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fevereiro 28, 2005

O Futuro do CDS/PP

Como já escrevi anteriormente, não existe no espectro político português um projecto liberal sólido e coerentemente assumido. Há razões que têm séculos: a nossa aversão ao risco e à inovação e a inveja mesquinha que se instalou na nossa sociedade, em vez do incentivo pela afirmação pessoal. Outras têm a ver com a génese do actual sistema político.

Como se sabe, da nossa história dos últimos dois séculos, cada regime que se instaura “cria” o seu próprio espectro político, que, com pequenas flutuações, se mantém invariável até ao seu próprio aniquilamento. A III República foi instaurada sob inspiração dos militares da ala da esquerda radical, que a “obrigaram” a votar uma constituição estatizante, “via ao socialismo”, e a tutelaram durante os primeiros anos. Essa parto político modelou o arranjo do espectro político subsequente. Com este figurino, o pensamento liberal era diabolizado por todo o espectro político como condição da sua própria sobrevivência. O CDS/PP foi apenas a direita “consentida”.

É difícil presumir o que teria sido o percurso do CDS/PP se não fosse a morte prematura de Amaro da Costa. Em vez de um político sólido, o CDS/PP ficou sob a liderança de um político errático, de uma Maria-vai-com-as-outras e órfão de líderes com estatura política, acabando dominado por um populismo de direita sem qualquer consistência ideológica. Tornou-se o Partido do Táxi.

A emergência de Paulo Portas deu maior solidez ao populismo de direita, mantendo no partido alguns históricos, com qualidade, mas aglutinados num todo sem uma estrutura ideológica coerente. Actualmente vemos um social-cristão, Bagão Félix, que de liberal tem pouco, coexistir com um populismo radical, que foi menorizado durante a governação e nesta campanha, em contrapartida de uma postura de Estado, e um pensamento liberal que não consegue afirmar-se devido à pequenez do partido e à necessidade de apostar numa imagem populista para se manter no palco político.

Assim, apesar da prestação dos ministros do CDS/PP e da “postura” de Estado do partido nos últimos 3 anos, o CDS/PP continua confrontado com a busca de uma identidade e de uma imagem de marca que lhe permita ocupar um espaço político onde consiga sobreviver e afirmar-se. Paulo Portas buscou essa imagem num populismo de direita, que lhe pode render algum espaço político, mas que lhe dificulta a ascensão ao governo, como se viu aquando da formação da coligação e da celeuma que esta levantou dentro do PSD. Nestas eleições tentou apostar na imagem de “postura” de Estado e de distanciamento face às fragilidades do governo. Não o conseguiu: se ganhou alguns votos ao PSD, perdeu muitos mais para a esquerda, nomeadamente para o pregador Louçã, que apostou forte nas feiras. A história tem mostrado que o radicalismo de direita e de esquerda são vizinhos eleitoralmente. Foi entre os radicais de esquerda que Hitler, nos primeiros tempos, pescou eleitoralmente e a quem deveu a sua subida e a arrigementação dos SA. É sabida a flutuação eleitoral entre Le Pen e a extrema-esquerda francesa. Portugal não foge esta regra.

Que se perspectivará para o CDS/PP, fora da área do governo? Uma nova aposta no populismo? Uma aposta numa imagem social-cristã? Um partido de índole marcadamente liberal?

Muito depende dos resultados da governação de Sócrates. Suponhamos que Sócrates aplica as medidas correctas e as reformas certas, o que me parece difícil, mesmo descontando a oposição interna do PS, porque a reforma da administração pública exige gente de elevada competência a geri-la, e não vejo que Sócrates disponha dessa matéria prima. Nesse caso, o espaço do CDS/PP reduzir-se-á e P Portas, ou quem lhe suceder, terá que regressar às feiras e manter a feição populista radical.

Suponhamos que Sócrates falha. Ora um falhanço agora, na nossa situação actual, é uma catástrofe económica. Nesse caso será a própria III República que estará condenada a curto prazo e a sua ruptura conduzirá a um novo arranjo do espectro político, como é habitual em Portugal. Nestas circunstâncias só o futuro dirá que novas formações poderão emergir da implosão de uma parte significativa do nosso actual espectro político. As eleições em Portugal, desde Cavaco Silva, têm mostrado um centrão cada vez mais amplo que flutua, ao sabor dos acontecimentos e ressentimentos governativos. O alargamento desse centrão pode ser a rastilho que promova aquela ruptura.

Mas o CDS/PP tem, ao lado, um partido catch-all, o PSD, que vai desde os liberais aos sociais-democratas, tudo amalgamado sem qualquer coerência ideológica, mas que tem uma grande capacidade de captação dos despojos políticos. Pretendeu ingressar na Internacional Socialista, já foi da união europeia dos reformistas e liberais e agora é da união europeia dos conservadores e democratas-cristãos e da união mundial dos conservadores. Todavia, o PSD ficou com uma imagem degradada e levará tempo a reencontrar um líder ganhador, ou pelo menos não-perdedor, que nas actuais condições políticas já se viu que pode ser o suficiente. Se Sócrates não chegar ao termo da legislatura, ou chegar com a nossa economia em estado calamitoso, todo o centrão pode levar a uma implosão do espectro político e a um novo arranjo das formações políticas. Neste novo arranjo, nem o radicalismo “chique” do BE, nem o radicalismo jurássico do PC teriam margem de manobra, pois o país tenderá a verificar que a aposta no projecto de empobrecimento em aparente segurança social não tem qualquer futuro.

Mas a área do CDS/PP só poderá aproveitar este eventual terramoto político, se estiver preparada para o fazer. Pese embora a boa prestação de Paulo Portas como ministro da Defesa, ele não tem imagem política para o protagonizar, pois está demasiado ligado a um populismo que a maioria do eleitorado rejeita e continuará a rejeitar. Também não se vê, entre os que o rodeiam, quem, a curto prazo, o possa protagonizar.

O futuro do CDS/PP está dependente do desempenho do governo de Sócrates, da evolução do PSD e de encontrar um líder que permita a chamada “refundação da direita”. São três restrições muito fortes e que fazem de qualquer previsão sobre o seu futuro uma aposta arriscada.

Publicado por Joana às fevereiro 28, 2005 02:18 PM

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Comentários

Isto é mais um diagnóstico que uma previsão.

Publicado por: vitapis às fevereiro 28, 2005 03:44 PM

Quero dizer, é uma previsão em que tudo pode acontecer

Publicado por: vitapis às fevereiro 28, 2005 03:47 PM

Penso que estamos todos dependentes do desempenho de Sócrates. Se a coisa correr mesmo mal, o futuro do CDS/PP vai importar pouco.

Publicado por: Mário às fevereiro 28, 2005 03:48 PM

Mário em fevereiro 28, 2005 03:48 PM:
Sábia reflexão

Publicado por: David às fevereiro 28, 2005 03:53 PM

Essa de sugerir que Adelino Amaro da Costa era um político sólido parece-me a modos que dizer bem do falecido, sem qualquer base concreta para o fazer.

Amaro da Costa foi político durante 6 anos, mas sempre mais ou menos na sombra de Freitas do Amaral. Nunca se observaram em Amaro da Costa particulares capacidades de liderança política - ele aparecia sempre como um "número dois". Morreu há 25 anos. Nada nos permite hoje afirmar que teria sido um político brilhante, grande líder de um CDS glorioso e com futuro.

