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abril 26, 2005

Construtores de Pirâmides

Durante 23 anos, os egípcios sob o esclarecido governo de Quéops (Khufu para os amigos) construíram uma pirâmide descomunal, amontoando 3 milhões de metros cúbicos de pedras. Segundo Heródoto, 100.000 homens trabalharam nela, embora especialistas em recursos humanos tenham recentemente posto aquele número em dúvida, considerando que as autoridades faraónicas tinham uma notável eficiência na gestão de recursos humanos. A corveia imposta aos felás egípcios representaria mais de 10% da sua força de trabalho. Nos últimos 23 anos a corveia imposta à riqueza produzida pelos felás portugueses passou de 30,9% do PIB para 50,2%, ou seja 20% da nossa capacidade de produção de riqueza. Andamos há 23 anos a construir uma pirâmide muito mais avantajada que a de Quéops … só que é imaterial – não se vê, nem vai proporcionar excursões turísticas.

Quéops (Khufu para os egiptólogos) foi o primeiro político a aplicar a receita keynesiana de combater o desemprego (entre duas cheias consecutivas do Nilo) e a insuficiência da procura, através de obras públicas de grande envergadura e de impacte que qualquer turista, por muito exigente que fosse, não deixaria de realçar. Também foi o primeiro político a revelar total indiferença pelos níveis dos défices públicos e das paridades das taxas de câmbio. Mas o Egipto estava separado da globalização pelos desertos que ladeavam o Nilo e pelo Mediterrâneo. Em Mênfis, nem os escribas mais habilitados andavam a par dos câmbios e de quantos bezerros necessitavam a mais, para trocarem pelo mesmo volume de madeira de cedro que os mercadores de Byblos traziam, quando arribavam ao Delta.

E isso possibilitou que Quéfren (Khafré para os amigos) e Miquerinos (Menkauré entre os amigos) continuassem com aquela política de aposta decisiva na despesa pública. Porém as pirâmides foram diminuindo de tamanho, porquanto o corpo social egípcio estava cada vez mais exangue. Mas mesmo minguando as pirâmides, as corveias impostas à população tornaram-se totalmente insuportáveis, e apesar de não haver globalização nem crise cambial visível, o regime implodiu, desfazendo-se o Egipto em dezenas de pequenos Estados, muito menos vorazes em termos de corveias e pouco versados em Keynes.

Portugal está há 23 anos a construir uma pirâmide. Não trouxemos das pedreiras 3 milhões de metros cúbicos de material. Durante esse período trouxemos mais de 200 mil funcionários públicos para entufar o Moloch estatal. E as corveias adicionais, impostas à população, para transportar, instalar e manter aquela multidão, traduziram-se em 20% do que essa população produz. As pedras egípcias tiveram a qualidade de, uma vez colocadas e executado o remate final, a pirâmide ter ficado ali, tranquila, na planície poeirenta de Gizé, milénios a fio, sem necessidade de quaisquer custos adicionais e produzindo inesperadas receitas turísticas 45 séculos depois. A multidão que utilizamos como elemento construtivo da nossa pirâmide tem custos de manutenção permanentes e não tem qualquer impacte turístico, nem agora, nem certamente daqui a 45 séculos. Aliás, é uma pirâmide totalmente invisível … apenas pesa, e muito, no orçamento.

Ainda se um Bonaparte qualquer passasse por cá, daqui a 40 séculos, e proclamasse: do vazio daquele erário, 40 séculos vos contemplam, talvez isso pudesse constituir uma promoção turística, mas é muito problemático ...

Tenho mesmo fundadas dúvidas que tenhamos capacidade para construir mais alguma pirâmide. As múmias de Quéfren e Miquerinos podem portanto permanecer na sua tranquilidade milenar. Aliás, nem aquela que já construímos é seguro que a consigamos manter. Em termos anuais, a riqueza que os nossos felás produzem cresceu durante um quarto de século à taxa anual média de 2% enquanto a despesa pública que pesa sobre os seus ombros cresceu, anualmente, à taxa de 4,7%. Se esta situação se mantivesse, as despesas públicas corresponderiam, em 2030, a 97% do PIB. Todos os felás estariam a acartar entulho para a pirâmide …

Não me parece que a dinastia se aguente.


