 22, 2005 11:03 PM

zippiz às junho 22, 2005 11:03 PM: Qual ceguinho?
Eu não tenho equipa governativa. Aliás, a questão não é de pessoas. Havia pessoas competentes no governo de DB (poucas); havia pessoas competentes no governo do PSL (algumas mais) e há pessoas competentes neste governo (algumas).
A questão é que a sociedade portuguesa ainda não se capacitou que sucessivos governos andaram a construir castelos no ar e o país tem que levar uma volta de alto abaixo.
Só quando ela se capacitar do estado do país é que é possível fazer reformas a sério.
O problema é que entretanto o país se vai afundando, pouco a pouco.

Publicado por: Joana às junho 22, 2005 11:21 PM

Numa forma esquemática, o Mario (junho 22, 2005 10:55 PM) tem razão.
Por isso pergunto-lhe, zippiz, porque é que você continua empenhado na Solução A que arruinou o país e o atrasou 2 décadas? Quer repetir a dose?
Ou apoia essa solução apenas porque é adepto do F. C. do BE?

Publicado por: Joana às junho 22, 2005 11:25 PM

Joana,
Vc,o sr Mario e outros adeptos do F.C.Liberal têm todo o direito de defenderem uma Solução B ; esquecem, ou não têm vontade que outros o lembrem, que as VOSSAS soluções têm sido postas em prática há 3 décadas a esta parte e com os resultados que se conhecem.
Acabem com essa cena triste das forças de bloqueio e com os 18 mesesm do PREC, como razões para as Incompetências dos VOSSOS representantes em todo o aparelho de Estado... desde 26 de Novembro de 1975.

Publicado por: zippiz às junho 22, 2005 11:35 PM

Para apreciar melhor Guerra Junqueiro é só ver a alternativa a que ele aderiu. Contra uma Monarquia bolorenta aderiu a uma República caceteira. O que prova que não basta criticar para saber como fazer. Muitos dos que agora criticam - com razão - a actual situação, não fazem a menor ideia de como corrigi-la. E correm o risco de apadrinhar coisas ainda piores. Por isso me parece que a tarefa mais urgente é a de analisar o que está mal e propor medidas correctivas. A começar pelo sistema político. O problema das pessoas põe-se depois.

Publicado por: Albatroz às junho 22, 2005 11:36 PM

Também há quem diga que qualquer sistema funciona bem se forem boas as pessoas que o servem, e que qualquer sistema funciona mal se as pessoas que o servem forem más. Mas se assim for pelo menos temos de procurar um sistema que permita seleccionar as pessoas boas. O que não acontece com certeza com esta oligarquia disfarçada de democracia...

Publicado por: Albatroz às junho 22, 2005 11:40 PM

zippiz às junho 22, 2005 11:35 PM
Não é verdade que se tivessem aplicado em Portugal soluções liberais. Aliás, nunca tal aconteceu no nosso país. O que aconteceu, após o início do cavaquismo, foi terem sido introduzidas alterações à Constituição que permitia que alguns sectores fossem abertos aos privados.
Portanto o que você escreve é uma refinada mentira. O PREC acabou em 25 de Novembro de 1975, mas as leis promulgadas pelo PREC mantiveram-se e mantêm-se na maioria.
Todas as medidas liberalizadoras que o governo de DB quis tomar foram vetadas pelo PR ou pelo TC por serem inconstitucionais.

Publicado por: Joana às junho 23, 2005 12:07 AM

Soluções :

Para a educação e para a saúde tem que se adoptar um princípio muito básico :
- os empregados das instituições (professores, médicos, enfermeiros, empregados administrativos e direcção) são todos empregados das instituições e não dos ministérios, ou seja acaba-se com a treta do funcionário público que anda dum lado para o outro e de concursos que apenas servem para proteger os instalados ...
- assim, cada instituição (hospital ou escola) tem que ter autonomia orçamental e de recursos humanos para decidir, tendo em conta o seu mercado (doentes/alunos) e o seu orçamento como deve gerir os seus orçamentos para que o seu mercado não lhe fuja
- para isso é necessário que cada utente, escolha onde quer ser tratado/ensinado, em vez de os ministérios decidirem com base em critérios geográficos ou amiguismos políticos ...
- isto quer dizer que num período experimental 1 a 3 anos, o estado dotaria as instituições dos orçamentos adequados para os mercados que tinham que satisfazer e posteriormente iria transferir o dinheiro para as famílias (cheques saúde e cheques ensino) em vez de para os orçamentos hospitalares - aos hospitais/escolas caberia a função de prestar serviços igualmente bons para que o critério de escolha das pessoas acabasse por ser decidido pelo critério geográfico (pois seria o que menos tempo levaria às pessoas - para serviços exactamente iguais), sendo que cada pessoa teria sempre a arma de decidir onde queria gastar para obrigar as instituições a melhorar os seus serviços e acompetirem pelo mercado ...
- gestores escolares e hospitalares seriam responsáveis perante ministérios, câmaras ou quaisquer outras entidades que fossem proprietárias dos estabelecimentos, acabando-se a treta de ver professores e médicos, sem qualquer capacidade de gestão, à fremte destas instituições brincando aos conselhos executivos ...

Publicado por: bcool às junho 23, 2005 12:09 AM

Portanto quando você escreve que "as NOSSAS soluções têm sido postas em prática há 3 décadas a esta parte e com os resultados que se conhecem", tal é uma mentira descarada, com a agravante que você sabe que é uma mentira.
Ou você não se lembra da satisfação que teve quando algumas tímidas medidas liberalizadoras foram vetadas entre 2002 e 2004?

Publicado por: Joana às junho 23, 2005 12:10 AM

A doença de que Portugal padece tem nome: chama-se socialismo.

Publicado por: Joao P às junho 23, 2005 12:20 AM

Joana,
e continuo satisfeito cada vez que uma medida - seja de que natureza for - esbarra na Constituição; Mas o vosso F.C.Liberal acha que a Constituição , nomeadamente o seu preâmbulo (!) é uma barreira ao liberalismo , selvagem digo eu.

A vossa solução B,C,D... deve começar por "fazer" uma constituição nova e para isso nada melhor do que ir a votos.Acho até que com Sócrates no poder o PSD vai sentir-se ultrapassado pela direita e aí o F.C.Liberal até devia estar caladinho pelo trabalho que Vcs não conseguiram fazer e a "esquerda" faz por vós.

Publicado por: zippiz às junho 23, 2005 12:25 AM

Admito que você fique satisfeito. Está no seu direito.
Agora não venha com a ladainha que existe liberalismo económico em Portugal. Existe sim uma legislação rígida e "ilhotas" sem lei, como sejam as dos trabalhadores independentes, que também não podem ser qualificadas de liberais, mas sim de selvagens, pois são exploradas pelo patronato e roubadas escandalosamente pelo Estado (nomeadamente pela SS).

Publicado por: Joana às junho 23, 2005 12:49 AM

Isto vai acabar mal. Como sempre.

Publicado por: asdrubal às junho 23, 2005 12:52 AM

Quanto ao Sócrates eu já o havia avisado, antes das eleições, que ele não teria alternativa.
Portanto escusa de me dizer o que eu lhe tinha dito antes. Ele tomou medidas mais profundas que a direita, porque não teve a oposição "dele próprio". Ele está a tomar as medidas que há 1 e 2 anos combatia furiosamente.
E, provavelmente, vai ser obrigado a tomar medidas mais duras. A UE foi peremptória.

Publicado por: Joana às junho 23, 2005 12:53 AM

É incrível como se acusa um regime de ser liberal e estar satisfeito por as medidas liberais não poderem ser tomadas por causa da constituição socialista.

Publicado por: soromenho às junho 23, 2005 01:33 AM

Afinal é liberal ou não pode ser por a Constituição não deixar?

