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abril 13, 2005

Adam Smith e Marx

Adam Smith e Marx influenciaram de uma forma decisiva o pensamento político, económico e social dos últimos dois séculos. Há um século de diferença entre ambos. Curiosamente o mesmo período que medeia entre Marx e a vivência do poder soviético. Igualmente é curioso verificar que, dessas três “vidas”, o pensamento que se mantém mais actual e vivaz é o da primeira. Todavia há uma estranha complementaridade entre Adam Smith e Marx. Adam Smith preocupou-se com o funcionamento económico da sociedade em que vivia. E extraiu dessa observação conceitos, ainda em vigor, que se revelaram extraordinariamente operacionais. Marx preocupou-se com as causas do devir social e histórico e estabeleceu uma teoria explicativa desse devir que continua a manter algum poder explicativo, embora a sua aplicação mecânica e absoluta se tenha revelado insuficiente e errónea. No seu sóbrio e prático raciocínio de um burguês britânico, Adam Smith ficou em muitos aspectos mais actual que Marx, o típico filósofo alemão que aspirava ao absoluto da totalidade explicativa.

A Riqueza das Nações é um manifesto de combate contra as coacções extra-económicas então existentes (obrigações feudais, corporações, regulamentos diversos) mas também contra o mercantilismo e a fisiocracia, então em voga. Curiosamente o mercantilismo assentava em três noções que continuam a inquinar a nossa sociedade: o Estado como principal agente económico, o progresso baseado na injecção de dinheiro na economia e o superavit da balança de transacções com o exterior. Nos nossos dias tal corresponde ao mito estatizante, ao despesismo dos dinheiros públicos e à desvalorização cambial para incentivar as exportações. Para Adam Smith é o indivíduo, e não o Estado, o principal actor económico; a riqueza é a produção efectiva em bens e serviços e não a criada artificialmente pela injecção de dinheiro na economia; o comércio internacional é apenas um comércio como outro qualquer.

Para Adam Smith a prosperidade nasce da divisão do trabalho. A divisão do trabalho é a condição sine qua non do crescimento. Mas qual é o seu fundamento? A racionalidade dos indivíduos? O fruto de uma vontade colectiva? Não, resume-se simplesmente ao gosto visceral dos homens pela troca e pelo lucro. Os sapatos que calçamos não os devemos ao sentido altruísta do fabricante de calçado, mas à satisfação do seu interesse egoísta em obter um lucro. E a melhoria das condições de produção na sua fábrica não se deve a um sentido altruísta, a um ideal estético ou a uma virtude política: é unicamente fruto do seu interesse pessoal em melhorar a competitividade da sua exploração para maximizar o seu ganho. Escreveu Adam Smith Na realidade, ele não pretende, normalmente, promover o bem público, nem sabe até que ponto o está a fazer …. só está a pensar na sua própria segurança; e, ao dirigir essa indústria de modo que a sua produção adquira o máximo valor, só está a pensar no seu próprio ganho, e, neste como em muitos outros casos, está a ser guiado por uma mão invisível a atingir um fim que não fazia parte das suas intenções. Nem nunca será muito mau para a sociedade que ele não fizesse parte das suas intenções. Ao tentar satisfazer o seu próprio interesse promove, frequentemente, de uma maneira mais eficaz, o interesse da sociedade, do que quando realmente o pretende fazer. Nunca vi nada de bom, feito por aqueles que se dedicaram ao comércio pelo bem público.

Não nos dirigimos ao humanismo do industrial, mas ao seu egoísmo; não o convencemos das nossas necessidades, mas das suas vantagens. São os planos e projectos daqueles que empregam o capital que regulam e dirigem todas as tarefas mais importantes do trabalho, e o lucro é o fim que buscam todos esses planos e projectos. E o que é mais surpreendente é que esta transacção de egoísmos e de utilidades, o mercado, corresponde, igualmente, a um óptimo colectivo. É um óptimo por defeito, porque nenhum outro funciona. Em vez da providência divina do pensamento escolástico, é a mão invisível que provê ao nosso bem estar

Há um ponto em que tem que haver intervenção do Estado. Na defesa e segurança pública. A sociedade tem necessidade de ser protegida e de ser liberta dos entraves que possam prejudicar o seu progresso: suprimir as barreiras que limitam a liberdade económica (regulamentos e corporações no plano interno e restrições às importações e travões ao comércio livre no plano externo), porque a liberdade do funcionamento da economia e do comércio tende a maximizar o rendimento anual da sociedade.