Muitos acusam as pirâmides de serem construções absolutamente inúteis. Talvez ... mas têm uma presença física imponente ... assombram o turista. A nossa pirâmide só pesa ... não se vê, nem permite espectáculos de som e luz ... nada ... não serve mesmo para nada e está-nos a custar muito mais caro. Apenas assombra o contribuinte.

Publicado por Joana às abril 26, 2005 10:45 PM

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Comentários

A nossa "pirâmide" proporciona saúde, educação, reformas, estradas, polícias, bombeiros...

Tudo muito inútil, quando comparado com um amontoado de pedras.

Publicado por: Alfredo às abril 27, 2005 01:35 AM

As pirâmides foram um excelente investimento, a pensar no longo prazo. Em receitas turísticas, as pirâmides devem já ter rendido mais do que os 14 para 1 da Auto-Europa.

Um problema sério de Portugal é que está à rasca para aguentar a MANUTENÇÃO daquilo que construiu. (Devo esta observação ao comentador político Carlos Magno.) Portugal teve dinheiro para construir uma data de coisas, mas está com enormes dificuldades em arcar com os seus custos de manutenção. Desde os condóminos que não pagam as despesas do condomínio até ao Estado que não consegue arranjar dinheiro para gerir o Estádio do Algarve, passando pelas estradas sem sinalização, pelos prédios a cair em todas as cidades, Portugal - tanto a nível do Estado como dos particulares - mostra que teve ambição a mais, que construiu de mais, que não conseguiu prever os custos de manutenção.

As pirâmides aguentam-se em pé 40 séculos, sem precisarem de cuidados, apesar de expostas aos inclementes sol e vento do deserto. 40 séculos depois, rendem dividendos em grande quantidade. As obras de Portugal, nem meio século se aguentam.

Publicado por: Luís Lavoura às abril 27, 2005 09:44 AM

É sempre muito fácil vir com as falácias dos serviços prestados pelo estado.

Como se a construção desta "pirâmide invisível" tivesse correspondência directa com melhorias nos sistemas de saúde, educação, justiça, nas prestações sociais, etc.

Parece que os estatistas ainda não perceberam algo muito simples. A manuenção do seu modelo só é possível se conterem o aumento da dimensão do Estado. Contudo, os estatistas parecem que nunca se contentam com o que têm, querem sempre mais e mais, mais dinheiro, mais competências, mais funcionários.

Será que são agentes neo-liberais disfarçados, que actuam por forma a que o Estado cresça tanto até que imploda, e depois se passe definitivamente ao "estado mínimo" por falta de opção?

Publicado por: Mário às abril 27, 2005 11:16 AM

Mário:
«É sempre muito fácil vir com as falácias dos serviços prestados pelo estado.»
«Falácia», porquê? O Estado presta mesmo esses serviços. Pode a relação qualidade preço não ser grande coisa, mas presta-os. E olhe que desde que regressei da Suíça tenho tido muito mais razão de queixa dos serviços prestados pelos privados do que dos prestados pelo Estado. É o promotor imobiliário que depois de ter «o dele» no bolso não quer mais saber de terminar a obra que me vendeu, é o hospital privado em que sou tratado com a mesma sobranceria que nos públicos, é a companhia de seguros que recorre aos estratagemas mais inconcebíveis para não me pagar o que deve...

«Como se a construção desta "pirâmide invisível" tivesse correspondência directa com melhorias nos sistemas de saúde, educação, justiça, nas prestações sociais, etc. »
Não sei o que você quer dizer aqui com a palavra «directa». Se quer dizer «optimizada», tem razão: a relação entre a «pirâmide invisível» e as melhorias nos sistemas de saúde, educação, justiça, etc. não está, com efeito, optimizada. Mas que há uma relação directa, lá isso há. Compare estes sistemas com o que eram há 30 anos, e verá que não pode dizer o contrário. Mesmo o sistema de justiça, que foi o que menos melhorou, melhorou alguma coisa.

Publicado por: Zé Luiz às abril 27, 2005 11:43 AM

"o hospital privado em que sou tratado com a mesma sobranceria que nos públicos"

Se o problema fosse só a sobranceria!