Publicado por: soromenho às junho 23, 2005 01:34 AM

"[...]Desconhece o caos mental de Metelo, o simplismo de Delgado e a untuosidade balofa de AJ Teixeira. [...] se Bruxelas andasse a par das tontices que são ditas por políticos que deviam agir com responsabilidade, e por analistas, que deviam comentar com discernimento, concluiria que éramos um caso perdido."

Já a vi mais optimista, mas é de louvar o seu realismo...

Publicado por: incredulo às junho 23, 2005 08:32 AM

Ontem ou anteontem, (não me lembro bem pois tenho a minha Mãe no Hospital), a FNAC baixou o IVA dos discos e DVD's para 5% igualando os livros.

Muito gostava de saber quantos venderam a mais, tendo ainda em conta que largos milhares de funcionários públicos (professores e polícias) estavam de férias.

Publicado por: carlos alberto às junho 23, 2005 09:05 AM

Os professores não estão de férias. Alguns estarão. Você acredita nos números fantasistas do Paulo Sucena?

Publicado por: Joana às junho 23, 2005 09:15 AM

incredulo às junho 23, 2005 08:32 AM:
O optimismo vai-se desvanecendo à medida que o tempo passa e tudo continua mais na mesma.

Publicado por: Joana às junho 23, 2005 09:16 AM

Acho que os professores se comportaram razoavelmente bem, no meio desta parvoíce.

Publicado por: Cerejo às junho 23, 2005 09:32 AM

A propósito de um comentário mais acima, antes liberalismo selvagem que socialismo selvagem.

De qualquer modo, esse liberalismo selvagem que tanto atemoriza a esquerda caviar não existe, nem em Portugal, nem na União Europeia, nem nos Estados Unidos.

No final da II Guerra Mundial, a esquerda totalitária encontrou maneira de colar o fascismo/corporativismo ao regime genocida da Alemanha nazi. Seguindo a táctica do salame (uma fatia de cada vez), seguiu-se a aplicação da mesma técnica para colar os regimes democráticos - democracias burguesas, segundo a sua definição - aos regimes fascistas/corporativistas e consequentemente ao nazismo. Tal como escrevi neste poste, a prática totalitária de crimes de pensamento faz com que todas as doutrinas sejam proíbidas menos uma.

Voltando ao assustador liberalismo, pode ser de facto muito assustador para quem corre o risco de ser obrigado a mostrar o seu real valor.

Publicado por: Pedro Oliveira às junho 23, 2005 10:15 AM

A propósito de um comentário mais acima, antes liberalismo selvagem que socialismo selvagem.

De qualquer modo, esse liberalismo selvagem que tanto atemoriza a esquerda caviar não existe, nem em Portugal, nem na União Europeia, nem nos Estados Unidos.

No final da II Guerra Mundial, a esquerda totalitária encontrou maneira de colar o fascismo/corporativismo ao regime genocida da Alemanha nazi. Seguindo a táctica do salame (uma fatia de cada vez), seguiu-se a aplicação da mesma técnica para colar os regimes democráticos - democracias burguesas, segundo a sua definição - aos regimes fascistas/corporativistas e consequentemente ao nazismo. Tal como escrevi neste poste, a prática totalitária de crimes de pensamento faz com que todas as doutrinas sejam proíbidas menos uma.

Voltando ao assustador liberalismo, pode ser de facto muito assustador para quem corre o risco de ser obrigado a mostrar o seu real valor.

Publicado por: Pedro Oliveira às junho 23, 2005 10:17 AM

Publicado por: Cerejo às junho 23, 2005 09:32 AM

Que remédio!
Como ainda não chegaram aos Açores, como têm aquilo que faz ter medo e como o Grande Guru MST lhes deu um puxão de orelhas, lá foram cumprindo os serviços mínimos sempre a resmungar.

Ainda hoje no Público, em Cartas ao Director, Rui Silvares Carvalho professor na Cova da Piedade, em resposta a um editorial proclama:

""Com esta afirmação mostra que não está a compreender bem a situação. Os objectivos da greve não são impedir a realização dos exames, mas sim obrigar o ministério a cumprir o seu dever de ouvir os representantes dos professores antes de decidir tão drasticamente sobre o seu futuro""

Por aqui se pode prever as "verdades" que ele ensinará aos seus infelizes alunos.

Quem deve ter ficado aborrecido foram os 5000 professores que estão “colocados” nos 50 sindicatos e que tendo horário zero, no dia da greve tiveram que trabalhar.

Publicado por: carlos alberto às junho 23, 2005 10:17 AM

Peço desculpas pelo comentário duplicado, a net está algo temperamental...

Publicado por: Pedro Oliveira às junho 23, 2005 10:19 AM

A desculpa mais surrealista que já ouvi é a que diz que, se os sistemas não funcionarem a culpa é das pessoas. Claro que em determinadas situações tal será verdade, se existir um bloqueio geral. E em muitos casos, a implementação de um novo sistema, que até pode ser melhor que o anterior, leva a um arranque que parece mais um recuo, até que novos e melhores hábitos sejam apreendidos.

Contudo, quando se tenta aplicar um sistema durante décadas e os resultados são desastrosos, as pessoas não são a desculpa. Quantos milhões de mortos, pobres e miseráveis, quantos conflitos desnecessários são necessários até se perceber que um determinado sistema não funciona?

Dizer que os sistemas não funcionam parte do pressuposto que o fundamental são as pessoas. Contudo, os adeptos deta megalómana teoria da conspiração não levam os seus pressupostos até ao fim. Porque não se lembram de fazer verificações elementares para saber se os sistemas que defendem são minimamente adaptados à natureza humana.

O liberalismo defende um sistema que não é muito adaptado à natureza humana, na minha opinião. Contudo, esta observação fez com alguns pensadores desenvolvessem outros sistemas que pura e simplesmente eram impraticáveis. Isto sim é uma das grandes tragédias do ser humano: Ter olhos de águia para ver as mínimas imperfeições nos outros, mas ser completamente cego para as suas próprias falhas.

Publicado por: Mário às junho 23, 2005 10:22 AM

Mário: Ñão me parece que «O liberalismo defende um sistema que não é muito adaptado à natureza humana», mas sim que o «O liberalismo defende um sistema que não é muito adaptado à mentalidade que tem sido criada de há séculos para cá em Portugal» e que é a raiz do nosso subdesenvolvimento.

Publicado por: L M às junho 23, 2005 10:32 AM

Albatroz às junho 22, 2005 11:36 PM

Eu, quando vou a um restaurante e o serviço é mau ou a comida é intragável não tenho que propor medidas correctivas porque não sou hoteleiro nem cozinheiro e não faço a menor ideia de como corrigir.
Mas tenho o direito de criticar e de reclamar!
E posso mudar de restaurante.
Também se o governo não presta eu posso criticar e reclamar. Se a política não muda, eu posso mudar de país. É o que muitos milhões de portugueses têm feito ao longo de várias décadas.
Quanto ao Guerra Junqueiro, ele estava certo!

Publicado por: Senaqueribe às junho 23, 2005 10:33 AM

Quanto á manif dos polícias foi absolutamente nojenta, com um caixão onde um manequim simbolizava um dos agentes baleado na Cova da Moura e outro agente paramentado de padre a rezar os responsos.
Eu tive vergonha, por eles.

Retirado de outro blog de que não se diz o nome para não haver concorrência, leia, medite e tome um chá de camomila.

http://www.portugal.gov.pt/NR/rdonlyres/FA44F11A-D15D-41C9-B9B0-B48A18744227/0/Assistencia_Doenca_Policias.pdf

Publicado por: carlos alberto às junho 23, 2005 10:34 AM

Mário às junho 23, 2005 10:22 AM

Seria interessante que alguém desenvolvesse um programa informático capaz de predizer, em poucas horas ou dias, quais os efeitos das diversas doutrinas politicas e económicas sobre as sociedades humanas nos seus vários estágios. Assim se saberia antecipadamente se o marxismo, o liberalismo, etc., seriam compativeis com a natureza humana e quais a correcções que, a cada momento, poderiam ser introduzidas.
Deste modo seriam evitadas muitas das tragédias a que temos assistido.

