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maio 29, 2005

Ganha o Não

Sondagem à boca das urnas dá 45%-55%. É altura de agradecermos a todos os idiotas úteis iliberais, tais como Fabius, Chirac, Le Pen, Arlette, "les Paris Stupides: Un certain Blaise Pascal etc etc"

Publicado por Joana às maio 29, 2005 09:03 PM

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Comentários

Sempre me causou comichão ver chamar estúpidos aos que não pensam como nós.
É mau sinal.
Os que votam «Não» à chamada «constituição» europeia fazem-no porque entendem que essa é a melhor opção (seja para eles, para a França ou para a Europa).
Nada nos diz que tenham razão, mas também nada nos diz que a não tenham.
E acima de tudo, independentemente da questão de se ter ou não razão, está o direito de cada um votar de acordo com a sua própria consciência. Mesmo, hipoteticamente, errando.
É isso a democracia, é assim a liberdade.
Por tudo isso, à sua citação de Prévert (que, provavelmente, votaria «Non») eu oponho a de Éluard — j'écris ton nom!

Publicado por: (M) às maio 29, 2005 09:32 PM

O Chirac apelou ao voto do SIM

pode te-lo feito de forma incorecta.. mas pelo menos tentou convencer o eleitorado, entre eles os estudantes que convidou num programa televisivo respondendo a todas as perguntas dos jóvens.
Recentemente apareceu em todos os canais franceses para ter um discurso motivador pelo voto.

75% dos franceses decidiram.. o NÃO

Porquê? se calhar nem eles sabem... mas nos últimos 5 meses não faltou debates, programas, artigos par informar o eleitorado.

Todos os franceses receberam em casa a constituição (grátis)

penso que os franceses perderam-se com tanto empenho dos que estavam a favor do SIM e com o empenho dos que estavam a vavor do NAO

é pena... a Europa nao merecia este golpe
e os Franceses que tanto lutaram para a Europa desfazeram em um dia o que levou uns 40 anos a ser feito

FRANCE: Liberté, egalité, fraternité...


Publicado por: Ch'ti às maio 29, 2005 09:41 PM

(M): Quem chamou "Stupides" foi, como sabe, Prévert ...
Eu apenas os designei por idiotas úteis

Publicado por: Joana às maio 29, 2005 09:57 PM

é um sofisma, pouco honesto, dizer que o NÃO ganhou por causas "internas", francesas, quando a aplicação de politicas nacionais está condicionada pelos planos de convergência europeus.

Publicado por: zippiz às maio 29, 2005 10:27 PM

Fizeram a Revolução Francesa, fizeram o Maio de 68...mas este foi o acto que mais admiração me suscita nos Franceses.
O NÃO foi contra os Eurocratas, contra os burocratas, contra a "Super-Constituição" que se sobrepõe e viola as Constituições dos Países membros.
Foi contra essa carrada de cretinos que viajaram diariamente para Paris tentando aquilo que os Miguéis de Vasconcelos de França não conseguiram - convencer os Franceses que o SIM era uma boa opção. Esta foi a melhor resposta aos Sampaios, Barrosos, Soares e quejandos.
Espero que o Portugueses lhes sigam o exemplo.

Publicado por: elmano às maio 29, 2005 10:30 PM

Sim a constituição europeia é um aborto, é um aborto produto de um grupo de burocratas iluminados, mas é lamentável ver alguem rejubilar pela vitória de uma aliança trotskista-fascista-comunista que apenas ganhou pelas razões erradas, ou seja pelo medo que conseguiu incutir nas classes sociais mais frageis: 80% dos operários, 65% dos jovens, 70% nas zonas rurais... Pauvre France...

Publicado por: Joao P às maio 29, 2005 10:47 PM

Era pegar ou largar. Os franceses largaram. Estão de parabéns. Não sei se nos deram ou não uma boa lição de democracia, mas pelo menos deram-nos uma belíssima lição de Poker.

Publicado por: Zé Luiz às maio 29, 2005 11:39 PM

Sou contra esta Europa, ou pelo menos sou contra a participação de Portugal nesta Europa. Mas admito que a Europa valha a pena ser construida. Mas não é, com certeza, a Europa delineada no tratado dito constitucional, uma Europa do "parecer" e não do "ser", uma Europa sem solidariedade, uma Europa que perpetua desigualdades e sacrifica os menos aptos. Por isso me alegro com o "Não" dos franceses. E, tal como (M) lamento que uma mulher inteligente, como é a Joana, ache por bem insultar os que ousam não pensar como ela. Mas a cultura democrática em Portugal é mesmo muito superficial... Só se manifesta para com os "nossos", nunca para com os "outros"...