O verdadeiro problema é que os hospitais privados portugueses não têm tecnologia de ponta. Se algo corre mal, toca a levar o paciente para o hospital público.

Sei de uma mulher que morreu, há 20 anos atrás, porque cometeu o disparate de ir ter uma filha num hospital privado (da Cruz Vermelha). Quando a coisa deu para o torto, meteram-na na ambulância, a sangrar, para o hospital público (Alfredo da Costa). Morreu pelo caminho.

De facto, nos hospitais privados portugueses aquilo que se paga (e bem) é o serviço hoteleiro. Suite privada, música ambiente, visitas às horas que se quer, etc. Em matéria de serviço médico, não só ficam atrás dos públicos como ainda, se a coisa dá para o torto, quem tem que arcar com o disparate é o hospital público.

Publicado por: Luís Lavoura às abril 27, 2005 11:54 AM

"a companhia de seguros que recorre aos estratagemas mais inconcebíveis para não me pagar o que deve"

Aqui está um tema interessante para os liberais dissertarem: porque é que os seguros portugueses - que até funcionam em concorrência... - são tão desonestos?

Publicado por: Luís Lavoura às abril 27, 2005 11:57 AM

Hoje o Luís Lavoura está um esquerdista do caraças!

Publicado por: Luís Filipe às abril 27, 2005 12:02 PM

Publicado por: Zé Luiz às abril 27, 2005 11:43 AM

Concordamos com a análise. Os nossos níveis de exigência é que são muito diferentes.

Publicado por: Mário às abril 27, 2005 12:16 PM

Isto não vem muito a propósito, mas acabo mesmo agora de ver no programa televisivo da 2 (RTP2, ou lá como se chama) que a designação correcta do vinagre é ÁCIDO CÉPTICO.
Nem mais!
Ao que isto chegou!...

Publicado por: Senaqueribe às abril 27, 2005 01:37 PM

Alfredo às abril 27, 2005 01:35 AM
A nossa "pirâmide" já proporcionava saúde, educação, reformas, estradas, polícias, bombeiros... há 23 anos.
De então para cá a despesa pública aumentou em 20% do PIB e as filas de espera na saúde aumentaram (embora ultimamente houvesse correcções), a educação piorou apesar de haver menos alunos devido à crise demográfica, as estradas SCUTs só as vamos começar a pagar este ano, nunca os bombeiros tiveram tantos meios e os fogos foram tão devastadores, etc.

Por isso tem razão quando diz que "Tudo muito inútil, quando comparado com um amontoado de pedras" que pelo menos originam receitas turísticas.

Publicado por: Joana às abril 27, 2005 01:48 PM

«Ácido Céptico», tá certo, é um ácido que duvida de si próprio, ehehehe ...
Ai as pirâmides !
Ele há uma, envidraçada, defronte do Louvre, com a seguinte inscrição :
- «Ne pas jeter des cailloux».

Publicado por: asdrubal às abril 27, 2005 01:58 PM

A alegoria da pirâmide está bem vista. O dineiro que andamos a gastar ainda é mais inútil que o que os faraós despenderam na construção das pirâmides.