Publicado por: Senaqueribe às junho 23, 2005 10:54 AM

O que eu estou a propor é assim uma espécie de programa PERT/CPM para a economia política.

Publicado por: Senaqueribe às junho 23, 2005 10:57 AM

Senaqueribe em junho 23, 2005 10:57 AM: Houve várias experiências, uma que durou 70 anos, e que levou centenas de milhões à miséria

Publicado por: David às junho 23, 2005 11:09 AM

LM,

O ser humano evoluiu durante milhões de anos, nas quais as interacções entre os elementos humanos eram de três géneros, que pressupoem sempre um contexto num grupo restrito de pessoas, emq ue todos se conhecem:

- O líder impunha as suas decisões, muitas vezes à força de pancada e de ameaças explícitas;

- Cooperação meramente interesseira entre os elementos do grupo, porque a união faz a força;

- Comunismo de grupo, em que um sentimento de afecto (eventualmente mediado por uma ou várias figuras carismáticas) generalizado facilitava os acontecimentos.

Com o desenvolvimento das sociedades, começaram a aparecer interacções entre pessoas que não se conhecem e, mais "absurdo", que nem sabem da existência mútua. Os indivíduos passaram a interagir quase sem se aperceberem que o faziam e seguramente desconhecendo totalmente como o faziam, para além das trocas mais directas. Esta rede de interacções, aque de forma simplesta chamo mercado, não faz parte da natureza humana "original" mas faz parte das suas potencialidades. Era isto que queria dizer.

Claro que a mentalidade portuguesa, que ha centenas de anso é anti-liberal, leva-nos a querer aoptar soluções arcaicas (totalitarismo, estatismo, comunismo, socialismo). A nossa mentalidade anti-liberal é apenas falta de educação, nada mais.

Publicado por: Mário às junho 23, 2005 11:13 AM

Senaqueribe,

Acho essa ideia muito interessante. E daqui a 500 anos pode ser que seja aplicável. Pode aprecer que estou a brincar mas não.

Para começar, precisa de ter inputs válidos, para que o seu modelo em computador funcione. Depois, precisa de máquinas que conseguissem suportar essas simulações para milhões de pessoas. Está longe de ter ter algo assim.

Em relação à natureza humana, ainda sabe-se tão pouco acerca dela em termos concretos. E como vai traduzir matematicamente (para poder simular numericamente) as decisões politica/economicas ñas sociedades? E como ter em atenção os imprevistos, as catástrofes naturais, as decisões individuais de cada um de nós. Como colocar no modelo aquilo que não se conhece mas tem efeitos relevantes?

Para já, dáva-me satisfeito sea as decisões politco/económicas tivessem em atenção os efeitos a curto e a longo prazo, e tanto os efeitos locais como os em outras áreas.

Publicado por: Mário às junho 23, 2005 11:25 AM

Senaqueribe às junho 23, 2005 10:57 AM

A única certeza que se tem é que as melhores intenções em matéria de doutrinas políticas têm, de um modo geral, descambado em morticínios, sempre, claro, com as melhores das intenções.

Sobre o regime mais adaptado à natureza humana, será provavelmente, pelo menos a avaliar pela história, qualquer tipo de despotismo à asiática. Têm sido os regimes mais utilizados, e apresentam uma estabilidade interna bastante elevada, sobretudo quando conjugados com alguma homogeneidade étnica (China). No entanto não seria um tipo de regime que eu achasse desejável.

Publicado por: Pedro Oliveira às junho 23, 2005 11:26 AM

A propósito do «regime mais adaptado à natureza humana» :
O Jornal de Negócios noticia hoje que «a nova lei do arrendamento urbano coloca as rendas comerciais a beneficiar de um período transitório de dez anos [e agora vejam-me esta] e criará comissões arbitrais municipais, compostas por representantes das autarquias, das finanças, dos proprietários e dos inquilinos».
Ehehehe ...

Publicado por: asdrubal às junho 23, 2005 11:59 AM

Publicado por: Mário às junho 23, 2005 11:25 AM
.
Já foi tentado, mas os computadores não eram assim tão bons.
Foi no Admirável Mundo Novo do Aldous Huxley

Publicado por: carlos alberto às junho 23, 2005 12:06 PM

É o suicídio... e esta pérola de Miguel Frasquilho(PSD) "É preciso estrangular a economia privada" ...lapsus liguae? Gralha? Citação incompleta?

PS rejeita mais cortes do lado da despesa pública

O Partido Socialista rejeita a possibilidade do Governo efectuar mais cortes do lado da despesa pública para controlar o défice, ao contrário, por exemplo, do que defendem a maioria dos economistas.


Em declarações publicadas na edição desta quinta-feira do jornal A Capital, o socialista Guilherme d`Oliveira Martins considera, numa reacção ao relatório da Comissão Europeia (CE) que dá conta da abertura de um procedimento de «défice excessivo» contra o nosso país, que «neste momento não me parece que seja necessário mais cortes do lado da despesa».

Para este ex-ministro das Finanças, «a CE alerta apenas para que a aplicação de medidas estruturais do lado da despesa seja feita em conjunto com o aumento do lado da receita», embora, «neste momento», o mais importante seja «a correcta aplicação das medidas anunciadas pelo Governo» para combater o problema da consolidação orçamental.

Já o social-democrata Miguel Frasquilho, defende que, com este relatório, está confirmado o «cenário macroeconómico inverosímil» entregue pelo Governo em Bruxelas, pelo que é «preciso mais» para que os limites do défice impostos pela UE possam ser cumpridos.

«É preciso estrangular a economia privada, introduzir portagens nalgumas SCUT´S, uma maior reorganização da Administração Pública com a racionalizar muitos recursos, a conclusão da centralização da Tesouraria do Estado e rentabilizar a frota automóvel do Estado», aponta, como exemplos que poderiam reduzir algumas das despesas do Estado.

Para este economista, é ainda necessário recorrer a receitas extraordinárias, já que, explica, «a consequência para as contas públicas eram muito menos danosas para a actividade económica». Tal como «o aumento de impostos é um erro, porque isso só estrangula mais a economia e atrasa o crescimento económico», conclui.

23-06-2005 8:59:11

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=12&id_news=179771

Publicado por: lucklucky às junho 23, 2005 12:08 PM

E falhou por causa de uma "canalizadora" polaca, sueca, italiana, brasileira,canadiana,australiana, you name it.

Publicado por: carlos alberto às junho 23, 2005 12:08 PM

Carlos Alberto, li o Admirável Mundo Novo quando tinha 15 anos - faz já uns 30 anos - mas não me lembro de utilizarem computadores. Antes pelo contrário, tratava-se de uma sociedade estável e equilibrada, assente num esquema em piramide, embora com poucas contemplações com alguns devaneios individuais.

Publicado por: Pedro Oliveira às junho 23, 2005 12:32 PM

Mário às junho 23, 2005 11:25 AM

Tem razão, as coisas são muito complexas e as questões que coloca são bastante pertinentes.
Mas não me parece que seja necessário esperar 500 anos. Os programas tipo PERT/CPM são usados por muitas empresas industriais (e não só) há muitos anos, em situações também muito complexas.
Mas não é tarefa para uma só pessoa, claro está.