Publicado por: Albatroz às maio 29, 2005 11:46 PM

Confesso que ainda nao tive acesso ao texto dessa Constituicao Europeia. Mas ja li que tem cerca de 448 artigos ! E quantidade para ninguem por defeito ! Se compararmos essa profusao de artigos idealizados por esses EUROBURROCRATAS de Bruxelas e Strasburgo, com a Constituicao dos Estados Unidos da America, elaborada a 17 de Setembro de 1787 e vigente a partir de 4 de Marco de 1789 (ha 216 anos), nao me admira nada que os Franceses a tenham rejeitado ! A constituicao dos EUA tem 7 Artigos (sub-divididos num total de 21 Seccoes) e mais 27 Emendas, que nao sao mais do que as necessarias actualizacoes ao inexoravel correr dos tempos (216 anos com a mesma Constituicao temos que concordar que e obra !!!). Sera que o PROBLEMA MAIOR dessa Constuicao Europeia nao e justamente o desmesurado excesso de regras, ditames, definicoes, deveres, direitos, obrigacoes, etc, etc, que os iluminados EUROBURROCRATAS pretendem impor a totalidade dos cidadaos europeus sem levar enm conta as diversidades existentes no conjunto dos 25 Paises ??

Publicado por: Alkayross às maio 30, 2005 02:52 AM

A França que votou não foi a França jacobina, cheia de nostalgia de grande potência.

Publicado por: Hector às maio 30, 2005 09:12 AM

Foi também a França antes da globalização, que quer tudo como dantes, como se isso fosse possível

Publicado por: Hector às maio 30, 2005 09:13 AM

" É isso a democracia, é assim a liberdade"

Foi assim, com democracia e liberdade, que Hitler subiu ao poder.
Não há estúpidos neste mundo.
É bom sinal...

Publicado por: Senaqueribe às maio 30, 2005 09:27 AM

Hector:
Eu não acredito nas inevitabilidades históricas. As inevitabilidades históricas são uma treta que os neo-liberais herdaram dos marxistas.
Você, pelos vistos, acredita nelas. Resultado: quem rejeita um futuro que lhe é apresentado como o único possível é acusado de querer o passado.
Mas há sempre outros futuros, como os marxistas aprenderam à sua custa e vocês hão-de aprender à vossa.

Publicado por: Zé Luiz às maio 30, 2005 10:05 AM

Joao P às maio 29, 2005 10:47 PM

Caro João P, concordo consigo, no entanto há que ver o lado dos que votaram não:

- Os Eurocratas, não conseguiram até agora resolver o avanço do liberalismo desenfreado que tudo queima à sua passagem.
Como consequência, como se sabe é o fecho das Empresas Francesas e o Desemprego.
Obviamente que este é um Voto Actual, sobre a Politica Actual, e não um voto pelo futuro.

- Claro que ao mesmo tempo, haverá que perceber que os partidários do Não, obrigaram a uma paragem, a uma Reflexão, e nisso há mérito sobretudo neste Povo, que é capaz de dizer Não, mesmo que o Mundo inteiro diga Sim !!!~

Vive La France !

Viva o Livre Pensamento !

Viva a Liberdade !

Publicado por: Templário às maio 30, 2005 10:26 AM

O Presidente Francês deveria demitir-se !

O Voto do Não em França, tem um significado bem diferente Politicamente do Não Português.

A França é um Regime Presidencialista.

O Presidente é que forma Governo, é que preside ao Governo.

O Presidente ao ser Eleito, tem Poder, para conduzir a França.

O Prsidente estava a Conduzir a França, Para onde o Povo Não deseja.

Logo o Não, é um Voto de Censura ao Presidente.

Le Pen, já pediu eleições, e desta vez tem razão.

Publicado por: Templário às maio 30, 2005 10:33 AM

Deste post e do anterior fiquei sem perceber se de facto a Joana é contra esta constituição europeia ou se é a favor e, sobretudo, por que razões é contra, ou a favor.

Para quem, como eu, respeita e estima a opinião da Joana (ao contrário, suponho, dela, que não respeita nem estima a minha opinião), esta situação é frustrante.