O endeusamento de Amaro da Costa por parte do CDS, e de Sá Carneiro por parte do PSD, tem aspetos psicanalíticos. É o "pai" tranfomado em fetiche. Amaro da Costa nunca foi mais do que um "número dois" do CDS. Sá Carneiro foi o político dos golpes de rins, das grandes guinadas (=incoerências) políticas que ninguém percebia. De nenhum deles se pode afirmar que fosse um político de grande estatura.

A não ser numa base psicanalítica.

Publicado por: Luís Lavoura às fevereiro 28, 2005 04:33 PM

De qualquer forma, registo com agrado que a Joana distingue claramente entre três tipos de direita:
1) a populista,
2) a social-cristã,
3) a liberal,
às quais eu acrescentaria
4) a conservadora.
É importante dizer que são tipos diferentes de direita, e que um partido de direita não pode, em coerência, pretender aglutinar todos eles. Um partido de direita coerente ou é 1), ou é 2), ou é 3); não pode ser tudo ao mesmo tempo.

Nisto a Joana demarca-se claramente de outros pensadores de direita que por aí andam, que pretendem juntar no mesmo saco tradições políticas que são, claramente, incompatíveis e incongruentes.

Publicado por: Luís Lavoura às fevereiro 28, 2005 04:37 PM

E quantos tipos de esquerda há?

1) Pouco estatista
2) Muito estatista
3) Ultra-estatista

Publicado por: Mário às fevereiro 28, 2005 05:35 PM

Uma sugestão para a Joana...
Candidate-se ao lugar!

Publicado por: E.Oliveira às fevereiro 28, 2005 05:52 PM

Tipos de esquerda também há muitos, Mário, como é evidente. Basicamente são três: social-democrata, comunista, e anarquista.

O PS é social-democrata, o PCP é comunista. O BE junta pessoas das três tradições e é algo confuso; nos últimos tempos a tendência comunista tem ganhado preponderância, parece-me a mim.

O problema da direita portuguesa (PSD e CDS) é precisamente que é uma misturada. Ambos os partidos têm populistas e têm liberais, e o PSD tem ainda alguns social-democratas, o CDS alguns democrata-cristãos. Ora, o que é mau na direita é que há alguns dos seus intelectuais que acham que assim é que está bem: tudo ao molho e... fé em Deus.

Publicado por: Luís Lavoura às fevereiro 28, 2005 05:54 PM

Afixado por: Luís Lavoura em Fevereiro 28, 2005 04:33 PM
.
Luís Lavoura,
Quem sabe se nos dizia o que é «uma base psicanalítica» ?

Publicado por: asdrubal às fevereiro 28, 2005 06:00 PM

O PP está numa encruzilhada difícil. Mudar de imagem perante o eleitorado não é fácil. É como mudar de mercado no marketing.

Publicado por: Diana às fevereiro 28, 2005 06:29 PM

Por outras palavras, o que Joana aqui diz, é que a reforma do sistema político, à imagem dos dois últimos séculos em Portugal, passa pelo colapso da III República e que este depende de como Sócrates conseguir, ou não conseguir, re-equilibrar o "barco adornado".
Para dizer a verdade, já nem sei o que hei-de desejar ... e este, sim, para uma criatura de meia-idade é um problema psicanalítico agudo.

Publicado por: asdrubal às fevereiro 28, 2005 07:11 PM

E o que acha asdrubal? Concorda com essa visão catastrofista?

Publicado por: Viegas às fevereiro 28, 2005 07:18 PM

Eu acho que faz algum sentido. Quer haja, quer não haja, uma reforma do sistema político passa sempre pelo colapso do actual.

Publicado por: Coruja às fevereiro 28, 2005 07:26 PM

Afixado por: Viegas em fevereiro 28, 2005 07:18 PM
.
Sabe, Viegas, trinta anos parece que é a «idade média» de um "Regime" em Portugal.
Eu simplesmente não sei se é uma visão catastrofista ...

Publicado por: asdrubal às fevereiro 28, 2005 07:33 PM

Face a uma (falsa) esquerda laica (PS), uma esquerda necrófila (BE) e uma esquerda leninista (PCP), precisa-se de uma esquerda ética, de raiz cristã, que possa pôr em prática uma doutrina social da Igreja radical demais para os Bagões Felix da nossa praça. Uma esquerda que assuma a opção pelos pobres do actual Papa, e a transforme em programa político.
Do lado direito, enquanto não houver coragem para romper com o capitalismo liberal gerador de exclusão social, não há nada que mereça a nossa atenção.

Publicado por: Albatroz às fevereiro 28, 2005 08:01 PM

Albatroz em fevereiro 28, 2005 08:01 PM

Será que o futuro do CDS/PP passará por se colocar à Esquerda ?

Publicado por: Templário às fevereiro 28, 2005 09:28 PM

o veneno ao BE não podia faltar, não é Joana ? é uma azia díficil de passar !

Publicado por: zippiz às fevereiro 28, 2005 09:30 PM

zippiz: Você nunca está contente

Publicado por: Joana às fevereiro 28, 2005 09:39 PM

Nota: o colapso do regime pode dar-se por via eleitoral. O primeiro semi-colapso deu-se com o PRD, que foi buscar votos a todo o lado. Isso permitiu constituir um centro, mais volátil do que até então, que possibilitou depois as maiorias absolutas de Cavaco, as quase-maiorias de Guterres e a actual maioria.
Esse centrão tem votantes em todos os partidos com assento parlamentar, com excepção do PCP, onde poderá também ter, mas de forma muito residual.
Esse centrão tenderá a aumentar com o actual descrédito relativo às soluções políticas e poderá reordenar-se, do ponto de vista partidário, face a um eventual colapso, mesmo parcial, do Estado.

Publicado por: Joana às fevereiro 28, 2005 09:47 PM

Na minha opinião o CDS é uma franginha de saudosistas baratos e seus filhotes, que nos últimos 20 anos bem tentaram vender, Cristianismos, Liberalismos e outros... e não sendo grandes experts de palestras ( excepto seu mestre P.P ), resta-lhes irem passear seus mercedes, por essa Europa Fora, para que aprendam algo.

Publicado por: Templário às fevereiro 28, 2005 09:51 PM

Ó caro «Templário», a filha do psicanalista, deputada do Bloco, não ia de Mercedes-Benz para a Assembleia da República ?
Enfim, sinto-me um pouco "mesquinho" em fazer-lhe esta pergunta. Não me leve a mal ...

Publicado por: asdrubal às fevereiro 28, 2005 10:15 PM

e o Asdrubal acha que a sra devia ir de carroça,do tempo da monarquia !?

Publicado por: zippiz às fevereiro 28, 2005 11:29 PM

Afixado por Joana em fevereiro 28, 2005 09:39 PM

eu nunca estou contente... e Vc quando é que perde esse mau-feitio face ao BE ? ou também - como acham os analistas ridículos de direita - acha que 370000 eleitores são todos trostkistas ?

