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março 23, 2004

Israel e Palestina - A Questão dos Refugiados

As fronteiras de 1948/9 entre Israel e a Palestina decorrem da guerra que os países árabes fizeram a Israel, por não concordarem com a resolução da ONU, e na qual foram derrotados. Essa conflagração fez com que 600.000 palestinos se tornassem refugiados, como foi escrito no texto anterior.

Comparemos o problema israelo-árabe emergente da guerra de 1948, com a questão alemã resultante da derrota de 1945.

No início de 1949 estava estabelecido o estado de Israel, dentro de fronteiras aceites pelo armistício imposto pela ONU e assinado pelos estados árabes vizinhos.

Não reconhecer estas realidades tem, objectivamente, o mesmo significado que os alemães não reconhecerem a anexação da Posnânia, Silésia, Pomerânia Oriental e Prússia Oriental após a 2ª Guerra Mundial, em 1945.

Com a agravante que os alemães têm razões de queixa muito mais poderosas. Não ficou praticamente um alemão dos cerca de 10 milhões que habitavam aquelas terras, ao passo que na parte da Palestina que coube a Israel vivem hoje mais de 1 milhão de árabes.

Para além disso, houve a expulsão de 3 milhões de alemães dos Sudetas ao abrigo de uma lei promulgada por Benés, um democrata certificado pelas potências ocidentais. Os alemães dos Sudetas foram punidos em bloco, pela anexação resultante dos acordos de Munique.

Podemos discutir a legitimidade dos tratados e das leis que levaram à expulsão de 13 milhões de alemães e concluir que, hoje em dia, tal não deveria ser possível. Todavia as fronteiras actuais de Israel datam de 1948, uma data contemporânea dos tratados e leis que legitimaram o êxodo alemão e, portanto, dos conceitos que estiveram na sua base.

A diferença, na década de 40, entre os alemães e os árabes, é que aqueles auxiliaram os refugiados, aceitaram-nos, criaram-lhes empregos, integraram-nos na sociedade e permitiram que tivessem uma vida digna, enquanto os árabes mantiveram-nos, desde sempre e na maioria dos casos, em campos de refugiados, em condições sub-humanas, tentando utilizar o seu desespero como arma de “revanche”. Os refugiados palestinos são deixados pelos seus irmãos palestinos, e árabes em geral, em campos miseráveis, com o intuito de serem usados como arma contra Israel - quer como terroristas, aproveitando o seu desespero, quer para comover a opinião pública.

Várias gerações nasceram, cresceram e muitos morreram nestas condições. Em 1948 eram 600 mil e hoje estima-se que sejam cerca de 3 milhões.

O que se diria se os refugiados alemães vivessem em campos miseráveis, junto às fronteiras com a Polónia e R. Checa, desesperados e incentivados a fazerem ataques suicidas no outro lado da fronteira? Seriam apelidados de "revanchistas" e acusados de serem da extrema-direita.

Uma das chaves para a solução da questão israelo-árabe passa por encontrar uma solução alternativa ao regresso daqueles refugiados a Israel; regresso que nunca será aceite pelos israelitas pois alteraria drasticamente a demografia do estado, sem falar nas questões logísticas: Onde ficariam? que fariam? etc.. As casas dos seus antepassados já não existem, a paisagem urbana e rural alterou-se completamente.

Aliás, falar em regresso não faz sentido, porquanto a quase totalidade dos refugiados não nasceu no actual território de Israel.

Foi essa a principal razão que levou à ruptura das conversações de Ehud Barak com Arafat sob o patrocínio de Clinton. Ruptura que conduziu, directa ou indirectamente, à segunda Intifada e à espiral de horror dos últimos quatro anos. Arafat tentou pressionar Barak através da intifada, mas o que conseguiu foi o óbvio - a eleição de Ariel Sharon e a subida ao poder dos falcões israelitas.

Enquanto os refugiados forem usados como arma política, não haverá solução.

Publicado por Joana às março 23, 2004 11:01 PM

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Comentários

Pois, e a repressão comtra a resistência palestiniana continua. Mais um branqueamento desta gaja

Publicado por: Cisco Kid às março 24, 2004 12:20 AM

Há um ou dois veio uma delegacao palestiniana falar com o governo alemao, e sobre o reconhecimento de Israel e os refugiados, o governo alemao deu a entender isso mesmo.