Publicado por: Luís Lavoura às maio 30, 2005 10:53 AM

Templário, sentimentalmente sou levado a concordar consigo quando recusa "o avanço do liberalismo desenfreado que tudo queima à sua passagem", mas parece-me ser apenas um sentimento piedoso, meritório, mas infelizmente sem consequência prática. Porque,os chineses, (e em breve os indianos, e mesmo aqui ao lado sem custos de transporte, os marroquinos) tem um preço/hora de trabalho 30 vezes inferior ao europeu, e vão demorar muitos anos até nos apanharem. Podemos fechar as fronteiras da Europa-fortaleza, e tentar viver num mercado fechado e protegido de 500 milhões de habitantes.O Medina Carreira entre outros sugere isso mesmo.è uma hipótese a considerar mas pergunto:
1. Somos o mercado mais aberto do mundo. Como o vamos fechar? por exemplo de onde virá o petroleo? onde vamos vender os airbus ou os TGVs?
2. Mercado fechado = estagnação tecnológica. O que será dos europeus dentro de 50 anos? Seremos um museu?
Enquanto não tivermos resposta para estas e tantas outras questões, não podemos meter a cabeça na areia, como parecem ter feito agora os franceses.O problema do capitalismo, (ou liberalismo), é o de nos obrigar a todos entrar numa corrida, e os que não quiserem ou não poderem correr ficam para trás. Não podem dizer que não correm, e não há volta a dar-lhe.

Publicado por: Joao P às maio 30, 2005 12:50 PM

Ganhou o Não.
Mas quem é que iria votar Sim a um texto enfadonhamente longo, longo com 448 artigos (quatrocentos e quarenta e oito!). Para quê tanto palavriado?
Ninguém consegue fazer um texto claro, preciso e conciso, dizendo apenas o que é necessário?
Falta de habilidade?... ou vontade de competir com Fidel de Castro?
Safa!

Publicado por: Senaqueribe às maio 30, 2005 01:47 PM

Os franceses votaram não porque não conseguiram ler a Constituição até ao fim. Fazia-lhes sono.

Publicado por: bsotto às maio 30, 2005 02:04 PM

Sinto que andam todos a falar não se sabe bem do quê. Ao menos podiam tentar informar-se um pouco antes de fazerem que comentam.

Publicado por: Mário às maio 30, 2005 02:08 PM

Joao P às maio 30, 2005 12:50 PM

"Mercado fechado = estagnação tecnológica"

Isto não é nada evidente. Muitos países pregrediram tecnologicamente em regime de mercado (quase) fechado. Os Estados Unidos, a Alemanha, o Japão fizeram as suas revoluções industriais - incluindo a invenção de muitas novas tecnologias - em regime de mercado fechado.

O crucial para que haja inovação tecnológica é a existência de concorrência. Num mercado de 500 milhões de pessoas há espaço para muitas empresas e muita concorrência.

Por exemplo, o Japão tem 9 empresas construtoras de automóveis, todas independentes: Toyota, Honda, Mazda, Nissan, etc. Com tanta concorrência interna, não admira que os carros japoneses conquistem os mercados mundiais.

Publicado por: Luís Lavoura às maio 30, 2005 02:23 PM

A questão dos franceses é com a concorrência da Europa de Leste. É melhor tirar já 100 milhões a esses 500

Publicado por: Diana às maio 30, 2005 02:37 PM

Luís Lavoura às maio 30, 2005 02:23 PM

Concordo com Luis Lavoura. A salvação da Europa está - pelo menos para os próximos 200 anos - em criar uma fortaleza económica europeia, onde só entra o que cá se não puder produzir e for essencial para a nossa vida. Quinhentos milhões de consumidores dão para produzir tudo, sem problemas de falta de economias de escala. O único problema é a energia. Teremos de resolver o problema da produção de hidrogénio por electrólise, a partir exclusivamente da energia solar. Isso, mais fontes renováveis de energia mais, a longo prazo, a fusão nuclear, e podemos passar sem o petróleo. Sacrificaremos um pouco do poder de compra por termos custos laborais e custos ambientais mais elevados, mas podemos ter pleno emprego na base exclusiva do mercado interno. E as multinacionais terão de aprender a produzir na Europa para os europeus, na África para os africanos, na Ásia para os asiáticos, e na América Latina para os latino-americanos. Só não percebe isto quem não quiser pensar um bocadinho... A globalização está liquidada, temos de olhar para o pós-globalização, para um mundo dividido em 12 ou 15 economias regionais, fechadas.

Publicado por: Albatroz às maio 30, 2005 02:53 PM

Só lunáticos ...

Publicado por: David às maio 30, 2005 03:02 PM

Economias fechadas????!!!
Bom, parece que há aqui quem esteja a preconizar um regresso ao neolítico.
Ou será ao paleolítico?