E isto porque Adam Smith vê a liberdade do mercado do ponto de vista do conjunto da sociedade e do bem público. Não a vê do ponto de vista dos “interesses” dos produtores em termos de criarem regulamentos ou situações que pervertam a liberdade de mercado, para daí extraírem lucros adicionais: O interesse dos comerciantes, em qualquer ramo de actividade, é, todavia, sob muitos aspectos, sempre diferente e mesmo oposto, ao do público. O interesse dos comerciantes está sempre em alargar o mercado e estreitar a concorrência. O alargamento do mercado é, muitas vezes, suficientemente vantajoso para o público, mas a redução da concorrência é sempre contra ele e só pode servir para permitir aos comerciantes fazerem incidir, para seu próprio beneficio, através da elevação dos lucros para além ao seu nível natural, um imposto absurdo sobre os seus concidadãos. Qualquer proposta para uma nova lei ou regulamento do comércio proveniente desta classe deveria ser sempre escutada com as maiores precauções, e nunca deveria ser adoptada sem ter sido antes longa e cuidadosamente analisada, não só com a mais escrupulosa atenção, mas também com a máxima desconfiança. Ela provém de uma classe de indivíduos cujos interesses nunca coincidem exactamente com os do público, que têm geralmente como objectivo defraudá-lo e mesmo oprimi-lo, e que o têm efectivamente, em muitas ocasiões, defraudado e oprimido.

Adam Smith vê a liberdade do mercado como base do bem estar social e recusa qualquer derrogação a essa liberdade, quer por regulamentos e leis, quer por conluios ou práticas anti-concorrenciais dos agentes económicos. Por esse motivo recusa igualmente qualquer despesa pública em favor dos pobres quer por considerar que se favorece uma classe de cidadãos face a outra, quer por entender que tal cria obstáculos à mobilidade dos trabalhadores. Ora esta última razão continua a ser defendida hoje em dia: uma das razões pelas quais a economia americana atinge mais facilmente o pleno emprego é a menor subsidiarização do desemprego, e essa situação, para além de diminuir o desemprego, aumenta a riqueza pública.

Esta formulação de Adam Smith foi a base da Economia Positiva e da teoria microeconómica ainda em vigor.

Marx pôs a tónica no devir social e na forma como o posicionamento dos agentes económicos face à produção e à propriedade dos meios de produção cria clivagens sociais, comportamentos diferenciados entre os grupos sociais que detêm essa propriedade e os grupos sociais não possidentes, clivagem essa que origina uma luta de classes que se torna o motor da sociedade e a leva, mais tarde ou mais cedo, a ser substituída por outra sociedade em que o posicionamento dos agentes económicos face à produção e à propriedade dos meios de produção seja diverso do da anterior.

Marx escrevia A Economia Política parte da existência da propriedade privada; não a explica. E tem razão nesse ponto. Mas tal constituirá uma razão de superioridade do pensamento económico de Marx sobre Adam Smith?

Marx escreve nos Manuscritos: A alienação do trabalhador no objecto do seu trabalho, é expressa da seguinte maneira nas leis da Economia Política: quanto mais o trabalhador produz, tanto menos tem para consumir; quanto mais valor ele cria, tanto menos valioso se torna; quanto mais aperfeiçoado o seu trabalho, tanto mais grosseiro e informe o trabalhador; quanto mais civilizado o produto, tanto mais bárbaro o trabalhador; quanto mais poderoso o trabalho tanto mais frágil o trabalhador; quanto maior a inteligência revela o trabalho tanto menos inteligente e mais escravo da natureza se torna o trabalhador.

Esta texto poderá fazer as delícias de alguns mitómanos da esquerda radical. Mas terá sido confirmado pela história económica? O trabalhador tornou-se mais bárbaro e grosseiro à medida que o produto do seu trabalho se tornou mais aperfeiçoado e civilizado? É óbvio que não. Marx ficou preso, na sua análise, ao tempo e ao espaço das manufacturas de meados do século XIX.

Na verdade, do ponto de vista da Teoria Económica, O Capital apenas tem valor arqueológico. A Teoria da Reprodução Simples e a Teoria da Reprodução Ampliada têm, descontando obviamente o século de diferença, uma importância inferior ao Tableau Économique de Quesnay. Quem, no pleno uso das faculdades mentais, acredita actualmente na Lei da tendência decrescente da Taxa de Lucro? ou na Lei da pauperização crescente do proletariado? Quem pode acreditar que a classe operária constitui a maioria, está pauperizada e é a portadora exclusiva e decisiva do desenvolvimento social? Ora era nestes axiomas que se exprimia o carácter contraditório do capitalismo: o crescimento dos meios de produção, em vez de se traduzir pela elevação do nível de vida dos operários, traduzir-se num duplo processo de proletarização e de pauperização.

Igualmente, a concepção marxista do desenvolvimento da classe operária no capitalismo avançado não se confirmou e, ao invés, ocorreu e continua a ocorrer o seu enfraquecimento relativo.

Mesmo que se objecte que o conceito de proletariado será diferente, hoje em dia, e inclua os trabalhadores intelectuais e a intelligentsia, eu oporia que, de acordo com Marx, sendo a consciência social determinada pelo ser social, então este proletariado não teria nada (ou muito pouco) a ver com o proletariado de Marx.