Publicado por: Filipa Zeitzler às março 24, 2004 09:42 AM

Israel não se lemitou a atacar os palestinos na Palestina, foi mais longe atacou-os no Libano.
Aliás Sharon já teria sido condenado por causa de Shabra e Chatila caso os EUA não fossem apoiantes incondicionáveis de Israel...

Publicado por: amsf às março 24, 2004 04:58 PM

JOana atente no que escreveu de..sua..dedução:

"regresso que nunca será aceite pelos israelitas pois alteraria drasticamente a demografia do estado, sem falar nas questões logísticas: Onde ficariam? que fariam? etc.. As casas dos seus antepassados já não existem, a paisagem urbana e rural alterou-se completamente."

Voltemos aos seus números e ás suas palavras:
1947-1882 = 65 anos
Portanto durante 65 anos, com 590.000 árabes para só uns 83.000 no ínicio, tudo estava bem, enquanto não eram os Israelitas a mandar.

Após a saída da Inglaterra, então isto é nosso, sempre foi nosso, e esta terra será de quem melhor estiver armado.

Vi uma entrevista com o Simon Perez, que foi 1º ministro de Israel e grande guerrilheiro, dizer que assim que chegaram, a preocupação foi logo construir uma fábrica de armas. Portanto os sionistas sabiam bem ao que iam, e o que queriam.

Aliás se dúvidas houvesse, os resultados aqui estão à vista de todos.

Joana, creio, que nem Bem Gurion, ou outros Judeus que andaram na guerra com os Arabes, com a história tão côr-de-rosa, como a sua. Pelo menos Simon Perez, e ele foi dos primeiros a chegar em por volta dos anos 40, nem ele, que é Judeu dos pés à cabeça, nem ele repito, conta a história como você a contou.

Será a Joana uma Sionista Convicta ?

Publicado por: Templário às março 24, 2004 08:34 PM

e porque não a pergunta : Será a Joana uma Convicta Sionista ?

Publicado por: zippiz às março 25, 2004 12:08 AM

Durante o mandato inglês, que mandava eram os ingleses. Onde é que o Templário descobriu que eram os israelitas a mandarem?
A autora do blog apresenta auma análise histórica fundamentada, ou pelo menos ninguém apresentou factos em contrário. Apenas lhe chamam sionista.
Acha que isto são métodos de argumentar?

Publicado por: Adalberto às março 25, 2004 12:55 AM

Templario: como dizia o Adalberto, não vejo na sua argumentação nada de substantivo.
Apenas rotular pessoas, não me parece boa argumentação, salvo melhor opinião.
Os Judeus não tinham armas, enquanto os ingleses tinham armado os árabes, criado a Legião Árabe, entretanto passado para o controlo do Rei da Jordânia. Não acha natural que os judeus quisessem construir as suas próprias armas, já que ninguém lhas fornecia? (isto antes de 1949)

Publicado por: Joana às março 25, 2004 09:14 AM

Adalberto leu-me mal

Eu disse que enquanto mandaram os ingleses, conseguiram estar em paz 80 ou 90 ou 200 mil judeus para uns 600 mil arabes.

A conclusão a tirar, é que os arabes sendo umas 6 ou 7 ou 8 vezes superiores, não armavam guerra de repressão.
E a Joana até acrescenta que os ingleses estavam do lado dos arabes.

Publicado por: Templário às março 25, 2004 10:23 AM

Cara Joana

A sua exposição histórica, relata sempre os factos com uma superficialidade, que parece ingénua, esvaziada de conteúdos ideológicos, estratégicos e/ou politicos.

A realidade histórica, é que uma emigração no ínicio algo inocente, acabou após 1945 por se tornar um Projecto Sério, Com muito dinheiro para armas e com intenções claras de tomada de Poder.

Para ser ainda mais claro.
Sabendo a data que os Ingleses deram para saírem, nesse curto espaço de tempo ( recorde mundial ) conseguiram armar-se até aos dentes, com intenções claras de expulsar os arabes.

Com aquela história do Holocausto Nazi, conseguiram na Época, a simpatia Mundial ( e um certo apoio) ou no mínimo um fechar de olhos, e não passava na cabeça dos Politicos da Época, que um Povo, que tinha sido perseguido durante séculos, que tinha sofrido o Holocausto, TIVESSE A CORAGEM DE O FAZER AOS ARABES.

o ZIPPiZ tem razão

A Joana será uma convicta sionista ?