Publicado por: Senaqueribe às maio 30, 2005 03:35 PM

David e Senaqueribe,

Estou disposto a acreditar que haja um pensamento por trás dos vossos comentários. Quererão expor, em termos mais formais, a vossa crítica e os vossos raciocínios? Há dias ouvi Medina Carreira afirmar que só o proteccionismo poderia salvar a economia europeia, mas estou disposto a acreditar - perante argumentos válidos - que Medina Carreira é tão lunático e cavernícola como eu...

Publicado por: Albatroz às maio 30, 2005 03:46 PM

A propósito: no meu anterior texto não elaborei um certo número de raciocínios económicos porque parti do princípio que eles eram óbvios e conhecidos de todos. Se me enganei na presunção avisem que terei muito gosto em explicar melhor.

Publicado por: Albatroz às maio 30, 2005 03:52 PM

Nenhum país deveria referendar a constituição europeia, esta deveria ser aprovada, o mais rapidamente possível, nos parlamentos. A UE precisa de funcionar com 25 membros, é urgente que se faça uma alteração no funcionamento instituicional e para isso criou-se a Constituição Europeia (o nome causa tanto estigma que a deviam ter baptizado como "tratado qualquer coisa").

A França rejeitou o novo tratado porque é um país falhado, que nunca foi aquilo que pensa que é. As empresas já se deslocalizam e não há nenhuma constituição europeia, ela não é a responsável pela mobilidade de capitais. Este é só um exemplo do que se passou na campanha em França, em que se responsabilisou o tratado que se pretende aprovar pelos fenómenos que já existem na actualidade.

Se os Governos não se sentem capazes de aprovar a constituição europeia directamente nos parlamentos então que se demitam, se não têm legitimidade para governar então não o devem fazer. O referendo é o refúgio dos políticos fracos.

A constituição é produto dos tecnocratas iluminados? E depois? Sem eles não existia UE.

Publicado por: Daniel às maio 30, 2005 04:03 PM

Oh minha v~e-se mesmo que andas a foder pouco.Pára os posts e vai foder...mas bem.às vezes parece que fodemos bué e depois, passados anos, percebemos que só nos estavam a foder a carola:)Aparece.beijinhos.Fode bem e vais Longe...ah e a seguir cagqa neles que só nos chateiam com os probleminhas deles como se não bastassem os nossos.Mulheres do Mundo.Uni-Vos e fidai-vos uns aos outros...mas depois vão à vossa vida que já não há pachorra para estes gajos...parecem umas galinhas, só querem falar, conversar e ler Fénix.Eu então só quero foder...com muito amor.Um beijo grande.

Publicado por: patrícia às maio 30, 2005 04:34 PM

Daniel às maio 30, 2005 04:03 PM

Não sei porque razão algumas pessoas se queixam do Estado Novo quando ele era a concretização do seu ideal de uma democracia (orgânica!!!)que não tinha de se incomodar com o povo. Toda a gente sabe que o povo é demasiado estúpido para saber o que é bom para ele. O povo deve ser manipulado para nomear uns "representantes" que depois, do alto da sua infinita sabedoria, tutelarão os imbecis que os elegeram...

Mas quando é que os nossos iluminados perceberão que a democracia não é o sistema que garante a tomada das melhores decisões, mas apenas o sistema que garante que as decisões tomadas têm o acordo dos governados?... Na democracia o que se procura é garantir a legitimidade, não a ciência. Não estarão a confundir democracia com despotismo iluminado?...

Publicado por: Albatroz às maio 30, 2005 04:39 PM

patrícia às maio 30, 2005 04:34 PM

Patrícia, aconselho-lhe a compra de uma máquina de sexo. Dizem que faz maravilhas para os casos de frigidez aguda...

Publicado por: Surpreso às maio 30, 2005 04:44 PM

patrícia em maio 30, 2005 04:34 PM: E que tal um vibrador "Todo-o-Terreno"?

Publicado por: Sa Chico às maio 30, 2005 05:15 PM

Daniel às maio 30, 2005 04:03 PM


Pois é, Daniel, o mundo devia ser todo governado por tecnocratas iluminados, Salazares ou quejandos. A constituição europeia deveria ser rapidamente aprovada pelos parlamentos, tal como a adesão de mais alguns países à União, à medida das necessidades. O povo, esses metediços insuportáveis, não deveria ter direito a voto na matéria. A obrigação do povo é gramar a União, quer goste dela quer não. Os tecnocratas iluminados é que sabem o que é bom para o povo, ao fim e ao cabo.