Publicado por: Senaqueribe às junho 23, 2005 02:29 PM

Pedro Oliveira às junho 23, 2005 11:26 AM

Digo-lhe já que não me repugna nada viver num regime despótico, seja do tipo asiático ou europeu, DESDE QUE, obviamente, seja eu o déspota.
:-)))

Publicado por: Senaqueribe às junho 23, 2005 02:40 PM

A greve da FENPROF continua um completo fiasco.
Deviam ter vergonha, sair das direcções dos sindicatos onde estão há décadas e começarem a dar aulas.

Publicado por: V Forte às junho 23, 2005 02:40 PM

Alguns já nem devem saber como são os alunos

Publicado por: V Forte às junho 23, 2005 02:41 PM

Senaqueribe,

Não conheço os programas a que se refere. Conheço outras situações de simulação numérica ligadas à engenharia e investigação, em que problemas bem identificados com as equações que descrevem o modelo, levam a simulações que duram meses. Por outro lado, o que tenho lido sobre a metereologia vai no sentido dos progressos serem muito lentos em termos de se ir aumentando o grau de precisão das previsões.

Quando falei nos 500 anos, era mais um número redondo, que expressa um futuro muito para além das próximas gerações (200 expressaria a mesma ideia). Penso que quando existirem conhecimentos suficientes e máquinas potentes o necessário para conseguir simular cenários politico/económicos, tal servirá de pouco. Antes disso, a humanidade irá ter que superar algumas provas e situações graves de escasez de recursos que, por definição, são problemas económicos, que implicam escolhas políticas.

Se sobrevivermos a isso é porque o sistema próximo do ideal já foi encontrado e, mais importante ainda, aceite pela maior parte da humanidade.

Claro que o que digo assume, de certa forma, uma evolução linear das coisas. Como sabemos, tal não é verdade e por vezes aparecem novos paradigmas que podem catapultar-nos num instante (tipo 50 anos) para um futuro que só previamos encontrar daqui a 500 (nas minhas palavras).

Publicado por: Mário às junho 23, 2005 02:52 PM

PERT/CPM são métodos utilizados em controlo de projectos (o MSProject produz estes diagramas), Mário. Não me parece que sejam de grande utilidade para determinar qual o sistema político ideal.

Publicado por: Pedro Oliveira às junho 23, 2005 03:14 PM

A Comunicação Social tem ajudado em muito que a mentalidade do país se mantenha atrasada

Publicado por: Rui Sá às junho 23, 2005 03:19 PM

Não falo das Quintas deas Celebridades, falo dos noticiários que só dão voz aos invejosos e aos aldrabões.

Publicado por: Rui Sá às junho 23, 2005 03:23 PM

Rui Sá às junho 23, 2005 03:19 PM

Eu vou mais longe, direi mesmo que a Comunicação Social é que faz a Mentalidade !

E não só... derrotou Cavaco, Inventou o Gueterrismo e perseguiu sua políticas, derrotou Santana, Colocou lá o Sócrates e no dia que se fartar... derrubará o Sócrates para todo o Sempre !
Tudo isto claro, não é inocente... lá estou eu, outra vez nas teorias da Conspiração...


Publicado por: Templário às junho 23, 2005 03:32 PM

Mário e Pedro Oliveira:

Os programas PERT e CPM existem desde 1957 e são de origem americana (projectos espaciais, etc.) Já utilizei um programa PERT muito simplificado e até rudimentar na minha actividade profissional e consegui excelentes resultados.
Evoquei o PERT/CPM meramente como exemplo de algo que poderá ser inspirador para um processo de avaliação informatizada da evolução dos sistemas político-económicos. Julgo que é perfeitamente viável nos tempos actuais.
Claro que o sistema político ideal é sempre o que cada um de nós tem na cabeça. :-))

Sobre PERT/CPM ver http://www.gestiopolis.com/recursos/documentos/fulldocs/ger/pertcpm.htm

Publicado por: Senaqueribe às junho 23, 2005 03:45 PM

A questão das mentalidades que o Rui assinalou é o mais grave. Quando os reporteres vão para a rua só se informam junto dos mais mentirosos e invejosos.
Normalmente é quase tudo mentira ou, pelo menos, um grande exagero.

Publicado por: fbmatos às junho 23, 2005 03:54 PM

no passeio pelas “empresas tecnológicas de sucesso no país” Jorge Sampaio visitou uma fábrica de chapéus. Para grande divertimento da numerosa comitiva presidencial verificou que o primeiro chapéu que experimentou, era pequenino e não lhe servia.
Assim estão os fabricantes de "soluções" e os modelos escolhidos para pôr a funcionar a "máquina" que têm:
-Considerando que só o Trabalho produz Valor, temos em Portugal uma situação em que apenas 39% da população activa (os operários) num número de 1,95 milhão de pessoas, produzem riqueza (legalizada) contribuindo para a construção do PIB num país de 10,4 milhões de habitantes.
- Trabalham efectivamente - 18,8% da população - que por meios diversos sustentam desde os subsidios sociais devidos, até ao mais puro parasitismo, passando por toda uma panóplia de “organizadores” – ou seja, sustentam os restantes 81,2% dos portugueses.

Publicado por: xatoo às junho 23, 2005 04:07 PM

Mais um a ingressar no clube dos que querem emagrecer o Estado, para não continuar a viver à custa de quem trabalha.

Publicado por: bsotto às junho 23, 2005 04:10 PM

xatoo às junho 23, 2005 04:07 PM

Que teoria é essa? só quem trabalha com suor é que produz ?

Publicado por: Templário às junho 23, 2005 04:21 PM

Templário em junho 23, 2005 04:21 PM: Por isso é que no Verão o país produz muito mais.
E se não fosse o Ar condicionado ainda produzia mais.

Publicado por: Coruja às junho 23, 2005 04:31 PM

Porque razão deve o peso do Estado diminuir? Escolha uma das seguintes hipóteses:

A) Porque é uma indicação de Bruxelas;

B) Porque essa é a única forma de promover o crescimento económico de forma sustentada e saudável;

C) O Estado não deve reduzir o seu peso. A pergunta é incorrecta e tendenciosa;

D) Essa questão não é importante. A preocupação deve ser o combate à evasão fiscal e a taxação das grandes fortunas;

E) Num momento de crise, não devemos deixar que as questões económicas monopolizem o debate. A política não se deve submeter à economia.

Publicado por: Mário às junho 23, 2005 06:04 PM

Templário às junho 23, 2005 04:21 PM
Só se pode extrair Valor da Produção efectiva,que engloba inclusivamente o sector de Distribuição.
A sua dúvida Templário, é a certeza dos Neoliberais - eles experimentam Produzir tudo apenas na base dos Serviços.(outsourcing)!,,, irão ter "êxito" enquanto houver trabalhadores que os aturem.
Falta-nos só o "pequeno pormenor" de o proletariado mundial se auto-organizar,,, para isso teclamos aqui que nem uns possessos,eheheh

Publicado por: xatoo às junho 23, 2005 07:04 PM

xatoo às junho 23, 2005 07:04 PM:
Você continua a viver num mundo onírico, sem substância, onda as palavras perderam significado e tornaram-se símbolos.
Nada do que você escreveu faz qualquer sentido.

Publicado por: Joana às junho 23, 2005 07:12 PM

xatoo às junho 23, 2005 07:04 PM

A questão é que ao estar a teclar, deixou de ser Proletário, pelo menos na definiçõo de Marx.

Os serviços, antes da invenção do "Outsourcing" já eram há 30 anos mais produtivos que a Agricultura e a Indústria.

Se não houvesse desemprego, veria os "proletas" a ganharem muito bem, uma vez que a mão-de-obra teria que subir.

Sabedores dessa premissa fundamental, todas as medidas propostas pelos neo-liberais são sempre no sentido de aumentar o desemprego.