Publicado por: Templário às março 25, 2004 10:32 AM

Única solução: ESTADO ÚNICO BINACIONAL

Eu não sou a favor da existência DESTE estado de Israel. Porque é fundamentalista, teocrático, apartheidesco, expansionista e perigoso para a paz mundial. Reserva a nacionalidade plena a crentes de uma religião (isso fizeram os Reis Católicos...) e assenta no roubo de terras, de casas e de bens de milhões de residentes na Palestina desde tempos imemoriais, pelo mero crime de já não terem a "boa religião", dado que os seus antepassados judeus se converteram ao cristianismo no séc. I e ao islamismo no séc.VII... Defender o Israel sionista é defender que é a religião que deve determinar a posse da terra e que a única religião válida para tal é a judaica ! Nonsense !

Depois, defendo o sistema "um homem, um voto" para todos os residentes de jure na Palestina, o que inclui judeus e palestinianos de Isrsel, territórios ocupados e exílio. Se os palestinianos forem a maioria há que aceitar a democracia (como na Africa do Sul pós-apartheid).

Defendo o direito de retorno com direitos de cidadania plena de todos os expulsos da Palestina. Ninguém tem o direito (nem a ONU) de exigir a renuncia dos palestinianos a tal direito.

Defendo que é política e etico-juridicamente legitimo recuperar pela Força, aquilo que pela Força foi roubado, e que por isso constitui OFENSA GRAVE E DISCRIMINATÓRIA (apenas "explicável" por razões de oportunismo e cobardia política) a qualificação de "terrorismo" e de "fanáticos" atribuída aos patriotas da heróica resistência palestiniana que levam a cabo a sua luta com os ÚNICOS meios de que dispõem (se também tivessem tanques, Apaches e F-16 e matassem 10 vezes mais judeo-nazis já não seriam "terroristas" ? Deixemo-nos de hipocrisias...). Há civis mortos do lado israelita ? Pois há, como em todas as guerras (Dresden, Hamburgo, Hiroxima,etc., lembram-se ?), mas em número 4 vezes inferiores às baixas civis causadas pelas SS Tsahal... de que ninguém fala.

Só um ESTADO UNICO, binacional, laico e democrático, baseado no "one man, one vote" para todos os palestinianos (presentes ou exilados), de religião judaica, muçulmana e cristã, permitirá a PAZ ETERNA na região !

Mas, esta solução, nas condições políticas prevalecentes actualmente e num futuro próximo, NÃO É POSSÍVEL POR MEIOS DIPLOMÁTICOS, hélas ! Só a destruição (através de um ultimato seguido de guerra em caso de rejeição) do nazi-sionismo por uma Nação árabe unificada, rearmada (vector nuclear dissuasivo incluído, é claro)e chefiada por um novo Saladino permitirá remover o estado fundamentalista, nazi-sionista, apartheidesco e militarista de Israel. Não se deve pactuar com nazismos (lição de Munique), que só entendem a lei da força... Os primeiros cruzados ocuparam Jerusalém durante um século e a Palestina durante dois. Pois bem, os novos cruzados já lá estão há 60 anos... e não passarão dos cem...

Publicado por: euroliberal às março 25, 2004 02:18 PM

JOANA, o revisionismo histórico é muito feio...

Em 1948, mais de 800.000 palestinanos foram expulsos pela campanha terrorista das Hagannah, Irgun e Stern, terroristas sionistas. Houve dezenas de aldeias massacradas como Deir Yassin, para ganhar espaço vital (Lebensraum) para o "povo eleito" (ou Herrenvolk" ?). E quem rouba pela força, acabará por perder o produto do roubo também pela força das armas...
Saudações palestinianas.
Allah u Akbar !

Publicado por: EUROLIBERAL às março 25, 2004 02:24 PM

JOANA, o revisionismo histórico é muito feio...

Em 1948, mais de 800.000 palestinanos foram expulsos pela campanha terrorista das Hagannah, Irgun e Stern, terroristas sionistas. Houve dezenas de aldeias massacradas como Deir Yassin, para ganhar espaço vital (Lebensraum) para o "povo eleito" (ou Herrenvolk" ?). E quem rouba pela força, acabará por perder o produto do roubo também pela força das armas...
Saudações palestinianas.
Allah u Akbar !

