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janeiro 02, 2004

Da Rainha dos Assírios para o Tocador de Adufe

Correspondendo ao seu apelo sobre os efeitos da liberalização dos combustíveis tenho a dizer-lhe que não sei o que se irá passar.

Não pense que a afirmação anterior pode indiciar ignorância. Longe disso. O papel de um consultor é dar pareceres em face de cenários possíveis. Portanto acontece sempre aquilo que o consultor previu, porquanto se pode explicar qualquer acontecimento a posteriori, mesmo o mais gravoso, referindo que tal ocorreu apenas por ter acontecido o cenário pior. As previsões até estavam certas.

Depois desta introdução, que funciona como providência cautelar, passemos à matéria: A distribuição de combustíveis funciona em oligopólio. Sabe-se que em oligopólio, em matéria de política de preços tudo pode acontecer. Alguns economistas ilustres têm inclusivamente afirmado que se trata de um problema com solução indeterminada.

Admite-se, como dado seguro, que na zona dos custos marginais crescentes, as firmas com menor quota de mercado prefiram praticar o preço mais baixo, enquanto na zona dos custos marginais decrescentes, é a firma com maior quota de mercado que prefere praticar o preço mais baixo. Se o custo marginal é constante para uma relevante amplitude da produção, as diferenças entre quotas de mercado não têm reflexos nas preferências dos preços.

Provavelmente foi por aquela razão que as firmas com quota de mercado superior (a GALP, p.ex.), e portanto com maiores sinergias na distribuição, desceram a sua margem em 0,01€/litro, mantendo o preço (o Imposto sobre Produtos Petrolíferos tinha aumentado aquele valor), enquanto as firmas com menor quota de mercado optaram por manterem as suas margens, aumentando o preço ao público.

Quanto à questão da cartelização, ela não é necessária para as firmas alinharem os preços. Frequentemente a firma com maior quota de mercado (maior rede de distribuição ou maior capacidade produtiva) anuncia as novas listas de preços e as concorrentes limitam-se a segui-la. Entrar numa guerra de preços pode ser contraproducente. Se não houver uma política comercial agressiva, o consumidor pode nem sequer dar pela diferença de preços.

Esta política não permite preços muito acima do custo marginal. Normalmente a firma-líder age como barómetro do mercado. Um aumento superior ao "aceitável" tem o risco de conduzir a uma guerra de preços, quer movida por firmas existentes no mercado, que podem julgar que será favorável para elas não acompanhar o preço da líder e tentarem conquistar uma quota de mercado significativa, quer por firmas que possam penetrar no mercado, por acharem que os preços praticados compensam os custos de entrada no mercado.

Portanto, não é necessária a cartelização para haver um certo alinhamento de preços. Aumentos mais substanciais só com conluio. Todavia, num negócio deste tipo, a cartelização (ou o conluio na fixação de preços e/ou quantidades) é facilmente detectada (e é ilegal). Poderá haver circunstâncias conjunturais que induzam um conluio oligopolista, mas na maioria dos casos a luta pela conquista de maiores quotas de mercado sobrepõe-se à vontade de manter os preços artificialmente mais elevados. Além do que não há a garantia que uma ou mais firmas não furem o esquema e baixem os preços (ou não os subam) unilateralmente. Ou não há a garantia que um novo distribuidor, seduzido pelos preços praticados, não entre no mercado, criando dificuldades às firmas existentes pela progressiva erosão das suas quotas de mercado, tal como é explicada pela teoria dos monopólios contestáveis.

Tudo depende das políticas de preços e dos riscos que as distribuidoras de combustíveis estão dispostas a correr. Em princípio, a tendência será um ligeiro abaixamento do preço de mercado, embora não seja de excluir que as firmas tentem manter as margens actuais, esperando que as concorrentes não as baixem, ou seja, a manutenção dos actuais níveis de preços.

