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dezembro 14, 2003

A captura de Saddam

A captura de Saddam é um passo importante na estratégia americana de estabilização do Iraque e do Médio Oriente em geral, mas de forma alguma decisivo.

A captura de Saddam vai debilitar a guerrilha, principalmente a facção conduzida pelos seus apoiantes. Saddam era um símbolo. O facto de permanecer na clandestinidade apesar do poderio americano e o carisma que teria perante os seus fiéis, agia como um poderoso estímulo. A sua captura, o vídeo da sua observação pelos médicos da coligação, reduziram-no, de líder místico, à sua condição humana.

Uma guerrilha para funcionar tem que ter um vasto suporte popular. Precisa do suporte logístico de parte da população. Esse suporte pode basear-se no apoio popular ou no medo. Saddam, mesmo na clandestinidade, infundia terror à população iraquiana. A captura de Saddam vai reduzir em muito aquele apoio logístico. É certo que a captura de Saddam mostrou um homem refugiado numa toca miserável, aparentemente sem grandes possibilidades de uma direcção efectiva da resistência. Todavia ele era o símbolo da resistência, independentemente da situação em que se encontrava na altura da captura.

Durante a guerra, a realidade mostrou que, para além dos elementos mais próximos do regime e dos kamikazes importados dos países islâmicos vizinhos, os iraquianos não combateram ou, quando o fizeram, fizeram-no porque foram obrigados. Aliás, Saïd Al-Sahaf, o mediático Ministro da Informação de Saddam, fez várias declarações públicas ameaçando os soldados iraquianos pela sua fraca determinação. Na primeira oportunidade, dissolviam-se no ambiente que os rodeava.

O regime de Saddam era um regime despótico e sangrento que se impôs pelo terror. Poucos teriam vontade de o defender, embora muitos tenham sido obrigados a isso.

Sendo assim, a guerrilha estará ser conduzida pelos seus apoiantes mais indefectíveis e por algumas bolsas isoladas dos kamikazes islâmicos e de milícias fanáticas, embora nestes últimos casos guerrilha não seja a palavra adequada, mas sim terrorismo. É provável que a captura de Saddam faça com que a capacidade dos seus apoiantes diminua substancialmente a médio prazo, embora no imediato possam surgir algumas tentativas de mostrar que a resistência está viva.

Restam os fundamentalistas, a Al-Kaeda, etc.. Mas estes precisam de algum suporte popular. Esse suporte pode ser obtido pelo apoio político ou religioso, ou pelo terror. Entra aqui a componente política. Um combate destes tem uma forte componente política. Tem que ser estabelecido um clima de segurança e haver uma retoma económica que permita a melhoria das condições de vida das populações. Aliás, estes objectivos estão interligados. É difícil estabelecer um bom clima económico num país em que os bandoleiros agem impunemente. A segurança de pessoas e bens é indispensável ao funcionamento económico.

Foram cometidos muitos erros, nomeadamente após a vitória militar. A coligação, depois de ter vencido a guerra, tem que saber vencer a paz, pois se não o souber fazer, é bem provável que continuem a ocorrer acções terroristas e que, inclusivamente, apareçam focos de rebelião que possam dar origem a uma guerra de guerrilhas conjugada com acções terroristas.

Uma palavra sobre os dirigentes políticos que se demarcaram ou contestaram violentamente a intervenção no Iraque. Podem haver dúvidas ou certezas sobre a legitimidade dessa intervenção perante o Direito Internacional(*). Todavia, posteriormente, a resolução a 1511 da ONU legitimou a situação actual e, indirectamente, a própria intervenção.

Não se compreende portanto que dirigentes políticos com responsabilidades se congratulem com a captura do ditador iraquiano sublinhando todavia que continuam a discordar da intervenção. Como era possível uma sem a outra? Se não houvesse intervenção não teria sido possível a actual captura e as congratulações desses dirigentes. Eles não podem congratular-se com algo que decorre de uma acção com a qual discordam.