Publicado por: Templário às junho 23, 2005 07:41 PM

Por isso é que Tony Blair diz que devemos apostar no emprego e não nas vacas

Publicado por: Coruja às junho 23, 2005 08:37 PM

"Sabedores dessa premissa fundamental, todas as medidas propostas pelos neo-liberais são sempre no sentido de aumentar o desemprego."

Porra para os Neo-liberais são uns incompetentes
então não é que os EUA têm uma taxa de desemprego de 5,1%..

Publicado por: lucklucky às junho 23, 2005 08:50 PM

... e é por isso que as vacas enlouquecem, ehehe !

Publicado por: asdrubal às junho 23, 2005 08:58 PM

pois!,,, Templário às junho 23, 2005 07:41 PM
a ironia era essa: "estar práqui a teclar, deixou de ser Proletário", eu acho até que nunca foi!, essa é aliás a mudança de paradigma que está em curso.
Mas, veja só como a Joana tambem entendeu a ironia "rápida e executivamente" e me passou logo o atestado, ehehehehe
Com o cagaço que têm do "comunismo" à moda antiga, sem que se apercebam, um dia destes têm a "coisa" de volta, revista e aumentada numa outra versão,inclusivé com outro nome, para variar,,,

Publicado por: xatoo às junho 23, 2005 10:51 PM

E então é que é encostar estes reaças ao muro

Publicado por: Cisco Kid às junho 23, 2005 11:45 PM

Mais um democrata popular dos que vão aparecer noutra versão e com outro nome

Publicado por: V Forte às junho 24, 2005 12:10 AM

Já cá faltava o Paredon...

Publicado por: lucklucky às junho 24, 2005 09:37 AM

Joana:

Ainda bem que abandonou o seu estilo de "economista" e abraçou claramente a sua veia jornalística.

A sua afirmação: «...Desconhece o caos mental de Metelo...) é reveladora do seu pretensiosismo bacoco.


Publicado por: António às junho 24, 2005 09:50 AM

Vejo que o António é um fã do caos mental de Metelo.

Publicado por: Mário às junho 24, 2005 10:16 AM

Mário:

Não me parece razoável a sua afirmação: «Vejo que o António é um fã do caos mental de Metelo.». No entanto trata-se de um economista com provas dadas que ganha a vida em entidades privadas que pagam segundo a produtividade.
Quanto à Joana sei que ela perde muito tempo no blog se tem depois algum tempo útil para dedicar a uma profissão competitiva, isso não sei.

Publicado por: António às junho 24, 2005 10:37 AM

O problema do Perez Metelo é que também "abandonou o seu estilo de "economista" e abraçou claramente a sua veia jornalística." Estas últimas intervenções dele na TVI têm sido um desastre.

Publicado por: Hector às junho 24, 2005 11:21 AM

Hector:

O PM é um jornalista de assuntos económicos e é, inegavelmente, um bom profissional.

Publicado por: António às junho 24, 2005 12:05 PM

António em junho 24, 2005 12:05 PM:
Isso é apenas a sua opinião. Sendo assim a palavra "inegavelmente" está a mais e apenas revela que vo^cê apenas tem em conta as suas opiniões.
E depois acusa os outros de "pretensiosismo bacoco"

Publicado por: Joana às junho 24, 2005 12:49 PM

Quer tenha ou não "algum tempo útil para dedicar a uma profissão competitiva", e dado que não sou alimentada pelo OE, nem este blog é subsidiado, você não tem nada a ver com isso.

Publicado por: Joana às junho 24, 2005 12:55 PM

Antonio,

O que tenho visto de Perez Metelo é apenas propaganda ao PS, encapotada. Por isso, eu estava incorrecto, Não há caos nenhum naquela cabeça, está tudo muito bem pensado.

Publicado por: Mário às junho 24, 2005 01:07 PM

Joana:

O seu comentário: «Quer tenha ou não "algum tempo útil para dedicar a uma profissão competitiva", e dado que não sou alimentada pelo OE, nem este blog é subsidiado, você não tem nada a ver com isso.» demonstra um erro terrível.

Vamos admitir que é uma pessoa que vive dos rendimentos, sabe o que isso significa?

Significa que embora não esteja a viver à custa do orçamento está a viver à custa do trabalho de outros independentemente de serem ou não seus antepassados.

O grande problema é que V. muitas vezes não sabe as implicações das suas afirmações, esta foi apenas uma.

Publicado por: António às junho 24, 2005 02:06 PM

Joana:

«Isso é apenas a sua opinião. Sendo assim a palavra "inegavelmente" está a mais e apenas revela que vo^cê apenas tem em conta as suas opiniões.»
Não sou eu que pago ao Metelo são empresas privadas, logo o comentador, inegavelmente, tem mérito. Caso contrário as entidades que o empregam corriam com ele.
Está justificado o «inegavelmente»?

Publicado por: António às junho 24, 2005 02:15 PM

Mário:

Admito perfeitamente que tenha alguma razão no seu comentário: «O que tenho visto de Perez Metelo é apenas propaganda ao PS, encapotada. Por isso, eu estava incorrecto, Não há caos nenhum naquela cabeça, está tudo muito bem pensado.» Todavia não pode esquecer o crivo da opinião pública a que os seus comentários estão sujeitos. A TVI e os outros orgãos de comunicação vendem um produto. Quando o mercado der sinais que o produto não se vende o produtor muda o produto. É a economia de mercado a funcionar. Qual é o mal?

Publicado por: António às junho 24, 2005 02:21 PM

António,

Se Metelo é competente nas suas actividades privadas, não interessa. O que é evidente é que nas suas elucubrações televisivas é um alinhado à esquerda que justificou todo o tipo de medidas desastrosas do guterrismo.

E devia ter mais cuidado de apontar o dedo quando diz que alguém "não sabe as implicações das suas afirmações". Tente ler o seu comentário como se fosse escrito por outra pessoa e veja se não fica logo com vontade de o apagar.

Publicado por: Mário às junho 24, 2005 02:25 PM

Está provado. Inegavelmente refere-se à opinião do marido da Manuela Moura Guedes.

Publicado por: Hector às junho 24, 2005 02:51 PM

Mário:

As «...elucubrações televisivas...» do sr Metelo fazem parte da sua profissão que ele cumpre a contento do seu patrão.

Não fique chocado com a nota "não sabe as implicações das suas afirmações" pois a destinatária aguenta perfeitamente, não fosse ela uma liberal convicta e portanto aberta à contestação.

Publicado por: António às junho 24, 2005 02:56 PM

Publicado por: António às junho 24, 2005 02:56 PM,

Não fiquei chocado pela Joana, fiquei chocado por si.

Publicado por: Mário às junho 24, 2005 03:14 PM

Mário:

Não tem razão para isso. Eu também sou um liberal convicto.

Publicado por: António às junho 24, 2005 03:34 PM

António,

É um liberal convicto ou está convicto que é liberal? :)

Não leve a mal. É só para saber se tem a mesma dúvida que eu.

Publicado por: Mário às junho 24, 2005 03:54 PM

Mário:

Não tenho nenhum cartão de filiado para tirar a sua dúvida: «É um liberal convicto ou está convicto que é liberal? :)».

Publicado por: António às junho 24, 2005 04:11 PM

Para alguém se afirmar de liberal terá de dar provas, por exemplo:

- Terá que ter sido insultado por diversas vezes pela esquerda caceteira.

Publicado por: Mário às junho 24, 2005 04:22 PM

"O que tenho visto de Perez Metelo é apenas propaganda ao PS, encapotada. Por isso, eu estava incorrecto, Não há caos nenhum naquela cabeça, está tudo muito bem pensado."

Bom eu já o vi a defender todo o tipo de investimento e a seguir dizer que se teria de conter a despesa...