O que foi escrito refere-se à situação global no país. Localmente, induzidos pelo efeito da discriminação espacial de preços, poderão ocorrer ligeiros aumentos de preços. Um distribuidor local, sem concorrência nas imediações, pode aumentar ligeiramente a sua margem, sabendo que não é compensador para os consumidores deslocarem-se a uma bomba longínqua para encherem os depósitos.

Portanto, quando a Deco declara “que o preço dos combustíveis vai disparar nos próximos meses, sobretudo nos postos das auto-estradas e nas pequenas cidades, devido à livre fixação de preços”, terá, embora muito parcialmente, razão: em zonas onde a discriminação espacial de preços for possível poderá haver aumentos de preços. O resto do discurso da Deco é a tendência normal dos portugas para a notícia catastrófica.

Uma situação oposta é a de uma bomba recém instalada que tentará atrair e fidelizar clientela através de um abaixamento significativo do preço. Será uma situação conjuntural que tenderá, a médio prazo, para a normalidade em termos de preço, à medida que for angariando clientela.

Como vê, e como lhe dizia no início … tudo pode acontecer.

Publicado por Joana às janeiro 2, 2004 10:30 PM

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Lista dos links para blogues que mencionam Da Rainha dos Assírios para o Tocador de Adufe:

» Uma adufada para a rainha dos Assírios from Adufe.pt
A Semiramis pegou na sugestão que lhe fiz e expôs as suas dúvidas e as suas certezas sobre os efeitos da liberalização dos combustíveis. No fundamental, que é a incerteza do cenário futuro, estamos de acordo, mas há um aspecto... [Ler...]

Recebido em janeiro 3, 2004 12:18 AM

» A nova política nos combustíveis from A Verdade da Mentira
Em portaria publicada no último dia do ano de 2003, o Governo aumentou em um cêntimo o imposto sobre produtos petrolíferos (ISP) que incide sobre a gasolina sem chumbo. O regime de preços livres entrou em vigor no primeiro dia... [Ler...]

Recebido em janeiro 3, 2004 11:20 PM

Comentários

Só não percebo como é que é possível que a subida do Euro face ao dólar não contribua para, pelo menos, a estagnação do preço da gasolina.
Concordo com a sua análise.
A Deco, associação de que sou sócio, tornou-se uma amálgama esquisita de interesses pouco claros e de ambições políticas inconfessadas e/ou inconfessáveis.
Como consumidor não levo muito a sério este tipo de afirmações da Deco; como associado gostaria de saber como é que se processam as eleições para os seus órgãos dirigentes...

Um abraço para a Joana
e bom ano para toda a gente aí em casa,
Francisco Nunes

Publicado por: Planície Heróica às janeiro 2, 2004 10:48 PM

Epá, isto é um autêntico tratado de economia! Depois de ler isso tudo direitinho só pergunto uma coisa: O Zé vai ou não vai pagar mais?

Um abração do
Zecatelhado

Publicado por: Zecatelhado às janeiro 2, 2004 11:55 PM

Deixo aqui o comentário ao seu texto que escrevi no adufe. Bom anos.

A Semiramis pegou na sugestão que lhe fiz e expôs as suas dúvidas e as suas certezas sobre os efeitos da liberalização dos combustíveis.

No fundamental, que é a incerteza do cenário futuro, estamos de acordo, mas há um aspecto que me parece, conjunturalmente curioso. Olha para a imprensa, para as reacções dos media, para a expectativa criada e quase me esqueço que já existia liberalização parcial do preços. Havia apenas um tecto fixado administrativamente. Ou estarei errado?

Ficarei também muito satisfeito no dia em que, após a fase de amadurecimento da economia nacional, que paulatinamente vem ocorrendo, assistir a uma saudável intervenção do Estado em defesa da livre concorrência demonstrando valorizando prioritariamente o interesse nacional e preterindo o interesse muito específico de algum grupo de interesse particularmente habitualmente bem instalado junto do poder. Não passa de um palpite mas julgo que mais cedo ou mais tarde a evolução dos preços no mercado da distribuição de combustíveis possibilitará ao Estado (via governo) dar provas dos interesses que defende. Talvez me engane e não se chegue a essa prova de fogo se, por exemplo, na vizinha Espanha surgir algum exemplo nesse sentido e caso esse exemplo venha a ter divulgação pública significativa por cá.