Reconhece-se que esses dirigentes estão numa situação embaraçosa. Não podem deixar de mostrar a sua satisfação, perante a opinião pública, pela captura de um ditador cruel e sanguinário. Por outro lado foram, e continuam a ser, veementemente contra a intervenção que permitiu agora essa captura ... só os políticos têm este talento infindo para resolverem o problema milenar da quadratura do círculo!

(*) Ver os meus textos em arquivo sobre estas questões

Publicado por Joana às dezembro 14, 2003 11:48 PM

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Comentários

A resposta certa dos políticos que se opuseram à intervenção seria a que escolheu o nosso colega Terras do Nunca (http://terrasdonunca.blogspot.com/2003_12_01_terrasdonunca_archive.html#107143859666485820):

"Tão simples
A queda de um tirano é sempre motivo de alegria.
Não posso aplaudir mais um episódio de uma guerra de que discordei totalmente desde a primeira hora.
Preciso de explicar mais alguma coisa?"

Publicado por: Rui MCB às dezembro 15, 2003 12:23 AM

Se alguem se deve sentir embaraçado quando se fala de Sadaam , são aqueles que o apoiaram nos anos 80 . Lembra-se do papel da casa branca na ajuda a Sadaam na luta contra os dissidentes curdos ?
Quem esteve e está contra a guerra nunca se sente ambaraçado !

Publicado por: zippiz às dezembro 15, 2003 12:34 AM

Rui
Se o nosso colega não pode aplaudir mais um episódio de uma guerra de que discordou totalmente desde a primeira hora, a queda do tirano respectivo não pode ser motivo de alegria pois deriva de um acto injusto.

Ah! espere! Ele falou de "um" tirano ... não de "o" tirano.

É uma diferença subtil entre o artigo definido (Saddam) e o indefinido (que por acaso é também referente a Saddam ... mas só por acaso!)

Afinal não é apenas na esfera política que há a quadratura do círculo!

Publicado por: Joana às dezembro 15, 2003 12:35 AM

a "quadratura do cículo" também se aplica às imagens de Saddam a ser analisado por um médico ? Ou também não ficou revoltada com as imagens de Savimbi quando "they got him" ?

Publicado por: zippiz às dezembro 15, 2003 12:45 AM

ou Vc só se preocupa com o "comportamento de uma certa esquerda" ? Quadraturas dos cículos , é o que é !

Publicado por: zippiz às dezembro 15, 2003 12:46 AM

«...a guerrilha estará ser conduzida pelos seus apoiantes mais indefectíveis...» (quote)

Acredita, mesmo, que sim? Em que provas baseia essa ideia?
Pelo contrário, entendo que Saddam pouco ou nada conta para o fogo de artifício que vai lá pelo Iraque. Senão vejamos:
A maioria da população iraquiana não gostava de Saddam e mesmo a parte que tinha alguma simpatia por ele não tem o treino, nem a organização, nem os meios para conduzir acções de guerrilha (quer queira quer não, uma coisa é terrorismo outra é guerrilha. Para analisarmos a realidade com algum rigor técnico, temos que chamar os bois pelos nomes).
As unidades de elite do exército abandonaram-no ou venderam-se aos americanos. Por que é que iriam defendê-lo agora, sendo uma evidência que Saddam jamais voltaria ao poder?
As acções de guerrilha a que temos vindo a assistir mostram que são executadas por indivíduos muito bem treinados e que existe uma estratégia e planos de operações. Simultaneamente, ocorrem actos terroristas que revelam diferentes paternidades. Em alguns casos são coordenados com a guerrilha, noutros há, claramente, outra origem.
O seu comentário estaria todo certo, não fosse um pequeno vicio de forma, quando escreve: «A coligação, depois de ter vencido a guerra...».
É que a coligação ainda não venceu guerra nenhuma. Enxotou Saddam do poleiro, isso sim. O que, aliás, não era difícil. Agora a verdadeira guerra, a que levou os EUA ao Iraque, está longe de ter acabado. E não parece que a prisão de Saddam Hussein venha a dar algum contributo apreciável para o fim da guerra.