Publicado por: Diana às abril 27, 2005 03:50 PM

Se nos puséssemos aqui a comparar, critério a critério, a qualidade do sector público com a do sector privado, precisaríamos de centenas de páginas - e não faço a mínima ideia se o saldo a que chegaríamos seria favorável a um ou a outro.
Limitar-me-ei por agora a compará-los segundo um só critério, que corresponde a uma das minhas embirrações actuais, e deixarei cada um dos outros para quando for suscitado.
O critério é a eficácia das minhas reclamações, e segundo este critério a qualidade do sector público não só tem melhorado a olhos vistos, como está muitos furos acima da do sector privado.
Numa Repartição de Finanças, num Centro de Saúde, numa Conservatória de Registo Predial, peço o livro de reclamações sempre que considero estar a ser mal atendido, que os meus direitos ou intere4sses estão a ser prejudicados, ou simplesmente quando deparo com um qualquer absurdo burocrático. Explico sucintamente o que se passa, e ao fim de uns meses recebo uma simpática carta da tutela a explicar-me que medidas foram tomadas para remediar o mal. Tem acontecido algumas vezes que muito antes de receber essa carta - uma vez foi logo no mesmo dia - os serviços modificassem o procedimento irracional em causa.
Quando tento reclamar junto duma entidade privada, deparo-me imediatamente com essa praga infernal das «help desks» (que começa também a infestar, «hélas», o sector público). Seja a Netcabo, seja a Vodafone, seja a Mundial Confiança, seja quem for, sou atendido por uma máquina, ou então por um jovem contratado a prazo que não faz a menor ideia de como funciona a estrutura em que está precariamente integrado.
A todas as minhas perguntas responde-me com o discurso formatado que lhe incutiram à pressa. Dali não sai, dali ninguém o tira. Com enorme paciência vou expondo a minha questão, nos termos mais simples possíveis; e com enorme paciência a jovem criatura lá vai emitindo, pavlovianamente, os ruídos que lhe gravaram nos neurónios. Assim tenho passado horas inteiras ao telefone, para não falar em meses inteiros em que o problema fica - não digo só por resolver, mas sequer por apresentar.

Publicado por: Zé Luiz às abril 27, 2005 04:24 PM

Uma vez mais o Estado é apontado como responsável por todas as desgraças passadas e futuras. Que instituição tenebrosa!

Será que o nosso Estado, o que surgiu após o 25 de Abril, é significativamente responsável pelo nosso actual atraso económico? Será o Estado, tal como está, o nosso principal problema?

Recuemos até Marx, também ele usou Portugal para um exemplo. Comparou-nos com a Holanda e considerou, na sua já apontada ignorância acerca de economia, que na idade média não foram criadas em Portugal as intituições para o arranque indústrial, contrariamente à Holanda, o que justificaria, pelo menos em parte, o nosso atraso. O cenário repetiu-se com o Estado Novo.

Um comentário de um antigo gestor da Autoeuropa foi que em Portugal os trabalhadores são produtivos, mas existe um ambiente adverso aos negócios...

Acrecente-se o perfil da generalidade dos empresários portugueses, que responde à pergunta "Quais são os principais problemas de gestãocom que se defronta?" é bem capaz de responder "Felizmente tenho o antigo curso de contabilidade, por isso na gestão não tenho problemas"...

Claro que estes empresários garantem que o país tenha uma estrutura produtiva muito débil em sectores com pouco potencial.
Podia resolver-se este problema liquidando essas gerações, uma "liquidação criadora", só que a nossa constituição esquerdista e inflexível bloqueia uma vez mais o nosso crescimento económico, garantindo o direito à vida.

Para terminar acrescente-se uma pitada de cultura nacional (simétrica da dos países nórdicos) que leva a que, tal como já comentaram, sejamos sempre mal servidos, tanto no sector público como no privado. O Estado, simultaneamente parte da cultura e consciente da mesma, complica - assume à partida que os cidadãos são engenhosos criadores de esquemas para enganar o próximo e volta a complicar para, sem sucesso, evitar ser enganado.

Já sei que a fonte do problema começa são as pirâmides, estou indeciso entre as Pirâmides Egípcias, as pirâmides públicas ou as pirâmides privadas. É que cada uma dá o máximo para ser maior que a anterior...

Publicado por: Daniel às abril 27, 2005 04:30 PM

Publicado por: Zé Luiz às abril 27, 2005 04:24 PM

Eu não faço essa comparação. Ela já foi feita em centenas de estudos.

Em relação aos «help desks», não é uma questão simples de analisar nuns comentários deste género. Uma das minhas actuais funções é acompanhar todo o fluxo de reclamações para uma empresa do género, por isso teria muito para dizer.

Publicado por: Mário às abril 27, 2005 04:30 PM

Leia-se industrial e não indústrial.

Publicado por: Daniel às abril 27, 2005 04:36 PM

Zé Luiz às abril 27, 2005 04:24 PM:
Pois claro. Acabem-se com as empresas. Têm tantos ou mais vícios que o Estado e são menos estáveis.
Fica o Estado sózinho. Se não tiver dinheiro para pagar o seu sustento, que peça emprestado

Publicado por: Coruja às abril 27, 2005 05:13 PM

Parte-se muitas vezes de uma ilusão de que a riqueza é algo fácil de acontecer. E por isso faz-se tantas vezes a pergunta do porquê ainda existirem tantas nações pobres e miseráveis.