Acrescento ainda que estou completamente às escuras quanto à forma, critérios e evolução histórica da atribuição de concessões de exploração de novas gasolineiras em Portugal. Não sei muito bem até que ponto por essa via é possível assegurar a fundamental pressão saudável de um potencial novo entrante nesta indústria. Um factor que se pode revelar determinante na resolução da nossa indeterminarão ao nível global e regional.

Assusta-me ainda a perspectiva, que a Semiramis também admite, de existir a razoável probabilidade de a distorções de preço (preço dos combustíveis acima do preço médio nacional) proliferar nas zonas de menor competição, onde possam existir monopólios locais. Assusta-me por fazer todo o sentido e por ir afectar regiões do país particularmente vulneráveis e agrestes para o desenvolvimento económico.
Assusta-me ainda o carácter pontual quase desprezável no grande esquema das coisas que essas situações assumirão. Longe da vista, longe do coração: longe da eventual vontade política em garantir a igualdade e oportunidades a todos através da garantia da concorrência em todo o país?
Convinha começar desde já a pensar numa resposta para estas situações. Admitir um desvio máximo face ao preço médio nacional a partir do qual o Estado deva intervir? Estimular a introdução de novos concorrentes em zonas cujo preço por sistema registe valores acima da média nacional?
Temos mais perguntas que respostas mas há um policiamento a fazer: exigir que o Estado não se demita de garantir o regular funcionamento do mercado.

Publicado por: Rui MCB às janeiro 3, 2004 12:18 AM

Não sei o que vai acontecer por cá. Posso eventualmente pensar que poderemos vir a ter uma situação similar à espanhola. Em Espanha é normal uma variação de alguns cêntimos conforme a distribuidora e o local de venda. Contudo, se é frequente que em zonas isoladas e menos concorrenciais o preço ser mais alto, já encontrei em zonas desérticas pequenas bombas independentes com preços altamente competitivos. Aliás nunca percebi como a mesma distribuidora com bombas distanciadas de pouco quilómetros apresentar variação de preço significativa. Mas, o problema deve ser meu; falta de dados e de conhecimentos para entender essa lógica. O que sei é que a política de combustíveis é mais aguerrida em Espanha. E nesse campo os espanhóis andam mais adiantados do que nós.
Por cá com o tempo talvez copiemos a lógica espanhola. Não esquecer que as distribuidoras espanholas cobiçam o mercado português onde aliás já têm alguma expressão. Talvez elas ajudem a criar um mercado concorrencial benéfico aos consumidores.
Por cá as zonas fronteiriças estarão sempre defendidas pela facilidade de abastecimento no país vizinho. O resto do país ficará dependente das vontades das distribuidoras e de algum controlo estatal.
Não sei se houve alguma alteração na política de stocks a que as petrolíferas estão obrigadas mas em virtude da valorização sustentada do euro há algum tempo vai chegando a hora de a gasolina descer pelo efeito cambial.
Se é certo que as margens de revenda são baixas, as margens dos fornecedores não o são, quanto mais não seja pela quantidade em jogo.
E agora quem percebe do assunto que adiante mais qualquer coisa....

Publicado por: vmar às janeiro 3, 2004 01:45 AM

tudo pode acontecer...

E, tal como na outra lei, o que pode acontecer, acontece mesmo. Até o acontecer...nada!

Estamos a falar de teorias. Para o cidadão comum, o subir ou descer nem sequer lhe passa pela cabeça quando abre a tampa do depósito: essa descida ou subida é tão irrelevante que dar-se ao trabalho de exercer a contabilidade aritmética das teorias não compensa.

99,99% das pessoas só se "preocupam" com esses aumentos quando os vêem escritos na comunicação social. O facto, é que a "fidelização" de clientes neste tipo de negócio não se faz pelos preços, mas sim pela proximidade ou pela comodidade.