Publicado por: lucklucky às junho 24, 2005 04:26 PM

Mário:

O seu comentário: «- Terá que ter sido insultado por diversas vezes pela esquerda caceteira.», leva-me a dizer o seguinte: Não receio os insultos nem da esquerda nem da direita sejam ou não caceteiras. O meu liberalismo permite que toda a gente se exprima como muito bem entender acho que a controvérsia faz parte da natureza humana.
Por isso nunca cairei na tentação de dizer: «Tente ler o seu comentário como se fosse escrito por outra pessoa e veja se não fica logo com vontade de o apagar.»

Publicado por: António às junho 24, 2005 05:12 PM

Lucklucky:

Pode não haver contradição quando diz: «Bom eu já o vi a defender todo o tipo de investimento e a seguir dizer que se teria de conter a despesa...». Muitos e bons economistas, portugueses e estrangeiros, têm defendido que o bom investimento público não deveria contar para o défice do orçamento.

Publicado por: António às junho 24, 2005 05:21 PM

Que é isso de "bom" investimento público?
Não é que eu esteja contra. Acho é que esse conceito deve ser bem definido, senão serve para tudo.

Publicado por: V Forte às junho 24, 2005 05:44 PM

António, 2 em 1

1: Parece-me que você usa a liberdade como uma arma de arremesso. Por um lado, ataca quem quiser, porque é livre. Por outro, ninguém o pode atacar porque estarão a violar a sua liberdade. Parece-me o sintoma da concha... Ao invés de falar da liberdade em termos genéricos, era mais interessante que a mostrasse.

2: Obviamente que os economistas Keynesianos dirão que o "bom" investimento público não devia contar para o défice. Têm dito e feito coisas dessas durante décadas. A irresponsabilidade é uma coisa muito tentadora.

Publicado por: Mário às junho 24, 2005 05:55 PM

V. Forte:

A minha resposta à sua pergunta: «Que é isso de "bom" investimento público?», com dois exemplos:
Exemplo de um bom investimento público: Dotar os serviços públicos em geral de meios informáticos que permitam mais e melhor trabalho.
Exemplo de um mau investimento público: Determinada autarquia gasta imenso dinheiro com uma "praia fluvial" que não é frequentado por ninguém.

Publicado por: António às junho 24, 2005 06:11 PM

Mário:

Eu não penso como parece dar a entender neste comentário: «Obviamente que os economistas Keynesianos dirão que o "bom" investimento público não devia contar para o défice. Têm dito e feito coisas dessas durante décadas. A irresponsabilidade é uma coisa muito tentadora.» que os economistas Keynesianos sejam todos irresponsáveis. Por outro lado não me parece que sejam só Keynesianos (se é que eles existem) a desejar que o investimento público essencial para o desenvolvimento não seja contabilizado como défice.
Como sabe a contabilidade depende dos critérios que se adoptem. Quando há critérios alternativos nenhum deles é bom. Quando há um bom critério deixa de haver alternativa.

Publicado por: António às junho 24, 2005 06:30 PM

Por falar em keynesianos e em bons investimentos, li há tempos neste blog, num post da Joana, um excerto de um livro do Keynes, onde ele considerava as Pirâmides do Egipto como um bom investimento.

Publicado por: Sa Chico às junho 24, 2005 07:33 PM

Sa Chico:

Não se preocupe com o que Keynes escreveu, ele já morreu há muito tempo.

Publicado por: António às junho 24, 2005 08:30 PM

Eu não me preocupo. Você é que emitiu opiniões muito favoráveis aos adeptos de Keynes.

Publicado por: Sa Chico às junho 24, 2005 08:41 PM

Sa Chico:

A economia não é uma religião, não faz qualquer sentido, fora do debate académico, falar de adeptos de Keynes ou Hayek ou de outro qualquer. Todos os grandes economistas deram o seu contributo à ciência económica e todos acabam por ficar obsoletos com o andar dos tempos. Se não fosse assim estavamos a falar de doutrina e não de ciência económica.

Publicado por: António às junho 24, 2005 10:44 PM

A eonomia não é uma religião, mas os keynesianos bem o tentaram e quase conseguiram.

Não está em causa a figura de Keynes, que não propôs nada para a sua época que fosse um disparate evidente. Contudo, os papistas que o seguiram enveredaram por um caminho cego que prejudicou gerações.

Publicado por: Mario às junho 24, 2005 11:01 PM

Mário:

Quem leva à prática as teorias económicas não são, normalmente, os economistas. São os governantes que escolhem os modelos económicos. Por isso o seu comentário: «A eonomia não é uma religião, mas os keynesianos bem o tentaram e quase conseguiram.» acaba por não fazer grande sentido.

Publicado por: António às junho 24, 2005 11:36 PM

Antonio,
Acho que essa foi só para chatear, não acrescenta nada de útil.

Publicado por: Mario às junho 24, 2005 11:57 PM

"Muitos e bons economistas, portugueses e estrangeiros, têm defendido que o bom investimento público não deveria contar para o défice do orçamento."

Não são bons . A economia não se rege por bondade ou boas intensões, a isso chamo apenas parvoíce ou mesmo crime por negligência, pessoas adultas já tinham obrigação de saber o que aconteceu na URSS .Também defendes que os gastos e os lucros de uma empresa sejam determinados pela bondade dos investimentos? então a maior parte estava cheia de lucros... Não se tem de pagar as dívidas do estado? queres varrer as dívidas para debaixo do tapete?

Não admira que matemática esteja tão por baixo, as pessoas nem sabem para que serve.

Publicado por: lucklucky às junho 25, 2005 02:03 AM

Lucklucky:


O investimento seja público ou privado pode ser mau. Quando as empresas privadas investem mal (e acontece muitas vezes) as empresas podem ir à falência. Com o público o problema, como sabe, é diferente.
Assim é fácil entender o que se pretende dizer com o bom investimento público.

Publicado por: António às junho 25, 2005 07:37 AM

Mário:


Tem razão quando diz: «Acho que essa foi só para chatear, não acrescenta nada de útil.» Mas apenas tentei responder à sua ousada e irreflectida afirmação: «Não está em causa a figura de Keynes, que não propôs nada para a sua época que fosse um disparate evidente.»

Publicado por: António às junho 25, 2005 09:06 AM

Lucklucky:
Voltando ao bom e mau investimento. Vou referir um exemplo real de um mau investimento simultaneamente público e privado.

Como sabe o Estado atribui subsídios para a realização de certos investimentos a empresas privadas.

Alguns anos atrás, numa altura em que os telemóveis ainda não eram de uso corrente, as empresas de transportes de mercadorias encetaram um processo de modernização das comunicações entre as centrais e a frota, com o auxílio de um incentivo a fundo perdido.

Para o efeito adquiriram centrais radiotelefónicas e aparelhagem de recepção e transmissão por cada veículo das respectivas frotas, o último grito tecnológico naquele momento, financiadas, em parte, por capitais das empresas e, outra parte, pelo subsídio a fundo perdido do estado.

Os investimentos foram realizados e pagos e decorridos dois anos a tecnologia dos telemóveis avançou com a força conhecida de todos e tornou completamente obsoletos os investimentos realizados nas comunicações das empresas de transportes de mercadorias.

Eis um caso muito concreto de um investimento mau, e nem o estado que atribuiu o subsídio nem as empresas que o receberam e gastaram o seu dinheiro, tiveram qualquer “culpa”.

O verdadeiro culpado foi o avanço, rápido e inesperado da tecnologia das comunicações.

O grande problema é que este exemplo se repete muitas vezes na História económica.