Publicado por: EUROLIBERAL às março 25, 2004 02:24 PM

JOANA, o revisionismo histórico é muito feio...

Em 1948, mais de 800.000 palestinanos foram expulsos pela campanha terrorista das Hagannah, Irgun e Stern, terroristas sionistas. Houve dezenas de aldeias massacradas como Deir Yassin, para ganhar espaço vital (Lebensraum) para o "povo eleito" (ou Herrenvolk" ?). E quem rouba pela força, acabará por perder o produto do roubo também pela força das armas...
Saudações palestinianas.
Allah u Akbar !

Publicado por: EUROLIBERAL às março 25, 2004 02:24 PM

Esse estado teria 12 milhões de habitantes em 20 mil km2 e seria alimentado por quem?
Pelo euroliberal?
Porquê que você não pensa nas coisas antes de escrever?
Você devia estar a escrever os sermões da Al-Qaeda. Para isso tem jeito.

Publicado por: Hector às março 25, 2004 06:04 PM

Achei muito instrutiva a comparação com a Alemanha. Há, nos nossos mídia 2 pesos e 2 medidas. Os do 3º mundo podem ser ditadores, fazerem genocídios, roubarem os seus povos e é o silêncio.
São uns desgraçados.
Nós se não fizermos o que eles querem somos fascistas.
Basta ver os disparates que lhe respondem alguns comentaristas.

Publicado por: Cerejo às março 26, 2004 01:00 AM

Hector: há países com mais densidade populacional. Mas é óbvio que seria muita gente 600/km2). Nesse caso é costume que aqueles que se sentem mais apertados saiam e o equilíbrio restabelecer-se-ia. De qualquer modo, os mais antigos têm prioridade. E a haver sobrepopulação a culpa é dos ssharonescos que continuam sempre a mandar vir mais judeus para tentarem em vão ultrapassar demograficamente os palestinianos...

Publicado por: euroliberal às março 27, 2004 11:46 PM

Este euroliberal deve ser choné.
Nem os terroristas mais loucos do Hamas têm esta conversa.
Ó filho, porque é que não te vais suicidar dentro da embaixada de Israel?

Publicado por: eurolouco às março 28, 2004 03:52 AM

euroliberal em março 27, 2004 11:46 PM
O seu comentário é a prova que você e outros que, embora mais cautelosamente, fazem propaganda das “acções de resistência” palestinianas não estão interessados em resolver o conflito israelo-árabe, apenas querem lançar os israelitas ao mar.
Lançar ao mar é uma forma de solução: a solução final, que os nazis já tentaram.
Ao pé das suas posições, o Sharon é um “pacifista”!

Publicado por: Hector às março 28, 2004 11:13 AM

É claro que deveriam ser lançados ao mar, esses sionistas criminosos

Publicado por: Cisco Kid às março 30, 2004 11:27 PM

Templario: algures você escreveu - «A sua exposição histórica, relata sempre os factos com uma superficialidade, que parece ingénua, esvaziada de conteúdos ideológicos, estratégicos e/ou politicos.»
Então agora acusa-me de ser neutral? Em que ficamos?
Além do que os factos devem ser expostos com neutralidade e não enviesados pela nossa ideologia

Publicado por: Joana às março 31, 2004 09:20 AM

Oi,
eu estou na 7ª serie e tenho um debate a fazer..
Tenho que defender a ONU enquanto os outros 2 grupos defendem a Palestina e Israel.. Queria saber :
- Como posso defender a Onu sobre esse assunto ?
por favor me responda..
julia.

Publicado por: julia às outubro 19, 2004 04:56 PM

TODO PODER AOS SOVIETES!!!!!!!!!!! O bonde tah boladuuu cum os kra q axa q noix vacila , boladaum!!!!!

Publicado por: Carlos às novembro 8, 2004 10:57 AM

TODO PODER AOS SOVIETES!!!!!!!!!!! O bonde tah boladuuu cum os kra q axa q noix vacila , boladaum!!!!!

Publicado por: Carlos às novembro 8, 2004 10:57 AM

Todo Poder a Deus Pai Criador do Universo! Criador do Céu e da Terra que a partir dos filhos Abrahão, pai das nações, que fez dois povos irmãos se multiplicarem sobre a face da Terra.

Publicado por: Marcus Vinícius às janeiro 7, 2006 06:13 PM

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