Esse tipo de contas fazem-se em frotas de empresas (com a consequente contrapartida: quando descem os encargos, mantêm-se os preços finais; quando aumentam os encargos, aumentam-se os preços finais).

Realmente, é divertido ver as preocupações com que se entretêm os teóricos.

É exactamente a mesma preocupação que a Firestone teve: eleminou o ponto do "i" para poupar borracha ao fim de milhares de pneus.

O comum dos consumidores está-se marimbando com esse tipo de contabilidade de grande escala.

A grande escala só cabe na cabeça de um teórico, ou não?

Publicado por: re-tombola às janeiro 3, 2004 02:50 AM

No caso de um dono de uma bomba numa zona onde a discriminação espacial de preços é possível, se ele se comportar como um “puro homo economicus” elevará o preço até a um valor imediatamente inferior àquele em que seria compensador o consumidor deslocar-se à outra bomba mais próxima.
Porém, no caso de se tratar de uma comunidade pequena, uma política agressiva de preços poderia trazer problemas ao dono da bomba na sua relação com a restante comunidade e ser preferível, em vez disso, mesmo por motivos comerciais, uma política de preços moderada. Neste caso o efeito “vizinhança” seria o preponderante.

Publicado por: Joana às janeiro 3, 2004 10:22 AM

Caro Zecatelhado em janeiro 2, 2004 11:55 PM:
Eu avisei logo no início “que não sei o que se irá passar”
O resto do texto foi para mostrar porque é que não é possível saber o que se vai passar

Publicado por: Joana às janeiro 3, 2004 10:25 AM

Corroborando o comentário de vmar, informo que de acordo com dados de ontem, colhidos em 6972 postos de abastecimento em Espanha (Península e Baleares), o preço da gasolina sem chumbo, 95, variava entre um minímo € 0,678 e € 0,869. Aqui, sim, a concorrência funciona, de tal forma que os preços diferem mesmo entre postos da mesma gasolineira, consoante a zona do país onde estão implantadas.

Face aos preços acima referidos, não surpreende que na zona de onde escrevo (Altura-Castro Marim) se diga: Vou a Ayamonte meter gasolina.

Feliz Ano Novo para todos, neste caso em especial para a Joana, com a continuação do sucesso que está a ter com o seu blog (ainda que isso nos prive dos seus comentários no EXPRESSO).

Publicado por: Vale de Soure às janeiro 3, 2004 04:24 PM

Excelente análise neoclássica da situação. Devia ser leitura obrigatória para todos os jornalistas que escrevessem sobre o assunto...

Publicado por: AAA às janeiro 3, 2004 06:02 PM

Acho que o problema foi bem posto, inclusivamente com as adendas de alguns comentários, e parece-me que por enquanto não há mais a dizer.
Esperemos pelo futuro

Publicado por: Novais de Paula às janeiro 3, 2004 11:27 PM

"Neste caso o efeito “vizinhança” seria o preponderante" também se enquadra na leitura neoclássica caro AAA? (risos)
Esta fé na mão invisível ("seria preponderante")é enternecedora cara Joana. Em credulidade é complicado hierarquizar neoclássicos e keynesianos, não há dúvida. É essa a faca de dois gumes dos defensores acérrimos de uma e outra escola. Eu ainda estou a fazer a minha síntese (e acho que estarei até ao fim dos meus dias) mas não punha tanta fé no efeito de "vizinhança", por esta ordem de ideias nunca teríamos um monopólio local; há éne exemplos históricos de "amigos amigos, negócios à parte". É fundamental o Estado preparar um plano B de regulação do mercado que deveria aliás ser desde já conhecido devendo funcionar como dissuasor de abusos. Seria um excelente contributo para a transparência no mercado. Este esperar para ver não serve em igualdade os interesses de distribuidores e consumidores.