Publicado por: (M)arca Amarela às dezembro 15, 2003 10:38 AM


Cara Joana,

Haverá que saber distinguir as coisas.

A contradição entre o contentamento pela captura de Saddam e o discordar da acção interventiva no Iraque só poderá existir quando da contradição se quiserem criar outras situações ou alegar factos para além dela.

Posso, por exemplo, discordar da pena de morte aplicada aos dirigentes nazis julgados em Nuremberga porque sou moral e activamente contra a pena de morte.

Mas, isso impedir-me-á de me regozijar com o fim do nazismo e do julgamento dos seus directos responsáveis?

Segundo a "lógica da contradição", não me deveria regozijar com o fim do nazismo pois isso levou a que alguns (!) que foram julgados sofressem aquela pena a que sou contrário.

A "lógica da contradição", no entanto, parece-me querer visar mais longe, e é aí que será preciso saber distinguir o importante do essencial.

Na "lógica da contradição" está a ser transmitida a mensagem subliminar de que quem discordou da intervenção nos modos em que ela foi executada é defensor de Saddam.

E porquê a necessidade da transmissão dessa mensagem subliminar?

Porque, para os defensores da acção interventiva naqueles termos em que foi feita, é difícil de explicar essa intervenção com todos os resultados que poderão daí advir: a radicalização das posições das etnias existentes, o re-aparecimento dos estados teocráticos naquele território, a possível pulverização do Iraque enquanto estado, etc..

A quem aproveitará continuar a fazer a apologia do "quem não está comigo, está com Saddam"?

Publicado por: re-tombola às dezembro 15, 2003 02:37 PM


Obs: no post anterior faltou a parte final, por isso re-envio com pedidos de desculpa
...............


Cara Joana,

Haverá que saber distinguir as coisas.

A contradição entre o contentamento pela captura de Saddam e o discordar da acção interventiva no Iraque só poderá existir quando da contradição se quiserem criar outras situações ou alegar factos para além dela.

Posso, por exemplo, discordar da pena de morte aplicada aos dirigentes nazis julgados em Nuremberga porque sou moral e activamente contra a pena de morte.

Mas, isso impedir-me-á de me regozijar com o fim do nazismo e do julgamento dos seus directos responsáveis?

Segundo a "lógica da contradição", não me deveria regozijar com o fim do nazismo pois isso levou a que alguns (!) que foram julgados sofressem aquela pena a que sou contrário.

A "lógica da contradição", no entanto, parece-me querer visar mais longe, e é aí que será preciso saber distinguir o importante do essencial.

Na "lógica da contradição" está a ser transmitida a mensagem subliminar de que quem discordou da intervenção nos modos em que ela foi executada é defensor de Saddam.

E porquê a necessidade da transmissão dessa mensagem subliminar?

Porque, para os defensores da acção interventiva naqueles termos em que foi feita, é difícil de explicar essa intervenção com todos os resultados que poderão daí advir: a radicalização das posições das etnias existentes, o re-aparecimento dos estados teocráticos naquele território, a possível pulverização do Iraque enquanto estado, etc..

A quem aproveitará continuar a fazer a apologia do "quem não está comigo, está com Saddam"?

Porque, afinal, a única contradição a que assistimos neste momento é exactamente a que existe entre os resultados previstos pelos interventores e os que se nos apresentam.

Publicado por: re-tombola às dezembro 15, 2003 02:39 PM

“Durante a guerra, a realidade mostrou que, para além dos elementos mais próximos do regime e dos kamikazes importados dos países islâmicos vizinhos, os iraquianos não combateram ou, quando o fizeram, fizeram-no porque foram obrigados.”