Publicado por: zippiz às fevereiro 28, 2005 11:33 PM

asdrubal em fevereiro 28, 2005 10:15 PM

Não se sinta mesquinho, pois essa menina já tinha passeado seu mercedes pela Europa. o problema dos CDS é que só vão de avião... e deixam cá os mercedes, por isso os aconselhei a fazerem um "tour" ça fait du bien...

Publicado por: Templário às março 1, 2005 12:06 AM

zippiz em fevereiro 28, 2005 11:33 PM

Eu diria ( e n votei no bloco ) que são 370.000 eleitores bem esclarecidos, e que no CDS, haverá apenas uns 20% de esclarecidos. É um eleitorado basicamente ignorante. Por isso P.Portas sabe a força que é 370.000 esclarecidos.

Publicado por: Templário às março 1, 2005 12:12 AM

... ehehehe, não Zippiz, ora essa, para os transportar sugeriria a mula simples, mas com albarda.

Publicado por: asdrubal às março 1, 2005 12:17 AM

asdrubal em fevereiro 28, 2005 10:15 PM

Um mercedez custa 500€ / mês, você faz um renting para um C220 e é o que paga, não me diga que um psicanalista deputado não tem dinheiro para comprar um mercedez.

Publicado por: Gato Fedorento às março 1, 2005 12:22 AM

mas não era o cds que dizia que deviamos ser 10Milhões de patrões ? então caro Asdrubal , arranje aí 10.000.000 de mulas para transporte pessoal ...

Publicado por: zippizz às março 1, 2005 12:30 AM

Conheço algum do eleitorado do CDS/PP, rural empobrecido, que trabalha numa fabriqueta 10 / dia e 3 horas na horta, é na sua maioria, iletrado, vão pela ideia do "Senhor", do Padre ou do Doutor, porque, consideram eles, são pessoas que "sabem"

Publicado por: Gatos Fedorentos às março 1, 2005 12:31 AM

Afixado por: Gato Fedorento em março 1, 2005 12:22 AM
.
A questão não é o Mercedes, homem, a questão é de quem se "incomoda" com o Mercedes na garagem do vizinho. E 500 euros/mês são pelo menos duas pensões de velhice. Não sabia ?

Publicado por: asdrubal às março 1, 2005 12:38 AM

asdrubal em março 1, 2005 12:38 AM

Eu nunca vi ninguém do BE a preocupar-se com os mercedez, mas se o amigo diz, quem sou eu para desmenti-lo.

Vi foi o BE a preocupar-se com quem anda de mercedez e não paga a SS dos seus trabalhadores, ou não paga os ordenados a tempo e horas porque tem que pagar o Mercedez.

Publicado por: Gato Fedorento às março 1, 2005 12:46 AM

Gato Fedorento,
E, por acaso, o Francisco Louçã não é um Doutor ? Ómessa.
Bem, vou ficar por aqui. Estou muito preocupado com o Sr General Loureiro dos Santos e a questão dos Submarinos. Uma boa-noite a todos.

Publicado por: asdrubal às março 1, 2005 12:52 AM


Zipzip:

Os 370 000 eleitores do bloco não são Trotskistas (eles sabem lá o que isso é), assim como os eleitores do Hitler também não eram Nazistas (eles sabiam lá o que isso era).

Curiosamente o Trotskismo é muito semelhante ao Nazismo nos seus aspectos mais negativos. Nomeadamente o Trotskismo tem como fundamental um conflito militar com os países vizinhos que não partilhem a mesma ideologia.

Curiosamente o BE usa o mesmo método que Hitler usou para conquistar eleitorado.

Quem leu o programa eleitoral do BE (como eu) percebe de imediato o que é o Bloco. Dos 10 pontos fundamentais para o BE, 9 não eram sobre política mas sobre questões morais como o aborto.
E o único que era sobre política (promover a criação de emprego) era estranhamente vago e oco sobre como o fazer. Limitava-se a propor alguns apoios a empresas, apoios esses que aliás já existem.

Quem votou BE passou um cheque em branco. Os 370 000 eleitores do BE são uns irresponsáveis, e isto já é um elogio.

http://politicaxix.blogs.sapo.pt/

São é inconscientes para não dizer outra coisa.

Publicado por: TheStudio às março 1, 2005 02:51 AM

O futuro é a China...

E por onde a China for, os outros imitarão mais tarde ou mais cedo.

Dizer que há uma direita liberal em Portugal é da mais elementar ignorância.

Publicado por: Mário às março 1, 2005 10:34 AM

Mário em março 1, 2005 10:34 AM

Para onde a China for não resta lugar para mais ninguém.

Publicado por: Senaqueribe às março 1, 2005 10:57 AM

Mário em março 1, 2005 10:34 AM

Para onde a China for não resta lugar para mais ninguém.

Publicado por: Senaqueribe às março 1, 2005 10:57 AM

Mário em março 1, 2005 10:34 AM

Para onde a China for não resta lugar para mais ninguém.

Publicado por: Senaqueribe às março 1, 2005 10:58 AM

Afixado por: Senaqueribe em março 1, 2005 10:58 AM

Eu estou a pensar em aprender chinês...

No futuro vai haver menos espaço para quem tem demasiados receios.

Publicado por: Mário às março 1, 2005 01:18 PM

"Para que ter um Inimigo se pode ter um Amigo como este" -> amigopublico.blogspot.com

Publicado por: Amigo Publico às março 1, 2005 01:51 PM

TheStudio:

Com que então andou a ler programas eleitorais... Algures nos arquivos deste Blog há uma referência interessante. Dizia respeito ao programa do PSD, referia-se que era muito bom, elaborado por pessoas muito esclarecidas e conhecedoras dos assuntos de gestão e reestruturação (no caso, da função pública). O senão era que esse programa é que tinha sido lido por engano, dizia respeito não a estas de 2005 mas às anteriores eleições e que nada daquilo a que se propunha tinha sido concretizado.
Conclusão: sempre que votar passa um cheque em branco pois não sabe que medidas irão tomar...

Não é o aborto uma questão política? Tem, tal como todas as questões políticas, implicações morais. Não é daqueles que vê a política económica como sendo toda a política, pois não?


PS: Um pouco antes fiquei a saber que certas pessoas do bloco de esquerda andavam de mercedes. Estou chocado! Toda a gente sabe que quem é de esquerda tem de fazer voto de pobreza, andar descalço e ter como bens apenas a roupa que trás no corpo.

Publicado por: Razio às março 1, 2005 03:14 PM

TheStudio em março 1, 2005 02:51 AM

Quando não se sabe do que se fala o melhor é estar calado.

O criador deu-nos uma boca e duas orelhas, que é para ouvir mais do que se fala, quando não sabemos do que estamos a falar.

Publicado por: Gatos Fedorentos às março 1, 2005 03:24 PM

Razio em março 1, 2005 03:14 PM:
Plenamente de acordo. Mas, por uma questão de consciência e coerência, o primeiro acto após a inscrição no partido de esquerda será a de dar o Mercedes aos pobrezinhos.

Publicado por: Sa Chico às março 1, 2005 04:15 PM

"o primeiro acto após a inscrição no partido de esquerda será a de dar o Mercedes aos pobrezinhos"

A direita (tradicional) é que é a favor da caridade para com os "pobrezinhos". A esquerda NÃO é a favor da caridade. É a favor de soluções institucionais, não de soluções caritativas, para a pobreza.