Publicado por: Rui MCB às janeiro 4, 2004 12:22 AM

Resumindo e concluindo, independentemente da aplicação de quaisquer fórmulas, o consumidor final não vai ter nenhum benefício com a liberalização. Mas também explico. Ao que parece a GALP ainda não corrigiu preços, mas isso não significa que não o venha a fazer, por uma razão simples. Ainda que pela diferença de 1 ou 2 cêntimos, por litro de combustível, ninguém está disposto a reduzir a sua margem de lucro. E como
objectivamente é disso que se trata vão todos tentar lucrar mais do que até agora com os preços
controlados. Tudo mais não passam de meras congeminações.

Publicado por: congeminações às janeiro 4, 2004 12:46 AM

Não me parece que este escrito tenha a ver com a teoria neoclássica. Tem si a ver com a teoria da Organização Industrial.
Também não encontro nele qualquer coisa ligada à “mão invisível”.
Como ela é “invisível”, cada um vê-a onde quer.

Publicado por: Novais de Paula às janeiro 4, 2004 01:06 PM

Os conceitos utilizados na análise são essencialmente neoclássicos, logo parece-me lícito considerar que é uma (bem conseguida) leitura neoclássica da situação.

Publicado por: AAA às janeiro 4, 2004 03:50 PM

Caro Rui MCB,

Com risos ou sem eles (confesso que gostei do pormenor da indicação cénica), creio que é perfeitamente possível enquadrar um efeito "vizinhança" na leitura neoclássica. Aliás, em teoria, não há qualquer restrição quanto aos elementos considerados numa função utilidade de um agente.

Não me pareceu também que o artigo evidencie "fé" na mão invisível (aliás, até se começa com a afirmação "não sei o que se irá passar").

Publicado por: AAA às janeiro 4, 2004 04:01 PM

Este blog é demasiado intelectual e chato. Vou voltar para o Meu Pipi, esse sim, o campeão de audiências.

Publicado por: Cisco Kid às janeiro 4, 2004 04:08 PM

Caro AAA,
Pode pôr na função de utilidade o que bem entender, não me choca nada considerar e admitir que o efeito vizinhança possa ter consequências num caso concreto; é plausível. O que eu quiz com alguma ironia sublinhar é o formalismo do discurso com o qual um condicionamento plausível é apresentado como um instrumento regulador que "seria preponderante".
Com a mesma facilidade com que admito que numa conjuntura particular esse efeito possa ter a consequência de regulador também admito que nada me garante que possa ser visto como um aspecto preponderante que nos permitirá dormir descansados quanto à auto-regulação das situações de abuso de posição dominante.
Não é o "seria preponderante" da Joana - bem mais incisivo do que a incerteza com que iniciou a sua prosa como bem nota - que nos deve demitir de acautelar uma estratégia de acção no caso provável e corrente de não haver auto-regulação dos mecanismos de mercado em situações de posição dominante.
Há vários factores (como a intervenção do estado via consessões de distribuição, mas não só) que podem eternizar uma situação de lucro não nulo num meio isolado sem dimensão crítica para "jogar" segundo as regras de mercado...

Um aparte: a volatilidade das convicções da Joana perante alguma contradição que lhe apresentem é um dos aspectos que noto nestes dias em que tenho acompanhado esta sua intervenção.O absolutismo das certezas e das soluções com que impregna alguns dos seus textos (que não este, admito) é forte motivo para torcer o nariz como aqui tenho notado em algumas polémicas.
Em alguns caso a Joana dispara o mais fundamentalista dos pensamentos para depois emendar a mão perante alguns exageros que vai reconhecendo; noutros o percurso é o oposto.

Lendo os neoclássicos e os seus arautos assim como os liberais e os keynesianos julgo encontrar instrumentos bem mais realistas para interpretar e propor acção sobre a economia do que cingindo-me apenas a um ramo. Há muitas contradições teóricas que me parecem cada vez mais aparentes.
A complexidade da realidade exige maior flexibilidade de integração teorica, mais capacidade de adpatação por parte do decisor do que a oferecida exclusivamente por um anti-keynesiano ou um anti-neoclássico.
O que eu acho curioso é que tipicamente este raciocínio, esta síntese que não despreza o mercado, que tenta controlar o papel do Estado mas que não tem traumas se lhe atribuir um papel fulcral em algumas situações pontuais é colado à escola keynesiana. Enfim, já divago.