(Para o povo e para os bolsos deles, claro.)

Publicado por: Luís Lavoura às maio 30, 2005 05:58 PM

Numa sociedade liberal, todas as pessoas são centros de decisão. Uma constituição centralizadora nunca vingaria numa europa neo-liberal como esta.

Publicado por: Mário às maio 30, 2005 06:19 PM

Esta tentativa de fazer uns Estados Unidos da Europa é surrealista. Os únicos argumentos que se atiram para o ar a favor têm todos a ver com um cerrar de fileiras contra os inimigos exteriores. Uma Europa unida contra os EUA, contra os chineses, os indianos...

O pior é que as uniões pela negativa conseguem às vezes serem muito mais fortes que as atingidas por motivos positivos.

A Europa que arrastou o mundo para duas guerras mundias, que criou as piores ideologias totalitárias, que foi imperialista durante centenas de anos, que escravizou, matou, roubou despuradamente... ainda assim tem a lata de dizer que o perigo vem de fora.

Publicado por: Mário às maio 30, 2005 06:29 PM

Mário:

Historicamente, todas as uniões se fizeram pela negativa, desde a Confederação Helvética (contra os Habsburgos) até aos EUA (contra a Inglaterra).

Os portugueses só começaram a entender que eram portugueses quando se deram conta que não eram leoneses nem castelhanos.

Os europeus começam agora a perceber que são europeus porque se estão a dar conta que não são americanos nem asiáticos. Só por isso.

É assim que se constroem as identidades.

As oligarquias europeias jogaram e perderam. Quiseram construir a Europa sobre uma identidade americana. Os «sans-culottes» disseram «não» e tomaram de assalto a Bastilha. «Le jour de gloire est arrivé».

Publicado por: Zé Luiz às maio 30, 2005 06:51 PM

Publicado por: Zé Luiz às maio 30, 2005 06:51 PM

É certo qeu sim. Partia-se do princípio, não explicitado, que tudo não passava de um jogo de soma nula. E para ganhar esse jogo, as uniões eram um mal necessário, para derrubar outros competidores. Enquanto se tinha essa mentalidade mercantilista, mesmo as nações mais ricas eram pobres, afinal de contas.

No entanto, a economia não é um jogo de soma nula, porque todos podem ganhar. Podem, mas não é obrigatoriamente assim, porque depende dos méritos de cada um, num sentido lato da questão.

Penso ser impossível conseguir fazer crer às grandes massas que a "invasão chinesa" será uma coisa positiva, no resultado global. A única saída é o egoismo pessoal. Curiosas são as nossas sociedades em que algumas imperfeições se corrigem com outras imperfeições.

Publicado por: Mário às maio 30, 2005 07:04 PM

Joao P às maio 30, 2005 12:50 PM

Caro João P

Colocou as questões em:
Europa aberta, Europa Fechada.

Não é bem assim.

Recorda-se dos anos 80 ? Qual era o perigo (também amarelado) ?
Era o Japão !
Que foi feito ? Protecção, colocação de impostos aos produtos Japoneses, e além disso, foi-lhes distribuída uma cota. Logo só podiam vender até àquela cota.

Portanto se considera que isto é uma Europa "fechada", eu não considero. Considero que é uma defesa (proteccionismo), até as condições se alterarem. Aliás se no Mundo os salários fossem todos iguais, a globalização não faria mossa.

O Problema actual é bem Grave, porque uma Grande Potência, detem um exército de 1000 milhões de Escravos !

Quem pode competir com o trabalho de escravos ?

A NOSSA NEGAÇÃO, é também um grito de Solidariedade para com a libertação desses escravos. Pois pretende-se que eles tenham as mesmas regalias que os Europeus, e NÂO o que pretendem alguns:
Que regressemos todos os Europeus ao tempo da Escravatura.

Você aceita ter as "regalias" dos chineses ?

Publicado por: Templário às maio 30, 2005 07:20 PM

As pessoas passam tempos infindos a olhar para as más condições de vida de (alguns) chineses.

Esquecem de olhar para a melhoria dessas mesmas condições que está a ocorrer.

Enfim, "Roma e Pavia não se fizeram num dia" deve ser algum provérbio confuciano...

Publicado por: Mário às maio 30, 2005 07:34 PM

Mário

Você é mais Chinês que os próprios !!!

Ou já se esqueceu, que eles acabam de colocar impostos aos seus próprios texteis, para que fiquem mais caros na exportação ( tentando assim agradar aos Europeus ).