Publicado por: Luís Lavoura às março 1, 2005 05:24 PM

Razio:

O programa do PSD pode não ter sido levado a cabo por diversas razões: Porque a situação do país não era aquela que fora assumida aquando da elaboração do programa de governo, porque houve lobbies e forças de bloqueio que impediram determinadas leis ou reformas, ou mesmo por incapacidade ou incompetência das pessoas seleccionadas para levar a cabo essas medidas.
Mas pelo menos ficou claro que no PSD existem pessoas esclarecidas e conhecedoras dos assuntos de gestão e reestruturação. Já no BE, o que fica claro é que não existem pessoas esclarecidas nem com conhecimento do que se passa no país. Por isso ocupam-se com os mais variados "fait divers".

Quanto ao aborto é uma questão ética e não política. As questões éticas deveriam ser decididas por referendo e não faz sentido que sejam parte integrante de programas de governo.

http://politicaxix.blogs.sapo.pt/

Quanto ao gato fedorento, que aparenta ser o eleitor típico do BE, quando disser alguma coisa de jeito eu respondo.

Publicado por: TheStudio às março 1, 2005 05:55 PM

Luis Lavoura:

Andas a confundir Direita com Esquerda. Completamente. Deves ser um dos muitos que afirmam "Eu sou de Esquerda" sem saber o que está a dizer e depois defendem posições de Direita.

http://politicaxix.blogs.sapo.pt/

Vê nesse blog a definição de "ser de esquerda"

Publicado por: TheStudio às março 1, 2005 05:59 PM

De facto o texto de Joana esmaga em claridade e interesse os comentários que vão por aqui abaixo e dos quais, obviamente, não me excluo.
A tese é a hipotética implosão (por alargamento) do "centro político" e eventualmente do próprio Estado ou, se se preferir, desta República. É normal. Em França vão na V ou VI República e nem por isso os cidadãos alguma vez puseram em causa os fundamentos essenciais da democracia.
E sou monárquico, sim, caro Zippiz, porque acredito que no topo do Estado deve existir uma legitimidade assimétrica da que é conferida pelas dialécticas eleitorais da res-pública (ainda por cima constituída por partidos cujo escrutínio interno é invariávelmente uma borrada), e cujo resultado passa pela magia de um «Presidente de todos os portugueses». Aliás viu-se. Agora matem-me, ehehe !

Publicado por: asdrubal às março 1, 2005 06:05 PM

TheStudio em março 1, 2005 05:55 PM

Não, o aborto não é "uma questão ética" é uma questão de saúde publica, e um estado, como o nosso, laico, só tem que resolver o problema de uma vez por todas, e não é a prender as mulheres que praticam o acto.

A direita é que gosta de tapar o sol com a peneira e assobia para o ar como não tivesse um problema, e repito, de saúde pública para resolver.

Quem fala daquilo que não sabe.......

Publicado por: Gato Fedorento às março 1, 2005 09:34 PM

TheStudio em março 1, 2005 05:55 PM

O aborto uma questão ética ? essa foi o Portas que lhe contou.

Não, o aborto não é "uma questão ética" é uma questão de saúde publica, e um estado, como o nosso, laico, só tem que resolver o problema de uma vez por todas, e não é a prender as mulheres que praticam o acto.

A direita é que gosta de tapar o sol com a peneira e assobia para o ar como não tivesse um problema, e repito, de saúde pública para resolver.

Quem fala daquilo que não sabe.......

Publicado por: Gato Fedorento às março 1, 2005 09:39 PM

TheStudio em março 1, 2005 05:55 PM

Não, o aborto não é "uma questão ética" é uma questão de saúde publica, e um estado, como o nosso, laico, só tem que resolver o problema de uma vez por todas, e não é a prender as mulheres que praticam o acto.

A direita é que gosta de tapar o sol com a peneira e assobia para o ar como não tivesse um problema, e repito, de saúde pública para resolver.

Quem fala daquilo que não sabe.......

Publicado por: Gatos Fedorentos às março 1, 2005 09:42 PM

TheStudio em março 1, 2005 05:55 PM

Não, o aborto não é "uma questão ética" é uma questão de saúde publica, e um estado, como o nosso, laico, só tem que resolver o problema de uma vez por todas, e não é a prender as mulheres que praticam o acto.

A direita é que gosta de tapar o sol com a peneira e assobia para o ar como não tivesse um problema, e repito, de saúde pública para resolver.

Quem fala daquilo que não sabe.......

Publicado por: Gatos Fedorentos às março 1, 2005 09:46 PM

TheStudio em março 1, 2005 05:55 PM

Não, o aborto não é "uma questão ética" é uma questão de saúde publica, e um estado, como o nosso, laico, só tem que resolver o problema de uma vez por todas, e não é a prender as mulheres que praticam o acto.

A direita é que gosta de tapar o sol com a peneira e assobia para o ar como não tivesse um problema, e repito, de saúde pública para resolver.

Quem fala daquilo que não sabe.......

Publicado por: Gato Fedorento às março 1, 2005 09:49 PM

De saúde pública? Matar uma vida é uma questão de saúde pública?

Publicado por: Roger às março 1, 2005 10:20 PM

Albatroz: concordo consigo. Acho que esta visão tem algumas, ou mesmo fortes possibilidades de acontecer.
Quando se falava do fim da 3ª República todos pensamos em revoluções. A Joana aparece com uma teoria que tem suporte. Lembro-me da altura do PRD que aquilo constituiu uma "revolução". O sistema político nunc mais foi o mesmo.

Publicado por: Viegas às março 1, 2005 11:01 PM

Gatos fedorentos, para dizer asneiras uma vez basta, não é preciso repetirem-se tanto.

Não sei o que Portas diz sobre este assunto, mas ele é um tanto como vocês, com diferença que defende a posição oposta. Seja como for eu tenho ideias próprias, não preciso de ler a cartilha do partido para saber qual é a minha opinião.

A questão do aborto, repito, é uma questão ética.
Obviamente que não sabes o que é ética nem saúde pública por isso não me vou alongar. Vou apenas explicar-te porque temos uma boca e duas orelhas.
Temos uma boca, porque ela é suficiente para permitir a transmissão dos sons emitidos pelas cordas vocais e temos dois ouvidos porque o ser humano precisa de dois ouvidos e não apenas de um. Consegues descobrir porquê, ou precisas de ajuda?

http://politicaxix.blogs.sapo.pt/

Publicado por: TheStudio às março 1, 2005 11:03 PM

Este blogue é único. Não me refiro à maior ou menor qualidade. A mim parece-me de bom nível. Refiro-me ao estilo:
1 - É um blogue individual, portanto com poucas "afixadelas". Uma por dia "útil", raramente mais.
2 - Tem imensos comentários. É de longe o blogue com mais comentários por afixadelas.
3 - Mais de metade vem aqui arriar na autora, ou uns nos outros.
Apesar da boa qualidade do blogue, é difícil de entender

Publicado por: Benamor às março 1, 2005 11:27 PM

Não vejam nisto crítica. Eu até acho piada e venho divertir-me para aqui a ler os posts e os comentários

Publicado por: Benamor às março 1, 2005 11:31 PM

Benamor em março 1, 2005 11:31 PM

Este Blog é de facto o melhor que há, porque sua autora, faz questão de defender ideias do século passado, e como é uma direitista convicta, consegue ressuscitar todas as múmias desde o século XV, e quando tal não lhe chega, consegue até chamar Plutarco à discussão, sem no entanto levar a melhor, pois seus comentaristas, têm uma devota missão, que é colocá-la no bom caminho.... estamos assim "amarrados" nesta missão Divina de a levar a bom porto...