Já lhe passou pela cabeça que essa fosse a estratégia?
Ou seja: Só um louco e assim mesmo sem nenhum conhecimento de guerra, o que Saddam não era, se proporia enfrentar a avalanche (EUA) que se avizinhava.
De todo o modo surpreendeu a (quase) total falta de resistência.
Ficou-me sempre a sensação de que os estrategistas Iraquianos optaram pelo não combate direto, pela preservação de forças e meios e a passagem antecipada à luta de guerrilha e subversão, minimamente organizada.
Não me entrego muito a trabalhos de previsão que me soam sempre um pouco a adivinhação, principalmente em política que não é propriamente uma ciência exata.
Procuro apenas analisar o que me é dado a ver.

Publicado por: Marapião às dezembro 15, 2003 02:49 PM

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Publicado por: BOB ESCARRO às dezembro 18, 2003 11:47 AM

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Joana é uma putalhona reles

Publicado por: BOB ESCARRO às dezembro 18, 2003 11:48 AM

Joana é uma putalhona reles.

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Saddam e outros têm de facto apoiantes bastante ordinários

Publicado por: Adalberto às dezembro 18, 2003 12:03 PM

Saddam e outros têm de facto apoiantes bastante ordinários

Publicado por: Adalberto às dezembro 18, 2003 12:03 PM

Isto de facto é demais. Há gente que não tem qualquer senso.
Este comentador ordinário não é apenas ordinário, é absolutamente destituído de senso.

Publicado por: Gros às dezembro 18, 2003 12:18 PM

Cara Sra. Joana,

Eu concordo inteiramente consigo. Entretanto, permita-me acrescentar que não somente a moral do guerrilha interna foi debilitada, mas também a da "guerrilha externa"; isto é, a moral do porco (& Associados) que a tentou ofender, usando o "terrorismo" das palavras obscenas; por favor, ignore os vomitos dos tais... exorto-a, por amor de Deus não se deixe abater por tais desvarios, que apenas demonstram quão incisivas são as suas palavras. Repito, continue participando, porque e'para mim um prazer analisar sempre a sua opinião, embora eu geralmente não tenha tempo para a comentar. Eu estou certo de que tem muito outros amigos na mesma condição. Permita-me ainda acrescentar o seguinte: A cobardia de Saddam foi revelada claramente quando ele se rendeu aos americanos, embora tivesse em seu poder uma arma; tal é a cobardia "do porco" cuja a identidade se encontra na escuridão, envergonhado pelos seus pseudo-herois ...

Oremos por urgentes boas novas sobre o Bin Laden & Associados ... Deus e' grande!

Publicado por: ADS às dezembro 20, 2003 02:19 AM

Não discordo inteiramente da sua análise, embora me pareca umn pouco optimista.

Acha que os iraquianos, sunitas, chiitas ou outros irão aceitar pacificamente um governo fantoche liderado e apadrinhado por ocidentais e estrageirados?.

Portanto parece-me que haverão sempre condições para guerrilhas, acções de resistência, ou actos terroristas dos mais radicais.

Quanto ao que se passou com a captura de Saddam, e sobre a recusda dos EUA em pagarem a recompensa prometida, das duas uma:

Ou adoptaram a velha ética romana (ou atribuída aos romanos) do "Roma não paga a traidores", ou simplemnete adoptaram a mais prática e económica arte de não cumprir promessas.

Isto partindo do princípio de que as informações sobre as denúncioas sobre o seu esconderijo terão partido de uns seus familiares.

Publicado por: Al_Mansour às dezembro 22, 2003 11:49 AM

AUTHOR: Emp
EMAIL: napo@bigfoot.com
IP: 65.111.217.130
URL:
DATE: 03/01/2005 02:28:22 AM

Publicado por: Emp às março 1, 2005 02:28 AM

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