Publicado por: António às junho 25, 2005 09:48 AM

Há investimentos que têm retorno e há investimentos que o não têm. Os primeiros são bons (uns melhores que outros, dependendo do retorno) e os outros são maus. Ponto final.
O retorno pode ser apenas financeiro (e só esse interessa aos privados) ou produzir externalidades, isto é, efeitos externos não traduzíveis directamente em benefícios financeiros para o promotor do projecto, mas com efeitos positivos para a comunidade. E quando falo de efeitos positivos, não estou a pensar em satisfação de populações, estou a pensar nos benefícios financeiros que vão ser induzidos noutros sectores por via desses investimentos. E esses benefícios têm que compensar os investientos.

Mas estas externalidades devem ser avaliadas com rigor (o rigor possível) e neutralidade para não tomarmos um "mau" investimento por "bom". Eenho visto as maiores "inventonas" no cálculo destas externalidades.

Portanto, haverá investimentos públicos que poderão ter retorno suficiente, por via indirecta, e que serão "bons".

Publicado por: Joana às junho 25, 2005 10:03 AM

"O investimento seja público ou privado pode ser mau. Quando as empresas privadas investem mal (e acontece muitas vezes) as empresas podem ir à falência. Com o público o problema, como sabe, é diferente.
Assim é fácil entender o que se pretende dizer com o bom investimento público."

Eu contestei foi que partes do investimento não contarem para o defice só porque são "bons". Para já, só se sabe se foram ou não bons para aí uns 5-10 anos depois ou mais.É irracionalidade pura pois esses investimentos têm de ser pagos.

Publicado por: lucklucky às junho 25, 2005 10:52 AM

Joana:

A sua afirmação: «Há investimentos que têm retorno e há investimentos que o não têm. Os primeiros são bons (uns melhores que outros, dependendo do retorno) e os outros são maus. Ponto final.», parece pretender dizer que a análise de investimento é uma técnica com recursos quase infalíveis.

Eu sou de opinião que medir o retorno financeiro de um investimento (na fase de estudo e análise) é actualizar as expectativas futuras e este cálculo muito raramente coincide (mesmo aproximadamente) com a realidade.

Publicado por: António às junho 25, 2005 02:38 PM

Lucklucky:
No seu comentário: «Eu contestei foi que partes do investimento não contarem para o defice só porque são "bons". Para já, só se sabe se foram ou não bons para aí uns 5-10 anos depois ou mais.É irracionalidade pura pois esses investimentos têm de ser pagos.» tem toda a razão naquilo que diz, excepto, no meu entender, quando refere a irracionalidade.
Como muito bem sabe o que caracteriza os agentes económicos, nas teorias económicas mais conhecidas, é o pressuposto da sua racionalidade.
Portanto o investidor realiza o investimento de acordo com as suas expectativas racionais na convicção de que os resultados vão ser favoráveis.
Muitas vezes os resultados são muito diferentes das expectativas. O investidor sabe que isto pode acontecer mas arrisca.
O que caracteriza o empresário (hoje, de acordo com a evolução da teoria, começa a ser discutível esta ideia) é o seu gosto pelo risco.

Publicado por: António às junho 25, 2005 02:57 PM

Joana:

Quando um investimento é bem-sucedido e permite remunerar o capital investido, pagar os salários aos trabalhadores e os impostos ao estado, necessariamente traz benefícios para as populações. Os investidores, os trabalhadores, os consumidores são pessoas.

O seu comentário: «...mas com efeitos positivos para a comunidade. E quando falo de efeitos positivos, não estou a pensar em satisfação de populações...» ao pretender dar um cunho vincadamente tecnocrata foge às pessoas.

O pensamento liberal, com defeitos e virtudes, é feito por pessoas para tentar resolver os problemas das pessoas (independentemente da cor, raça, classe...).

Publicado por: António às junho 25, 2005 03:39 PM

Joana:
Ao ler o seu comentário: «Mas estas externalidades devem ser avaliadas com rigor (o rigor possível) e neutralidade para não tomarmos um "mau" investimento por "bom". Eenho visto as maiores "inventonas" no cálculo destas externalidades.» fiquei com a ideia de que medir as externalidades era uma tarefa difícil (muito mais difícil do que calcular os retornos financeiros dos investimentos).
Mas, quando afirma: «...E tenho visto as maiores "inventonas" no cálculo destas externalidades...» dá a ideia que medir as externalidades é algo de muito fácil para si.
Eu pago-lhe muito bem, mas mesmo muito bem, se me ensinar como é que se mede as externalidades com a “certeza” que parece poder extrair-se do seu comentário.

Publicado por: António às junho 25, 2005 03:57 PM

Considerarem-se os investimentos como bons ou maus depende dos objectivos previamente definidos. Um investimento que permita dispensar 50 trabalhadores que são lançados no desemprego, é bom ou é mau? Do ponto de vista do capital será bom se permitir consolidar a rentabilidade da empresa. Do ponto de vista dos trabalhadores é mau. Mas será bom para os trabalhadores restantes, se esse investimento permitir a sobrevivência da empresa e dos seus postos de trabalho. É mau, do ponto de vista do Estado, se aumentar o desemprego sem aumentar o produto. Etc.

Se considerarmos que o bem comum é definido por uma situação em que todos os membros da comunidade têm acesso aos bens e serviços necessários à sua subsistência com dignidade, então a avaliação de qualquer investimento terá de ser feita à luz desse critério. Se o objectivo for maximizar o lucro das empresas, já posso aceitar como boas situações em que o desemprego aumenta. Por exemplo, à luz do bem estar geral, a situação de Cuba pode ser melhor do que a nossa, embora a capacidade de consumo dos cubanos seja muito inferior à nossa. Ou seja, os insatisfeitos cubanos - aqueles que querem emigrar para a Florida - são provavelmente muito menos do que os miseráveis que Cuba teria (e que temos de pressupor que estariam insatisfeitos com a sua situação) se vivesse em regime capitalista. Estamos (mal) habituados a avaliar o suceso de uma sociedade e a felicidade dos seus membros pelos bens de consumo que vemos serem adquiridos e usados. Como Cuba só tem carros velhos, tem de ser uma sociedade infeliz. Esquecemos que todos os cubanos têm acesso à educação e à saúde, que ninguém vive sem abrigo, que ninguém tem fome, que não há praticamente criminalidade. Mas as casas são pobres, as cidades estão a precisar de renovação, as pessoas andam modestamente vestidas. Logo Cuba é um inferno.

Devíamos, primeiro que tudo, definir o que queremos para a nossa comunidade. E depois estabelecer critérios de sucesso. Só depois poderíamos avaliar dos resultados dos investimentos e das políticas.

Publicado por: Albatroz às junho 25, 2005 04:43 PM

Usando outro exemplo. Será que alguém em seu perfeito juízo acharia boa ideia impor aos índios da Amazónia - que vivam em sistema tribal organizado - o nosso estilo de vida? O facto deles não terem dinheiro, colherem, pescarem e caçarem o que precisam para comer, viverem em casas comunais, andarem quase nus, faz com que sejam infelizes? Pô-los todos a trabalharem para uma fábrica da Coca Cola, com um bom salário, seria melhor? Oferecer-lhes televisões, acesso à internet, contas no banco e cartões de crédito, aumentaria a sua felicidade?

Não seria apropriado rever o nosso conceito de felicidade?

Publicado por: Albatroz às junho 25, 2005 04:50 PM

António às junho 25, 2005 03:39 PM:
Quando falo da satisfação das populações, referia-me à "satisfação subjectiva" e não à "satisfação objectiva".
Vejamos se me faço entender quanto ao que são externalidades.
Consideremos, por exemplo, o desassoreamento de um estuário ou de uma Ria. Esse investimento, tipicamente público, permitiria o desenvolvimento sustentado de diversas actividades económicas, bem como o adequado aproveitamento dos seus recursos naturais a nível da fauna e utilização do solo, a utilização recreativa das águas e o seu aproveitamente turístico.
Tudo isto são externalidades.