Ela ainda nem sequer reconheceu, nem tão pouco deu o bracinho a torcer, pela grande capacidade destes comentaristas baratos... em acertarem antes de todas as sondagens e estatísticas nos resultados desastrosos da Direta cegueta, pois bem sabemos que a Direita é torta, tonta, e seus neurónios apresentam umas falhas ao nível das baínhas de mielina...

Publicado por: Templário às março 1, 2005 11:53 PM

Benamor em março 1, 2005 11:31 PM

Este Blog é de facto o melhor que há, porque sua autora, faz questão de defender ideias do século passado, e como é uma direitista convicta, consegue ressuscitar todas as múmias desde o século XV, e quando tal não lhe chega, consegue até chamar Plutarco à discussão, sem no entanto levar a melhor, pois seus comentaristas, têm uma devota missão, que é colocá-la no bom caminho.... estamos assim "amarrados" nesta missão Divina de a levar a bom porto...

Ela ainda nem sequer reconheceu, nem tão pouco deu o bracinho a torcer, pela grande capacidade destes comentaristas baratos... em acertarem antes de todas as sondagens e estatísticas nos resultados desastrosos da Direta cegueta, pois bem sabemos que a Direita é torta, tonta, e seus neurónios apresentam umas falhas ao nível das baínhas de mielina...

Publicado por: Templário às março 1, 2005 11:54 PM

TheStudio em março 1, 2005 11:03 PM

Não alimento polémicas com pessoas que engoliram a "K7" e que só gostam de dizer ou escrever o obvio, no entanto vou-te dar uma oportunidade, - (é ético e pronto não se fala mais nisso?), esta posição combati eu antes do 25 de Abril, diz então porque é ético, PORRA !

Publicado por: Gatos Fedorentos às março 2, 2005 12:14 AM

Tem piada. A mim é que me parece que você defende ideias do século XIX.

Publicado por: Benamor às março 2, 2005 09:41 AM

Afixado por: Benamor em março 2, 2005 09:41 AM

Tem razão... e não terá. Não interessa muito quando as ideias tiveram origem mas, neste caso, quando provaram à saciedade que estavam erradas.

E não é difícil, olhando para o mundo, ver quais são as ideias que continuam a mostrar validade, não pela imposição mas se aproximarem masi da realidade.

Publicado por: Mário às março 2, 2005 01:58 PM

Gatos Fedorentos:

Já compreendi porque razão o PCP e BE falam a uma só voz eh eh eh... não discutem com alguém que engoliu uma k7, o que inviabiliza qualquer debate interno.
Quanto ao facto do aborto ser uma questão ética não me parece que requeira grandes justificações. Decorre de imediato da definição de ética. Há quem veja no aborto uma prática aceitável e há quem veja no aborto uma prática moralmente inaceitável. Isso por definição é ética.

Só para terminar, o gato tem dois ouvidos não para ouvir mais que fala, mas porque é o facto de ter dois ouvidos (em vez de um) que lhe permite determinar a proveniência dos sons (se o som vem de cima ou debaixo, da direita ou da esquerda, etç)

http://politicaxix.blogs.sapo.pt/

Publicado por: TheStudio às março 2, 2005 02:46 PM

TheStudio em março 2, 2005 02:46 PM

Ética? moral?

Quem é quem para determinar que o aborto é eticamente imoral? Isso são conceitos que não fazem sentido, percebes?

O aborto é um problema de saúde pública porque é feito, na maioria dos casos, em condições deploráveis de higiene e sem assistência médica, e nestas condições são feitos uns milhares por ano, percebes?

O aborto é um dogma da igreja católica e, embora esteja escrito na Constituição que somos um estado laico, os nossos governantes teimam em fazer “tábua rasa” da nossa escritura fundamental que é a Constituição, para dar ouvidos a uma dúzia de clérigos retrógradas e fundamentalistas que existem na já referida Igreja Católica, percebes?

Publicado por: Gato Fedorento às março 2, 2005 04:57 PM

TheStudio em março 2, 2005 02:46 PM

O direito canónico tem expressões de critica ao aborto, mas nada fala sobre a pedofilia.

Porque será?

Publicado por: Gatos Fedorentos às março 2, 2005 08:00 PM

Este artigo sobre o futuro do PP está muito bem esgalhado e com muita lucidez. Não se mete a fazer previsões com ar de iluminado, como muitos fazem, mas dá pistas muito lúcidas daquilo que poderá ou não acontecer e porquê.

Publicado por: Lopes às março 2, 2005 11:09 PM

Interessantes, as perspectivas que mostra

Publicado por: Cerejo às março 2, 2005 11:29 PM

Afixado por: Gatos Fedorentos em março 2, 2005 08:00 PM
Porque será que o Direito Canónico nada diz sobre pedofilia?
As freirinhas que se encarregaram da minha instrução primária não deviam ser propriamente especialistas em Direito Canónico, mas dentro do que sabiam sempre me foram dizendo que aos sete anos uma criança que morre já pode ir para o Céu, se for virtuosa, ou para o Inferno, se for pecadora.
Temos portanto que, para a igreja Católica, já somos moralmente responsáveis aos sete anos de idade.
Aos doze ou treze, diz-nos a Biologia e a Igreja não desmente, somos sexualmente maduros.
Resulta daqui logicamente que ter relações sexuais com uma pessoa de treze anos - moralmente responsável e sexualmente madura - só é pecaminoso porque falta a essas relações a sanção sacramental do Sagrado Matrimónio.
Acresce que nos tempos áureos da Igreja Católica, quando o normal era as pessoas morrerem aos vinte e poucos ou trinta e poucos anos, quem não se casasse novo, muito novo, corria o risco de nunca se reproduzir, desobedecendo assim à ordem de Deus «crescei e multiplicai-vos».

Publicado por: Zé Luiz às março 3, 2005 10:29 AM

Não diga isso, se não ainda se põe a hipótese do aborto poder ser até aos 7 anos.

Publicado por: Absint às março 3, 2005 10:46 AM

Absint: não seja cavernícola.