Publicado por: Templário às maio 30, 2005 07:41 PM

Publicado por: Templário às maio 30, 2005 07:41 PM

E tenho eu culpa que estes comunas chineses estejam fascinados com as naravilhas do capitalismo?

Publicado por: Mário às maio 30, 2005 07:46 PM

Mário

Ora essa é que é a velha questão que os Liberais e a Direita empedernida, nunca desejou compreender.

1º- Nunca Houve Comunismo na URSS

2º- Nunca Houve Comunismo na China.

3º O Regime actual Chinês, é um Regime Neo-Fascista !

Mas acaso saberá, porque é que a máquina Chinesa é imparável ? Acaso já tentou reflectir sobre isso, ou julga as coisas como noutra parte do mundo?
Os Dirigentes Neo-Fascistas Chineses tem o objectivo de alcançar a Europa em 10 anos !

E vale tudo, tudo mesmo. Logo isto não é para brincar, pois eu mantenho a minha ideia fundamental e da qual ninguém fala ou não o desejam fazer:
- Por volta de 2010 (faltam uns 5 anos), Haverá Guerra Mundial.

Veremos, e Oxalá que eu esteja enganado !

Publicado por: Templário às maio 30, 2005 08:05 PM

Lá terei que manter o blog aberto até 2010 para dirimir essa aposta.

Publicado por: Joana às maio 30, 2005 08:10 PM

Não quero as "regalias" que os chineses tem hoje, mas não me (nos) vão pedir a opinião. No caso da Europa fechada que alguns sugerem, será necessário um estado policial gigantesco para garantir paz social quando o povo europeu for obrigado a aceitar comprar camisas a 80 euros quando os chineses as vendem por 5; automoveis a 20.000 euros quando os indianos os venderem por 2.000; alimentação, serviços, e todos os outros bens muito vezes mais caros, do que os comprados fora da Europa. Claro que 60 ou 70 porcento dos europeus vão querer a manutenção do estado social, até porque vivem dele, mas que fazer com os outros, os que o pagam? Vai ser complicado, mas o caminho é mesmo continuar a ter uma europa aberta, evitando os excessos, como tem sido feito até agora.
E há que ser claro: até agora os únicos anti-globalizadores que vi serem beneficiados, são os senhores que vão viajar a Porto Alegre todos os anos.

Publicado por: Joao P às maio 30, 2005 08:47 PM

Publicado por: Templário às maio 30, 2005 08:05 PM

1º O comunismo é impraticável em grandes grupos;

2º É bem provável que haja guerra mundial. A Europa vai fazer tudo para que ela aconteça, mais uma vez;

3º Achar que as leis da exconomia funcionam de forma diferente na China é o mesmo que achar que os chineses têm leis da física próprias e únicas. Talvez seja verdade e assim se explique a construção da muralha da China.

4ª Não sei porque razão os chineses querem alcançar a Europa em 2010. Existe algum plano secreto do PCC para fazer regredir o país?

5º O futuro da Europa estará sempre garantido. O mundo irá sempre necessitar de quem faça o trabalho duro e degradante.

6º Espero que a máquina chinesa não pare. Porque é essa máquina que vai derrubar de vez essa gentalha comuna/neo-fascista ou lá como os quiserem chamar.

Publicado por: Mario às maio 30, 2005 10:20 PM

Caro Mário

Cá me parecia que você não percebia as motivações.

Para que perceba melhor as desmotivações dos Portugueses e as motivações de Franceses e de Chineses, aqui vai:

- Após a 2ª Guerra Mundial, impunha-se à França uma motivação que os tugas sempre desconheram: Superar por todos os meios a Alemanha, de maneira a que nunca mais estivesse em Perigo, pois já era a 2ª Guerra Mundial.

Ora a França conseguiu até meados da década de 60 superar a Alemanha, até que foi completamente esmagada - daí ter nascido a Comunidade Europeia, que entre outros motivos, estabelicia harmonia entre esses Países a nível económico.

Os Dirigentes Chineses face à Grande Experiência feita em Taiwan, como o surgimento das tecnologias informáticas, viram aqui a sua "chance" e abriram-se às condições americanas. As empresas Americanas, como só vêem dólares à frente, esfregaram as mãos com o horizonte de 1000 milhões de escravos.

Os Dirigentes Chineses, para conseguirem "amansarem" seus escravos, lançaram a "nova cartilha" que é:
Os Brancos Europeus não são mais inteligentes que os Chineses, temos que os apanhar até 2010. Conseguiremos, tal como conseguimos fazer a muralha da China.

Isto é motivador. Isto é ter gente com objectivos ( coisa que os portugueses desconhecem).