Publicado por: Joana às junho 25, 2005 07:57 PM

Em primeiro lugar, esse desassoreamento iria ter um efeito muito positivo no desenvolvimento do pescado e dos bivalves. Durante os primeiros anos poderia haver, eventualmente, um decréscimo de captura devido à eliminação de indivíduos durante os trabalhos, mas depois as capturas aumentariam.
Quanto? Que valor acrescentado isso traria para a população? (lucros e salários).
Essas estimativas são complexas e discutíveis.

Publicado por: Joana às junho 25, 2005 08:02 PM

Outra externalidade seria o aumento da apetência turística que induziria o aumento dos valores de terrenos e edifícios, que se vai reflectir no IMT. Nos imóveis não transacionados haveria uma aumento do seu valor subjectivo, ou para os proprietários, ou para os inquilinos, no caso de estarem arrendados. Esse aumento iria reflectir-se, ao longo dos anos, numa série de variáveis fiscais - IMI, IRC (trespasses, receitas turísticas e receitas de outras actividades comercias dinamizadas pela presença turística), etc.
Estas externalidades existem, mas o seu cálculo é muito discutível, porque se baseia em expectativas que podem variar numa banda muito larga.

Publicado por: Joana às junho 25, 2005 08:05 PM

Blá, blá, blá...

Publicado por: Albatroz às junho 25, 2005 08:08 PM

Eu estava a pensar continuar a enumerar algumas externalidades, em diversos tipos de projectos públicos que podem configurar "bons" investimentos. mas julgo que depois do último comentário, do vigor e consistência da sua argumentação, tal seria perfeitamente inútil.
A rácio benefício/custo da externalidade desses posts seria negativo. Aliás ... só teria custos - o tempo desnecessário que eu despenderia.

Publicado por: Joana às junho 25, 2005 09:22 PM

Sábado à noite a paciência já não é o que era.

Publicado por: v Forte às junho 25, 2005 10:10 PM

Joana:

V. escreveu isto: «... mas com efeitos positivos para a comunidade. E quando falo de efeitos positivos, não estou a pensar em satisfação de populações...»,

Eu respondi-lhe com isto: Quando um investimento é bem-sucedido e permite remunerar o capital investido, pagar os salários aos trabalhadores e os impostos ao estado, necessariamente traz benefícios para as populações. Os investidores, os trabalhadores, os consumidores são pessoas.

A Joana pretende esclarecer com isto: «Quando falo da satisfação das populações, referia-me à "satisfação subjectiva" e não à "satisfação objectiva".»

Então o seu comentário acima fica assim: «... mas com efeitos positivos para a comunidade. E quando falo de efeitos positivos, não estou a pensar em satisfação (subjectiva) de populações...»

Joana: se reparar bem caiu numa contradição lógica. Pior a emenda do que o soneto.

Publicado por: António às junho 25, 2005 11:12 PM

Eu posso ficar muito satisfeita por fazerem, perto de minha casa, um estádio de futebol do meu clube, mas isso não constituir qualquer valor acrescentado sustentável para a comunidade.
Nesse caso, eu fico satisfeita, mas de uma forma subjectiva. Eu e, eventualmente, alguns fanáticos desse clube. Mas não era nesse tipo de satisfação que eu estava a falar. Estava a falar em satisfação baseada em critérios objectivos. E como "satisfação da população" poderia ser interpretada, por um leigo nestas matérias, de uma forma demasiado abrangente, fiz aquela ressalva.
Percebeu agora?

Publicado por: Joana às junho 25, 2005 11:23 PM

Provavelmente não deveria ter feito aquela ressalva, visto que quando não se quer perceber, não se percebe mesmo.

Publicado por: Joana às junho 25, 2005 11:24 PM

Joana:

Falar sobre externalidades não tem qualquer dificuldade, nesse aspecto V. até consegue ser razoavelmente clara.

O problema é medir, comparar externalidades percebeu?

Difícil é na presença de dois projectos de investimentos optar, com base na comparação das externalidades, por um dos projectos.

Este comentário é da Joana: «Mas estas externalidades devem ser avaliadas com rigor (o rigor possível) e neutralidade para não tomarmos um "mau" investimento por "bom". Eenho visto as maiores "inventonas" no cálculo destas externalidades.»

Quando diz: «E tenho visto as maiores “inventonas” no cálculo destas externalidades» a Joana está a afirmar que sabe calcular (matemáticamente?) as externalidades.

Publicado por: António às junho 25, 2005 11:30 PM

Para não estarmos nesta conversa que não conduz a nada, sugeria-lhe que consultasse:
"Guide to Cost-benefit Analysis of Investment Projects" UE, que serve de guia aos projectos destinados ao Fundo de Coesão.
Este guia não é exaustivo, visto que sectores que estão fora do âmbito do Fundo de Coesão não são contemplados.
Uma visão mais teórica terá em E J Mishan - Cost-benefit Analysis", ou em Little & Mirrlees - «Project Appraisal ...»

Publicado por: Joana às junho 25, 2005 11:46 PM

Se o fizer terá 2 vantagens.

1 - Estudar por Obras de referência feitas com uma profundidade que não é possível ter aqui

2 - Não tem oportunidade de entediar os autores com conversas circulares

Publicado por: Joana às junho 25, 2005 11:49 PM

Joana:

Vai-me desculpar mas esta sua afirmação: «A rácio benefício/custo da externalidade desses posts seria negativo. Aliás ... só teria custos - o tempo desnecessário que eu despenderia.» não abona nada a favor da sua erudição em economia.

Publicado por: António às junho 26, 2005 12:05 AM

sobre o Peres Metelo: sabiam que ele foi militante anti-fascista (MRPP) e esteve preso em Peniche?

Publicado por: xatoo às junho 26, 2005 01:13 AM

Pronto. EStá explicado. O gajo é bom em economia ou em que quer que seja. Com esse currículo

Publicado por: Sousa às junho 26, 2005 01:26 AM

Joana:

Felicito-a por este seu post: «"Guide to Cost-benefit Analysis of Investment Projects" UE, que serve de guia aos projectos destinados ao Fundo de Coesão. Este guia não é exaustivo, visto que sectores que estão fora do âmbito do Fundo de Coesão não são contemplados. Uma visão mais teórica terá em E J Mishan - Cost-benefit Analysis", ou em Little & Mirrlees - «Project Appraisal ...»» é, de longe, o que de melhor li escrito por si.

Publicado por: António às junho 26, 2005 01:56 AM

Joana:

Lamento quando diz: «Não tem oportunidade de entediar os autores com conversas circulares» isto é, que os autores adormeçam com a minha conversa.

Eu, muito sinceramente, divirto-me imenso quando leio os seus posts. São engraçados, fazem-me rir e são gratuitos.

Prefiro, de longe, os seus posts às rábulas dos gatos fedorentos, são muito mais humorísticos.

Publicado por: António às junho 26, 2005 09:29 AM

Eu também me rio muito com os posts desta tipa. E ainda mais com as patacoadas de alguns comentadores.

Publicado por: Sa Chico às junho 26, 2005 09:59 AM

Se Portugal estava à beira do abismo, quando a Joana escreveu este post, com o OR versão beta e o OR versão beta 2, Portugal deu o passo em frente.

Publicado por: Ramiro às junho 29, 2005 04:56 PM

Um passo decisivo!

Publicado por: Ramiro às junho 29, 2005 04:56 PM

Pois foi, Ramiro, um passo decisivo.
Espero que tenhamos para-quedas.

Publicado por: Absint às julho 3, 2005 03:47 PM

Nós brincamos com a situação em que estamos, mas ela é séria.

Publicado por: Susana às julho 10, 2005 06:40 PM

1

Publicado por: ccc às julho 29, 2005 07:08 AM

Devia descer ao inferno

Publicado por: Cisco Kid às agosto 25, 2005 09:28 PM

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