Publicado por: vitapis às março 3, 2005 11:48 AM

A sabedoria convencional da direita afirma que os portugueses têm aversão ao risco e à inovação, que são preguiçosos, que são mesquinhos e invejosos e que esperam tudo do Estado. Neste post, como em muitos outros, a Joana tem-se feito porta-voz desta sabedoria.
Quanto à aversão ao risco, não é uma característica específica dos portugueses. Qualquer ser humano mentalmente são aspira à segurança económica e gosta de saber com o que pode contar no futuro. É certo que uns estão mais dispostos a arriscar do que outros, mas isso depende não só da natureza de cada um, mas também e sobretudo do muito ou pouco que cada um tem a ganhar ou a perder.
Não é especialmente digno de admiração arriscar uma fortuna quando se tem outra de reserva; mas já não se pode exigir a ninguém que arrisque a sua única fonte de rendimento quando o insucesso acarreta consigo a miséria.
Quanto a serem preguiçosos, não é verdade. São dos povos que mais trabalham na Europa. Produzem pouco: isto deve-se, não à pequena quantidade, mas à pouca qualidade do trabalho. E continuarão a produzir pouco enquanto os salários forem tão baixos que continue a ser economicamente mais racional para um empregador pagar a incompetentes do que investir em investigação e desenvolvimento.
Quanto à inveja, já alguém aqui disse que uma coisa é incomodarmo-nos por o vizinho ter um Mercedes, outra é incomodarmo-nos com os meios que usou para o adquirir. Quem não paga os seus impostos, por exemplo, ou retém o salário dos seus trabalhadores (pecado este que, na doutrina cristã, «brada aos céus») não tem nada que andar de Mercedes, nem de Ferrari, nem sequer de Fiat Punto: tem é de estar quietinho na cadeia.
Como há demasiados Mercedes imerecidos e demasiado poucos que sejam merecidos, a primeira coisa que o português médio assume quando se cruza comm um é que se trata de um dos primeiros.
A inveja dos portugueses é muitas vezes mesquinha e algumas vezes injusta; mas, cara Joana é sempre racional.
E também nao é verdade que os portugueses esperem tudo do estado. Pelo contrário, se há povo que espere pouco do Estado, que desconfie dele e que o sabote sempre que pode, é sem dúvida o povo português. Sucede apenas que, desconfiando do Estado, os portugueses desconfiam ainda mais dos poderes exteriores ao Estado, como as igrejas e as empresas. Têm razões para isto: historicamente nunca foram bem tratados, nem pelo poder religioso, nem pelo poder económico, nem por qualquer outro poder que não fosse, ainda que pontualmente e pelas piores razões, o do Estado.
Neste particular eu, que em tantas outras coisas sou estrangeirado, sou um português típico: para mim o Estado não é o bem maior, mas é com certeza o mal menor.
Falta alguma coisa? Falta: a aversão à inovação. Sobre isto não tenho nada a dizer: a Joana e os neoliberais têm razão.

Publicado por: Zé Luiz às março 3, 2005 12:38 PM

Zé Luiz em março 3, 2005 12:38 PM:
Como escrevia Engels, citando um provérbio inglês, "a prova do pudim está em comê-lo". Quando as coisas não funcionam, por muitas "filosofias" que se exponham sobre o assunto, a realidade está lá, e não há nada a fazer.
Na Alemanha, por exemplo, já se discute se será preferível continuar a cortar direitos sociais para manter empregos ou deixar fugir mais e mais indústrias para Leste, pagando a factura agravada de 5 ou 6 milhões de desempregados.
A Estratégia de Lisboa, que permitiria que a Europa passasse os EUA em 5 a 10 anos, está morta. A Europa está à beira da falência, e interroga-se se não deve adoptar o modelo americano, que já est´a ser adoptado na Europa de Leste (dos novos da UE)
Você parece o escolástico medieval a lutar contra a realidade, com prédicas angustiosas.
A realidade é o que é!

Publicado por: Joana às março 3, 2005 01:26 PM

Não é só na Alemanha. Em França já se fala na esquizofrenia. As pessoas anseiam pela segurança, pelo "antigamente", mas estão angustiadas pela realidade do dia a dia, e temem o pior.

Publicado por: Hector às março 3, 2005 03:01 PM

Em Portugal teve resultados positivos. A esquizofrenia levou Sócrates ao poder. Sabe-se lá a que levará depois

Publicado por: Rave às março 3, 2005 03:16 PM

Leva à esquizofrenia do próprio Sócrates

Publicado por: Coruja às março 3, 2005 04:10 PM

O seu Blogger provider está bom para ir esfregar escadas. Que coisa ronceira. Quando é que mudam de servidor?

Publicado por: Coruja às março 3, 2005 04:12 PM

Enquanto houver mais americanos a querer andar de Mercedes do que europeus a querer andar de Buick, essa da falência da Europa não me convence...
Mas isto é o meu discurso etéreo, que a Joana tão justamente me censura. Vamos a factos.

Facto: a mobilidade social ascendente, que está no cerne do Sonho Americano, atingiu o seu apogeu na América nos anos 60, e tem estado a decair desde então. Simultaneamente tem estado a aumentar na Europa. Hoje há maior mobilidade social ascendente na Europa do que na América. Estatisticamente a probabilidade de uma pessoa nascida pobre enriquecer é três vezes mais alta na Suécia do que nos EUA.

Facto: A competitividade na Europa também está a ultrapassar a americana. Dos dez países mais competitivos do mundo, cinco são sociais-democracias norte-europeias - incluindo, no primeiro lugar, a Finlândia.

Facto: Em 2002 a produtividade do trabalhador americano médio era de $38,83 por hora de trabalho. Na Noruega era de $45.55. Também na Bélgica, na Irlanda e na Holanda era mais alta do que nos EUA. Quanto aos grandes, a Alemanha também superava a América; e, surpresa das surpresas, até a decadente França superava os EUA, conseguindo um lugar no podium a nível mundial. Nada menos que o terceiro lugar, logo atrás da Noruega e da Bélgica. A níveis semelhantes aos do EUA tínhamos a Dinamarca, a Áustria, a Itália, a Suíça e a Finlândia. É verdade que desde 2002 a produtividade americana tem estado a aumentar, mas ainda é cedo para saber se vai ou não superar a das sociais-democracias do Norte da Europa.

Facto: estatisticamente está provada a correlação entre o investimento em Investigação e Desenvolvimento e o crescimento da produtividade. Este investimento tem crescido na Europa e decrescido na América. Em meados da década de 90 a Europa ultrapassou a América na produção de literatura científica, e desde então a diferença não tem parado de crescer.

Facto: a Europa está à frente da América nas tecnologias de comunicação sem fios, e a diferença continua a crescer.

Facto: as empresas europeias estão oito meses mais avançadas do que as americanas na computação em rede, que muitos consideram ser o próximo salto qualitativo no desenvolvimento da Informática.

Facto: mesmo assim, a Europa continua a produzir menos do que a América (entre 92% e 97% do nível americano, dependendo de como se façam as contas). Maior produção com produtividade mais baixa só se consegue com mais horas de trabalho. Ou seja: os Europeus têm mais tempo livre do que os americanos. Um trabalhador francês médio trabalha 1562 horas por ano, de acordo com dados de 2000, enquanto um americano é obrigado a trabalhar 1877 - mais 37 do que os próprios japoneses!

Facto: a criação de novos empregos que se verificou na América no fim da década de 90 foi uma bolha que rebentou. Os novos empregos foram criados no comércio e não na indústria e foram alimentados pelo aumento das compras a crédito.

Facto: a UE é hoje o maior mercado interno do mundo.

Facto: a UE é a maior potência do mundo no comércio de bens.

Facto: A UE é hoje a maior potência do Mundo na troca de serviços.

Facto: a Europa tem um superavit no comércio externo, a América tem um défice (por sinal, enorme).

Facto: A Europa tem um PIB maior do que a América: $10,5 triliões em 2003 contra $10,4 triliões.