Se os Filipes tivessem Governado com terror até ao ano de 1975, a motivação dos Tugas seria:
- Temos que trabalhar dia e noite, para nunca mais voltarmos a ser subjugados pelos Espanhois !

É destas motivações que se criam as motivações e/ou desinteresse dos Povos.

Por isso é que os Tugas, ao Terem um Estado que lhes dá BOAS regalias, mesmo assim, acreditam Naqueles Patetas mediáticos, que lhes dizem que somos os mais atrasados da Europa.

Incrível ! quase impossível de acreditar ! daí ser uma confusão ter ideias neste País, pois ninguém percebe que Estamos à Frente de Quase Todos os Europeus e nem sequer Sabem !!!

Publicado por: Templário às maio 31, 2005 12:12 AM

A Culpa da Esquerda de Merda que Temos em Portugal !!!

Temos uma Esquerda de merda !

A mentalidade que foi construindo neste País para Obter mais regalias até meados do ano 2000, Caiu-lhes agora na tromba e nem miam !

Havia trabalhadores que na doença recebiam uns 90% do vencimento e outros apenas 65 %, Grande injustiça ! Mas a luta obviamente só poderia ser pelos mais desfavorecidos e portanto exigir que todos estivessem com a regalia dos 90% !!!

Ora...foi uma medida Chino/Socrática . Em vez de vir a China prás regalias Europeias, foi o inverso.

Esta esquerda de merda, que protesta com paninhos quentes, está caduca tal como o regime. São incapazes de mobilizar este povinho adormecido prás grandes lutas !

Falam, falam, falam, mas estão é aburguesados e a "mamar" no sistema !

Publicado por: Templário às maio 31, 2005 12:27 AM

Até que enfim que o Templário diz algo de jeito!

Publicado por: Coruja às maio 31, 2005 01:04 AM

Os franceses votaram em qualquer coisa, só não se percebe muito bem em que é que foi. É isto a bela democracia, o povo, iluminado, vota não se sabe bem em quê e daí surge a legitimidade democrática: não porque sim!

Um referendo com campanhas plenas de mentira vale menos que nada, não é democrático nem popular. É impossível referendar a constituição europeia, o referendo vai ser sempre sobre as quesílias internas, sobre a maior ou menor satisfação com o governo, sobre os temores da consciência colectiva.
Os parlamentos são eleitos para representar os cidadãos nas decisões políticas, compete-lhes decidir sobre esta matéria. Os referendos só servem para os políticos se cobrirem do risco da decisão.

Publicado por: Daniel às maio 31, 2005 09:30 AM

Mário:

O jogo pode não ser de soma nula, ser mesmo de soma positiva, e mesmo assim a maioria ficar a perder.

Tal como pode ser de soma (moderadamente) negativa e a maioria ficar a ganhar.

A opção não é técnica, é política.

Para que a melhor opção política coincidisse necessariamente com a melhor opção técnica seria preciso que o mérito fosse sempre ou quase sempre recompensado, e que a aquisição de riqueza coincidisse perfeitamente com a produção de riqueza.

No caso das relações comerciais entre a Europa e a China, verifica-se:
1. Os empresários chineses enriquecem mais facilmente do que os empresários europeus sem que o seu mérito seja maior: pelo contrário, os salários de miséria e os roubos de propriedade intelectual permitem-lhes ganhar mais que os europeus gerindo pior que estes e inovando menos.
2. Os trabalhadores chineses adquirem uma proporção menor do que os trabalhadores europeus da riqueza que produzem.

Sendo assim, o proteccionismo é politicamente a melhor opção para a Europa mesmo que não o seja tecnicamente.

Quanto à opção entre comprar camisas a €80 ou a €5, olhe à sua volta: o que os Europeus querem é ter dinheiro para comprar camisas italianas e não serem obrigados a comprá-las nas lojas chinesas. Dê bons salários aos europeus e não vai ser preciso nenhum Estado policial para os levar a vestir Armani.

Publicado por: Zé Luiz às maio 31, 2005 12:52 PM

Em resumo, a esquerda internacionalista defende o proteccionismo, os conservadores a internacionalização... Vivemos de facto tempos interessantes.

Uma grande parte esquerda tornou-se conservadora e agarra-se às mordomias e privilégios com unhas e dentes, enquanto uma grande parte da direita se tornou, mesmo involuntariamente apologista da distribuição internacional de riqueza.

Sem dúvida que vivemos tempos interessantes...