Contudo, a pergunta devia ser outra. O estado natural dos aglomerados humanos é viver no limiar da sobrevivência. A pergunta devia ser, porque razão foi possível obter em algos casos riqueza.

Contudo, somos governados por ideologias e políticos bem intencionados, que partem do pressuposto que haverá sempre dinheiro para gastar, e vão divertindo-se realizando os seus sonhos de justiça e igualdade.

Publicado por: Mário às abril 27, 2005 05:16 PM

Um dia o Zé Portuga, expoente máximo do macho latino, não conseguindo conter o seu impeto aventureiro decidiu ir conhecer o mundo.
Quando regressou teve este belo diálogo:
-Então Zé, que tal as suecas?
-Nem queias saber, umas boazonas!
-E as italianas?
-do melhor que há.
.....
.....
.....
.....
-Também foste ao Egipto, Zé?
-Claro que fui.
-E como são as pirâmides?
-Essas são umas grandes putas!

Publicado por: Luís Filipe às abril 27, 2005 05:44 PM

De onde é que vêm os números referidos, sobre a "corveia" imposta aos Portugueses? É que não batem certo nem com os do Banco de Portugal nem com os da OCDE.

"Nos últimos 23 anos a corveia imposta à riqueza produzida pelos felás portugueses passou de 30,9% do PIB para 50,2%"

Se formos consultar as séries longas do BP para saber o PIB e as receitas públicas de 1982, conclui-se que a "corveia" nesse ano foi de 39% do PIB (olhando Às receitas do estado) ou 48% (olanhdo às despesas, que incluem a dívida deixada). Mas este erro ainda se perdoa, agora o número mirabolante dos 50.2% actuais... segundo as estatísticas da OCDE para 2001 as receitas de impostos do estado português eram nesse ano de 33% do PIB, e o rendimento geral do governo 43% do PIB - segurança social incluída. E toda a gente sabe que boa parte da riqueza produzida em Portugal não entra nas estatísticas.

Alguém me explica porque é nestes blogs não se conseguem achar dissertaçõs sérias, que refiram as fontes, só diatribes com números pescados sabe-se lá donde para melhor servir as agendas políticas?

Publicado por: visitante às abril 27, 2005 06:00 PM

visitante às abril 27, 2005 06:00 PM:
Leia s.f.f.:
http://semiramis.weblog.com.pt/arquivo/2005/01/desenvolvimento.html
e vejo o quadro que é lá apresentado.
Aí se refere que esse quadro e os números apresentados o foram por Medina Carreira no seu artigo do “Titanic” publicado no DE.
Aí se referem igualmente outros links.
Eu falei sempre em despesa pública e não em receitas. As receitas são menores (por isso há o défice) mas tarde ou cedo pagaremos esse descontrolo.

Já agora peça explicações sobre a razão que leva comentaristas a serem tão peremptórios nas suas negações sem investigarem primeiro as matérias.

Publicado por: Joana às abril 27, 2005 07:43 PM

E não apenas peremptórios, mas fazendo liminarmente processos de intenções.

Publicado por: Joana às abril 27, 2005 07:45 PM

Estão lá os números, sim. Continuo a lamentar que não tenha sido logo citada a fonte - teria comentado melhor se tivesse matéria mais concreta para comentar - mas as minhas desculpas à autora do blog, que não pode ser culpada pela triste "ciência" económica que existe, e que permite que apareçam uns números de uma fonte e outros completamente diferentes doutra. Os números do Medina Carreira podem perfeitamente ser os mais correctos (ele tem obrigação de dominar a matéria, eu não) mas não deixa de ser engraçado constatar as variações de fonte para fonte (porque também existem para os anos indicados), e a forma como se podem fazer leituras diferentes, dependendo da fonte encontrada.

Publicado por: visitante às abril 27, 2005 08:31 PM

Ah, e neste caso, dos anos escolhidos.

