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agosto 03, 2004

Sócrates: da Ideologia à Tecnologia

E vice-versa

O Plano Tecnológico de Sócrates tem uma virtude: diz coisas sobre as quais estamos todos de acordo, excepto algumas franjas minoritárias da nossa sociedade. Falha onde nós sempre falhámos: não explica como é possível concretizar o plano.

O Plano é, por via disso, um rosário de banalidades: «estamos a divergir» ... temos que «descobrir como obter uma taxa de crescimento superior» ... «a nossa competitividade não pode continuar a assentar no velho e inviável modelo dos baixos salários», etc. e de ilusões, tais como «precisamos de retomar o rumo de uma convergência sustentada». A ilusão (?) de Sócrates é que nós nunca tivemos «uma convergência sustentada». A nossa convergência resultou do realinhamento de diversas variáveis macroeconómicas decorrente da adesão e do estabelecimento da moeda única e dos efeitos directos e, sobretudo, induzidos, dos fundos comunitários.

O governo de que o Engº Sócrates fez parte não se deu conta dessa ilusão. Com a queda drástica das taxas de juro e o incremento do consumo público, os agentes económicos, famílias e empresas, endividaram-se e a procura interna, o emprego e o PIB cresceram significativamente, mas de forma não sustentada. Neste quadro, e em face das debilidades estruturais da economia portuguesa, o que iria obviamente acontecer seria um aumento desmedido das importações, uma diminuição do peso das exportações e um desequilíbrio insustentável, a médio prazo, da balança de transacções com o exterior.

Esgotada a capacidade de endividamento de empresas, das famílias e do Estado (este por imperativos do PEC), veio a recessão e o desemprego, visto que, como Sócrates muito bem assinala no seu Plano, no enquadramento actual já não é possível esse ajustamento fazer-se recorrendo «às receitas tradicionais da desvalorização cambial». O reajustamento faz-se, mais tardiamente e mais dramaticamente, através da recessão e do desemprego. Foi o que veio a acontecer.

A afirmação de Sócrates que a «escolha do Governo foi apostar tudo numa agenda financeira e orçamental» está incorrecta. A contenção orçamental era um imperativo resultante de estarmos no euro. O insucesso dessa contenção (se não entrarmos em conta com as receitas extraordinárias) resultou fundamentalmente da recessão económica portuguesa gerada pela política financeira e económica do governo anterior (onde estava o Engº Sócrates) e do marasmo económico europeu, nosso principal parceiro comercial.

É evidente que Sócrates tem razão ao afirmar que o nosso problema está na economia e que a actuação do governo nessa área não foi convincente. Eu também tenho essa opinião. Todavia duvido que, por muito boa que tivesse sido a actuação governativa, fosse possível evitar o aumento do desemprego. Aliás, também duvido (e nisso concordo com Sócrates) que a diminuição da taxa de IRC tenha impacte significativo na competitividade.

A eterna questão de Portugal é que as medidas com impacte, capazes de inverter as tendências da nossa economia são muito difíceis de implementar porque bolem com todo o nosso tecido social, porque implicam sacrifícios no imediato em muitos segmentos sociais e porque não temos competências suficientes para as implementar no terreno.

Ora a questão que se coloca é saber se Sócrates está interessado nessa política de verdade ou se o «salto qualitativo» de que fala é apenas uma figura de retórica. Porque Sócrates pretende a quadratura do círculo: o salto qualitativo sem as medidas impopulares necessárias para se «formar» esse salto. Diz, por exemplo, que «países que recusaram uma visão neo-liberal conseguiram dar um salto qualitativo». Gostava de saber quais. Se ele se está a referir à Europa Central e Setentrional das «3 décadas gloriosas» entre o fim da guerra e o 1º choque petrolífero, está a viver de ilusões porque aquele enquadramento económico e demográfico já não se volta a repetir. E são justamente os países que deram aquele «salto» que agora tentam reajustar os seus modelos sociais e económicos para permitir sustentar a continuação do crescimento.

Quando Sócrates escreve que o problema está na «baixa infra-estrutura social, nomeadamente nos domínios da qualificação dos recursos humanos e da tecnologia» ou que «Quanto mais baixa é a qualificação dos recursos humanos, maior é a tendência para se instalarem actividades com baixa componente tecnológica, sobretudo quando as novas tecnologias reclamam elevadas competências» apenas edita algo que qualquer um de nós subscreveria. Mas isso não é suficiente.