Ora aquela formulação era um axioma basilar do pensamento de Marx. Marx não nega que entre os capitalistas e os proletários existam múltiplos grupos intermédios, artesãos, pequeno-burgueses, comerciantes, camponeses proprietários. Mas afirma duas proposições. Por um lado, à medida que o regime capitalista evoluir, tenderá para uma cristalização das relações sociais em apenas grupos: os capitalistas e os proletários. As classes intermédias não têm nem iniciativa nem dinamismo histórico. Há apenas duas classes capazes de imprimirem a sua marca à sociedade. Uma é a classe capitalista e a outra a classe proletária. No dia do conflito decisivo, todos e cada um serão obrigados a juntar-se ou aos capitalistas ou aos proletários.

A história traiu Marx e os seus epígonos. E mesmo depois de se verificar, na prática, que aqueles axiomas não eram verdadeiros, eles continuaram a ser repetidos à exaustão pelos intelectuais “ditos” marxistas.

Não será mais actual a afirmação de Adam Smith que A real e eficaz disciplina exercida sobre o trabalhador não é a da sua corporação [Adam Smith referia-se às corporações feudais, muito fechadas e regulamentadas], mas a dos seus clientes. É o medo de perder o emprego que o refreia na prática de fraudes e lhe corrige a negligência. Uma corporação exclusivista necessariamente retira força a este tipo de disciplina. Há, nessas circunstâncias, um determinado grupo de trabalhadores que de certeza obterá emprego, seja qual for o seu comportamento. Não foi a inexistência deste efeito de mercado que provocou a ineficiência económica do regime soviético? Que tornou, nesse regime, o produto do trabalhador menos aperfeiçoado e civilizado?

Quanto à contribuição de Marx para a explicação do devir histórico, ela é importante. Mas, embora haja um fio condutor permanente no pensamento de Marx sobre as causas desse devir, a sua formulação mais concreta é a que citei em “Marx (in)actual” e em algumas passagens do Manifesto. E esses conceitos avançados por Marx têm um óbvio interesse explicativo. Todavia a ânsia de tornar “científico” o “materialismo histórico” levou posteriormente à estilização da caracterização das sociedades. A história foi arrumada em comunismo primitivo, esclavagismo, feudalismo, capitalismo e socialismo (e, num futuro radioso, o comunismo).

Isto equivaleu a deitar a História no leito de Procusta do “marxismo mecanicista”. Ora a escravatura no Império Romano nunca atingiu, relativamente à população total, a percentagem da existente na Confederação Americana, em meados do século XIX. Fenómenos típicos da economia capitalista que ocorreram na antiguidade – inflação, crises financeiras, etc. – não podiam ser explicados. Diversas formas de sociedade escapavam àquela arrumação. A teoria do modo de produção esclavagista só conseguia explicar Atenas e, parcialmente, a Roma Cidade-Estado. A teoria do modo de produção feudal só conseguia explicar cabalmente os modelos francês e alemão e, em menor grau, os da restante Europa Ocidental. Falhava clamorosamente em Bizâncio e no mundo islâmico. E que dizer das sociedades indianas e chinesas? Em face dessa falência, os teóricos soviéticos e os seus “compagnons de route” inventaram o “Modo de Produção Asiático” para encaixarem desajeitadamente todas as peças do puzzle que falhavam.

Também aqui o pragmatismo de Adam Smith revelou-se mais fecundo. Longe de pretender qualquer explicação absoluta, Adam Smith interessou-se pela importância da “Divisão do Trabalho”, da criação de excedentes por uma dada comunidade ou grupo social e da sua troca por bens que eram necessários a essa mesma comunidade. Sendo assim, o Homem, tal como existe actualmente, resulta de um processo histórico em que o primeiro passo fundamental foi o da “Divisão do Trabalho”, ou seja da progressiva especialização de tarefas. A “Divisão do Trabalho” permitia uma maior produtividade, mas só funcionaria se se desenvolvessem as trocas comerciais. E foi essa espiral produção-consumo que permitiu, com avanços e recuos, o aumento da prosperidade da humanidade.

E veja-se que, ao longo da história, os povos que tinham vantagens comparativas ao nível do comércio – portos marítimos ou fluviais abrigados, encruzilhadas facilitadas pela geografia física, etc., foram os que mais prosperaram e induziram o desenvolvimento dos restantes. O Egipto e a Mesopotâmia desenvolveram-se porque os seus rios facilitavam as trocas (para além da riqueza agrícola que, todavia, não seria tão explorada se não fosse possível trocar os excedentes). A Fenícia, Creta, as cidades gregas, Cartago, Roma, Constantinopla, as repúblicas italianas (Veneza, Génova, etc.), as cidades flamengas, Lisboa, as Províncias Unidas, a Inglaterra, etc. são exemplos da importância do comércio e da “troca” na prosperidade dos povos.

