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novembro 24, 2003

A Fragilidade dos Políticos

José António Saraiva, numa entrevista à SIC Notícias disse, há dias, algo que eu já referi por diversas vezes mas que, vindo dele, tem um duplo peso: ele é o Director do Expresso e, ao produzir aquelas afirmações, fê-lo como juiz em causa própria e pleiteando contra si. Opinou o José António Saraiva que os políticos não deviam mostrar tanta fragilidade perante os mídia, calendarizando a sua actuação de acordo com os timings mediáticos e capitulando sem condições perante afirmações ou acusações dos mídia.

De há muito que tenho essa opinião, mas vendo-a de uma forma algo diferente. Os políticos (e os jornalistas) estão convencidos de que as opiniões emitidas nos mídia têm um poder muito superior ao que realmente possuem. Estão enganados. Basta observar que Paulo Portas nunca desceu das sondagens, apesar da campanha movida contra ele e da sua prestação política ter sido apenas mediana.

Todavia o que o José António Saraiva disse é um facto. A classe política é de uma grande fragilidade perante a comunicação social. Deve isso à sua pouca competência. Mas é uma incompetência que se acentua. A política está, pouco a pouco, a ser uma actividade exercida por quem não tem outras capacidades ou não consegue encontrar alternativa mais atractiva. Cada vez menos, gente com capacidade está interessada em trocar a sua profissão por uma vida política, sujeita à permanente devassa, às mais sórdidas suposições e sem uma remuneração adequada. Cada vez mais a classe política se recruta nos aparelhos partidários, na administração pública, nas universidades. Cada vez menos as actividades que geram a riqueza nacional, que induzem e alimentam o funcionamento das restantes actividades, se encontram representadas na classe política. Cada vez menos a classe política conhece, por dentro, o funcionamento, os problemas e as necessidades do tecido produtivo do país.

Cada vez mais a política está distanciada do país, formula sentenças abstractas e tenta ajustar os factos às suas abstracções.

Publicado por Joana às novembro 24, 2003 12:35 PM

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Comentários

Surpreende-me ver a Joana a socorrer-se da opinião do JA Saraiva para avalizar a sua tese de que os políticos dão demasiada importância aos media.
Os jornalistas não levam o Saraiva a sério. Em boa verdade, acho que nem o Saraiva se leva a sério a si mesmo.
Quanto à questão das opiniões publicadas, é verdade que políticos e jornalistas cuidam que têm muita importância. O exemplo das sondagens é que não é muito feliz. Em Portugal, os campos políticos têm fronteiras muito definidas e as ideias contrárias raramente rompem as muralhas da cidadela. Os apoiantes de Paulo Portas (ou de quem quer que seja) num determinado momento não vão deixar de o apoiar porque este ou aquele jornal publicou uns artigos pouco abonatórios. Para começar, a generalidade dos jornais tem uma circulação mais do que restrita. Como, assim, se pode esperar que a figura criticada desça nas sondagens?
É verdade, também, que a comunidade política nacional revela uma incompetência confrangedora. Mas não se pode dizer o mesmo de todas as outras actividades? Não é a incompetência e a mediocridade uma endemia que contaminou a sociedade portuguesa de alto a baixo e da esquerda à direita? Não há empresários incompetentes?
Quanto ao recrutamento («partidos, administração pública, universidades»), parece ser um vasto campo e não deixa muita margem de manobra. Esses são os sectores privilegiados de recrutamento dos políticos em todos os países europeus e não se percebe porque é que em Portugal deveria ser diferente.
Finalmente, onde está o motivo de admiração para o facto de a classe política não conhecer «os problemas e as necessidades do tecido produtivo do país»? Se nem sequer conhece «os problemas e as necessidades» dos cidadãos que, trabalhando, tecem a teia desse tecido...

Publicado por: Surpreendido às novembro 24, 2003 01:42 PM


Não é possível que um "TOURO BRAVO" ande por aqui em pontas.

Realmente,eu calculava que ele haveria de aparecer,com o título escolhido das "VACAS SAGRADAS".