Facto: a Europa está a criar uma rede continental integrada de transportes, uma de electricidade e energia, uma de comunicações -coisas que a América nunca criou em 200 anos de história. Provavelmente, dirá a Joana, porque não as achou necessárias.

Facto: O Euro afirma-se cada vez mais contra o dólar como moeda de reserva. As consequências negativas para a Europa do Euro alto não se estão a verificar: continuamos a exportar mais do que importamos enquanto a América importa mais do que exporta.

Facto: O PIB da Alemanha excede o da Califórnia. O PIB do Reino Unido excede o de Nova Iorque. O PIB da França excede o do Texas em quase 50%. O PIB da Itália é quase o dobro do da Florida. O PIB da Espanha excede largamente o do 5º maior estado americano, o Illinois. E assim sucessivamente.

Facto: segundo o «ranking» da Global Fortune 500, das 140 maiores empresas do mundo 61 são europeias, 50 são americanas e 29 são asiáticas. A Shell e a BP são a 4ª e 5ª empresas do mundo. A Nokia é o maior produtor mundial de telemóveis. A Vodafone (britânica) é a maior empresa de telecomunicações do mundo. A Bertelsmann é a terceira empresa de media do mundo, depois da Time Warner e da Disney. A Airbus controla hoje 76% do mercado mundial de aviões de passageiros.

Facto: A Deutsche Post está a caminho de se tornar a maior companhia de entregas do mundo - à frente da DHL, que também é europeia, e está a tentar adquirir parcelas de acções que lhe permitam controlar a UPS e a Federal Express.

Facto: dos vinte maiores bancos comerciais do mundo, catorze são europeus, incluindo três dos quatro maiores: Deutsche bank, Credit Suisse e BNP Paribas.

Facto: das cinco maiores empresas de engenharia e construção civil do mundo, três são europeias. As outras duas são japonesas.

Facto: Na indústria alimentar, as duas maiores empresas do mundo são europeias: a Nestlé e a Unilever. No comércio de retalho, as duas maiores empresas do mundo são as europeias Carrefour e Royal Ahold.

Facto: oito das dez maiores companhias de re-seguros são europeias, incluindo a Munich Re e a Swiss Re em 1º e 2º lugar. Nos seguros de vida e saúde, as cinco maiores empresas são todas europeias. No campo dos seguros de propriedades e de acidentes as maiores companhias também são europeias.

Facto: Num estudo recente das cinquenta melhores empresas do mundo, efectuado pela «Global Finance», quarenta e nove eram europeias. Só uma era americana, a Hilton. As outras - Diageo, Ryanair, Electrolux, L'Oréal, etc., ganharam o seu lugar no ranking pela sua liderança inovativa e pelo seu espírito empreendedor.

Facto: As pequenas e médias empresas são em maior número na Europa do que nos EUA, representando 2/3 do emprego contra 49% na América.

Facto: as pequenas e médias empresas europeias têm demonstrado mais capacidade do que as americanas de se organizarem em rede, ganhando assim em economias de escala sem sacrificar a inovação e a flexibilidade próprias das organizações mais pequenas.

Facto: a Estratégia de Lisboa não está a ser um falhanço. Dos dezassete indicadores que estabeleceu para avaliar o seu desempenho em relação à América, já há dados disponíveis em relação a dez; e destes dez a Europa está à frente em três: número de graduados em engenharia e ciência, despesa pública em Investigação e Desenvolvimento, e novo capital investido. Em sete indicadores a Europa como um todo ainda está atrás da América, mas a Dinamarca, a Finlândia, a Suécia, a Holanda e o Reino Unido estão a avançar em todos eles mais depressa do que a América.

Facto: a Europa tem melhorado mais do que os EUA no acesso à Internet, no registo de patentes, na despesa per capita em tecnologias da informação e na percentagem de população com educação terciária. Nestes critérios os EUA ainda estão à frente, mas nós estamos a correr mais depressa.

Facto: A Europa tem 2,6 milhões de milionários, contra 2,2 milhões de milionários americanos. Este número é impressionante sobretudo se considerarmos que a desigualdade económica é muito maior na América.

E há ainda a sonda que enviámos para Titã, os 30 satélites que estamos a lançar para não dependermos do obsoleto GPS americano, a ultrapasagem da Europa aos EUA como destino de imigração geral, a ultrapassagem ainda maior como destino de imigração qualificada...


E há a famosa questão dos défices gémeos americanos, que segundo Joseph Stiglitz estão já fora de controle...

Não sou economista. Os factos que apresentei fui-os buscar, alguns, aos media generalistas. O último, o dos défices gémeos, é do conhecimento geral. Os outros fui-os buscar a um livro de jeremy Rifkin, «The European Dream». Não sendo economista, e não dispondo dos instrumentos críticos de que dispõe a Joana, não posso responder pela sua exactidão ou fidedignidade, e admito mesmo que Rifkin tenha sido selectivo na sua apresentação, omitindo outros que fossem no sentido contrário ao da sua tese.

Porém, e mesmo feitas estas ressalvas, o retrato que daqui resulta não é o duma Europa em falência.

Se eu conhecer a empresa A, que tem um activo considerável e nao tem passivo; e a empresa B, que, tendo também um activo considerável, tem um passivo enorme - concluo, na minha ingenuiddade de leigo, quwe se alguma das duas está em risco de falência, é a B.

Vem a Joana; invoca a sua autoridade como economista e como pessoa imersa no universo da iniciativa privada; acusa-me de passagem de não ter em conta a realidade; e diz-me, do alto da sua autoridade, que a empresa A é que está em falência, e que devia seguir o exemplo da empresa B.

Eu não quero pôr em causa a competência da Joana como economista, nem tenho esse direito. Mas peço-lhe uma coisa: explique-me, em palavras muito simples, tendo em conta que está a falar com um leigo, como é que isso pode ser.

Publicado por: Zé Luiz às março 4, 2005 09:39 AM

Sobre esse assunto, do DN de hoje:
A oposição conservadora alemã propôs ontem ao chanceler Gerhard Schroeder um programa em dez pontos com o objectivo de combater o desemprego e firmar um "pacto pela Alemanha", que permita superar a actual crise em que se encontra mergulhado o país. A União Cristã Democrata (CDU, na sigla em alemã), de Angela Merkel, e a União Cristã Social (CSU, em alemão), de Edmund Stoiber, enviaram uma carta a Schroeder, mostrando-se disponíveis para analisar com o chanceler a diminuição da carga burocrática sobre as pequenas e médias empresas, a criação de legislação para iniciativas conjuntas de empresas, que favoreçam a criação de postos de trabalho, e a redução das cotizações para os seguros de desemprego. Os dirigentes da oposição consideram na carta enviada a Schroeder (de visita à região do Golfo) que a existência de mais de cinco milhões de pessoas no desemprego, naquela que é a principal economia europeia, não pode ser tolerada por mais tempo. Existem hoje cerca de cinco milhões e 216 mil desempregados, ou seja mais de 12,5% da força de trabalho na Alemanha.