Marx falhou estrondosamente na Economia, porque teve uma abordagem totalmente enviesada: a sua intenção era unicamente explicar os fundamentos da exploração capitalista e da extracção da mais-valia. Não é possível estudar e aprofundar qualquer ciência apenas com um determinado intuito. A abordagem científica deve ser despida de preconceitos. Deve procurar as explicações e não partir destas para construir uma ciência.

Marx, e principalmente os seus epígonos, falhou (falharam) na História e na sua explicação porque perseguiu uma explicação absoluta e total. Era o filósofo alemão, o discípulo, embora recalcitrante, de Hegel, na perseguição da verdade absoluta. Mas descontando essa pretensão, quando Marx abordou acontecimentos políticos da época, produziu trabalhos de elevado interesse científico, no campo da Teoria da História – As Lutas de Classes em França 1848-1850 e o 18 de Brumário de Luis Napoleão, por exemplo.

Faltava a sobriedade e o pragmatismo de um burguês britânico que analisa a realidade e o seu devir de uma forma límpida e fecunda, sem pretensões a explicações absolutas.


Nota - ler igualmente, na "pré-história" do blogue:
Adam Smith e Marx
Hegel e Marx

Ler ainda, mais recentes e sobre Marx:
Marx (in)actual
Marx Neoliberal-Educação Gratuita?
Marx Neoliberal

Publicado por Joana às abril 13, 2005 11:36 PM

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Comentários

Joana, este post não é um "repeat" ?

Publicado por: zippiz às abril 13, 2005 11:46 PM

Não. Eu vou pôr o link para o outro.
É certo que me inspirei no outro, mas reformulei-o muito.

Publicado por: Joana às abril 13, 2005 11:49 PM

Senão não tinha tempo, no serão, de produzir este "lençol"!

Publicado por: Joana às abril 13, 2005 11:57 PM

Joana,
sendo vc uma "anti-arauta da apropriação colectiva dos bens privados" , porque é que não produz posts com as contribuições dos "MiltonsFreedmans" para o desenvolvimento das sociedades capitalistas, em vez de tentar convencer - os que já estão convencidos! - os "anti arautos" que o marxismo nunca existiu ?

Publicado por: zippiz às abril 14, 2005 12:00 AM

E faz favor de não dizer mal, que me apliquei duramente durante perto de 3 horas.
Ora multiplicado pela minha tarifa horária, daria 360€!
Não se assuste que não ganho isso. Isso é a tarifa que o meu PDG aplica aos clientes, pelas horas que eu imputo!

Publicado por: Joana às abril 14, 2005 12:02 AM

Acabo de escrever aquilo e você fala da inutilidade do post!
Além dos 360€ alguém terá que pagar meia dúzia de idas ao meu psicanalista.

Publicado por: Joana às abril 14, 2005 12:04 AM

Este post é bom para os "clientes" diurnos do blog ( com tarifas bem mais justas do que as do seu PDG ! )

Publicado por: zippiz às abril 14, 2005 12:21 AM

Joana: Não vá ao psicanalista. Este post está bestial.
Vou imprimir para o ler depois, pois é grande. Mas pelo que vi em diagonal está óptimo.
O pessoal vai cotizar-se e pagar 50 cents cada.

Publicado por: David às abril 14, 2005 12:30 AM

E quem disser mal paga 1€ para uma bolsa para a Joana melhorar os seus conhecimentos.

Publicado por: David às abril 14, 2005 12:33 AM

Você está a afugentar os comentaristas, David.

Publicado por: bsotto às abril 14, 2005 01:27 AM

Este post tem muito interesse e merece uma análise cuidada. Mas numa primeira impressão estabelece uma comparação bem observada entre os dois economistas-filósofos e diz o essencial.

Publicado por: Cerejo às abril 14, 2005 01:45 AM

Este post tem muito interesse e merece uma análise cuidada. Mas numa primeira impressão estabelece uma comparação bem observada entre os dois economistas-filósofos e diz o essencial.

Publicado por: Cerejo às abril 14, 2005 01:45 AM

A ideia do 1€ por cada comentarista que disser mal está a comprometer o "mercado".
Essa e o facto do post ter muito conteúdo.

Publicado por: Ant Curzio às abril 14, 2005 10:20 AM

A blogosfera está especializada em piadas sobre o dia a dia. A Joana está a ir contra a maré.

Publicado por: Ant Curzio às abril 14, 2005 10:22 AM

Por coincidência (?), "The Economist" da semana passada (9 Abril) traz um artigo intitulado "Homo economicous?" que descreve a hipótese formulada por Jason Shogren e seus colegas (Univ. Wyoming, EUA):

But according to Dr Shogren's paper in a forthcoming edition of the Journal of Economic Behaviour and Organisation, it was neither cave paintings nor better spear points that led to Homo sapiens's dominance. It was a better economic system.
One thing Homo sapiens does that Homo neanderthalensis shows no sign of having done is trade. The evidence suggests that such trade was going on even 40,000 years ago. Stone tools made of non-local materials, and sea-shell jewellery found far from the coast, are witnesses to long-distance exchanges. That Homo sapiens also practised division of labour and specialisation is suggested not only by the skilled nature of his craft work, but also by the fact that his dwellings had spaces apparently set aside for different uses.