O que Sócrates propõe a nível do ensino do Inglês, Português e Matemática é o que se pratica, por exemplo, na Suécia (pelo menos era o que se fazia há 3 anos quando passei por lá). A questão que ponho é saber porque é que os suecos conseguem isso (obviamente com o Sueco em vez do Português) com despesas na educação proporcionalmente inferiores às nossas e nós não o conseguimos sequer em Português e Matemática. Na Suécia não é possível a progressão de ano sem se passar nas 3 disciplinas. E há turmas de recuperação em horário suplementar para quem mostre dificuldades. Em Portugal tentaram-se medidas semelhantes mas não resultaram. Havia demasiadas reprovações o que degradava as estatísticas do ensino e as turmas de recuperação não funcionavam apesar do rácio professor-aluno ser superior em Portugal. A questão é que na Suécia, os professores, os alunos e os pais destes levam as coisas a sério e aqui todas aquelas corporações gastam as suas energias a arranjarem álibis para se subtraírem às chatices. E assim acabam todos por confluir no mesmo: diminuir, sempre e cada vez mais, os níveis de exigência.

David Justino declamou coisas maravilhosas sobre a educação. O que é que ele realizou? Sócrates proclama que temos que «desenvolver medidas sérias de combate ao abandono escolar». Medidas sérias? Antes deveria interrogar-se porque é que há décadas que ninguém leva a sério quaisquer medidas que se tomem e que acabam sempre por ficar sem efeito. Quando não se sabe como resolver as coisas, usam-se adjectivos e advérbios «fortes»: medidas «sérias», programas «consequentes». Que eu saiba, nunca ninguém prometeu medidas «hilariantes» ou programas «inconsequentes». Infelizmente foi o que sempre aconteceu depois.

Um edifício constrói-se a partir das fundações. Portanto, nesta matéria, Sócrates deveria primeiro resolver o que está de errado no sistema educativo português e pô-lo a funcionar devidamente. Mas sem gastar mais dinheiro, pois o nosso sistema educativo já é o segundo mais caro da UE dos 15, e o pior, de longe, em desempenho.

Relativamente à formação científica e profissional, Sócrates repete aquilo que todos os governos têm prometido, cada vez com mais veemência, de há décadas a esta parte, e sempre falharam a seguir. Não constitui por isso novidade.

Nesta matéria tenho verificado uma clivagem completa entre a comunidade universitária e científica e as empresas. A comunidade universitária e científica portuguesa não sabe o que se passa nas empresas e estas, na sua quase totalidade, não têm qualificação suficiente para saberem como melhorarem significativamente o seu desempenho.

Por um lado, para que as empresas admitam pessoal com elevada qualificação científica e apostem na inovação tecnológica, não basta que tal se encontre disponível no mercado. É preciso que elas percebam que isso lhes traz vantagens.

Por outro lado, não vale a pena apregoar grandes investimentos nas áreas de investigação científica e interessar os investigadores em permanecerem no país, sem se compreenderem as razões que levam a que a investigação científica não tenha efeitos práticos no tecido produtivo português.

Há que promover, de forma intensiva, protocolos entre empresas e universidades e centros científicos para dinamizar uma investigação com efeitos práticos. Promover a investigação para dizer que temos investigadores, para além dos efeitos positivos na docência universitária, é deitar dinheiro à rua. Nomeadamente porque os investigadores, para ascenderem na sua carreira (e não apenas por questões salariais) acabam por ir para o estrangeiro.

É óbvio que não devemos descurar a investigação abstracta. Interessa à melhoria da docência universitária e é um dever que temos para com os membros da nossa comunidade científica. Mas devemos sobretudo apostar na investigação ligada com o nosso tecido económico, porque aí se poderão gerar muitas sinergias que melhorem as qualificações e competitividade de empresas e institutos públicos e agarrem os investigadores aos nossos problemas e à sua solução.

É essa investigação que teremos que dinamizar quer através de incentivos às empresas, quer interessando nela universidades e centros científicos. E é essa investigação direccionada que poderá abrir novas perspectivas às empresas e às universidades e centros científicos e realimentar futuros desenvolvimentos. Só a permanente permeabilidade do conhecimento e de ideias entre as entidades económicas e científicas permitirá, em Portugal, o avanço científico e tecnológico de uma forma sustentada e a rentabilização dos investimentos na investigação.

Mas isso não pode ser feito «à portuguesa», aproveitando eventuais subsídios para as empresas obterem mão de obra barata durante alguns anos. Têm que ser protocolos com objectivos claros e com avaliações intermédias.