O "TOURO BRAVO" é uma espécie de cão do Pavlov.
Bastava o título para ele começar a salivar.

Por isso,eu disse que havia riscos a correr.

Não me enganei.

O TOURO BRAVO marrou sem dó nem piedade.

JOANA II, faça-lhe uma "farolada" com o pano vermelho.

Publicado por: ZEUS8441 às novembro 24, 2003 05:44 PM


Falar sobre JAS mete-me náuseas.
Não é que o sujeito seja pouco apresentável.
Não suporto o cinismo , a hipocrisia,a falta de verticalidade,a imprudência,a arrogância,etc. deste sujeito.
Fui aluno do pai,mas o filho consegue atraiçoar a memória do homem que foi um criador de "cultura portuguesa".
O jornalismo deste sujeito é algo que me incomoda.Umas vezes é preto para na semana seguinte ser branco sobre o mesmo assunto.
Este sujeito perseguiu um politico português até ao insuportável. Se fosse comigo,eu não sei se resistiria à confrontação física.
Penso que o perseguido ganhou a partida.Nunca deu resposta a este pérfido.
Colocou-o realmente no lugar que ele merece,isto é,no mais completo desprezo.

Tive oportunidade de o atingir em pleno Congresso do CDS/PP. Uma parte da minha intervenção referiu-se à campanha difamatória levada a cabo por este pseudo jornalista e seus capangas.

Há limites na critica.Insistir no mesmo conteúdo ao longo de anos é verdadeira perseguição odiosa.

Os artigos desta semana, que tive oportunidade de ler,no trajecto de Lisboa para Portalegre,deram-me a prova provada do incómodo sentido por JAS.

O Expresso não persegue nem pessoas nem instituições,segundo ele afirma.

Que escândalo ! Que descaramento!
Que sem vergonha!

Como é possivel escrever o que escreveu o JAS?

Uma leve referência a JAS é dar-lhe demasiada importância .

Publicado por: ZEUS8441 às novembro 24, 2003 09:13 PM

O que eu acho interessante é ser o próprio JAS a afirmar que os políticos não deveriam capitular face ao jornalismo que ele próprio tem feito.

Por isso eu escrevi que ao produzir aquelas afirmações, ele "fê-lo como juiz em causa própria e pleiteando contra si".

Portanto, depois do que ele escreveu e, acima de tudo, do que ele como Director do Expresso permitiu que se escrevesse, é notável aquela afirmação.

Publicado por: Joana às novembro 24, 2003 10:16 PM

também não era necessário vir a este blog para sabermos que o CDS não morre de amores pelo grupo Balsemão

Publicado por: zippiz às novembro 24, 2003 11:49 PM

Nota: o gestor do weblog houve por bem apagar comentários ofensivos sobre mim. Agradeço-lhe a atenção.

Por isso, alguns comentários aqui afixados podem parecer destituídos de sentido, visto que o assunto sobre que se referem foi eliminado.

Insiro esta nota para se ter isso em conta.

Publicado por: Joana às novembro 25, 2003 11:18 AM

Apagou? Já não há liberdade de expressão no país!

Publicado por: Daniel às novembro 25, 2003 07:28 PM

É preciso não confundir liberdade com libertinagem

Publicado por: (M)arca Amarela às novembro 26, 2003 08:00 AM

Como é possível escrever sobre JAS, dar-se a esse trabalho! Cá para mim os políticos não deviam mostrar tanta fragilidade perante as miúdas! Nada mais...

Publicado por: O Prusidente da Junta às novembro 27, 2003 05:56 PM

Isso é comigo??

Publicado por: SL às novembro 27, 2003 11:57 PM

O santana também frequenta este blog?

Publicado por: GPinto às novembro 29, 2003 11:24 AM

Também acho que os políticos, na generalidade, são muito permeáveis à comunicação social. Têm medo dela.

Publicado por: Viegas às dezembro 3, 2003 12:18 AM

.

Publicado por: Absnt às março 1, 2005 07:55 AM

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