(o sublinhado é meu)

Há também outros estudos – que não posso citar rigorosamente de momento – sustentando que o Homo neanderthalensis coexistiu com o o Homo sapiens na Península Ibérica e que terá sido aqui se extinguiram as comunidades de Homo neanderthalensis mais tardias.

Será que, combinando as duas hipóteses, podemos postular uma aversão atávica para a divisão do trabalho (e para o liberalismo no sentido de A. Smith) nos povos da Ibéria :-)

Publicado por: João GM às abril 14, 2005 10:32 AM

Ora bem, a verdade é esta: não basta simplesmente descrever e INTERPRETAR, é preciso, sobretudo, TRANSFORMAR o mundo.
E para isso é preciso ser-se revolucionário.
A insatisfação é o principal factor de progresso.

Publicado por: Senaqueribe às abril 14, 2005 10:36 AM

Eu o que me pergunto é como é que a Joana, sendo, ao que diz, uma mulher casada e mãe de família, se pode dar ao luxo de gastar 3 horas do serão a escrever isto tudo, e deitar-se para lá da meia-noite. Não tem que se levantar de manhã para levar os filhos à escola? Não está cansada, à noite, de fazer o jantar, lavar a loiça e vestir os miúdos?

Eu sou pai de dois, e deito-me às 11:30 extenuado. Mal tenho meia hora por dia para ler alguma coisa em casa.

Publicado por: Luís Lavoura às abril 14, 2005 10:41 AM

Sem um diagnóstico correcto, não há transformação possível, pelo menos para melhor.

Publicado por: David às abril 14, 2005 10:42 AM

Ainda ando para perceber a razão de tantos bloggers "perderem" tantas horas, trabalhando de graça. Ainda por cima, a maior parte de das pessoas que escreve neste meio é já muito ocupada...

Publicado por: Mário às abril 14, 2005 11:06 AM

Publicado por: Senaqueribe às abril 14, 2005 10:36 AM

A sua última frase é muito sugestiva. Agradeço-lhe porque me fez ver, num rasgo de consciência, que se trata de uma das maiores ilusões da humanidade.

Publicado por: Mário às abril 14, 2005 11:09 AM

A frase não é minha, salvo erro é de origem chinesa.
A verdade é que quem está satisfeito é, geralmente, avesso a mudanças. Torna-se conservador e nada mais.

Publicado por: Senaqueribe às abril 14, 2005 11:38 AM

é preciso saber distinguir os planos. Boa parte das frases do extremo oriente que falam de progresso, referem-se ao interior e não ao social.

Publicado por: Mário às abril 14, 2005 11:41 AM

« (...) É o medo de perder o emprego que o refreia na prática de fraudes e lhe corrige a negligência (...)».
.
O medo ... "não tenhais medo" !

Publicado por: asdrubal às abril 14, 2005 12:02 PM

Senaqueribe em abril 14, 2005 11:38 AM: Portanto a maioria dos funcionários públicos está satisfeita com a sua situação.

Publicado por: Coruja às abril 14, 2005 12:12 PM

Luís Lavoura às abril 14, 2005 10:41 AM
Obrigada pelo elogio que faz da minha capacidade de trabalho.
Não sei se seria essa a sua intenção, mas tomo-a como tal

Publicado por: Joana às abril 14, 2005 01:10 PM

Mário às abril 14, 2005 11:06 AM:
Quem corre por gosto ... não cansa.

Publicado por: Joana às abril 14, 2005 01:11 PM

Peço desculpa a pulicidade que farei, mas agradeço ao/à "Senaqueribe" por ter-me estimulado com o seu comentário a escrever este post:

http://purgaetorio.blogspot.com/


Publicado por: Mário às abril 14, 2005 01:58 PM

Joana em abril 14, 2005 12:04 AM
Você tá feita ao bife. Há aqueles que não gostam do que escreve, há aqueles que não gostam como escreve, havia um que não gostava das horas a que escrevia, e há outros que não gostam que se esforce a escrever.
Tem mesmo que ir ao seu psicanalista.

Publicado por: Rave às abril 14, 2005 02:58 PM

Mário às abril 14, 2005 01:58 PM

Nunca me passou pela cabeça que a insatisfação fosse sinónimo de desânimo e tristeza. Muito pelo contrário, é querer sempre mais e sempre melhor, cada vez mais perfeito, mais útil, mais belo, mais entendível.

Já agora, Senaqueribe foi um rei assírio muito mauzinho, cujo espectro ainda aparece, de vez em quando, a perturbar este domínio da Semiramis, também ela uma raínha assíria que, claro está, também não foi muito boazinha. :-))

Publicado por: Senaqueribe às abril 14, 2005 03:09 PM

http://www.triplov.com/casquilho/flap.html

Publicado por: pyrenaica às abril 14, 2005 03:58 PM

Publicado por: Senaqueribe às abril 14, 2005 03:09 PM

Insatisfação, como tantas palavras, pode ter significados antagónicos. A linguagem é limitada e por isso tem tantas variantes e interpretações para descrever (perverter, etc.) a realidade.