Publicado por: visitante às abril 27, 2005 08:34 PM

Coruja:
Eu não quero acabar nem com as empresas, nem com o Estado, nem sobretudo com as pessoas concretas, que são o que mais me interessa.
Entre os indivíduos e os colectivos, a minha prioridade são os indivíduos. Aceito o facto de que certos colectivos - os Estados, as empresas, etc. - podem ser necessários ao bem-estar dos indivíduos. Nessa medida, tolero-os, mas sempre de pé atrás.

Publicado por: Zé Luiz às abril 27, 2005 09:13 PM

Publicado por Zé Luiz em abril 27, 2005 09:13 PM
"Entre os indivíduos e os colectivos, a minha prioridade são os indivíduos."
Mas isso é o que se lê nos blogs liberais. Não está a ficar contaminado por este blog?

Publicado por: Coruja às abril 27, 2005 09:24 PM

Coruja:
Claro que estou a ficar contaminado por este blog, como por vários outros. Que interesse tem ler um livro, ver um filme, ouvir uma sinfonia ou comentar um blog se não for para ficar contaminado?

Publicado por: Zé Luiz às abril 27, 2005 11:09 PM

De resto, os purismos nunca me seduziram - nem os ideológicos, nem os gramaticais.

Publicado por: Zé Luiz às abril 27, 2005 11:11 PM

"A designação correcta de vinagre é ÁCIDO CÉPTICO. Nem mais! Ao que isto chegou!..."

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De facto, ao que isto chegou!... Não o vinagre, que já é ÁCIDO CÉPTICO desde sempre. Pelo menos para mim é-o há meio século, no meu único contacto com a química, o liceal.

Publicado por: JM às abril 27, 2005 11:57 PM

Ou seja, um ácido nada convencido que o seja.

Publicado por: Coruja às abril 28, 2005 10:32 AM

Ó da guarda!!!...

Publicado por: Senaqueribe às abril 28, 2005 11:02 AM

Joana às abril 27, 2005 01:48 PM

Comparar os serviços disponíveis há 23 anos com os disponíveis actualmente é impensável. Evidentemente que não existiam filas na saúde, não existiam nem instalações nem médicos suficientes e grande parte da população dificilmente tinha acesso a cuidados médicos.
A evolução demográfica realmente é desfavorável para o número de alunos, mas no nosso país esse efeito foi mais do que compensado por um aumento do número de anos que os jovens passam a estudar, aumentando o número de alunos.
As estradas eram magras e tortuosas, sem qualquer comparação com as que existem actualmente.
Os últimos e devastadores incêndios devem-se mais às secas que se têm feito sentir do que ao equipamento mais ou menos abundante dos bombeiros.

O país actual não tem qualquer comparação com o país de há 23 anos, nessa época ainda estava tudo por fazer.

Publicado por: Daniel às abril 28, 2005 02:34 PM

Daniel em abril 28, 2005 02:34 PM:
Repare que o que está em causa é a diferença entre 30% e 50% do PIB. De um PIB que praticamente duplicou nesses 23 ou 24 anos.

Publicado por: Hector às abril 28, 2005 03:09 PM

Hector, repare que as despesas com a saúde, por exemplo, têm tido tendência a aumentar rapidamente em todos os países desenvolvidos, como percentagem do PIB. Ou seja, apesar de o PIB ser muito superior hoje àquilo que era há 20 anos, a percentagem do PIB gasta em saúde também cresceu. Isto é (julgo) verdade tanto para os EUA ou para a Suécia, como para Portugal. De facto, ainda há poucos anos a Alemanha teve que fazer uma reforma no seu setor de saúde, que estava a descarrilar financeiramente.

Há quarenta anos atrás, uma pessoa típica começava a trabalhar aos 18 anos de idade, deixava de trabalhar aos 65, e morria aos 70. Estava pois 23 anos na situação de dependente. Hoje em dia, uma pessoa típica começa a trabalhar aos 25 anos de idade, deixa de trabalhar aos 65, e morre aos 80. Está 40 anos na situação de dependente.

Publicado por: Luís Lavoura às abril 28, 2005 04:16 PM

Zé Luiz às abril 27,

Caro Zé Luis, é a filosofia de Dona Joana no seu esplendor ! Que como sabemos é designada por " Competitividade ".