A questão socrática do Plano Tecnológico é que ele não é convincente para o tecido empresarial, porque se perde em banalidades, nem para a esquerda «mais à esquerda» para a qual o que continua a valer são os seus ícones ideológicos de que nunca abdicarão ... por muitos Muros de Berlim que caiam. Tecnologias ... disciplina orçamental ... competitividade ... avaliações de desempenho ... tudo truques do capitalismo para tornear os imperativos éticos e cívicos e vacilar a alma esquerda do PS.

Neste entendimento, a luta entre o Plano Tecnológico de Sócrates e o Plano Ideológico de Alegre pode acabar, em face das banalidades do primeiro e da obsolescência do segundo, numa mistela sem efeitos operativos, eventualmente satisfatória para a vender a eleitores em busca de ilusões. A menos que a consabida obstinação de Sócrates consiga outro tipo de equilíbrio.

Sócrates termina sublinhando que o seu Plano Tecnológico não é um truque de magia que aspire a transformar a nossa sociedade e a nossa economia da noite para o dia. Não ... ele teve o cuidado de dizer que levava algum tempo. Quanto ao resto, pela forma como está elaborado, parece mesmo um «truque de magia»

Publicado por Joana às agosto 3, 2004 10:25 PM

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Comentários

Joana ,
os Alegristas agradecem este seu post...ou talvez não , uma vez que Vc atira-se , de facto , é ao governo de Guterres - coitado do engº, não o deixam em paz ; aquela paz que têm dado ao transfuga Barroso - e com alguma razão !!

Publicado por: zippiz às agosto 3, 2004 10:58 PM

Zippiz: O governo do Guterres constiuíu um trauma profundo por várias razões, entre elas porque votei nele e não gosto de ser enganada. Durante os dois últimos anos, enquanto a maioria do pessoal andava satisfeita com o canto de sereia do Guterres, andava eu apavorada por sentir que o país estava à beira do abismo.

Felizmente o PEC obrigou o Guterres a tomar uma decisão: ele viu que não era capaz de reverter a situação e demitiu-se. Quanto mais tempo ele se tivesse mantido, maiores teriam sido os custos para repor a situação.

Publicado por: Joana às agosto 3, 2004 11:22 PM

Deixemos o Guterres e o Barroso em paz...

Censura filosofica

"Por que raio é o PS um partido da 'esquerda-moderada" e não apenas e só uma partido de 'esquerda'?"
"Apoiaria uma candidatura de Alberto João Jardim a Comissário Europeu tal como acabou por apoiar a de José Manuel (Durão) Barroso a Predisente da Comissão?"
"Prefere os cortes de cabelo do 'WIP' ou do 'Facto'?"

Três perguntas a que José Sócrates responderia como só ele sabe: "Deixe-me que lhe diga uma coisa..."

# posted by Mike http://www.portuguessuaveamarelo.blogspot.com/

Publicado por: zippiz às agosto 3, 2004 11:42 PM

O Sócrates é uma versão barata do PSL. A esquerda está mal se permitir que ele chegue à chefia do PS

Publicado por: c seixas às agosto 4, 2004 12:30 AM

Fernando Sobral
O DJ Sócrates
(Negócios)

A tecnologia é o álibi irrefutável para a falta de ideias. Basta ler o texto que José Sócrates publicou, ontem, no «Público».
O dirigente do PS parece um ilusionista: sem ideias, quer fazer de um gatinho saído de uma cartola, uma lebre ideológica. Não é. Sócrates diz que o problema do país é a economia. E que o «sucesso de crescimento» de Portugal está na opção tecnológica.

Ficamos contentes: Salazar considerava que o sucesso do país estava na campanha do trigo, Marcelo Caetano que estava em Sines e Vasco Gonçalves que estava na reforma agrária. Nos últimos anos até se pensou que estava nos centros comerciais, nos «clusters» de Porter e, mesmo, no futebol como indústria de ponta. A alternativa tecnológica de Sócrates é como a «paixão da educação» de Guterres: uma mão cheia de nada e a outra cheia de «chips» traduzidos para inglês.

Para Sócrates a esquerda moderna tem como plataforma política a tecnologia. Como a tecnologia não tem ideologia, o próximo ministro de Sócrates para o lugar até pode ser um DJ contratado no Lux.