Há pessoas insatisfeitas que estão tristes e desanimadas, outras que ficam motivadas para altos voos.

Publicado por: Mário às abril 14, 2005 04:21 PM

mais um bom exemplo dum "anti-arauto da apropriação colectiva dos bens privados"

http://online.expresso.clix.pt/1pagina/artigo.asp?id=24750613&wcomm=true#comentarios

Publicado por: zippizz às abril 15, 2005 12:10 AM

Esta análise está excelente, tanto quanto me é dado conhecer de Marx, porque sobre Adam Smith dá a ideia essencial.
Parabéns.

Publicado por: Novais de Paula às abril 15, 2005 11:45 PM

E é importante lembrar que, segundo Adam Smith "O interesse dos comerciantes, em qualquer ramo de actividade, é, todavia, sob muitos aspectos, sempre diferente e mesmo oposto, ao do público. O interesse dos comerciantes está sempre em alargar o mercado e estreitar a concorrência.". Ou seja que Adam Smith defendia o mercado de forma saudável, do lado da liberdade e do bem estar do público e não aquilo que os adoradores do Moloch, como a Joana lhes chama, que caluniam o pensamento liberal de capitalismo selvagem

Publicado por: Novais de Paula às abril 15, 2005 11:53 PM

Excelente texto. Parabéns pelo blogue.

Publicado por: V Forte às abril 17, 2005 12:49 AM

Dos textos mais sólidos que tenho lido na blogosfera, ou na comunicação social em gerla. Muito bom

Publicado por: rudy às abril 17, 2005 03:14 PM

Queria escrever "comunicação social em geral"

Publicado por: rudy às abril 17, 2005 03:16 PM

Apontamentos sobre Marx dum estrangeiro (desculpem o mau português):

#1)
Problema de delimitação das fontes: têm o mesmo valor -como corpus de textos de Marx- um “manifesto” encarregado por um partido, milhares de rascunhos não publicados, um prefácio, os textos juvenis e os textos publicados posteriores aos estudos económicos que iniciou circa de 1850?
No caso de a resposta ser “Não”, não é aceitável o recurso soviético de encontrar a citação certa de Marx para cada coisa que queiramos dizer. O Capital é o texto fundamental de Marx (o texto com o qual podemos avaliar o valor das outras obras de Marx). Igual que quando estudamos Kant distinguimos a 1ª da 2ª edição da Crítica da Razão Pura

[Althusser até demonstrou que vários textos dos manuscritos de Marx que os marxistas adoram eram os apontamentos que Marx fez enquanto lia Feuerbach]

Se lermos o Capital, veremos que a obra de Marx não trata do “devir social e histórico” mas do “funcionamento económico da sociedade”.


#2)
Marx foi um burguês (ocidental, moderno, racionalista, de cultura letrada urbana). Isso de “típico filósofo alemão” é um tópico de manual de filosofia escolar. Para avaliar se Marx disse alguma coisa de interessante tem de ser tratado sem relativismos, como filósofo burguês que ele foi.

#3)
O Capital é uma ontologia da sociedade moderna. Não é uma ontologia da história da humanidade. E é uma ontologia porque tenta pensar as condições de possibilidade das categorias da sociedade moderna que aparecem como naturais. E é crítica porque mostra a contingência histórica dessa possibilidade. Ser “ontológico” não equivale a ser “totalizante”: na modernidade, cada uma das ciências é uma “ontologia regional”.

#4)
Num mundo moderno, o procedimento de falsificação Lei da tendência decrescente da Taxa de Lucro (LTDTL) não se faz com uma simples vista de olhos para a história económica (se calhar se faz dessa maneira no mundo pós-moderno à Boaventura). Fazer isso é equivalente a segurar uma pedra com a mão e dizer que a lei da gravitação universal não funciona porque a pedra –bem segura na mão- não cai para o chão... (ao menos, não foi isso o que fizeram Leibniz ou Einstein).

#5)
O fim da classe operária: uma coisa é a diluição do referente empírico mítico do movimento operário (blue-collar, unionized metal-worker) e uma outra o desaparecimento da venta da força de trabalho como principal opção vital para uma cada vez maior parte da humanidade.

#6)
O grande contributo do Marx de O Capital é demonstrar a historicidade das categorias da economia política e o espaço de liberdade que se cria, inédito na história, na separação crescente entre os processos de trabalho e as operações dos trabalhadores. Como repetia nas suas críticas ao socialismo operário da década de 1870: “não, o trabalho não é a fonte da riqueza...”