Publicado por: Novais de Paula às março 4, 2005 10:12 AM

Afixado por Zé Luiz em março 4, 2005 09:39 AM

Respondo-lhe rapidamente, ao almoço, mas julgo que seja o suficiente.
1 – Falei da UE, particularmente da Alemanha e França. Excluí o UK que, após as reformas de Thatcher, que Blair tem aproveitado para sobreviver politicamente, tem tido uma performance económica superior ao Continente, nomeadamente nos últimos anos, em que a crise se agravou.

Publicado por: Joana às março 4, 2005 01:08 PM

2 – A Noruega não faz parte da UE e é um dos maiores exportadores de petróleo. A produtividade macroeconómica é o VAB a dividir pela população activa. Este número reflecte a produtividade dos sectores exportadores. Um empregado de restaurante português pode ter mais produtividade em termos físicos do que o de um suíço, todavia o seu VAB (salário, mais remunerações sociais, mais uns pós) é muito inferior ao de um suíço. Isto porque não é um bem transaccionável com o exterior. Se você for ver a produtividade (VAB/N) do Dubai ou do Kuwait ficará espantado. É um indicador importante mas tem que ser manejado com ccuidado e sabendo o que se está a dizer

Publicado por: Joana às março 4, 2005 01:12 PM

3 – Desde a década de 20 que intelectuais europeus (quase todos da área da filosofia e sociologia) se afadigam a contar histórias sobre a América, antevendo o seu colapso próximo. Essa obsessão aumentou a seguir à guerra. Enganaram-se sempre. As histórias que você conta e outras podem ser lidas em qualquer desses livros que prevêem o próximo apocalipse americano. Não me vou debruçar sobre histórias de “pormenor”

Publicado por: Joana às março 4, 2005 01:22 PM

4 – O PIB americano é idêntico ao da UE. A população é que não é (290 milhões contra 455 milhões, ou seja 1,6 vezes maior), logo o PIB per capita americano é 50% superior ao europeu.

5 – Eu nunca disse que a UE é pobre. A UE é rica e cresceu muito nas “3 décadas de ouro”. A partir de meados dos anos 80 começou a desacelerar e há 3 ou 4 anos estagnou.

Publicado por: Joana às março 4, 2005 01:23 PM

6 - Dizer que estatisticamente está provada a correlação entre o investimento em Investigação e Desenvolvimento e o crescimento da produtividade, não tem significado. Depende do valor do coeficiente de correlação. São as sociedades com tecnologia mais avançada e maiores incentivos ao trabalho e esforço individual que captam os cérebros. Esta é uma matéria que já se conhece desde a 1ª metade do século XIX, quando se comparava o sistema educacional da França e da Prússia, superiores ao inglês, e era na Inglaterra que as indústrias inovavam.

Publicado por: Joana às março 4, 2005 01:23 PM

7 – Você cita exemplos, como a Finlândia e a Irlanda, que são casos de sucesso por diversos motivos e compara com um país gigantesco, em que coexistem Estados com desenvolvimentos e situações diferenciadas. Já agora, não se esqueça do Luxemburgo!
A sua afirmação que “Quanto aos grandes, a Alemanha também superava a América; e, surpresa das surpresas, até a decadente França superava os EUA” não me merece qualquer qualquer crédito. Como é que países que têm um PIB per capita cerca de 70% do americano (e isto apesar de uma valorização do euro em mais de 30%), têm um VAB/N superior? Aliás, em termos de paridade do poder de compra, o PIB americano deve ser ainda mais superior que em termos nominais, pois com a desvalorização, o custo de vida nos EUA deve ser bastante inferior ao da França e da Alemanha.

Publicado por: Joana às março 4, 2005 01:25 PM

8 – A UE sempre foi a maior potência a nível comercial (veja lá se não está a contar duas ou mais vezes, contando com o comércio intracomunitário). Isso decorre do facto de estar muito dependente do exterior a nível de matérias primas. Não me parece que essa comparação confira um estatuto de superioridade à UE perante os EUA. Uma maior dependência não me parece um factor de sucesso

Publicado por: Joana às março 4, 2005 01:26 PM

9 – A d´vida externa americana deriva de eles terem, desde a 2ª guerra mundial mais de 300 mil soldados em permanência no exterior, fora as alturas de guerra (Vietname, Afeganistão, Iraque, etc.), em que são mais. Não tem a ver com o modelo económico. O que é espectacular é a economia americana sobreviver e prosperar apesar do dinheiro drenado para o exterior que tal implica. Acha que a UE conseguiria isso?

Publicado por: Joana às março 4, 2005 01:27 PM

10 Você escreve : “Facto: O PIB da Alemanha excede o da Califórnia. O PIB do Reino Unido excede o de Nova Iorque. O PIB da França excede o do Texas em quase 50%. O PIB da Itália é quase o dobro do da Florida. O PIB da Espanha excede largamente o do 5º maior estado americano, o Illinois. E assim sucessivamente”.
Ó Zé luiz??? Compare as populações:
Alemanha (82 milhões) e Califórnia (34 milhões)?. Reino Unido (60 milhões) e Nova Iorque (19 milhões) ?. França (60 milhões) excede o do Texas (21 milhões) em quase 50% ... pois claro, tem o triplo da população. O PIB da Itália (58 milhões) é quase o dobro do da Florida (16 milhões) ... pois claro, tem mais do triplo da população. O PIB da Espanha (40 milhões) e Illinois (12 milhões)?
Acha que essa afirmação tem sentido?

Publicado por: Joana às março 4, 2005 01:29 PM

Finalmente: nunca me ouviu dizer que preferia o Estado “Social” americano. O que tenho escrito é que o modelo social europeu tem que ser reformado, sob pena de falir. E então será muito pior.
No caso português, onde eu tenho insistido é na ineficiência do Estado. Basta o exemplo da educação. Em termos de PI gastamos 50% mais que a média europeia e temos a pior educação da Europa. Nós não temos um Estado Social, temos um Moloch que devora a seiva vital do país e pouco dá em troca.

Publicado por: Joana às março 4, 2005 01:34 PM

Tudo bem, Joana.
mas lá que você falou no seu artigo, Textualmente, em «falência» da Europa, lá isso falou.
Ora o retrato que eu tracei, mesmo com as correcções que você lhe faz e eu lhe agradeço, não é o de uma Europa em falência. É quando muito o de uma Europa em dificuldades.
Quanto ao estado Social Europeu, concordo consigo: é preciso reformá-lo. O principal obstáculo a essa reforma é político: como convencer o homem comum que os reformadores do Estado Social querem mesmo reformá-lo, e não destruí-lo?
Porque há mesmo quem tenha interesse em destruí-lo; não nos iludamos quanto a isto. E enquanto não houver uma demarcação clara os reformadores genuínos terão um enorme problema de credibilidade.

A propósito, já leu «The Imaginary Time Bomb: Why an Ageing Population Is Not a Social Problem»? Não o achei tão convincente como o «European Dream» de Jeremy Rifkin (e mesmo neste não me convenceram muito as partes em que o homem se alonga sobre a modernidade americana e a pós-modernidade europeia); mas em todo caso vi nele pela primeira vez, em letra de forma, algumas das objecções que repetidamente tenho posto ao argumento demográfico tão utilizado pelos adverários (ou pelos reformadores, se preferir) do Estado Social.

Publicado por: Zé Luiz às março 4, 2005 03:21 PM

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