Publicado por: Pedro Oliveira às maio 31, 2005 01:21 PM

Os mesmos que há 3 e 4 anos se manifestavam contra a globalização dizendo que era uma conspiração para os países ricos roubarem os pobres, agora lutam contra a globalização porque afinal são os pobres que roubam os ricos.
E sempre cheios de empáfia e de certezas.

Publicado por: Joana às maio 31, 2005 01:32 PM

Joana às maio 31, 2005 01:32 PM

Joana, argumente, não atire bocas. Você não sabe se são "os mesmos". Há muitas esquerdas diferentes, tal como há muitas direitas.

Publicado por: Luís Lavoura às maio 31, 2005 02:22 PM

Luís Lavoura em maio 31, 2005 02:22 PM
Tem razão, o que eu escrevi não são argumentos.
Todavia não são bocas ... são factos. Factos têm mais força que argumentos e bocas.
Nem os desconstrutivistas os desconstroem

Publicado por: Joana às maio 31, 2005 03:13 PM

Joana às maio 31, 2005 03:13 PM

O que você escreveu não são factos. Você disse que os mesmos que se manifestavam contra a globalização por uns motivos o fazem agora pelos motivos opostos. Ora, você não pode garantir que são de facto os mesmos. Há muitas pessoas que se manifestam contra a globalização: umas fazem-no por uns motivos, outras por motivos opostos.

Entretanto, os argumentos do Zé Luiz permanecem por responder.

Publicado por: Luís Lavoura às maio 31, 2005 05:10 PM

Zé Luís,

Numa simpkles troca de comentários corre-se o risco de não trocar argumentos mas apenas mal entendidos.

Falei de mérito no sentido lato.

Está a cair em argumentos fáceis mas ingénuos. Durante décadas Portugal foi um local escolhido para implementação de empresas quase só por os trabalhadores suportarem baixos salários e más condições de trabalho. É curioso querer fechar a Europa por os chineses fazerem o mesmo.

Estas explicaçoes nãio têm nada de ténico, nem político. São apenas armadilhas emocionais.

Publicado por: Mario às maio 31, 2005 06:22 PM

Anda por aí uma solução tresloucada para todos os problemas. Fecha-se a Europa, porque temos um mercado de 500 milhões e isso é mais que suficiente. Mas esquecem de coisas elementares~.

- Vários países Europeus têm mais afinidades com outros páises do que com a própria Europa. Ou pelo menos não iriam querer-se fechar a eles.

- Portugal iria abandonar as relações com os países que falam português. Faria a Espanha o mesmo com os países que falam Castelhano. E a Grã-Bretalha com a Commonwealth? Ou mesmo a França com os países francófonos?

- Mas mais que isso, transparece uma ingenuidade de achar que ainda é possível fechar a torneira aos chineses. andam cheios de medo de meia dúzia de panos que os chineses ameaçam de mandar, mas esquecem que já falam com telemóveis com componentes chinese, viajam em carros com peças feitas na China, e o mesmo se podia dizer de uma miríade de produtos que já cá estão.

Publicado por: Mario às maio 31, 2005 06:29 PM

Não estamos num momento de lucidez, não há troca de argumentos, apenas da exposição de medos irracionais e um atirar de oalha ao chão.

Alguns falam que os neo-liberais são como os comunistas porque falam de inevitabilidades históricas.

Só o uso do termo neo-liberal serve logo para descredibilizar qualquer argumento, porque mostra que quem o uso anda muito confuso e prefere explicar o mundo com uma data de chavões que já eprcebeu que pegaram.

mas andam ainda mais confusos quando não entendem uma diferença fundamental entre as previsões marxistas (que poderiam durar séculos a concretizar-se), e simples previsões de como evoluirá o mundo.

Dizer que a globalizaão é imparável e que a China irá ser uma potência muito maior que a Europa não é acreditar nas inevitabilidades históricas. é simplesmente ver o que está a acontece agora, sem que haja algo que possa evidenciar o contrário.

Publicado por: Mario às maio 31, 2005 06:35 PM

Dizia Nietzsche irónicamente, que havia lugar também para os factos e não apenas para as opiniões.

Mas neste momento, nem há um único facto que não seja posto em causa (e bem, desde que seja feito com seriedade).

Contudo, qualquer teoria da conspiração é logo aceite como se explicasse a realidade tão bem como uma luva encaixa na mão.

Políticos, intelectuais e jornalistas são a trindade que tem conseguido colcar as coisas neste estado. Apesar de muito serem criticados, quase todos lhes imitam os métodos.

Publicado por: Mario às maio 31, 2005 06:41 PM

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