Publicado por: vitapis às agosto 4, 2004 12:43 AM

Excelente texto, Joana

Publicado por: Viegas às agosto 4, 2004 12:45 AM

vitapis: essa está de morte

Publicado por: c seixas às agosto 4, 2004 12:53 AM

Esperem aí!... estão a falar de quem?
Eu também acho que já ouvi falar dele...Ah! já sei é do José Pedro Sócratesde Santana Lopes, não é?......... Bem... se calhar não é... elucidem-me lá por favor.


Um abração do
Zecatelhado

Publicado por: Zecatelhado às agosto 4, 2004 04:06 AM

O Sócrates tá feito. Também tá a ser perseguido pelos intelectualoides

Publicado por: VSousa às agosto 4, 2004 09:58 AM

Não há piores inimigos que os da própria casa. Olhem os comunistas ortodoxos e os renovadores (sem falar nos que foram saindo aos poucos). Comem-se vivos

Publicado por: Bsotto às agosto 4, 2004 03:56 PM

Gostei da sua análise. Mas parece-me que não há lugar para esquerda moderna no PS actual

Publicado por: Bsotto às agosto 4, 2004 03:58 PM

Outra do mesmo:
Fernando Sobral
Os dilemas do PS

O PS está a tentar organizar a anarquia interna. É uma tarefa árdua, digna de Astérix ou mesmo de Hercule Poirot.
Este último poderia ser convidado porque as suspeições sobre as eleições já são tantas que, se não estivéssemos perante um conclave de um partido político, parecia que as urnas de votos estavam na Somália.

Astérix seria necessário porque transformar um partido que se canibaliza com tanta insistência num arauto da oposição requer uma poção mágica.

Há algo de preocupante no PS: é oposição a si próprio. Apetece dizer: dr. Mário Soares venha pôr ordem no infantário em que se tornou o partido que criou. O PS, tal como está, entregue às conversas privadas de Sérgio Sousa Pinto e às denúncias públicas de João Soares, é o bichinho de estimação de Pedro Santana Lopes. Este escusa de dizer «senta»! O PS é o «action man» do Governo.

Por alguma razão a oposição é o dr. Marcelo Rebelo de Sousa e o dr. Pacheco Pereira. O PS é um faquir: espeta garfos em si próprio. Com candidatos a líderes destes, o Governo pode dar férias aos ministros que acabaram de tomar posse. Ninguém nota.

Publicado por: Vitapis às agosto 4, 2004 04:28 PM

O artigo do Eng. Socrates para além de reiterar alguns elementos de análise que são hoje recoonhecidos pela quase unanimidade dos analistas (excepto aqueles grupo habitual de obnibluados pelas suas simpatias pessoais partidárias) é em boa verdade uma colecção de lugares comuns com algumas "falsas boas ideias". Fica-se mesmo com a sensação que este artigo surge no Publico como uma espécie de manifesto eleitoral, e talvez para tentar demonstrar que ha qualquer no seu espírito para além da imagem mundana e bem pensante apresentada no Expresso.

Sobre o fundo da questão - esta ideia de que o "plano tecnológico" vai salvar Potugal é em boa verdade uma miragem. Por um lado o Estado (responsável pela parte de leão no chamado investimento nacional de I&D) não tem condições para impor mudanças duradouras na estrutura produtiva. O panorama empresarial neste domínio ilustra a solidez e profundidade do pensamento dos movimentos ditos cívicos animados pelos representantes desta classe: o investimento destas organizações em I&D é aquilo que as estatísticas demonstram - típicamente inversamente proporcional às remunerações dos quadros dirigentes.

Em relação às sugestões para o sistema educativo: a ideia de concentrar esforços no Inglês, Matemática e Português até pode parecer meritória mas a capacidade real de obter resultados depende dum factor crucial - um ensino assente numa cultura de exigência e desempenho.

Publicado por: Carlos às agosto 4, 2004 09:24 PM

Excelente comentário, Carlos

Publicado por: Sargão às agosto 5, 2004 01:37 AM

Uma das melhores análises que li sobre Sócrates.
Parabéns pelo seu blog

Publicado por: Desfeito às agosto 5, 2004 01:46 AM

O seu blog não tem a enorme quantidade de posts dos outros, mas todos os seus posts são de elevada qualidade, Não comparando com o abrupto, que funciona noutro registo, o seu blog é o blog com mais nível da blogosfera portuguesa. Tem variedade, tem substracto cultural, tem versatilidade e muito humor.
Parabéns