Publicado por: Rui MCB às janeiro 4, 2004 10:29 PM

Quando escrevi “efeito vizinhança”, queria referir-me ao facto de um agente económico, inserido numa comunidade pequena, dar mais valor ao relacionamento social com essa comunidade, do que ao lucro adicional que pode obter, discriminando o preço. Ao discriminar o preço, aumentando-o, ele pode ser objecto de reprovação social e, eventualmente, os conterrâneos dele preferirem abastecer-se longe, mesmo saindo-lhes mais caro, como forma de mostrarem a sua reprovação. Se a bomba pertencer a um distribuidor nacional, a questão da reprovação social não se põe, embora não seja de excluir que haja retaliações dos consumidores.
Mas estes são fenómenos locais, estatisticamente pouco relevantes para o mercado nacional.

Publicado por: Joana às janeiro 4, 2004 11:13 PM

Acredito no aumento continuado não só dos combustíveis, como de outros bens.
O nosso caminho é para a Brasileirização da nossa economia.
Vejamos o Cartel que a Joana não vê: A Banca !

1º inventaram para o cliente até os custos de expedição dos recibos etc. Imeginem e digam-me se é legal, um senhorio cobrar custos por lhe enviar o respectivo recibo. PARA A BANCA NÃO É !

2º Ficámos todos a saber, que qualquer tostão dos portugueses depositado na banca, tem custos de manutenção, então vai daí e cobra-se mais esta bela invenção.

3º primeiro começaram uns (para não dar muito nas vistas ) depois outros, e agora já são todos ! pergunto eu, pequeno ingénuo, se isto não é cartelização é o quê? bom, eu como nem gosto de jogar muito com as palavras, tenho mesmo a coragem de lhe chamar roubo !!! que aliás em linguagem jurídica, neste caso se traduz, por abuso de confiança, pois eles vão á conta , sacam , sacam e nada dizem, aliás dizem que já estávamos todos informados e siga a dança !

Com gestores destes, que se pode esperar para um tal dita ou bendita economia liberal ?

Publicado por: Templário às janeiro 5, 2004 04:05 PM


O "zé povo", como sempre, é um pouco mais prático quando toca a soluções.

Eis o que o "zé povo" começou a fazer circular pela net para obviar aos aumentos das gasolineiras:

NEM UMA GOTA DE GASOLINA ÀS 3 PETROLÍFERAS MAIS IMPORTANTES (que agora estão unidas) BP, ESSO E SHELL.

Se as mesmas não vendem serão obrigadas a baixar os preços e as outras petrolíferas serão forçadas a acompanhar a descida de preços.

Mas para criar impacto temos que sensibilizar os milhões de clientes BP, ESSO e SHELL em todo o mundo e esta é a forma de consegui-lo.

Esta mensagem foi transmitida a 30 pessoas, se cada uma enviar a 10 mais (30X1000) e estas por sua vez (300X10000) e assim sucessivamente ao sétimo envio terão sido enviadas a TRINTA milhões de consumidores.

Pelo que agradeço enviem esta mensagem a pelo menos 10 pessoas, solicitando a difusão da mesma, e já está! , em 8 dias teremos sensibilizado 300 MILHÕES de consumidores.

Actuemos todos em uníssono pois a união faz a força.

Publicado por: re-tombola às janeiro 8, 2004 01:51 PM

Aqui: www.azelha.blogspot.com faço uma crítica à "liberalização" dos combustíveis. Agradeço cometentário.

Publicado por: aZElha às abril 16, 2004 12:49 AM

Publicado por: 100-covered às agosto 1, 2004 12:58 PM

n gostei

Publicado por: elin às novembro 12, 2004 12:35 PM

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