Publicado por: ddd às abril 18, 2005 10:58 PM

ddd às abril 18, 2005 10:58 PM
#1)
Althusser não demonstrou coisa alguma. Althusser apareceu com a teoria do Corte Epistemológico para tentar explicar a mudança entre o Marx até ao Manifesto e o Marx posterior. Na minha opinião trata-se apenas da mudança entre o Marx filósofo e o Marx activista político e sindical. A partir daí o seu pensamento esteve ao serviço da sua actividade política e perdeu força conceptual.
Não houve qualquer "corte epistemológico"

Publicado por: Joana às abril 19, 2005 12:53 AM

ddd às abril 18, 2005 10:58 PM
#2)
Marx formou-se como o típico filósofo alemão, inicialmente discípulo de Hegel e Feuerbach. A sua clivagem pública com o hegelianismo foi a Sagrada Família. Mesmo quando se dedicou a temas económicos nunca abandonou a sua abordagem metodológica de “filósofo alemão”

Publicado por: Joana às abril 19, 2005 12:54 AM

ddd às abril 18, 2005 10:58 PM
#3)
O Capital é um mau ensaio sobre a Economia (e a Sociedade) capitalista. A suas teorias da Reprodução Simples e Reprodução Ampliada não têm qualquer valor científico e são erróneas. A partir daí só são possíveis conclusões obtusas, como a Lei da tendência decrescente da Taxa de Lucro e a Lei da pauperização crescente do proletariado, completamente desmentidas pela realidade.
Como eu escrevi “Marx falhou estrondosamente na Economia, porque teve uma abordagem totalmente enviesada: a sua intenção era unicamente explicar os fundamentos da exploração capitalista e da extracção da mais-valia. Não é possível estudar e aprofundar qualquer ciência apenas com um determinado intuito. A abordagem científica deve ser despida de preconceitos. Deve procurar as explicações e não partir destas para construir uma ciência.”

Publicado por: Joana às abril 19, 2005 12:54 AM

ddd às abril 18, 2005 10:58 PM
#4)
Engels escrevia que a prova do pudim está em comê-lo. Você vem com a parábola de que a Taxa de Lucro não cai ... porque alguém está a agarrá-la. Você devia tirar patente dessa descoberta! (E ler Engels igualmente)

Publicado por: Joana às abril 19, 2005 12:55 AM

ddd às abril 18, 2005 10:58 PM
#5)
Como eu escrevi no texto “Mesmo que se objecte que o conceito de proletariado será diferente, hoje em dia, e inclua os trabalhadores intelectuais e a intelligentsia, eu oporia que, de acordo com Marx, sendo a consciência social determinada pelo ser social, então este proletariado não teria nada (ou muito pouco) a ver com o proletariado de Marx.”
Portanto a sociologia da luta de classes de Marx não se pode aplicar a classes conceptualmente diferentes ... ou seja, está datada.

Publicado por: Joana às abril 19, 2005 12:56 AM

ddd às abril 18, 2005 10:58 PM
#6)
Para mim, o grande contributo de Marx continua a ser a sua tentativa de interpretar a História, pese embora os erros e, principalmente, as interpretações mecanicistas dos seus discípulos. Mas essa fase de Marx acabou com o Manifesto, As Lutas de Classes em França 1848-1850, o 18 de Brumário de Luis Napoleão e o Prefácio à Crítica da Economia Política, ou seja, até meados da década de 1850.

Publicado por: Joana às abril 19, 2005 12:57 AM

Gostei de ler as suas respostas.
Mas não concordo: acho que a sua leitura se baseia nas leituras exageradas que os marxistas fizeram do Marx (um Marx para tudo, autor até duma "economia política"!).
E continuo a achar que O Capital tem de ser lido como livro de Filosofia (ontologia da sociedade moderna).
Mas pronto, saber qué é que de importante o Marx disse, e se merece um lugar na história do pensamento -ou se pode ser esquecido sem que o patrimonio da humanidade perca nada de valor-, também não é assim tão importante.
Ciao!

Publicado por: ddd às abril 19, 2005 08:25 AM

Joana e a sua imberbe ingenuidade ou a sua falta de contacto com a realidade no ano da graça de 2005 !

"Esta texto poderá fazer as delícias de alguns mitómanos da esquerda radical. Mas terá sido confirmado pela história económica? O trabalhador tornou-se mais bárbaro e grosseiro à medida que o produto do seu trabalho se tornou mais aperfeiçoado e civilizado? É óbvio que não. Marx ficou preso, na sua análise, ao tempo e ao espaço das manufacturas de meados do século XIX.

É óbvio que não ?

Deixemos então as Manufacturas do tempo de Marx no século XIX e regressemos com os pés no planeta no século XXI, ou seja quase 200 anos depois de tanta evolução da Humanidade...

Qual é em Portugal o projecto mais importante e mais avançado em termos tecnológicos ? Auto-Europa !!!

Conhece por acaso a Dona Joana alfacinha o operário tipo Auto-Europa ? é do mais parvinho que há, e 90% é só mesmo músculo, pois o trabalho é da pior escravatura, pior mesmo que o trabalho realizado pelos escravos do Império de Roma.