Publicado por: Desfeito às agosto 5, 2004 01:55 AM

Mais manteiga

Publicado por: cisco Kid às agosto 5, 2004 11:56 AM

Socrates é Inginhêro, logo quer tecnologia

Publicado por: Ferro às agosto 5, 2004 05:06 PM

Não me parece que o Alegre tenha chances. É sópra dar nas vistas

Publicado por: Rave às agosto 6, 2004 01:29 AM

É, Rave. O Alegre quer arranjar espaço para ele e para os amigos

Publicado por: Sargão às agosto 6, 2004 01:37 AM

Eu que ando por vezes mais distraída da imprensa diária, lá tive de consultar o site do www.josesocrates.com, para me pôr ao corrente do tão polémico plano tecnológico. Apesar de pressentir na sua prosa um estilo muito lisvoeta, isto é, da capital (que talvez não esteja muito no âmbito do país real a quem se refere o tal político Sócrates) concordo com muito do que diz, Joana. Mas ainda assim o seu discurso não tem em consideração muitas outras coisas que o Senhor Engenheiro propõe... Ao contrário do que a Joana afirma, parece-me que as propostas que o dito José Sócrates subscreve são de ordem muito prática e exequível- a valorização académica da população, o aumento da exigência a nível da qualificação, do ensino do Português e da Matemática, etc. Não foi só você que andou na Suécia há 3 anos; outros também tiveram acesso a sistemas de ensino altamente qualificados e exigentes, no estrangeiro, claro está, e já todos percebemos, que não é com Santanetes e Paulinhos das Feiras que as assimetrias sociais, culturais e económicas vão ter qualquer solução. Tenha calma...eu também votei no Guterres, e também não gostei do que ele e eles, no PS, andaram a tramar. Garanto-lhe, a si, e a mais 3 milhões de chineses que só voltarei a considerar a hipótese de votar PS, se a inovação no partido for clara e assumida. E o Sócrates parece-me a única hipótese actual.

Apesar de eu não ser feminista, pois está na moda não ser feminista, não me lembro de ouvir falar da parte de qualquer político português, na valorização das minorias e das mulheres; e essa referência existe no texto, talvez demagogicamente, vai-me dizer, mas está lá. Ao contrário de si, repito, vou deixar que os acontecimentos se precipitem. Daqui a uns tempos, talvez lhe dê razão, e o citado candidato se limite a ser um mero ilusionista.

Maria

Publicado por: Maria Tobias às agosto 13, 2004 10:03 PM

Maria Tobias em agosto 13, 2004 10:03 PM:
Eu estou de acordo, e escrevi-o claramente,com «o aumento da exigência a nível da qualificação, do ensino do Português e da Matemática, etc.» e idem para o Inglês.
Também acho que é, em teoria, exequível esse aumento de exigência.
A questão que coloquei é que andamos há décadas a dizer o mesmo e não resolvemos o assunto ... isto é ... pioramos as coisas e baixamos o nível de exigências.
Apenas parcialmente podemos culpar os sucessivos governos dessa situação. Todos nós, governos, professores, alunos e pais, temos culpas. Porque todos nós, quando se começa a falar de reforma, apenas vemos os nossos interesses mais imediatos: a defesa dos interesses corporativos dos professores, que são, relativamente, os mais bem pagos da Europa e os que têm o horário mais reduzido; os pais e os alunos que pretendem o facilitismo para permitir uma progressão mais fácil; o governo que não quer arrostar com a chatisse e as lamúrias de tentar pôr o Ministério da Educação a funcionar.
A questão da educação só se resolve com um pacto de regime a longo prazo, porque os efeitos das reformas educativas demoram anos, décadas, a surtirem efeitos.
Mas um pacto desses é difícil porque o pragmatismo e o realismo de uns entra em choque com os ícones ideológicos de outros, e descobrem-se sempre alibis para dar a ícones obsoletos uma lógica aparentemente sólida e recheada dos «imortais princípios».
E foram os «imortais princípios» que destruiram o ensino mais profissionalizante a pretexto da luta contra o elitismo, ensino que nunca mais foi possível pôr a funcionar minimamente. E foi sempre em nome de «princípios», com aparência de grande conteúdo social, que muitas das reformas que levaram o ensino ao estado lamentável em que se encontra, se fizeram.

Publicado por: Joana às agosto 14, 2004 03:09 PM

Sócrates foi um grande filósofo grego!Muitos mitos contados sobre ele eu pesquisei e achei um montão na internet.Veja você também: peça-me informações sobre ele que te darei é só me enviar mensagens:bielzinhoaju@hotmail.com

Publicado por: Gabriel às setembro 14, 2004 11:05 PM

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