Vejamos

Qual é o objectivo de uma empresa ?

o Lucro !

Qual a melhor maneira ?

Colocando o menor número possível de funcionários a executar uma tarefa.

No caso que apontou, qual é a tarefa ?
- Resolver um problema !

Ora aqui é que começam os problemas ...

Para se resolver um problema, seria necessário, ter alguém competente para o resolver, e ISSO CUSTA DINHEIRO !

Como resolvem as "novas" empresas o problema ?

Com Call Centers (vulgo, centro de escravos).

Ora há um pensador da Empresa, e 500 escravos a lerem um texto de resposta ao cliente, conform o problema apresentado.

Mas... estes rapazinhos... (como ainda não conseguem pensar) ainda não chegaram à conclusão, que nem todos os problemas são padronizados, e portanto a maioria deles até são personalizados, o que para tal, O Cliente precisa da sua resposta personalizada, Pois Só Ele Tem Esse problema.

Como o Competente, tem que dar 500 respostas e como não consegue... porque Humanamente impossível... quem se lixa é o cliente.

Logo a tal competitividade, tão do agrado, da Joana, é meramente virtual, uma vez que na realidade e na linguagem "antiga" se chama de vigarice, hoje como tudo mudou... é a falta de meios...mas não passam dessa cassete, tentando... passar-nos o tal atestado de parvinhos...


Mas há até melhor... há aquelas empresas, que com grande "lata" e descaramento nos dizem, ligue para o apoio ao cliente.... e esse apoio nunca atende, porquê ?

Porque contratar mais 100 escravos para atenderem o telefone, sai caro !!!

Em resumo, o cliente é que paga sempre, quer seja no privado, quer seja no Estado, MAS HÁ UMA GRANDE DIFERENÇA... o Estado, acaba por ir resolvendo os problemas, as empresas como olham aos custos, NÃO OS RESOLVEM !

Se os clientes tivessem mais poderes, ou tantos poderes quanto as empresas, a conversa já seria outra, pois se um cliente, apresentasse a factura de ter perdido 2 horas ao telefone para ser atendido, e lhe tivesse que pagar umas 5 vezes, do que o custo/hora do escravo, então as empresas, prefeririam contrar mais escravos.

É A RELAÇÃO DE FORÇAS ENTRE CLIENTE, ESTADO E AS EMPRESAS QUE ESTALECE A JUSTIÇA E A COMPETITIVIDADE REAL !

Os argumentos dos liberais´são:
- A empresa será penalizada, pois perderá clientes... ora a questão deveria ser outra, ela além de perder o cliente, deveria pagar-lhe o tempo perdido.
Depois como todos sabemos... o cliente passa para outra empresa e volta ao mesmo !!!


Publicado por: Templário às maio 8, 2005 04:59 PM

COMPETITIVIDADE PAGA PELO CLIENTE


Actualmente quem paga a competitividade e os baixos custos dos produtos são os clientes.

Há 30 anos, as empresas tinham um optimo serviço pós-venda e tratavam os clientes personalizadamente. Obviamente isso tinha custos, e portanto as empresas colocam esses custos no preço final do produto.

Ao entrarem na corrida desenfreada do "volume de facturação" na maioria dos casos para apresentarem relatórios fantásticos à Bolsa de Valores, as empresas prescidiram desse valor acrescentado, e transferiram-no para o cliente. Logo, um cliente mais distraído, não consegue perceber porque é sempre maltratado pelas empresas, pois ainda pensa, que a vingança será mudar de empresa. Ora... cairá noutra ratoeira, pois o Mercado Oblige !

Publicado por: Templário às maio 8, 2005 05:07 PM

meu nome de verdade é gatuinho mas eu naum me revelo pois um dos faraós faz parte da minha pis a minha família mais antiga ele é uma das primeiras pessoas que fez parte da minha família

eu só digo obrigado por ter essa oportunidade de falar um poco de minha família e saber que uma pessoa de minha família e ainda faz parte mas em outro mundo e me orgulho de um ser de minha família ser estudado por ciêntistas famosos.

Publicado por: cgduf76efgpgt às maio 26, 2005 06:14 PM

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