Ou acaso já se esqueceu dos princípios de Adam Smith, em que o Egoísta do Empresário só vê o Lucro ?

Afinal de que lhe serve conhecer os princípios se depois não vê a sua aplicação na realidade?

Não está a perceber... já vi que não... eu explico-lhe melhor a realidade ...

1º pinta-se uma porta de um automóvel em 30 minutos, depois pensa-se a melhor maneira de a pintar em 20 minutos, depois passa a 10 minutos até chegar ao limite do Humanamente possível 5 minutos... Bravo !!!

Conclusão de 2 portas por hora, chegamos ao limite da escravatura 12 portas por hora, um automóvel completo de 2 em 2 minutos !!!

Para este trabalho altamente tecnológico e de ponta, só precisamos mesmo é de bons escravos e com bons músculos !

Como responderá a isto ?

é apenas a excessão que confirma a regra ?

Sabe como se chama uma sala de escravos à frente de um computador ? Aqui em Lisboa em 2005 ?

Sabe que coloca lá uma pessoa, e tal como na Auto-Europa nem tem tempo de respirar ?

Sabe que há salas com Centenas de pessoas ?

Sabe... você nem merece que lhe diga, como se chamam estas novas salas de escravos, autênticos laboratórios de Economia Liberal, mas para que não diga que falo do ar, Chamam-se Call Centers, como não podia deixar de ser ... até sua designação vem na Língua dos novos Imperadores !

Publicado por: Templário às abril 25, 2005 10:11 PM

O texto é injusto, pois pega o que existe de mais elementar e embrionário (e até mesmo equivocado) do pensamento marxista e usa pra debate com a principal obra do liberalismo clássico.
E, quando cita questões realmente de fundo, não discute, simplesmente cita, diz que é anacrônico e que ninguém mais acredita, como se isso fosse um argumento suficiente pra desqualificar um pensamento. Não diz por que é anacrônico e por que não deve ser areditado... foge ao debate.
Mas o texto, no que se refere ao liberalismo, é de garnde qualidade e merece respeito e (alguma) atenção

Publicado por: Claudio às junho 8, 2005 10:00 PM

Lixo

Publicado por: Cisco Kid às agosto 4, 2005 06:20 PM

pois

Publicado por: sisifo às agosto 5, 2005 04:07 AM

Pois

Publicado por: Nurcia às agosto 5, 2005 08:29 PM

Pois

Publicado por: Nurcia às agosto 5, 2005 08:29 PM

Pois

Publicado por: Nurcia às agosto 5, 2005 08:30 PM

Sempre a mesma coisa

Publicado por: Cisco Kid às agosto 7, 2005 11:55 AM

E se fosses ...

Publicado por: Cisco Kid às agosto 7, 2005 07:40 PM

Lixo

Publicado por: Cisco Kid às agosto 8, 2005 05:21 AM

Lixo

Publicado por: Cisco Kid às agosto 8, 2005 05:21 AM

Pois

Publicado por: sisifo às agosto 19, 2005 10:39 AM

Pois

Publicado por: sisifo às agosto 19, 2005 10:42 AM

Lixo

Publicado por: sisifo às agosto 20, 2005 01:56 AM

Lixo

Publicado por: sisifo às agosto 20, 2005 01:56 AM

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Publicado por: Nurcia às agosto 25, 2005 07:55 PM

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Publicado por: Cisco Kid às agosto 27, 2005 01:30 AM

Pois

Publicado por: Cisco Kid às agosto 29, 2005 11:49 AM

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Publicado por: Coiso às agosto 30, 2005 07:53 AM

Lérias

Publicado por: Cisco Kid às agosto 30, 2005 06:38 PM

Pois

Publicado por: zázá às setembro 1, 2005 08:22 AM

Lérias

Publicado por: Cisco Kid às setembro 2, 2005 02:05 PM

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Publicado por: bonus às setembro 3, 2005 08:44 AM

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Publicado por: didi às setembro 6, 2005 01:37 AM

Lérias

Publicado por: didi às setembro 7, 2005 05:29 PM

Lérias

Publicado por: Cisco Kid às setembro 9, 2005 03:19 AM

Gosto do Adam

Publicado por: adamita às setembro 9, 2005 03:20 AM

Gosto do Adam & Eve

Publicado por: didi às setembro 10, 2005 01:31 PM

Adam & Eve

Publicado por: didi às setembro 11, 2005 02:08 AM

Tretas

Publicado por: Cisco Kid às setembro 15, 2005 07:17 AM

Adam & Eve?

Publicado por: sisifo às setembro 18, 2005 03:36 PM

Pois

Publicado por: socratico às setembro 19, 2005 03:24 AM

O texto é injusto.

Publicado por: socratico às setembro 19, 2005 05:42 PM

Visão distorcida

Publicado por: béu-béu às setembro 21, 2005 10:37 AM

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